Carlos e Stella não tinham nenhuma barreira entre si, depois de atravessar uma esquina, Carlos parou o carro na beira da rua. Ele se virou de lado e olhou silenciosamente para Stella, perguntando diretamente:- Estava pensando em Matheus.Stella não queria admitir. Ela respondeu rapidamente:- Não!De repente, houve um pequeno ruído, Carlos desfez o cinto de segurança e se inclinou em sua direção, como se fosse beijá-la, o instinto humano mais verdadeiro, mas quando estava prestes a tocar seus lábios, Stella usou a mão para bloqueá-lo, evitando.A própria Stella ficou atônita, afinal, beijar o namorado era algo muito normal, mas ela instintivamente evitou a intimidade com Carlos... Ela ficou um pouco perdida.Carlos ficou muito perto dela, próximo o suficiente para sentir a respiração um do outro, teoricamente deveria ser um momento apaixonado, mas não foi... Seu olhar era profundo:- Ainda diz que não estava pensando nele!Stella queria falar, mas ele delicadamente cobriu seus lábios,
- Srta. Stella, aquele contrato era apenas uma brincadeira! Eu não te amo!Aquelas memórias a sufocavam. Stella ergueu um pouco a cabeça para conter as lágrimas. O céu, começava a chover suavemente, molhando suas roupas, mas Stella não se importava. Eça precisava da chuva para apagar a inquietação em seu coração. Ela caminhava na chuva, repetindo incessantemente as palavras de Luíza em sua mente.- Você realmente acha que o Sr. Matheus se apaixonaria por outra pessoa? Você acha mesmo que ele abandonaria o filho para ficar com alguém?Stella parou. Havia uma luxuosa loja de vestidos de noiva na rua, e através da vitrine ela viu uma bela mulher experimentando um vestido, acompanhada por um homem. Eles pareciam ser noivos.Stella ficou paralisada. Ela fitava fixamente o casal, pois aquela mulher não era qualquer uma... era Daiane! Daiane ia se casar! Daiane não havia aparecido em Vila Candando anos atrás como a dona da casa, não estava com Matheus? Por que agora ela ia se casar com outro?
O atendente trouxe dois cafés quentes. Mas Stella nem tocou no dela, seus olhos fixos em Daiane.Daiane tomou um fôlego, o olhar perdido nas lembranças do passado, e então começou, a voz carregada de emoção contida:- Foi a Lucinda quem me procurou naquela época. Ela disse que o Matheus queria fazer um negócio comigo.Ela levou a xícara aos lábios, a mão fina tremendo levemente. Continuou, um sorriso amargo cruzando seu rosto:- Naquele tempo, eu ainda guardava rancor do Matheus. Como eu iria querer? Mas a Lucinda falou em um valor que eu não podia recusar. Era um projeto bilionário. Eu simplesmente não pude dizer não!Daiane fez uma pausa, o tom de voz carregado de pesar:- Depois, a Lucinda me levou ao hospital pra assinar o contrato. Lá eu vi o Matheus, num estado muito pior do que quando você o conheceu. Deitado, quase sem se mexer. Sabe, Stella, o olhar dele era tão sereno, tão tranquilo em aceitar tudo aquilo!A voz de Daiane era embargada. Já os olhos de Stella brilhavam úmidos,
Galvão acabou de sair. Ele disse que o novo medicamento ainda estava em desenvolvimento contínuo e que Matheus não deveria desistir. Matheus, claro, não iria desistir. Mas ele não sabia quanto tempo levaria para poder usar a mão direita e levantar-se da cadeira de rodas... Ninguém podia lhe dar essa resposta.Matheus estava de mau humor, e os empregados, em geral, não ousavam incomodá-lo, mas essa noite era uma exceção. Um som de carro vindo do jardim e, em seguida, passos apressados ecoaram, e Amanda bateu na porta com urgência:- Senhor, a senhora voltou!Matheus achou que fosse Gisele. Ele disse casualmente:- Peça que ela espere no refeitório, logo estarei lá em baixo.Amanda não respondeu. Matheus franziu a testa, prestes a empurrar a cadeira de rodas para ver o que era. A porta se abriu devagar... Stella estava na entrada, completamente encharcada pela chuva. Normalmente tão elegante e bela, agora ela estava em uma desordem desalinhada, mas não parecia se importar com sua aparên
Matheus não a recusou. Mas também não a aceitou. À luz da lâmpada, ele observava a mulher em seus braços, suas roupas completamente molhadas, revelando suas curvas sedutoras e tentadoras.Claro que Matheus sentia algo. Mas ele não se permitia sentir. Quando Stella o abraçou com carinho, ele agarrou seus delicados pulsos, pressionando-a contra si, e começou a manipulá-la com uma das mãos, sem qualquer delicadeza.Ele não foi gentil! Sua maneira de tratá-la não tinha traço de ternura, era quase como se ela fosse uma barata qualquer. Ele, de propósito, sussurrou em seu ouvido coisas desagradáveis, quando sabia que ela estava começando a se excitar:- Então você também pode sentir algo? Sabe como é fazer sexo com um inválido? Você terá que tomar a iniciativa o tempo todo, e ainda vai ter que me ajudar a me limpar depois, porque sou um inválido e não posso cuidar de você!... Quer continuar?Stella sabia que ele a estava humilhando, que ele apenas queria afugentá-la. Afinal, ela tinha sido s
Stella não parava de murmurar:- Matheus não, eu não!Amanda, segurando o copo d'água, não conseguiu se conter e comentou:- Olha só em que situação a colocaram! Desmaiando e ainda tendo que jurar lealdade ao marido!Matheus olhou na direção da porta e ordenou:- Desce e pede pra Lucinda trazer o médico aqui.Amanda finalmente se calou. Cerca de meia hora depois, Lucinda chegou acompanhada de uma médica, que havia enfrentado a chuva. Ela não tinha ousado perguntar nada por telefone, mas ao ver Stella, ficou visivelmente chocada, embora não tenha dito nada.A médica, num relance, entendeu a situação. Ela aplicou uma injeção para baixar a febre de Stella e falou, sem emoção:- A paciente está com febre alta, não pode ter atividade sexual! Daqui pra frente, precisa tomar mais cuidado nesse aspecto, senão pode até morrer.Matheus odiava ouvir aquelas palavras, mas as suportou calado. Logo a médica se retirou, mas Lucinda não saiu. Ela enxugou o suor de Stella e, hesitante, perguntou a Math
Stella olhou-o fixamente. Depois de um momento, sua voz soou ligeiramente rouca:- Matheus, eu não tive relações com ele.- Mas nós tivemos!Matheus empurrou a cadeira de rodas e se aproximou lentamente dela, sua voz suave e calma, como a tranquilidade depois de uma tempestade:- Você pode ficar grávida.Matheus entregou o frasco de remédios a ela. Stella os pegou trêmula. Ela abaixou os olhos para o frasco familiar, as palavras familiares, mergulhando em memórias do passado... muito tempo depois, ela olhou para Matheus. Sua voz soava firme e decidida:- Matheus, eu não sou mais aquela menina ingênua que você podia manipular! Sim, nós tivemos relações, mas tenho o direito de escolher tomar ou não esse remédio! Que autoridade você tem para me forçar a tomá-lo? É como meu ex-marido ou como o homem com quem tive um caso?Então ela jogou o frasco no lixo:- Matheus, mesmo se houver uma criança, você não precisa se responsabilizar por ela.Matheus a observava em silêncio. Stella havia mudad
As abotoaduras estavam um pouco desgastadas, mas o dono não conseguia se desfazer delas, guardando-as com cuidado. Stella pegou-as nas mãos e ficou observando-as por um tempo. De repente, aquela barreira em seu coração se rompeu.Matheus ainda ousava dizer que não era com ela que ele tinha que se casar! Matheus ainda tinha a coragem de dizer que queria encontrar uma mulher comum para passar o resto da vida... Ele claramente tinha vivido esses dois anos sozinho, naquele corpo debilitado, e estava se preparando para continuar assim para sempre. Ele a mandava recomeçar a vida, mas ele mesmo apodrecía naquele quarto que um dia fora o deles. E ainda assim, ele ousava dizer que não significava nada para ele. Todas as lembranças boas e ruins que eles compartilharam vieram à tona!Stella se lembrou da frieza dele nos primeiros tempos de casamento, de sua própria inexperiência, de como ela se alegrava em ajudá-lo a se arrumar todos os dias. Aquela sensação, que julgava superada, voltava com tan