Parece que o tempo parou de correr tão rápido depois daquele dia. Meu coração já não acelerava tanto na esperança de tudo aquilo ser um sonho como antigamente. As noites tinham se tornado frias demais para mim. Estava presa a uma rotina constante, sem sonhos ou esperanças. Mas apesar daquilo tudo, cada lágrima ou pontada de dor me faziam seguir em frente para me tornar alguém melhor, tanto para mim, quanto para minha mãe, eu queria ser digna de orgulho e estava me esforçando para aquilo acontecer.O que eu posso fazer se já não tenho mais você para me apoiar em tudo? Por muito tempo me peguei pensando se você estaria sofrendo assim como eu, se seu peito estava triturado em dor e culpa por ter me feito acreditar naquele nosso amor. Eu achava que ninguém seria capaz de nos separar e que juntos nós cuidaríamos e protegeríamos muito bem das nossas boas memórias, achava que você me tinha em seu coração, mas agora que penso, seus sentimentos sempre foram vagos. Achava que eu poderia ir até
10 anos depois, tudo parecia monotonamente calma e leve, como se os fantasmas do passado tivessem apenas desistido de pregar peças naqueles que ainda estavam vivos. — Mulher, pelo amor de Deus, faz mais de duas horas que estou rodando esse hospital procurando por você. — Logan entrou na sala de Nicolle bufando. — Estou velho demais para caminhar tanto assim por esse labirinto, já não basta nossos consultórios ficarem longe, você ainda faz questão de perambular por aí. — Como sempre exagerando mais do que o necessário. — Nicolle riu soltando os papéis que segurava e se levantou para abraçar o amigo para o acalmar. — Faz meia hora que cheguei no hospital e você sabe disso, se realmente fosse tão urgente teria me ligado ou vindo direto pra minha sala, além de que nos vimos hoje na hora em que saiu de casa. Sente-se. — Obrigado. — Sentou-se à frente da amiga e esperou até que ela estivesse sentada para poder falar. — Você sabe que eu estava exagerando. Enfim, como vai a preparação para
Olhar aquela árvore lhe trazia um certo conforto e um doloroso sentimento de saudade para o novo CEO das empresas ACWJ. Mesmo que tivesse inúmeros guarda-costas ao seu redor para lhe proteger, ainda se sentia sozinho e vazio por dentro. Assumir aquela enorme responsabilidade de ser o único herdeiro White e agora um futuro marido, e provavelmente pai, lhe assustava mais do que qualquer coisa e o pressionava muito. Lógico que estava feliz pelo casamento e pela possibilidade de um filho que vinha, mas ainda estava bastante assustado. Noivado, casamento, um filho, assumir empresas, sua mãe falecer, sua avó também, o paradeiro ainda desconhecido do pai, fundir as empresas White com as empresas japonesas da esposa, tomar conta de tudo isso e não poder derramar uma lágrima sequer. Ainda precisava colocar Alec Clark na cadeia juntamente com a senhora Clark e pedir o perdão de Nicolle Evans. Ryan não estava aguentando mais toda aquela pressão. — Achei você. — Ayumi sorriu ao ver que Ryan hav
Nicolle tomava seu Caffè Macchiato preferido enquanto caminhava lenta e preguiçosamente novamente para o hospital a fim de terminar seu expediente e sair com Logan para comemorar seu aniversário. O sair seria mais especificamente uma festa em casa, onde mais tarde ambos acordariam podres devido à ressaca e teriam que limpar a bagunça sozinhos. Seus olhos reviravam só de pensar que teria uma noite agitada e um dia seguinte cheio de limpeza, sua intenção era ficar em seu quarto vendo seus filmes clichês e vegetar enquanto comia algumas porcarias pedidas por fast food com refrigerantes e umas latinhas de cerveja, mas sabia que o amigo não deixaria aquilo acontecer, aliás, já tinha chamado diversos amigos dos quais ela nem sabia quem eram ainda, não seria educado desmarcar, mesmo contra a vontade da aniversariante. Se Evans desse para trás naquele momento, provavelmente ouviria o amigo reclamar até a sua milésima geração, e sinceramente, Nicolle não precisava daquilo naquele momento.— D
Nicolle olhava de canto de olho as ações de Harper achando fofo aquilo tudo, ele estava o tempo todo limpando a mão na calça quando parecia suar demais. Nicolle se aproximou do mesmo e tirou os cabelos que estavam em seus olhos e sorriu. — Está tudo bem? Parece nervoso. — Harper se assustou com a aproximação repentina e paralisou. — Não precisa se sentir nervoso, está tudo bem. Vamos? — V-vamos. — Sorriu sem saber muito o que fazer e apenas deu a volta no carro. Nicolle o seguiu e o mesmo abriu a porta para ela, e assim que ela entrou ele a fechou, deu a volta em direção a sua porta, nesse pequeno trajeto de uma porta para outra que Harper fez, Nicolle pensou em dar uma oportunidade ao enfermeiro que sentava no banco do motorista. Mas lembrou de dez anos atrás, de como aquilo tinha acontecido e de como uma simples chance poderia magoar o enfermeiro pelo resto da vida e acabar com aquele sorriso dele e ela não queria de jeito algum fazer o mesmo que tinham feito com ela. — Para ond
Os dois saiam do restaurante de mãos dadas e sorrindo, Harper estava distraído tentando não parecer muito ansioso ou nervoso por estar segurando a mão da médica, mas era impossível, sua cabeça parecia focar em apenas três coisas, no quão macia era a mão de Nicolle, em como ela ficava fofa de nariz vermelho quando ela chorava e a última, e provavelmente a que mais estava o deixando nervoso era a frase de Victoria: “você é o primeiro garoto que ela traz aqui para um almoço a dois”. Fora amigos que Victoria havia chamado, Nicolle não havia levado mais nenhum cara lá. Harper foi tirado de seu devaneio quando foi abrir a porta do carro e sentiu Nicolle puxar o braço, ao virar para a olhar deu de cara com um homem de terno segurando seu pulso e a médica de olhos arregalados, ela parecia estar assustada e, ao mesmo tempo, parecia que uma ferida acabava de ser reaberta. — Nick. — Sua voz era baixa, seu peito doía ao vê-la agir daquela forma ao se reencontrarem, mas não a culpava, era sua cu
Ryan White estava em sua sala da presidência, seus pés balançavam inquietamente e suas mãos escondiam seu rosto machucado pelo arranhão do anel. De olhos fechados segurava a vontade de chorar devido ao ocorrido no dia anterior que insistia em rondar sua mente, aqueles socos não eram nada se comparados com a dor que sentiu durante dez anos em seu peito. Ryan levantou-se e caminhou de um lado para o outro, sentindo a dor novamente lhe consumir seu coração e a inquietação tomar conta de seu corpo. Não tinha a intenção de magoar Nicolle daquela forma, muito menos tê-la feito sofrer por tantos anos, a única coisa que Ryan não queria era o ódio da menor, mas sabia que nunca teria era o perdão da mesma. Respirou fundo e então olhou o relógio, as horas passavam lentamente e os minutos pareciam uma eternidade o deixando entediado e com medo de sua própria mente, mas optou por ler alguns relatórios até a hora de buscar sua noiva no hospital, por um momento voltou a se levantar e se perguntar s
Charlotte White era uma mulher extremamente bonita, no auge dos seus vinte e três anos, vinda de uma família rica, o que lhe proporcionou a oportunidade de fazer o que mais gostava. Fotografia. Um dos seus inúmeros passatempos desde muito nova. Seus cabelos escuros e longos, sedosos e macios como uma pluma, a pele e corpo muito bem cuidados e uma dieta rígida. Seus olhos eram igualmente escuros aos seus cabelos, sua boca levemente avermelhada e macia graças ao seu protetor labial. Seu perfume marcante e inebriante que fazia qualquer um suspirar ao senti-lo. Poderíamos facilmente dizer que Afrodite sentiria inveja da beleza de Charlotte, ela era como um pecado que muitos queriam cometer.Se alongava um pouco antes de entrar na cafeteria para comprar o seu tão amado Café Gelado, a única coisa que tomava depois do almoço, era uma lei para ela. Sem Café Gelado, sem um bom rendimento nos trabalhos do período da tarde, era como se aquilo a mantivesse acordada e animada.— Lotte? — A garota