Choro desconsoladamente. Esta solidão está-me a enlouquecer. E à minha memória vem a recordação daquela patas quentes de lobo.
— Desgraçadoo, manda-me o meu maldito lobo para dormir comigo, ou que me coma, ou que me torture! Não me importa, manda-o! Não quero estar sozinha, prefiro que me acompanhe um lobo! — Quero o meu lobo —digo entre soluços—. Sim, certamente estou louca, estou a pedir um lobo... —rio descontroladamente—. Um lobo! Sim, quero o meu lobo! — Há quanto tempo está assim, Mat? —perguntou Jacking sem deixar de olhar para Isis. — O dia todo e a noite inteira, Jacking —respondeu Mat. — Vais dormir com ela? —voltou a perguntar Jacking, olhando para o seu lobo. — Não sei. Ainda não acredito que não seja ela, que esteja a bJacking vai encontrar Mat na caverna onde permanece Isis. Preocupa-o que o seu lobo não se separa dela, e que também não tenha conseguido nada. Isis parece realmente não saber de nada. É simplesmente uma humana com algum poder que eles não conseguem decifrar. Talvez seja obra dos seus pais. Ele chega e vê-o deitado com Isis que dorme exausta. Mat, ao vê-lo, deixa-a e sai ao seu encontro.—Mat, já faz dez dias que estamos a torturar psicologicamente Isis. Não conseguimos nada. Ainda sentes esse grande poder nela? —pergunta sem deixar de olhar para a humana.—Ainda sinto, Jacking, e agora mais do que nunca —confessa o seu lobo Mat, seguindo o seu olhar.—Porquê mais? —inquire Jacking, preocupado.O seu lobo observa-o diretamente nos olhos e depois vira a cabeça para ver a humana, enquanto lhe responde que talvez seja porque dorme com ela todas as noi
Sabiam que Isis iria despertar; falavam ao seu redor para que acreditasse que tinha sido um pesadelo. Isis não quer abrir os olhos, não quer despertar, porque sempre que o faz percebe que continua presa num pesadelo. Mas hoje há algo diferente: ouve vozes conhecidas ao seu redor.—Já dormiu demasiado. Se não acordar hoje, vamos enviá-la para um hospital —ouve aquela voz conhecida, sim, conhece aquela voz, é Jacking.—Sim, eu acho que é o melhor. Da primeira vez dormiu doze dias, e agora já vai em dez, e embora eu não encontre nenhum motivo físico para isso, continua a dormir. Todos os exames que lhe fiz indicam que não há nada físico. Estou convencida de que é algo psíquico —comenta a voz de uma mulher; ela sabe quem é, é Teka, a médica.Isis sente a mão de Jacking a tocar-lhe na testa. Oh Deus! Finalmente
Depois vestiu umas calças azul-escuras, umas botas castanhas que combinavam com o seu casaco da mesma cor. Maquilhou-se um pouco para esconder as olheiras que tinha e saiu de casa para encontrar Jacking encostado à sua carrinha; ele parecia extremamente atraente. O alfa sentiu como o olhar da humana o inspeccionava com curiosidade e admiração, enquanto fingia rever algo na sua agenda. Isis caminhou devagar, seguida por Mat, que olhou para Jacking com os seus olhos dourados, como se o avisasse para tratá-la bem, o que lhe causou um sorriso imperceptível. Por um momento, enquanto avançava para ele, Isis teve a sensação de que Jacking também podia ver o seu lobo. Depois, ele virou o olhar para ela e abriu a porta, convidando-a a sentar-se no banco do passageiro. Isis deixou passar primeiro o seu lobo, que se acomodou no banco de trás, enquanto ela se sentava à frente.
Isis não sabe o que fazer, sente-se cada vez mais furiosa. Pergunta-se por que razão ele trata todas aquelas mulheres com gentileza, enquanto com ela é frio como gelo. E, como se a sua mente lhe respondesse, voltam-lhe as palavras de Jacking quando ela lhe confessou o seu amor: "Proíbo-te de me amares, humana! Proíbo-te!" Suspira, sentindo como as lágrimas começam a brotar nos seus olhos. Jacking não a ama, nem sequer parece gostar dela como mulher. Mas... como vai convencer o seu coração, que bate descontrolado sempre que o vê, de que não o deve amar? Ainda não sabe que nome dar a todos esses novos sentimentos que despertaram nela. De repente, sente-se pequena e perdida. Procura o seu lobo ao não o sentir nem o ver. Suspira deixando escapar um quase soluço. Nesses momentos deseja ter o seu lobo imaginário com ela. Jacking, embora apa
Jacking, ao observar como ela absorve o cheiro de uma flor com deleite e fecha os olhos extasiada, nota quando ela salta assustada. Avança rapidamente na sua direção e, com uma mão, agarra-lhe o braço, fazendo com que Isis se vire para olhá-lo com o semblante franzido e um olhar que a aterroriza. —Por que não me segues? Estou a trabalhar, não posso estar o tempo todo a cuidar de ti! Podes, por favor, seguir-me? —pede-lhe com uma voz rouca que a faz estremecer; por um momento, parece-lhe igual à voz dos seus pesadelos. —Só me distraí com esta linda flor, tem o teu cheiro —explica inocentemente Isis enquanto lhe mostra a flor. Jacking compreende que, de facto, o cheiro daquela flor era a sua essência única de metade, que só ela podia cheirar e reconhecer. Fica a olhar para ela fixamente ao sentir que a sua essência foi revel
Jacking espreita de vez em quando pela porta da sua casa e olha para a colina da lua. O seu lobo Mat já está há mais de três horas sentado imóvel a contemplar a distância. Sabe que algo o preocupa, mas não quer pressioná-lo para que fale. Afinal, são um só. A atitude do seu lobo afeta-o e não o deixa concentrar-se. Por isso, decide ir até ele para entender o que se passa. Aproxima-se e senta-se ao seu lado. —O que se passa, Mat? Já estás aí sentado há horas, em silêncio. Vá lá, confia em mim —pede-lhe quase a suplicar, enquanto passa uma mão pela cabeça dele. O lobo deixa-se acariciar sem o olhar, até que se deita ao lado dele colocando a sua enorme cabeça sobre as pernas do seu humano. Fica assim, a receber os carinhos, como se precisasse de coragem. Depois volta a sentar-se ao lado dele, an
Olhei-a nos olhos por um momento, vendo como começava a ser devorada pelas chamas sem reagir. A sua bela pele começou a arder enquanto ela continuava a olhar para mim, sem emitir uma única queixa. Estava prestes a virar-me para ir embora e não assistir a como as chamas a consumiam, mas a sua voz deteve-me. — Sei que não vais acreditar em mim, Mat, mas eu amo-te. Sei que vou morrer agora, mas tu nunca poderás ser feliz porque tu e eu somos um só —disse com uma tristeza que eu não entendia—. Tu és a ordem e eu o caos. Tu és a calma e eu a loucura. Eu sou tudo o oposto de ti, Mat, por isso não podemos viver um sem o outro. E eu vou voltar, Mat. Mais cedo ou mais tarde, vou regressar. E farei do teu mundo e de todos aqueles que são importantes para ti, um inferno. Porque está na minha natureza. Não posso fazer outra coisa. Dizendo isto, deu o seu &u
Depois do susto no festival das flores, Isis sentia-se mais tranquila. Para dizer a verdade, não saía de casa. Tinha ligado várias vezes para o hotel para ver se havia quartos disponíveis, mas nada ainda. Na realidade, não queria ir-se embora. Mat tinha-lhe dito que achava que, fora dali, não conseguiria segui-la. E ela não entendia porquê, se era o seu lobo imaginário. Deveria conseguir segui-la onde quer que fosse. Mal via Jacking, e quando o via, encontrava sempre aquele olhar frio que a aterrorizava e, ao mesmo tempo, a estremecia. A cada dia, gostava mais desse homem, enquanto sentia que ele gostava menos dela. Esforçava-se por vestir-se provocantemente, mas, até agora, não tinha ouvido um único elogio sair dos seus lábios. E sofria em silêncio. Agora entendia porque a sua querida melhor amiga Antoni chorava tanto quando lhe partiam o coração. O cora&