Ryan estava destruído, perdido em seus próprios sentimentos, morto por dentro. Seu corpo tremia enquanto ele chorava desesperadamente ao abraçar o corpo da noiva que aos pouco se tornava mais frio, perdendo todo aquele calor que só ela tinha para lhe dar ao rodear os braços em seu pescoço. Ayumi o amou até o último segundo de sua vida, lutou com todas as forças tanto pelo filho quanto pelo noivo, ela aguentou ao máximo para dar à luz ao filho e dizer ao noivo pela última vez o quanto o amava. Novamente se viu preso nas lembranças dos oito anos juntos, a dor apenas se intensificou ao lembrar de quão falho havia sido para sua noiva. Estava tudo perdido e ele não tinha poder para mudar aquilo. Ele queria tanto voltar no tempo, se sequer imaginasse que aquele seria o rumo das suas escolhas, talvez tivesse apenas desistido do amor adolescente que teve, teria escolhido nunca mais botar os pés em Londres e nunca ter tentado pedir o perdão de Nicolle. Havia sido tão hipócrita por ligar some
Minutos, horas, dias, semanas e até meses já haviam se passado desde o fatídico acontecimento. Ryan não prestava mais tanta atenção nos segundos que passavam lentamente. Sua empresa estava sob administração da sua prima durante aqueles últimos meses para que ele ficasse com seu filho e desse total atenção ao pequeno. Tudo tinha se tornado borrões cinzas aos seus olhos, a única cor em sua vida era seu filho, já grandinho e bagunceiro. Pouco se importava em acordar às duas e meia da manhã para dar mamadeira para o pequeno, se importava menos ainda quando Thomas fazia graça e acabava mijando nele. O quartinho azul com nuvens desenhadas à mão por Ayumi trazia um sentimento de paz para o peito machucado de Ryan. Por mais que já tivesse passado longos oito meses desde o nascimento do seu pequeno filho e da morte de sua noiva, Ryan ainda se sentia muito culpado por tudo aquilo ter acontecido daquela forma, se martirizando todas as noites por cada decisão errada que havia tomado ao longo da
— Eu sinto muito. — Esticou a mão para segurar a mão alheia da amiga. — Vocês se amam, com certeza irão recuperar-se, por mais que doa. Victoria deu um sorriso fraco e secou as lágrimas que queriam escorrer. Estava sendo difícil, mas não podia colocar aquilo sobre os ombros da amiga. No fim cada um tinha a sua própria dor e sua própria bolha de sofrimento. — Eu pedi férias do hospital. — Disse enquanto mexia o garfo pelo seu macarrão caseiro. — Acho que vai ser bom para mim. — Eu fico feliz. — Pela primeira vez em cinco meses havia sorriso de forma verdadeira. — Espero que você vá e volte como a minha Nicolle de sempre, mas como aquele de onze anos atrás. Eu sinto falta dos seus sorrisos e suas brincadeiras. Já era madrugada quando Nicolle voltou para casa. Tinha terminado suas quarenta e cinco horas de plantão. Sentia-se extremamente cansada e seu corpo estava dolorido. Nem sequer viu a hora quando simplesmente se jogou na cama e pegou no sono. Nos próximos dias apenas seguiu a
Seis anos depois— Thomas! Thomas, não corra! Filho! — Ryan tentava acompanhar o pequeno Thomas que corria animadamente pelos corredores do hospital. — Filho, cuidado! Pode acabar caindo e se machucando ou machucando alguém. Por favor.— Eu quero ver a tia Nick. — Fez um biquinho triste quando Ryan White o alcançou e o pegou no colo dando um longo suspiro. — Ela disse que me levaria para almoçar hoje.— Mas que menino ansioso. — Apertou seu nariz e deu risada. — Ela vai sair daqui a pouco, tudo bem? Vamos esperar mais um pouquinho. Não se preocupe, ela prometeu que comeria conosco então ela vai comer, ela nunca quebra uma promessa, huh.— Thomas. — A médica chamou pelo pequeno garotinho que assim que ouviu a voz da mais velha se agitou desesperadamente no colo do pai pedindo para descer. A médica acabava de sair de uma cirurgia e a única coisa que queria era se sentar e fechar os olhos por alguns minutos até recuperar as forças, mas como havia prometido que almoçaria com o menor, fez
O almoço foi leve e cheio de risadas, estavam felizes por estarem juntos e Thomas dez vezes mais feliz por ter ganhado seu Red Velvet, o tão amado bolo vermelho com sorvete que, segundo Thomas, só a tia Victoria e o tio Raphael sabiam fazer. Ryan estava estacionando o carro em frente ao hospital para que Nicolle voltasse ao seu turno de forma segura. Antes que ela saísse lhe deu um beijo simples e sorriu, Nicolle desceu e abriu a porta de trás para dar um beijo na bochecha de Thomas e prometeu que tiraria folga pelos próximos dois dias e só então entrou sorrindo no hospital. — Sabe... — Ryan chamou a atenção do filho enquanto dirigia de volta para casa. — O que acha do papai e da tia Nicolle casar? — Mordeu o lábio inquieto enquanto esperava uma resposta do filho. — Casar? — Ficou pensativo por alguns minutos até olhar o pai que estava apreensivo e sorrir. — Seria tão legal! Os docinhos do casamento devem ser tão bons! Quando vão casar?! Eu quero, eu quero, eu quero! — Seus olhos e
— Você também usa o mesmo perfume de pêssego que senti pela primeira vez quando te dei aquele selinho no shopping. — Em um ato rápido deitou a menor na cama e ficou por cima. Uma de suas mãos sustentava o peso de seu corpo e a outra tirava os cabelos que caiam nos olhos da mesma. — O que acha de cortar sua franja? Assim fica difícil olhar seus olhos revirarem de prazer.— Ryan! — Deu um tapa em seu ombro e riu ao ouvir o mesmo soltar uma risada antes de voltar a beijá-lo.No dia seguinte Ryan foi acordado com um pequeno serzinho pulando em sua cama de forma animada, por costume esticou a mão, mas apenas sentiu a cama gelada o fazendo sentar-se de supetão. Ouviu a risada do filho ecoar pelo quarto e o puxou para um abraço antes de fazer com que o pequeno deitasse ao seu lado.— Papai, acorda! Hoje é minha festa! — Cutucou as covinhas do pai o fazendo sorrir.— Feliz aniversário meu amorzinho. — Abriu os olhos para o encarar e beijar sua testa. — Onde está a Nick?— Saiu depois que rece
10 anos depois — Mãe! — Thomas correu segurando a alça da mochila em direção à médica que estava distraída enquanto respondia algumas mensagens. Assim que viu o filho correr em sua direção, sorriu animadamente. — Morri de saudades sabia? — Sorriu e a abraçou forte quando a alcançou. — Sentiu falta do seu lindo filho te seguindo o tempo todo? — Foram só quatro dias. — Nicolle abraçou o filho com força e beijou sua testa gentilmente. Constatou que o garoto já estava da sua altura e logo ultrapassaria, isso fez com que ela risse consigo mesma pensando em como o tempo tinha passado rápido. — Como foi? Está com fome? Não deveria ir para casa descansar? — Eu cheguei às oito da manhã, o papai foi me buscar no aeroporto e eu pude dormir um pouco. — Sorriu abraçando a cintura da mãe. — Como você já tinha vindo para o hospital e eu não consegui te ver de manhã, aproveitei para vir te ver e almoçar com você antes do curso. — Sabe que eu e o seu pai não queremos que se esforce tanto assim, n
Três anos haviam se passado desde que a Detetive Aurora Colerman trocou as luzes urbanas de Londres pelos vastos campos verdejantes de Kentucky. A cidade pequena oferecia uma mudança de ritmo, uma pausa bem-vinda da agitação constante que ela estava acostumada. Kentonville era daquelas cidades onde todos conheciam todos, um lugar onde os segredos pareciam mais difíceis de se esconder. Aurora, aos 42 anos, sentia que tinha encontrado um refúgio tranquilo para sua carreira e uma vida mais estável. Seu marido, David, um jornalista experiente, sempre a alertava sobre os perigos inerentes à profissão dela. Ele ainda se lembrava vividamente das notícias trágicas de colegas jornalistas mortos ou feridos em busca da verdade, ele se arrepiava só de pensar o que poderia acontecer com sua esposa. Ele vivia a lembrando do quão perigoso era o trabalho dela e que ela precisava se aposentar quanto antes, eles já haviam acumulado riquezas o suficiente para se manterem até o fim de suas vidas, estav