Natasha
Entrei na mansão silenciosa. Mamãe deveria estar na piscina. Subi para o quarto e colocando minha mala e minha bolsa num canto, me joguei na cama. Fechei os olhos, mal podia respirar, me conter. Fui bombardeada por imagens de Gregory. Seu sorriso, sua história, seu jeito, seu cheiro.
Por falar em cheiro, aspirei meu vestido, eu ainda podia sentir o perfume dele em mim.
Suspirei.
Meu Deus! Como era difícil negar tudo isso dentro de mim.
Lágrimas abundantes começaram a descer dos meus olhos. Uma mistura de desejo, um amor não experimentado, raiva, frustração. Tantos sentimentos ao mesmo tempo.
Respirei fundo tentando me acalmar. Mamãe não poderia me ver desse jeito.
Coloquei minha roupa dentro do cesto do banheiro para lavar. Vesti um biquíni vermelho, calcei uma rasteira de couro cru e uma saída preta com fr
Ficamos um bom tempo à beira da piscina.Conversa? Sim, mamãe conversou. Sobre suas atuais aquisições e sobre o cabelo de fulana, e o vestido de sicrana.Ah! Ela adorava falar das ditas amigas, geralmente para debochar ou invejar algo.Nossas conversas eram sempre assuntos banais ou sua última aquisição de vestidos, joias e sapatos. Era óbvio que ela adorava aquelas coisas.Eu não conseguia descobrir se ela apreciava mesmo o fato de estar sempre bonita ao lado de meu pai ou apenas sentia o amor pelas posses materiais. Ou era a necessidade de gastar, para sair do tédio.Pertinho da hora do almoço, eu e mamãe entramos para tomar um banho e nos trocarmos para mais tarde almoçarmos juntas.Não conseguíamos ter uma refeição íntima. Os empregados ficavam o tempo todo nos servindo. Muito diferente da casa de Raquel.
A semana tinha passado, e o maldito sábado tinha chegado. Meu motorista já tinha levado os trajes, que eu tinha escolhido, na casa de Raquel.Para Gregory foi fácil a escolha. Aquela força toda, aqueles cabelos negros e seu rosto marcante era a personificação em pessoa de um pirata. Além de ter roubado meu coração.Sim, pois não teve um dia que não pensei nele. As noites para mim eram as piores, intermináveis, no silêncio do meu quarto era onde eu derramava meu coração em lágrimas. A dor em meu peito era horrível, misturada com raiva e lamento por eu, por fim, encontrar uma pessoa que mexeu tanto comigo e ter que abrir mão dela.Balancei minha cabeça afastando aquilo tudo.Chega!Para Raquel eu escolhi um de vestido de 1800, de baile vitoriano. Azul marinho e branco.E eu usaria um dos an
NatashaEntrei acompanhada de Francisco no salão. Estava nervosa, Gregory estava ali, pois tinha acabado de falar com Raquel na sala. Ela tinha me dito que veio com ele. Estava radiante, nunca vi Raquel tão feliz na vida.Meu estômago estava embrulhado. A mensagem da festa foi passada? Ele desistiria de mim ao se dar conta do luxo que me cercava?—Você está tensa. O que foi? —A fala de Francisco, me fez perceber que eu o procurava com o olhar.Eu encarei Francisco, passando minhas mãos levemente trêmulas no vestido.— Eu? Não, estou bem. —Forcei um sorriso.Francisco estava um pouco diferente desde a última vez que eu o vi. Mais cortês, retraído, como se pisasse em ovos comigo. Isso não me incomodava, de maneira nenhuma.—Fiquei surpreso quando resolveu dar essa festa. Nunca pensei que gost
GregoryEstendi minha mão para ela, que indecisa olhou por um momento, como se estivesse com medo de tocar. Logo senti sua pele macia contra a minha. Antes que ela se arrependesse eu a puxei, sentindo uma corrente elétrica atravessar meu corpo.No meio do salão a envolvi nos braços, tocava uma música que eu gostava muito, Heaven, de Brian Adams.—Foi golpe baixo me puxar para dançar.Eu que estava com o rosto enfiado nos cabelos cheirosos dela me afastei e a fitei com um sorriso irônico:—Por quê? Pensou que ia me assustar com sua linda mansão, com sua festa glamorosa, com esse colar que deve ser brilhantes?Aquele rubor atraente se formou em seu rosto, e ela me encarou séria. Eu desci meus olhos para aqueles lábios pensando se a beijo ou não.—Há um abismo entre nós, não percebe? &mda
—O que está acontecendo com você Natasha? Ainda não melhorou do estômago? Você não está grávida está? —Lucinda disse abrindo com força as cortinas e a janela do meu quarto para que a luz entrasse. Eu fechei os olhos e coloquei o travesseiro na cabeça.Eu ri, parecia piada de mau gosto.—Essa é boa mamãe! Eu, grávida? Com a vida que eu tenho? Isso só aconteceu uma vez na história, onde uma mulher engravidou sem transar.Ela riu.—Então levanta dessa cama, já passa das três horas da tarde. Quando me disse que iria levantar tarde, não pensei que fosse essa hora.—Eu não dormi direito à noite.Ela se sentou nos pés da minha cama e me encarou.—Um monte de gente perguntou de você.Apenas sorri como se aceitasse essa preocupaç&atil
NatashaLucinda entrou no meu quarto com a expressão preocupada. Ela estava elegantemente vestida, com um vestido verde escuro, os cabelos negros arrumados em um coque.— Filha, você não está sem fome de novo? Você está doente?Afastei um instante os sentimentos tão ruins que me rodeavam. Estava tentando me esquivar de todos. Com os pensamentos longes apenas a encarei.Mamãe se sentou na beirada da cama, e me encarou.—Desde que veio da festa de Raquel está estranha. Eu deveria ter ouvido seu pai. Você não deveria ter ido.O pior que ela estava certa, maldita hora que fui àquela festa, agora eu sentia como se meu coração fosse rasgado por dentro.— Mamãe. Eu me sinto muito ociosa. Muito fechada nessa casa.—E o curso de Francês que está fazendo?—Você acha
No dia seguinte acordei resoluta a mudar minha condição. E mentalmente preparada para enfrentar meu pai, pois ele não ia gostar nada de eu sair para trabalhar. Um dia tivemos uma briga feia por causa disso, ele tinha me dito que era humilhante para ele ver sua filha arrumar emprego em alguma empresa sendo que tínhamos a empresa da família. Ele sempre me segurou com esse argumento, mas agora chega!Depois de descer e tomar café, eu voltei para o meu quarto e comecei a cadastrar o meu currículo nas agências. Na parte experiência deixei em branco, morrendo de vontade de inventar alguma mentira sobre o estágio, que eu "não tinha feito."A tardezinha, eu estava tentando ler um livro na biblioteca.—Natasha, você ainda não se trocou? Francisco vem te pegar, filha. —Mamãe me perguntou logo que entrou.— Eu vou assim mamãe.Lucinda me olh
Natasha— Natasha?Eu abri meus olhos.—O que houve? Por que ficou tão abalada ao vê-lo? Você gosta desse rapaz? Ele parece mais do que um primo de sua amiga para você. —Francisco me encarava como se pela primeira vez tivesse me visto.Eu enxuguei rapidamente, uma lágrima que desceu. Num misto de sentimentos, preocupada, ansiosa, triste, procurei Gregory com os olhos e não o encontrei.Voltei minha atenção para Francisco que me estudava. O ar parecia carregado, cheio de uma névoa escura.—Eu o amo. Mas como viu, ele não pertence ao nosso mundo e meu pai não o aceitaria. Com medo de represarias, eu o afastei de mim. —Eu disse com voz fraca.Ele se recostou mais na cadeira, pensativo.—Foi por isso saiu da sua festa daquele jeito. Você tinha acabado de terminar com a relaç&atild