A semana tinha passado, e o maldito sábado tinha chegado. Meu motorista já tinha levado os trajes, que eu tinha escolhido, na casa de Raquel.
Para Gregory foi fácil a escolha. Aquela força toda, aqueles cabelos negros e seu rosto marcante era a personificação em pessoa de um pirata. Além de ter roubado meu coração.
Sim, pois não teve um dia que não pensei nele. As noites para mim eram as piores, intermináveis, no silêncio do meu quarto era onde eu derramava meu coração em lágrimas. A dor em meu peito era horrível, misturada com raiva e lamento por eu, por fim, encontrar uma pessoa que mexeu tanto comigo e ter que abrir mão dela.
Balancei minha cabeça afastando aquilo tudo.
Chega!
Para Raquel eu escolhi um de vestido de 1800, de baile vitoriano. Azul marinho e branco.
E eu usaria um dos an
NatashaEntrei acompanhada de Francisco no salão. Estava nervosa, Gregory estava ali, pois tinha acabado de falar com Raquel na sala. Ela tinha me dito que veio com ele. Estava radiante, nunca vi Raquel tão feliz na vida.Meu estômago estava embrulhado. A mensagem da festa foi passada? Ele desistiria de mim ao se dar conta do luxo que me cercava?—Você está tensa. O que foi? —A fala de Francisco, me fez perceber que eu o procurava com o olhar.Eu encarei Francisco, passando minhas mãos levemente trêmulas no vestido.— Eu? Não, estou bem. —Forcei um sorriso.Francisco estava um pouco diferente desde a última vez que eu o vi. Mais cortês, retraído, como se pisasse em ovos comigo. Isso não me incomodava, de maneira nenhuma.—Fiquei surpreso quando resolveu dar essa festa. Nunca pensei que gost
GregoryEstendi minha mão para ela, que indecisa olhou por um momento, como se estivesse com medo de tocar. Logo senti sua pele macia contra a minha. Antes que ela se arrependesse eu a puxei, sentindo uma corrente elétrica atravessar meu corpo.No meio do salão a envolvi nos braços, tocava uma música que eu gostava muito, Heaven, de Brian Adams.—Foi golpe baixo me puxar para dançar.Eu que estava com o rosto enfiado nos cabelos cheirosos dela me afastei e a fitei com um sorriso irônico:—Por quê? Pensou que ia me assustar com sua linda mansão, com sua festa glamorosa, com esse colar que deve ser brilhantes?Aquele rubor atraente se formou em seu rosto, e ela me encarou séria. Eu desci meus olhos para aqueles lábios pensando se a beijo ou não.—Há um abismo entre nós, não percebe? &mda
—O que está acontecendo com você Natasha? Ainda não melhorou do estômago? Você não está grávida está? —Lucinda disse abrindo com força as cortinas e a janela do meu quarto para que a luz entrasse. Eu fechei os olhos e coloquei o travesseiro na cabeça.Eu ri, parecia piada de mau gosto.—Essa é boa mamãe! Eu, grávida? Com a vida que eu tenho? Isso só aconteceu uma vez na história, onde uma mulher engravidou sem transar.Ela riu.—Então levanta dessa cama, já passa das três horas da tarde. Quando me disse que iria levantar tarde, não pensei que fosse essa hora.—Eu não dormi direito à noite.Ela se sentou nos pés da minha cama e me encarou.—Um monte de gente perguntou de você.Apenas sorri como se aceitasse essa preocupaç&atil
NatashaLucinda entrou no meu quarto com a expressão preocupada. Ela estava elegantemente vestida, com um vestido verde escuro, os cabelos negros arrumados em um coque.— Filha, você não está sem fome de novo? Você está doente?Afastei um instante os sentimentos tão ruins que me rodeavam. Estava tentando me esquivar de todos. Com os pensamentos longes apenas a encarei.Mamãe se sentou na beirada da cama, e me encarou.—Desde que veio da festa de Raquel está estranha. Eu deveria ter ouvido seu pai. Você não deveria ter ido.O pior que ela estava certa, maldita hora que fui àquela festa, agora eu sentia como se meu coração fosse rasgado por dentro.— Mamãe. Eu me sinto muito ociosa. Muito fechada nessa casa.—E o curso de Francês que está fazendo?—Você acha
No dia seguinte acordei resoluta a mudar minha condição. E mentalmente preparada para enfrentar meu pai, pois ele não ia gostar nada de eu sair para trabalhar. Um dia tivemos uma briga feia por causa disso, ele tinha me dito que era humilhante para ele ver sua filha arrumar emprego em alguma empresa sendo que tínhamos a empresa da família. Ele sempre me segurou com esse argumento, mas agora chega!Depois de descer e tomar café, eu voltei para o meu quarto e comecei a cadastrar o meu currículo nas agências. Na parte experiência deixei em branco, morrendo de vontade de inventar alguma mentira sobre o estágio, que eu "não tinha feito."A tardezinha, eu estava tentando ler um livro na biblioteca.—Natasha, você ainda não se trocou? Francisco vem te pegar, filha. —Mamãe me perguntou logo que entrou.— Eu vou assim mamãe.Lucinda me olh
Natasha— Natasha?Eu abri meus olhos.—O que houve? Por que ficou tão abalada ao vê-lo? Você gosta desse rapaz? Ele parece mais do que um primo de sua amiga para você. —Francisco me encarava como se pela primeira vez tivesse me visto.Eu enxuguei rapidamente, uma lágrima que desceu. Num misto de sentimentos, preocupada, ansiosa, triste, procurei Gregory com os olhos e não o encontrei.Voltei minha atenção para Francisco que me estudava. O ar parecia carregado, cheio de uma névoa escura.—Eu o amo. Mas como viu, ele não pertence ao nosso mundo e meu pai não o aceitaria. Com medo de represarias, eu o afastei de mim. —Eu disse com voz fraca.Ele se recostou mais na cadeira, pensativo.—Foi por isso saiu da sua festa daquele jeito. Você tinha acabado de terminar com a relaç&atild
O carro entrou e depois avançou na rua de Raquel.— Deus, por favor, me ajude! —Falei para mim mesma quando vi o carro de Gregory estacionado em frente à casa dela. Roger parou atrás dele.—Obrigada Roger. Eu te ligo, pois não sei a hora que sairei daqui. —O dispensei, com fé que tudo iria dar certo.—Está certo, senhorita.Desci do carro alisando meu vestido. Resolvi ir mais feminina. Tinha optado por um vestido branco com estampas delicadas amarelas e pretas. Uma sandália de couro cru e uma pequena bolsa preta, onde estava minha carteira, batom e meu celular. Deixei meus cabelos negros soltos.As horas tinham se arrastado, graças a Deus, mamãe não tinha voltado ainda, então saí tranquila de casa.Roger deu ré no carro e com um aceno foi embora. Abri o portãozinho e entrei no jardim. Depois liguei para o celular de
Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura.Friedrich NietzscheEu já andava meio chateada. Tinha mandado tantos currículos e nada. Nunca pensei que fosse tão difícil conseguir um emprego, emocionalmente eu me desesperava e isso era só o começo da luta que eu ia enfrentar ao lado de Gregory. Não queria passar essa imagem de dondoca inútil. Depender dele, sabendo de sua condição financeira.Era horrível! Gostaria de estar trabalhando quando eu fosse morar com ele. Crescer profissionalmente ao lado dele era o meu objetivo.Afastei meus pensamentos quando Roger estacionou em frente à casa de Raquel.Raquel sempre que me recebia, tinha aquele olhar crítico.Não sei por que ela se incomodava tanto com tudo isso?O problema era meu! Eu o amava e