Permanecemos na recepção por mais algum tempo, até a enfermeira voltar.
– A amiga de vocês vai ser transferida para o hospital mais próximo – comunica – Precisamos dos documentos dela.
Olho para Marco, voltando a olhar para ela.
– Não trouxemos.
– Então preciso que vão buscar – Assinto.
– Toma – Ele estende a chave do carro.
– O quê?
Ele me olha.
– Vai lá buscar.
– Não sei dirigir.
Sua expressão se torna incrédula. Soltando o ar dos pulmões, levanta.
Entro no carro suspirando.
– Como tu não sabe dirigir? – pergunta sério quando dá partida.
– Só não sei. Nunca tive um carro pra aprende
Jô não perguntou nada.A impressão que passava, era de que não se importava.Algumas meninas ainda vieram me perguntar de Taise, preocupadas ou só querendo mesmo saber se estava viva.Não encontrei Lidiane no quarto, ao ir pegar minha toalha para tomar banho. O que era estranho. Já que não havia mais clientes naquela noite.– Fez o boquete? – Katiane pergunta, quando volto do banheiro, tirando a roupa no meio do quarto.– Fiz – Engulo em seco com vergonha.Ela sorri.– Conseguiu fazer direito? – Assinto de imediato, sem querer entrar em detalhes.– Onde tá a Lidiane? – pergunto olhando para a cama vazia.Ela dá de ombros.– Sei lá. Ela saiu assim que saiu, quando veio pegar o documento &n
Jô precisou me levar até onde Gael estava.Já que Lidiane ainda não havia voltado e a maioria das meninas nem estavam na casa e, sim na rua, gastando o dinheiro que haviam recebido.Subimos uma rua que nunca parecia ter fim. Mesmo tentando não suar, o suor se acumulava em minha testa e nos meus braços.Jô para em frente a uma casa branca com música alta.– É aqui. Boa sorte – Em seguida começa a descer a longa rua.Me aproximo do portão de grande, o abrindo.O cheiro de maconha veio até mim, antes mesmo de chegar na porta da sala.Nos sofás de couro preto, havia um homem careca fumando. Sobre a mesa de centro, havia pinos bem lacrados com fita isolante cinza.Na parede ao lado da porta, uma TVD de LCD passava o jornal da manh&atil
Gael continua naquela “reunião” por mais uma hora, discutindo o que parecia ser o abastecimento das bocas.Meu estômago ronca faltando duas horas para o almoço.Cansada e entediada de ficar sentada no canto da sala, ouvindo Rubinho ligar para pessoas, volto para a cozinha.Abro os armários e a geladeira, decidindo que cozinharia macarrão.Enquanto o macarrão cozinhava, corto os temperos, preparando o molho.Quando finalmente fica pronto, Gael entra na cozinha, abrindo a geladeira, franzindo o cenho ao me notar perto do fogão.– Cozinhou? – pergunta baixo.– Cozinhei – Um meio sorriso trêmula no meu rosto – Quer que ponha um pouco pra você? – Minha mãe sempre colocava a comida do meu pai e do meu padrasto. Não entendi
Almoço sozinha.Ouvindo a voz de Gael, Rubinho, homem careca e um quarto homem, vindo da sala.Na minha cabeça, tentava entender por quê Lidiane não gostava de Gael e Gael não gostava de Lidiane.Tinha alguma coisa que estava deixando passar.Termino de comer, lavando os pratos da pia.– Faz isso aí que tô dizendo – diz Gael, quando me aproximo, olhando para os três que saiam, incluindo Rubinho – Já comeu? Não quero que saia falando que não deixei você comer – pergunta sem me olhar, olhando o celular.– Já comi – Inclinado para frente, a medalhinha em seu pescoço pendia para frente – Que santo é esse que está na medalhinha?– É uma santa – Ele toca a medalhinha com uma m
Minhas mãos suavam, graças ao nervosismo que havia tomado conta de mim.Antes de sair da casa, Gael havia me instruído em vender um pouco do pó branco por cinquenta reais. O que me fez duvidar se conseguiria vender neste valor.Era caro demais, para tão pouco produto.Não fazia sentido.Sentada no banco do carona de um Citroen prata, tentava prestar atenção na paisagem que havia mudado drasticamente depois de sairmos do morro.Rubinho estava em silêncio, desde que entramos naquele carro, apenas com o som do carro fazendo barulho.Até preferia dessa forma, ainda não havia esquecido do que fizera e duvidava se um dia esqueceria, sem me vingar.– Tem como me fazer um favor? – Ele quebra o silêncio sério.– Não – Re
– Meu namorado acabou de sair da reabilitação e você vendeu droga pra ele! – Ela vocifera.– Eu não...Ela me bate antes possa terminar.Quase perco o equilíbrio, dando alguns passos para trás.Olho para ela, sendo tomada pela raiva, voando em seu cabelo. A amiga dela ao lado, começa a me bater e tento me defender e bater ao mesmo tempo.– Ei. Ei. Ei! – Ouço a voz de Rubinho – Que porra é essa?! – Ele empurra uma das duas – Duas contra uma?! É isso mesmo?!Só então noto que as luzes estavam acesas e que havia pessoas ao nosso redor.– Essa vaca vendeu droga pro meu namorado! – Uma ruiva grita.– Ele comprou por quê quis! Ninguém obrigou ele não! – Ele se apr
– De quem é esse vestido? – Kauane pergunta, para as demais meninas, assim que entro no quarto na manhã seguinte.– Meu não é – diz Katiane ainda deitada.– É da Maria. Quer dizer, Antônia – diz Lidiane, sentada na cama.Kauane me olha incrédula, negando com a cabeça.– Não. Não é seu.– Ela recebeu ontem, lembra? – diz Katiane – Ela pode ter comprado.Kauane pega o vestido, a bolsa e o par de saltos.– Acha mesmo com o que ela ganhou essa semana, iria dar ora comprar tudo isso? – Ela mostra a bolsa – É uma bolsa da Gucci!Katiane dá de ombros.– Pode ser falsificada.– Não é do camelô não! – Kauane mostra
Sentada na calçada, comecei a suar por causa do calor.Não havia escutado nenhum barulho, que indicasse que Gael havia acordado, vindo da casa.Absolutamente nada.Havia começado a cogitar a possibilidade de voltar para a casa de Jô, um bom tempo depois, e torcer para Gael me procurar a noite.E se ele não procurasse?Encosto minha cabeça no portão com os olhos de fechados, ouvindo um carro se aproximar.Abro meus olhos a tempo de ver Rubinho estacionar o carro na frente da casa e Gael descer do banco do carona.Levanto sentindo minha bunda dolorida– Queria falar com você – murmuro quando ele se aproxima.– Lá dentro.Ele destranca o portão e o sigo para dentro da casa com Rubinho logo atrás.– O que quer? &nda