8 anos atrásTalvez eu estivesse anestesiado demais para qualquer assunto relacionado a amor e qualquer tipo de demonstração de afeto. Ou simplesmente estivesse com medo de me entregar por completo e aquela mesma cena se repetir mais uma vez, eu claramente não estava preparado para tal baque de realidade novamente, seria doloroso demais para aguentar ser obrigado a me separar de alguém daquela forma, seria provavelmente enviado para os Estados Unidos no próximo surto da minha mãe. Quando se tratava de Amelia White, tudo era possível e eu sabia perfeitamente disso. Ao menos não tinha mais um Alec Clark para atrapalhar minha vida, dessa vez teria que lidar apenas com a minha mãe. Eu sentia as lágrimas grossas e salgadas rolarem pelo meu rosto enquanto eu continuava me encolhendo na cama, o corpo trêmulo e o peito dolorido, meu coração estava quebrado em milhões de pedacinhos que nunca seriam juntados novamente. Aquela ligação para Nicolle havia mexido profundamente comigo, era mais do
— Bom dia meu amor. — Abri os olhos lentamente ao sentir diversos beijos sendo distribuídos pelo meu rosto de forma animada. — Anda Ryan, já são dez da manhã e hoje a senhora Amelia lhe dispensou do trabalho, podemos fazer alguma coisa hoje.— Mais dois minutinhos amor. — Murmurei manhoso enquanto voltava a fechar os olhos e puxava sua cintura para que a mesma se deitasse junto a mim. — Estou cansado da carga horária que a empresa está exercendo sobre mim. Me deixe aproveitar mais dois minutinhos agarrado a você debaixo das cobertas.— Preguiçoso. — Deu risada se afastando me fazendo abrir os olhos por completo e a encarar com um biquinho se formando em meus lábios. — O café já está pronto, vamos. Mais tarde vamos sair, quero aproveitar que o dia está ensolarado.Fiz um biquinho e me levantei preguiçosamente. Estava cansado física e psicologicamente por conta da empresa, mas ver o sorriso que Ayumi esboçava ao dizer animadamente que iríamos sair para aproveitar o tempo juntos fez com
Ryan White pisava no acelerador com toda sua força sem se importar com os xingamentos que recebia ao ultrapassar diversos sinais vermelhos, pouco menos se importava com o valor que teria que pagar com as malditas multas que com certeza receberia por estar ultrapassando o limite de velocidade nas ruas que deveriam ser calmas. No fim, nada daquilo lhe importava mais, seu foco estava apenas em sua esposa e seu filho. Seu coração batia aceleradamente e mais uma vez sentia a dor e angústia que havia sentido cinco anos atrás. Suas lágrimas não cessavam de forma alguma, suas mãos trêmulas seguravam o volante e sua respiração se tornava descompassada. Em sua mente, diversas imagens dos oito anos que estavam juntos passavam em sua mente lhe açoitando o peito com a culpa e o medo. Sentiu-se culpado por nunca ter sido um bom marido de verdade para Ayumi. Ele estava tão ausente na vida da futura esposa que começou a se questionar o porquê ela ainda o amava com todas as forças. Se duvidasse, con
Ryan estava destruído, perdido em seus próprios sentimentos, morto por dentro. Seu corpo tremia enquanto ele chorava desesperadamente ao abraçar o corpo da noiva que aos pouco se tornava mais frio, perdendo todo aquele calor que só ela tinha para lhe dar ao rodear os braços em seu pescoço. Ayumi o amou até o último segundo de sua vida, lutou com todas as forças tanto pelo filho quanto pelo noivo, ela aguentou ao máximo para dar à luz ao filho e dizer ao noivo pela última vez o quanto o amava. Novamente se viu preso nas lembranças dos oito anos juntos, a dor apenas se intensificou ao lembrar de quão falho havia sido para sua noiva. Estava tudo perdido e ele não tinha poder para mudar aquilo. Ele queria tanto voltar no tempo, se sequer imaginasse que aquele seria o rumo das suas escolhas, talvez tivesse apenas desistido do amor adolescente que teve, teria escolhido nunca mais botar os pés em Londres e nunca ter tentado pedir o perdão de Nicolle. Havia sido tão hipócrita por ligar some
Minutos, horas, dias, semanas e até meses já haviam se passado desde o fatídico acontecimento. Ryan não prestava mais tanta atenção nos segundos que passavam lentamente. Sua empresa estava sob administração da sua prima durante aqueles últimos meses para que ele ficasse com seu filho e desse total atenção ao pequeno. Tudo tinha se tornado borrões cinzas aos seus olhos, a única cor em sua vida era seu filho, já grandinho e bagunceiro. Pouco se importava em acordar às duas e meia da manhã para dar mamadeira para o pequeno, se importava menos ainda quando Thomas fazia graça e acabava mijando nele. O quartinho azul com nuvens desenhadas à mão por Ayumi trazia um sentimento de paz para o peito machucado de Ryan. Por mais que já tivesse passado longos oito meses desde o nascimento do seu pequeno filho e da morte de sua noiva, Ryan ainda se sentia muito culpado por tudo aquilo ter acontecido daquela forma, se martirizando todas as noites por cada decisão errada que havia tomado ao longo da
— Eu sinto muito. — Esticou a mão para segurar a mão alheia da amiga. — Vocês se amam, com certeza irão recuperar-se, por mais que doa. Victoria deu um sorriso fraco e secou as lágrimas que queriam escorrer. Estava sendo difícil, mas não podia colocar aquilo sobre os ombros da amiga. No fim cada um tinha a sua própria dor e sua própria bolha de sofrimento. — Eu pedi férias do hospital. — Disse enquanto mexia o garfo pelo seu macarrão caseiro. — Acho que vai ser bom para mim. — Eu fico feliz. — Pela primeira vez em cinco meses havia sorriso de forma verdadeira. — Espero que você vá e volte como a minha Nicolle de sempre, mas como aquele de onze anos atrás. Eu sinto falta dos seus sorrisos e suas brincadeiras. Já era madrugada quando Nicolle voltou para casa. Tinha terminado suas quarenta e cinco horas de plantão. Sentia-se extremamente cansada e seu corpo estava dolorido. Nem sequer viu a hora quando simplesmente se jogou na cama e pegou no sono. Nos próximos dias apenas seguiu a
Seis anos depois— Thomas! Thomas, não corra! Filho! — Ryan tentava acompanhar o pequeno Thomas que corria animadamente pelos corredores do hospital. — Filho, cuidado! Pode acabar caindo e se machucando ou machucando alguém. Por favor.— Eu quero ver a tia Nick. — Fez um biquinho triste quando Ryan White o alcançou e o pegou no colo dando um longo suspiro. — Ela disse que me levaria para almoçar hoje.— Mas que menino ansioso. — Apertou seu nariz e deu risada. — Ela vai sair daqui a pouco, tudo bem? Vamos esperar mais um pouquinho. Não se preocupe, ela prometeu que comeria conosco então ela vai comer, ela nunca quebra uma promessa, huh.— Thomas. — A médica chamou pelo pequeno garotinho que assim que ouviu a voz da mais velha se agitou desesperadamente no colo do pai pedindo para descer. A médica acabava de sair de uma cirurgia e a única coisa que queria era se sentar e fechar os olhos por alguns minutos até recuperar as forças, mas como havia prometido que almoçaria com o menor, fez
O almoço foi leve e cheio de risadas, estavam felizes por estarem juntos e Thomas dez vezes mais feliz por ter ganhado seu Red Velvet, o tão amado bolo vermelho com sorvete que, segundo Thomas, só a tia Victoria e o tio Raphael sabiam fazer. Ryan estava estacionando o carro em frente ao hospital para que Nicolle voltasse ao seu turno de forma segura. Antes que ela saísse lhe deu um beijo simples e sorriu, Nicolle desceu e abriu a porta de trás para dar um beijo na bochecha de Thomas e prometeu que tiraria folga pelos próximos dois dias e só então entrou sorrindo no hospital. — Sabe... — Ryan chamou a atenção do filho enquanto dirigia de volta para casa. — O que acha do papai e da tia Nicolle casar? — Mordeu o lábio inquieto enquanto esperava uma resposta do filho. — Casar? — Ficou pensativo por alguns minutos até olhar o pai que estava apreensivo e sorrir. — Seria tão legal! Os docinhos do casamento devem ser tão bons! Quando vão casar?! Eu quero, eu quero, eu quero! — Seus olhos e