Por um momento esqueci que ele estava naquela casa, o pai dele havia se ajuntado a nós na conversa e ele parecia ser legal, embora seu olhar demonstrasse um homem de negócios ambicioso. Eu podia ver o Meyer ali. O homem que só era capaz de sorrir para uma mulher em sua vida. O homem que tinha muralhas por dentro, que era feito de aço, menos quando estava ao lado de sua esposa. Peguei-me pensando se um dia eu poderia ser essa mulher para o Meyer. Afastei os pensamentos quando senti vontade de ir ao banheiro.— Poderia me dizer onde fica o banheiro? — Falei próxima a dona Giovanna.— No andar de cima querida, segunda porta. — Ela falou apontando.Eu sabia onde ficava muito bem, mas não iria a deixar saber que eu freqüentava a sua casa quando ela não morava aqui. Levantei-me e segui escadaria acima. Fui ao banheiro, e terminando lavei meu rosto para expulsar um pouco a tontura causada pelo vinho em excesso. Já estava na hora de ir pra casa e arrastar minha mãe junto. Olhei no relógio do
— Achei que era Meyer. — Estreitei os olhos.— Ary Meyer. — Ele falou. — Meyer é meu sobrenome. Em nossa família, não falamos nossos nomes. Quando crescemos e assumimos nossas responsabilidades, somos chamados pelos nossos sobrenomes, isso nos identifica como homens de uma família de poder. Além dos meus pais, ninguém sabe qual o meu nome. E agora você. — Ele suspirou.—Ary... — Sussurrei. Sabendo que ele havia compartilhado algo intimo demais. Olhei em seus olhos, ali já não havia a escuridão que ele costumava levar consigo. — Eu gosto desse nome. Obrigada. — Sorri.— Não me chame assim na frente dos meus familiares. É um segredo nosso. — Ele sorriu.— Ok. — Assenti. Abri a caixinha pequena e marrom em minhas mãos. Dentro havia um broche do exercito militar brasileiro em bronze, mas no topo desse broche havia uma flor de jasmim desenhada como se fizesse parte daquele brasão em cor dourada. — Eu recebi esse broche quando meu pai faleceu, era o broche que ele usava na boina e foi adapt
Ele se afastou com dificuldade, uma dificuldade visível, palpável. Eu conseguia ver seu esforço para não encarar minha boca. Isso me deixava mais desesperada de desejo do que eu já estava. Retornamos para dentro da casa em silêncio, minha cabeça maquinando quantos passos dava para o quarto dele e minha consciência moral me lembrando que minha mãe estava no andar de baixo. Seguimos silenciosos até a sala, quando cheguei apenas o Sr. Meyer e a dona Giovanna estavam sentados no sofá abraçados entre beijos. Ary pigarreou.— Desculpem... — Falei sem jeito. — Minha mãe...— Ah não, querida. — Giovanna sorriu agora me encarando. — Sua mãe já foi tem uns dez minutos.— Desculpe a demora... — Eu falei sem jeito.— Acabamos nos encontrando e eu a chamei para conversar no jardim. Visto que esta era uma conversa de velhos. — Ary falou tentando me cobrir.— Ah sem problemas. — Giovanna assentiu. — Não somos mais tão novos quanto vocês, mas velhos não somos.— Era uma conversa de jovens velhos. — O
— Mas recentemente eu notei que certa garota tem esse poder também... — Ela falou baixinho.— Do que está falando, Mama? — Desconversei desviando o olhar.— Não seja tolo, eu sou sua mãe, Ary... — Ela riu.Eu bufei agora virando para a direção oposta ao seu rosto.— Eu posso ver você quando está com ela. — Minha mãe falou com um sorriso amoroso.— Então sou invisível na maioria do tempo? — Brinquei.— Não estou falando do Meyer. Estou falando do meu filho, do Ary de dezoito anos. — Minha mãe falou colocando a mão em minhas costas. — Posso ver você, de verdade. Não quem se tornou por lealdade ao seu pai. Por ser um Meyer. Ela te trás de volta.— Mama... — Suspirei sabendo que ela estava falando a mais pura verdade, porque eu também conseguia me sentir eu perto da Jasmim. Era como um mecanismo capaz de me ligar, de me trazer de volta a vida.— Eu consigo me ver nela... — Minha mãe falou pensativa.— Eu também... — Esse pensamento me fez sorrir.— Determinada, obstinada demais. Desafiado
As duas comeram animadas e saíram, acompanhei as duas até o píer onde entraram no iate. Quando a lancha foi embora vi minha mãe acenando animada ao longe e logo voltei para a dentro. Paz. Calmaria. Tranquilidade. E uma ilha inteira só pra mim. Peguei o kindle na bolsa e logo fui para a área de trás. Deitei na espreguiçadeira de frente para a piscina e colocando os fones de ouvido fui parar em meu mundo literário. Li um pouco e depois decidi mergulhar. Saí da piscina me sentindo a dona da casa. Imagina: Eu, dona de uma ilha em Angra. Que chique! Fui até a cozinha, abri a geladeira e peguei uma garrafa de Uísque e uma taça. Se elas iriam ficar fora, eu iria aproveitar minha própria companhia, tenho certeza que quando elas chegassem eu já estaria bêbada e dormindo. Liguei o som da casa em Henrique e Juliano e voltei para a piscina. Tomei uma taça de Uisque me sentindo a velha da casa na ilha, já que tenho pavor de lanchas. E depois da segunda taça me joguei na piscina. Mas como alegria d
Chegamos ao outro lado da mata. Que lugar incrível. A água neste ponto era mais cristalina, tinha uma piscina natural rodeada por rochas. Eu estava encantada. Ele segurou minha mão e me guiou até o alto de uma das pedras. Onde dava para a vista do oceano e algumas ilhas ao longe.— Então essa será a primeira foto. — Ele apontou para o oceano a nossa frente.— Ok. — Assenti sorrindo, liguei a câmera tirando do meu pescoço.Primeira foto: Vista do oceano de cima de uma rocha alta.Segunda foto: A casa ao longe por entre as folhagens da mata.Terceira foto: A casa vista da ponta do Pier.Quarta foto: Um pássaro voando na praia.— Essa foto é mais especial. — Ele disse me puxando pela mão até o terceiro andar da casa.Eu subi sendo guiada por ele, o dia já estava em seu final tanto quanto a terceira garrafa de Uísque na outra mão dele.— Uau... — Falei ao ver o pôr do sol da mureta do terceiro andar. — Que lindo!— Eu desenhei este pôr do sol. — Ele falou se sentando ao meu lado com um so
Acordei sem ao menos saber onde eu estava, abri os olhos encarando o quarto ao meu redor até me dar conta de que eu estava na casa da ilha da família Meyer. Não havia sido um sonho. Sentei-me na cama me espreguiçando, peguei meu celular e olhei a hora. Eram dez da manhã. Dez! Levantei-me ainda repleta de preguiça, tomei um banho e escovei os dentes. Coloquei um short jeans e um maiô, eu também não sou obrigada a usar a mesma roupa né. E desci para achar o pessoal. Não tinha ninguém dentro da casa. Peguei um pouco do café fresco na cafeteira e vi que minha mãe havia feito cuscuz. Melhor café da manhã. Quando terminei fui para o lado de fora. Avistei as duas mulheres tomando o sol na espreguiçadeira da parte dos fundos. Entrei novamente e fui até a biblioteca. Quando passei de frente para a academia meu coração quase pulou do peito. Parei para observá-lo malhando. Quem é que malha às dez da manhã? Em Angras? Pelo amor. Não é possível. Eu estava de frente para o boy das minhas fanfics, s
MEYERDesde o primeiro momento em que coloquei os pés nesta ilha, ao vê-la naquela piscina algo mudou dentro de mim. Foi como se todo o peso da responsabilidade que carrego comigo houvesse simplesmente sumido. Ela tinha este poder. E de repente eu nem sequer estava tentando continuar sendo o Meyer, porque ao lado dela eu queria ser o Ary. Vê-la chamando meu nome derretia toda a barreira que eu havia tido anos para criar. Tudo desde o primeiro momento ali havia sido incrível. O beijo, poder tocar seu corpo livremente sabendo que ela me quer tanto quanto a quero, o sorriso, a diversão ao seu lado. Tudo estava fora de controle, meus sentimentos estavam fora de controle e eu não estava me importando com isso. Eu só queria morar naquele final de semana. Mesmo sabendo que em dois dias eu voltaria para a minha realidade. Quando ela me chamou pelo meu nome na frente da minha mãe foi como um golpe em meu coração, por um momento eu quis ficar desapontado porque eu sabia o que aquilo significava