Já estavam a voar há muitas horas. O pai só queria que tratassem a mãe com uns médicos da sua confiança. Isis ainda não tinha assimilado o que acontecera, nem compreendia como tinha sido o acidente da mãe. Apenas podia ver que ela estava com ligaduras por todo o corpo, mal se distinguia o rosto. Ao percorrer os presentes com o olhar, notou que o pai e alguns dos seus homens também estavam feridos.
— Pai, desde quando estás na ilha? —perguntou intrigada. — Há duas semanas, filha —respondeu sem demora—. Estávamos nos assentamentos arqueológicos a norte. — Porque não me ligaste? —insistiu curiosa. Era algo invulgar no seu pai. — A tua mãe não me deixou. Disse que te tinha prometido isso —explicou enquanto acariciava suavemente o seu rosto. — Mas eu liguei-teA respiração do seu pai tornou-se mais compassada e, com voz suave, enquanto lhe acariciava a cabeça, revelou-lhe que ela era a reencarnação da deusa Ísis. Que era a rainha e deusa de todos os deuses, com o poder de ressuscitar os mortos. Além disso, seria uma grande maga no futuro, com poderes extraordinários. Conforme continuou a explicar, ela tinha o poder de criar magia do nada. Mas, sobretudo, e era essa a razão principal pela qual era perseguida, possuía o poder dado pelo próprio deus Rá de curar os deuses e todos os seres sobrenaturais existentes. — És como uma mãe para todos eles —assegurou, com os olhos brilhantes de orgulho, e prosseguiu—: Por isso é que o amuleto de Wadjet, a filha de Rá, o deus do sol, funcionou contigo... Interrompeu-se por um momento, tomou as suas mãos e beijou-as com veneraç
Ísis suspirou ainda com incredulidade, mas desejando que tudo fosse verdade e que pudesse curar a sua pobre mãe, sem importar no que se tornasse. Além disso, se toda aquela história maluca fosse verdadeira, e ela fosse uma loba, teria de enfrentar esse medo. Também teria muitos poderes e poderia defendê-los. O pai ordenou que desocupassem a parte do compartimento de carga do avião e pediu aos seus homens que não deixassem ninguém entrar ou sair dessa área. Ainda faltavam oito horas de viagem. Ela viu-o começar a fazer feitiços. Ele apoiou os dedos na sua testa, e ela sentiu um grande calor percorrer o seu corpo. Depois, uma grande força renasceu dentro dela. Podia senti-la, era liberdade. E ouviu uma voz na sua cabeça. — Olá, Ísis —a voz fazia-a lembrar Mat, mas era mais doce. — Olá, quem és? —pergunt
Depois de inspecionar toda a fronteira, o Alfa refugiou-se na colina da lua, aquele lugar sagrado onde se comunicam com os espíritos. Contemplou o lago congelado, cuja superfície cristalina refletia o céu carregado de nuvens. "Minha mãe lua", pensou com nostalgia, "hoje não quer se mostrar". A neve caía incessante, como um véu branco que a escondia da sua vista. Mat agitava-se no seu interior, ansioso por regressar, por separar-se e refugiar-se no quarto secreto, aquele espaço místico onde as suas essências podiam dividir-se. Dirigiu-se à casa, sentindo o rangido da neve debaixo dos seus pés. Justo no momento em que se concentrou para pronunciar o antigo feitiço de separação, uma energia familiar, mas urgente, atravessou o seu ser: alguém estava a invocar o Alfa Supremo. A transformação foi instantânea, embora os sinais chegassem distorcidos,
Sentiu o seu lobo desesperar-se no interior. O que tinha acabado de dizer iria atrasá-los mais do que Mat estava disposto a esperar. Mas tinham de ir preparados; os vampiros e demónios não eram inimigos fracos. Precisavam manter a cabeça fria para poder salvar a sua Lua. — Jacking, só de pensar que algo possa acontecer à nossa Lua, isso destrói-me! Convoca todos e partamos, por favor! —implorou Mat com impaciência. — Partilho o teu terror, Mat! Mas vamos protegê-la! Acabaremos com qualquer um que tente fazer mal à nossa Lua! —assegurou com uma firmeza que fez com que o lobo se acalmasse um pouco—. Amet, Horácio, Bennu! A vossa presença é requisitada com urgência! Entrou no seu escritório, onde os encontrou ainda vestidos com os seus elegantes fatos de casamento, os rostos refletindo uma preocupação profu
Tornou-os invisíveis e aproximaram-se do castelo. Conseguia sentir a presença de uma bruxa muito poderosa. — Jacking, é Isfet! É ela, posso reconhecer a essência dela misturada com outras! —exclamou Mat ao aproximar-se. — Tens a certeza, Mat? —perguntou, querendo certificar-se, pois ele não conhecia a sua essência. — Sim, Jacking, é ela, a que está atrás da nossa Lua! Mas tu e eu não conseguiremos derrotá-la, precisamos da Teka! —disse Mat. — Muito bem, acabaremos com os seus fantoches! E depois traçaremos um plano para enfrentá-la! —decidiu Jacking, confiando no seu lobo. Jacking deu a ordem de ataque e, em pouco tempo, acabaram com todos eles. A deusa do caos, Isfet, desapareceu assim que a luta começou. Não demoraram nem dez minutos. O Alfa Supremo agradeceu a todos
O Alfa permaneceu em silêncio durante alguns momentos enquanto analisava tudo o que lhe tinham explicado. A insistência do seu lobo na sua mente levou-o a perguntar à bruxa se Mat podia ficar a acompanhar a sua Lua. — Não sabemos se isso seria o mais prudente —disse Teka pensativa—. Temos de esperar que ela acorde. Acho que o melhor seria dar-lhe espaço para estar sozinha com a família. Depois veremos. — Penso o mesmo —interveio Aha—. Pelo menos, Jacking, conseguiste resgatá-los antes que a deusa-bruxa Isfet se apoderasse do corpo de Ísis. — É verdade, Jacking —concluiu Teka—. Com o poder que possui a tua Lua, Isfet teria-nos destruído! Quem poderia imaginar, a reencarnação da deusa Ísis. Jacking permaneceu em silêncio enquanto ouvia o seu lobo Mat gemer tristemente no seu interior, deseja
Bennu e Horacio pegaram nas suas respetivas metades, enquanto pediam desculpas em voz baixa a Amet, que se aproximou de Antonieta, abraçou-a e beijou-a com paixão, fazendo-a esquecer o que tinha acontecido. Ela era humana e ele precisava de lhe explicar o quanto antes a sua verdadeira natureza para ver se realmente o aceitava. Enquanto pensava nisso, dançavam abraçados, sentindo os corações acelerados. — Amet, posso perguntar-te uma coisa? —sussurrou Antonieta, sem levantar a cabeça do peito do lobo. — O que quiseres, amor —respondeu Amet, apertando-a contra si, com medo de ser rejeitado. — Por acaso, há cerca de oito anos, estiveste em Paris? —Antonieta levantou a cabeça para o olhar nos olhos. Amet acenou com a cabeça, sem compreender o motivo da pergunta, mas não a interrompeu, ansioso por saber onde queria chegar. Antoni
A noite avança e, pouco a pouco, todos os casais se retiram. Netfis observa enquanto o seu esposo se afasta à procura de uma bebida que ela acabou de lhe pedir. Vê um grupo de lobas, já com algumas copas a mais, olhando para a sua metade de uma forma lasciva. Rosna para elas com a força de uma Alfa. Bennu gira-se, assustado, temendo que a sua metade se descontrole e perca o controle dos seus poderes. Ele regressa rapidamente, levanta-a e aperta-a fortemente contra o peito. Morde-lhe o lóbulo da orelha, provocando que ela solte um gemido e o abrace pela cintura, aproximando-se ainda mais dele. Ela sente-se roçando contra o corpo dele. — A nossa metade está quente, Bennu! Já esperamos demasiado! Vamos fazer amor como selvagens! —diz Ben na sua mente. — Ben, hoje estou completamente de acordo contigo. Vamos tomar a nossa metade selvagemente! —responde Bennu com um sorriso malicioso. — Amor —sussurra a Netfis ao ouvido—, está na hora de irmos. Não nos torture mais. Desejo-te tanto!