Vittorio Bianchi O sol já está alto quando estaciono o carro em frente à minha casa. Passamos a manhã inteira no hotel, sem pressa para sair da cama, aproveitando cada segundo juntos. Mas agora, a realidade nos chama de volta. Ela suspira ao olhar para a casa. — Meus pais devem estar aí. Observo as janelas, vendo as cortinas se moverem levemente. A movimentação dentro da casa indica que eles já estão acordados e, provavelmente, à mesa para o almoço. — Se eles nos virem chegando juntos, vão perguntar onde você estava — murmuro, apertando o volante. Heloísa morde o lábio, pensativa. — Podemos dar a volta pelos fundos e entrar sem que eles percebam. Dou um sorriso de lado. — Sempre tão esperta. Ela revira os olhos, mas o canto de seus lábios treme, denunciando a diversão. Saímos do carro com cautela e seguimos pelo jardim lateral. O som de vozes vindo da sala confirma que seus pais continuam ocupados. — Pronto, agora é só ir direto para o seu quarto — sussurro quando chegamo
Vittorio BianchiEu me sinto mal pela Heloisa estar passando mal, mas, ao mesmo tempo, estou aliviado pela Ava não desconfiar de nada. — Acho que foi só um momento, nada sério. — Respondo, tentando desviar o assunto. Ela sorri, aliviada por minha resposta, e começa a me servir. Sento à mesa, mas o tempo todo estou consciente de que Heloísa ainda está no quarto, me esperando, embora eu tenha que manter a calma na frente dos pais dela. — Espero que a Heloísa se recupere logo — diz o Hugo, colocando uma taça de vinho em sua própria frente. — Uma vez me senti mal assim e acabei tendo que ir ao médico. A mãe de Heloísa desvia rapidamente o assunto, fazendo com que a conversa se desvie para outros tópicos. Enquanto isso, minha mente está em outro lugar, pensando em Heloísa e se ela realmente está melhor, ou se há a possibilidade que a Helô esteja esperando um filho nosso. Sorrio com a possibilidade, mas, ao mesmo tempo, balanço a cabeça em negação. O almoço continua com uma conversa d
Heloísa MouraO ar parece sair de meus pulmões. Eu tento respirar fundo, mas cada tentativa só faz meu peito se apertar ainda mais. As palavras do meu pai não apenas ecoam dentro de mim – elas me esmagam. Ele não acredita em mim. Ele sequer me ouve.O silêncio na mesa pesa como uma sentença. O que começou como um almoço de família se transformou em um tribunal onde eu sou a ré e não há defesa possível. Meu estômago se revira, um nó se forma em minha garganta, e o medo me paralisa. Como chegamos aqui? Como permitimos que isso acontecesse?Vittorio está ao meu lado, tentando conter a tempestade com palavras gentis, mas meu pai já decidiu. Se houver uma gravidez, Matteo será obrigado a se casar comigo. Essa declaração, simples e devastadora, me atinge como um golpe. Como ele pode dizer isso? Como ele pode sequer considerar uma solução tão fria, tão cruel? Como se eu fosse um problema a ser resolvido. Como se meu destino pudesse ser selado com uma única ordem sua.Eu engulo em seco, senti
Heloisa MouraMinha voz sai fraca, como se admitir isso em voz alta tornasse tudo mais real, mais impossível de ignorar. Minha mãe me encara com um olhar suave, mas firme, repleto de compreensão e, ao mesmo tempo, de preocupação.— Eu sei, filha. O amor, às vezes, nos toma de surpresa. Mas você precisa estar preparada para as consequências.Engulo em seco, sentindo o nó em minha garganta apertar ainda mais. Meu coração bate tão forte que tenho medo que ela consiga ouvi-lo. As palavras dela giram em minha mente, me atingindo com uma força que eu não esperava. Consequências. Essa palavra nunca pareceu tão aterrorizante.— Eu… eu não sei o que fazer — admito, baixando o olhar para minhas mãos trêmulas. — E se for verdade? Se eu realmente estiver grávida?Minha mãe suspira e se senta ao meu lado, pegando minhas mãos entre as suas. O calor de seu toque me traz um conforto momentâneo, mas a tempestade dentro de mim ainda não se dissipa.— Se for verdade, você não estará sozinha. — Sua voz é
Vittorio Bianchi O sol ainda não nasceu completamente, mas a luz suave da manhã já começa a se infiltrar pelas frestas da cortina. O quarto está mergulhado em um silêncio tranquilo, interrompido apenas pela respiração ritmada de Heloísa, que dorme em meus braços, a cabeça descansando contra meu peito. Por um instante, tudo parece calmo. Como se o mundo lá fora não existisse. Como se não houvesse medo, segredos ou consequências esperando para cair sobre nós. Só ela e eu. E a incerteza que, de alguma forma, já carrega um peso diferente dentro de mim. Minha mão se move antes mesmo que eu perceba, deslizando suavemente até a barriga dela. Um carinho instintivo, um gesto que deveria ser inconsciente, mas que carrega mais significado do que consigo expressar. Meu polegar traça círculos lentos contra o tecido fino da blusa dela, e um calor desconhecido se espalha pelo meu peito. Eu nem sei se há mesmo uma vida crescendo ali. Se o destino já escreveu esse capítulo para nós. Mas, no f
Heloísa Moura Estou ansiosa, hoje minha vida mudará para sempre, escutar o Vittorio falando que ama nosso filho sem mesmo saber se realmente ele está aqui em meu ventre me da força para falar tudo de uma vez para o papai. Involuntariamente passo minhas mãos pela barriga, meu Deus como pode ser? Também já o amo mesmo sem ter certeza, é a realização de um sonho. Minha vida ao lado do Vittorio não será fácil, meu pai não vai aceitar de primeira, mas como a mamãe falou vamos dar tempo ao tempo. Término de me arrumar e desço as escadas, o Vittorio está lindo, minha mãe e meu pai estão juntos todos me esperando quando escuto a voz daquela mulher e o que ela fala me faz segurar firme no corrimão da escada, caso contrário eu cairia. — Estou grávida. Essas foram as únicas palavras que consegui escutar as demais não passaram de um borrão, chamou o Vittorio e vejo os olhos de encontro aos meus e a única palavra que sai da minha boca depois disso é: — Vamos mãe. Saio daquela casa
Heloísa Moura. Sem dizer uma palavra sequer, subi para meu quarto, ao atravessar a porta lá estava ele, como se estivesse ali por horas. — Amor, estava te esperando. — O rosto dele mostrava o quanto estava destruído. — qual foi o resultado? — Vittorio… — me aproximo dele e ele me abraça pela cintura depositando um beijo no meu ventre. — foi positivo, estou esperando um bebê nosso, fruto do nosso amor. O abraço dele era quente, firme, como se estivesse tentando me segurar para que eu não fugisse outra vez. Senti os lábios de Vittorio contra meu ventre e, por um instante, desejei me entregar àquele momento, esquecer tudo ao nosso redor e apenas sentir. Mas a realidade nos cercava como uma tempestade prestes a nos engolir. Acariciei seus cabelos, sentindo o corpo dele estremecer levemente contra o meu. Quando ele levantou o rosto para me encarar, vi seus olhos marejados. — Um bebê… — Ele sussurrou, como se ainda estivesse processando a ideia. Assenti, um pequeno sorriso s
Vittorio Bianchi Vê Heloísa saindo pela porta da minha casa levou com ela o meu coração mas sem pensar muito subi para o meu quarto agora repleto das coisas da Liliane arrumo algumas peças de roupas em uma pequena mala e saio de lá sem olhar para trás, debaixo do mesmo teto que ela não fico. Fui para um hotel e lá fiquei até o lançamento do Passione. Isso mesmo coloquei o nome do nosso espumante de Passione, ele traduz tudo que passei com a Heloísa. Seis meses se passaram e estou morando no quarto de um hotel, a Heloísa não me atende mas se como o destino quisesse me levar para os braços dela mais uma vez recebi uma proposta irrecusável apresentar o Passione em uma feira de vinhos artesanais. Nova Iorque. O simples nome já fazia meu peito se apertar. Não sabia se era sorte ou ironia do destino, mas essa oportunidade era tudo que eu precisava para estar perto de Heloísa novamente. No avião, com uma taça do próprio Passione em mãos, encarei a cidade através da pequena janel