JASMIM— Bom dia, mãe. — Falei com uma dor de cabeça insuportável ao chegar à cozinha.— Bom dia. Sua cara está maravilhosa. — Ela disse escondendo um sorriso.— Está. — Eu ri.— Chegou que horas? — Ela perguntou enquanto coava o café.— Cinco. — Revirei os olhos me sentando-se à mesa e fungando.— Durma um pouco mais, eu seguro as pontas no restaurante. — Ela falou agora passando manteiga em algumas torradas.— Não vai ser possível porque eu dei folga aos nossos funcionários e terei que trabalhar por três. — Falei ao lembrar-me da mensagem que enviei para mim mesma antes de dormir e vi a poucos estantes. Uma forma de lembrar-se das minhas ações mais importantes quando estou bêbada.— Como? — Minha mãe parou e me encarar.— Cinco da manhã, mãe. Todos nós saímos às cinco. Sei que foi irresponsabilidade e que como funcionários, deveríamos termos saído mais cedo. Culpa minha. Não vai acontecer novamente. Mas provavelmente eles chegaram as seis em casa, não dormiriam em duas horas. Não qu
Finalmente as aulas da minha faculdade começaram e como eu já imaginava, minha vida social foi completamente extinta. Eu estava apaixonada por cada pedacinho do meu novo universo. Duas semanas depois minha rotina se resumia há:Trabalhar no restaurante das oito às cinco da tarde.Ir para a faculdade as seis e só chegar em casa as onze.Aos finais de semana eu fazia todas as tarefas que tinha da faculdade.E eu sei que vocês estão se perguntando sobre o Meyer, eu não tinha tempo para vê-lo, senti que ele se fechou depois do dia em que nos beijamos no beco. Não sei porquê, trocávamos olhares algumas vezes e nada mais. Não posso dizer que entendo, agora ele estava realmente sempre muito ocupado. Eu não sei se ele só estava realmente afim de uma diversão e pronto, mas não me importava. Não vou dizer que não penso no seu beijo e não sinto vontade de ter seus lábios nos meus novamente, ultimamente não são só os lábios, mas preciso realmente focar nos meus sonhos. Agora ele está sempre com o
MEYERDurante três semanas eu me preocupei em ocupar minha cabeça com os negócios, eu não parava de pensar nela desde a última vez em que nos beijamos. Mas eu estava sendo sincero quando disse que não podia, eu não podia dar voz a esse sentimento e colocar tudo que vínhamos conquistando a perder. Eu não podia ter ponto fraco, e soube que ela seria o meu desde a primeira vez em que nos beijamos. Não posso. Não é o correto a se fazer em meu mundo! Ela não aceitaria me conhecer, ela não ficaria do meu lado sabendo de tudo. Então logo me obriguei a se afastar, a me ocupar com as apresentações finais aos consumidores. Nossa inauguração havia sido um sucesso e pelo tempo de três semanas fechei com as maiores casas noturnas em São Paulo para que meu produto fosse distribuído, fechei com grandes empresários. A Meyer Haus não era para pequenos traficantes, não era para pequenos donos de morros. A Meyer Haus era para grandes empresários, era para quem estava no topo e comandava os pequenos dono
Por um momento esqueci que ele estava naquela casa, o pai dele havia se ajuntado a nós na conversa e ele parecia ser legal, embora seu olhar demonstrasse um homem de negócios ambicioso. Eu podia ver o Meyer ali. O homem que só era capaz de sorrir para uma mulher em sua vida. O homem que tinha muralhas por dentro, que era feito de aço, menos quando estava ao lado de sua esposa. Peguei-me pensando se um dia eu poderia ser essa mulher para o Meyer. Afastei os pensamentos quando senti vontade de ir ao banheiro.— Poderia me dizer onde fica o banheiro? — Falei próxima a dona Giovanna.— No andar de cima querida, segunda porta. — Ela falou apontando.Eu sabia onde ficava muito bem, mas não iria a deixar saber que eu freqüentava a sua casa quando ela não morava aqui. Levantei-me e segui escadaria acima. Fui ao banheiro, e terminando lavei meu rosto para expulsar um pouco a tontura causada pelo vinho em excesso. Já estava na hora de ir pra casa e arrastar minha mãe junto. Olhei no relógio do
— Achei que era Meyer. — Estreitei os olhos.— Ary Meyer. — Ele falou. — Meyer é meu sobrenome. Em nossa família, não falamos nossos nomes. Quando crescemos e assumimos nossas responsabilidades, somos chamados pelos nossos sobrenomes, isso nos identifica como homens de uma família de poder. Além dos meus pais, ninguém sabe qual o meu nome. E agora você. — Ele suspirou.—Ary... — Sussurrei. Sabendo que ele havia compartilhado algo intimo demais. Olhei em seus olhos, ali já não havia a escuridão que ele costumava levar consigo. — Eu gosto desse nome. Obrigada. — Sorri.— Não me chame assim na frente dos meus familiares. É um segredo nosso. — Ele sorriu.— Ok. — Assenti. Abri a caixinha pequena e marrom em minhas mãos. Dentro havia um broche do exercito militar brasileiro em bronze, mas no topo desse broche havia uma flor de jasmim desenhada como se fizesse parte daquele brasão em cor dourada. — Eu recebi esse broche quando meu pai faleceu, era o broche que ele usava na boina e foi adapt
Ele se afastou com dificuldade, uma dificuldade visível, palpável. Eu conseguia ver seu esforço para não encarar minha boca. Isso me deixava mais desesperada de desejo do que eu já estava. Retornamos para dentro da casa em silêncio, minha cabeça maquinando quantos passos dava para o quarto dele e minha consciência moral me lembrando que minha mãe estava no andar de baixo. Seguimos silenciosos até a sala, quando cheguei apenas o Sr. Meyer e a dona Giovanna estavam sentados no sofá abraçados entre beijos. Ary pigarreou.— Desculpem... — Falei sem jeito. — Minha mãe...— Ah não, querida. — Giovanna sorriu agora me encarando. — Sua mãe já foi tem uns dez minutos.— Desculpe a demora... — Eu falei sem jeito.— Acabamos nos encontrando e eu a chamei para conversar no jardim. Visto que esta era uma conversa de velhos. — Ary falou tentando me cobrir.— Ah sem problemas. — Giovanna assentiu. — Não somos mais tão novos quanto vocês, mas velhos não somos.— Era uma conversa de jovens velhos. — O
— Mas recentemente eu notei que certa garota tem esse poder também... — Ela falou baixinho.— Do que está falando, Mama? — Desconversei desviando o olhar.— Não seja tolo, eu sou sua mãe, Ary... — Ela riu.Eu bufei agora virando para a direção oposta ao seu rosto.— Eu posso ver você quando está com ela. — Minha mãe falou com um sorriso amoroso.— Então sou invisível na maioria do tempo? — Brinquei.— Não estou falando do Meyer. Estou falando do meu filho, do Ary de dezoito anos. — Minha mãe falou colocando a mão em minhas costas. — Posso ver você, de verdade. Não quem se tornou por lealdade ao seu pai. Por ser um Meyer. Ela te trás de volta.— Mama... — Suspirei sabendo que ela estava falando a mais pura verdade, porque eu também conseguia me sentir eu perto da Jasmim. Era como um mecanismo capaz de me ligar, de me trazer de volta a vida.— Eu consigo me ver nela... — Minha mãe falou pensativa.— Eu também... — Esse pensamento me fez sorrir.— Determinada, obstinada demais. Desafiado
As duas comeram animadas e saíram, acompanhei as duas até o píer onde entraram no iate. Quando a lancha foi embora vi minha mãe acenando animada ao longe e logo voltei para a dentro. Paz. Calmaria. Tranquilidade. E uma ilha inteira só pra mim. Peguei o kindle na bolsa e logo fui para a área de trás. Deitei na espreguiçadeira de frente para a piscina e colocando os fones de ouvido fui parar em meu mundo literário. Li um pouco e depois decidi mergulhar. Saí da piscina me sentindo a dona da casa. Imagina: Eu, dona de uma ilha em Angra. Que chique! Fui até a cozinha, abri a geladeira e peguei uma garrafa de Uísque e uma taça. Se elas iriam ficar fora, eu iria aproveitar minha própria companhia, tenho certeza que quando elas chegassem eu já estaria bêbada e dormindo. Liguei o som da casa em Henrique e Juliano e voltei para a piscina. Tomei uma taça de Uisque me sentindo a velha da casa na ilha, já que tenho pavor de lanchas. E depois da segunda taça me joguei na piscina. Mas como alegria d