Olho para nossas mãos entrelaçadas, pensando em como chegamos até aqui. Em como minha vida mudou completamente desde que entrei no carro errado. A ideia de magoar James me incomoda, claro. Estamos desenvolvendo um relacionamento que, há poucos meses, eu acreditava ser impossível. Ele se tornou meu pai, o apoio de que nem sabia que precisava. Mas agora, a ideia de perder o homem que amo e que também me ama parece impossível. Mais do que nunca. — Você sempre soube a resposta — murmuro, apertando seus dedos. — Mesmo quando tentei me afastar, mesmo fingindo que não significava nada… você sempre soube. Ou não estaríamos aqui. — Preciso ouvir você dizer. — Quero você — sussurro, finalmente encontrando seus olhos. — Todo o pacote. O CEO arrogante, o homem carinhoso e romântico que ninguém mais conhece, o amigo do meu pai, o cara bem mais velho que não deveria me afetar tanto… — respiro fundo. — Quero tudo. Um pequeno sorriso aparece em seus lábios. — Mesmo sabendo que não vai ser fácil
É estranho como algumas horas podem mudar tudo.Ontem à noite, nos braços de Ethan, o mundo parecia perfeito. Hoje, entrando na Nexus, preciso fingir que meu coração não dispara só de pensar nele.O elevador está quase vazio quando entro, apenas uma mulher do financeiro que sempre chega cedo. Melhor assim. Preciso desses momentos para treinar minha melhor expressão de indiferença.Respiro fundo enquanto observo os números mudarem no painel. Cada andar que subo é um lembrete do papel que preciso interpretar. Odiar Ethan… nem quando eu quis, consegui.Quando as portas se abrem e sigo pelo corredor, a primeira coisa que noto é sua sala ainda vazia. Preciso me controlar para não sorrir. Mais uma manhã acordando em seus braços. Logo isso será parte da nossa rotina.— Bom dia, Mia! — A voz de Gabriel, que acabou de sair do outro elevador, me traz de volta à realidade.— Bom dia, Gabriel.— Você parece melhor hoje — comenta, indo para a sua mesa.— Dormi um pouco melhor — disfarço, me sentan
A manhã se arrasta entre ligações, e-mails e a organização de um coquetel que meu pai inventou para o próximo fim de semana. Aparentemente, James Bennett adora reunir as pessoas da empresa.Mas como nem tudo é festa, Miranda parece ter tirado a manhã para inventar desculpas só para aparecer e conferir pessoalmente se seu plano está dando certo.Cada vez que ela passa pela minha mesa, faz questão de soltar algum comentário que só nós duas entendemos. Uma insinuação aqui, uma provocação disfarçada ali, como se estivesse se divertindo com isso.Quando o relógio finalmente marca meio-dia, solto um suspiro aliviado e me alongo na cadeira. No entanto, o som do elevador me faz enrijecer involuntariamente.— Que não seja a Miranda — murmuro, virando a cabeça em direção ao elevador.Respiro aliviada ao ver Theo sair de lá, carregando algumas pastas.— Bom dia, Mia — ele cumprimenta, sorrindo ao me entregar os documentos. — James pediu isso para o final do dia.— Considere feito. Vou deixar na
Entro no banheiro do restaurante quase correndo, meu coração acelerado pela urgência na voz de Vitória. Após verificar que estou sozinha, tranco a porta.— O que aconteceu? — pergunto, tentando manter a calma.— FINALMENTE! — Vitória grita do outro lado da linha, e eu afasto o celular do ouvido. — Tive a melhor ideia do mundo para inaugurar seu apartamento novo. Vamos fazer um jantar!Fecho os olhos e solto um suspiro. Claro que era sobre isso.— Vitória, você quase me matou do coração! Achei que fosse algo sério.— E é! Já planejei quase tudo, Mia! — continua empolgada. — Inclusive, já comecei a lista de convidados.— Lista de convidados?— Sim! Gabriel, seu pai, seu CEO gostosão, a…— Espera — interrompo. — Você já falou com todo mundo?— Ainda não, mas vou falar.Mordo o lábio, pensando em Theo sentado lá fora me esperando.— Acho que vou chamar o Theo também — digo. — Ele é meu amigo, seria estranho não o convidar.— Ótima ideia. Só tome cuidado para um certo alguém não inventar u
No fim do expediente, pego um táxi e sigo para o prédio novo. Pouco depois, cumprimento o porteiro e subo o elevador, sorrindo como uma boba.Quando abro a porta do apartamento, é impossível não sorrir ainda mais. É como se estivesse em um sonho, o qual se tornou realidade graças às melhores pessoas da minha vida.— Vamos lá, Mia — murmuro, olhando ao redor.São tantas caixas que Ivan e outros funcionários da casa do meu pai trouxeram mais cedo que me pergunto se darei conta.Tiro meus sapatos e prendo meus cabelos em um coque malfeito, colocando minha playlist para tocar enquanto começo a organizar tudo.É estranho pensar que esse lugar é meu, que finalmente tenho um cantinho só meu depois de tudo que passei.Perco a noção do tempo enquanto organizo meus livros na estante e levo um susto quando a campainha toca.Quando abro a porta, encontro Ethan encostado no batente.— Vim te ajudar — ele sorri.— Você não precisava ter se preocupado — digo, dando espaço para ele entrar.Fecho a po
Por alguns segundos, ficamos paralisados. Olho em pânico para ele, depois para nossos dedos entrelaçados e, por fim, para a porta principal.— Meu amor — ele chama baixinho, apertando minha mão. — Respira.— Mas…— Tem uma saída de serviço — me corta suavemente. — É só eu sair por lá e subir pela escada de incêndio.— Como você…?— Também moro aqui, esqueceu? — ele sorri, me fazendo relaxar um pouco. — Agora vai atender a porta.A campainha toca de novo, mais insistente que da primeira vez.— Vai — sussurra, me dando mais um beijo antes de se afastar. — Te vejo mais tarde.Assim que Ethan desaparece pelo corredor, respiro fundo algumas vezes e caminho até a porta. Quando abro, encontro Vitória carregada de sacolas.— Pronta para o melhor jantar de inauguração da sua vida? — pergunta, animada.— É você… — murmuro, aliviada. — Graças a Deus!— É claro que sou eu — Vitória entra, franzindo a testa. — Por que parece tão assustada?Pego algumas sacolas da mão dela e sigo para a cozinha, te
“Alguns minutos antes, por Ethan Hayes”Observo Mia conversando com Vitória enquanto tento ignorar a presença de Theo ao meu lado. Decidi vir para a varanda justamente para me manter longe dele, fingindo não notar seus olhares direcionados a Mia. Mas, claro, ele viria atrás.— Mia está diferente, não é? — comenta, olhando para ela. — Parece ter ficado mais leve longe de certas… influências.Seguro a taça com mais força, mantendo a postura relaxada.— Influências? — questiono, fingindo confusão.— Você entendeu — responde, num tom que me irrita pela falsa tranquilidade. — Sabe, Mia merece alguém que a faça feliz.— O que exatamente você está tentando fazer?— Nada. Só me preocupo com ela.Ele finge sinceridade, mas o tom implícito da conversa é claro. Bebo um gole de vinho, sem pressa. Deveria cortar isso antes que ele se sinta confortável demais, mas é impossível.— Por isso, você acha que sabe o que é melhor para ela?— Sei que alguém que a faz chorar não é — ele me encara. — Alguém
“Mia Bennett” Depois que Theo sussurra em meu ouvido que precisamos conversar, tento manter a calma, mas é impossível ignorar a tensão que toma conta de mim. Após o jantar e algumas conversas aleatórias, finalmente todos começam a se levantar do sofá. Acompanho meu pai e Lauren até a porta, tentando não parecer ansiosa demais para que eles saiam. Mas, é claro, Ethan também nos segue. — Tem certeza de que não quer mais vinho? — pergunto quando meu pai beija minha testa. — Não, precisamos descansar — ele sorri. — Apartamento oficialmente inaugurado — Lauren brinca, me abraçando. — Adorei o jantar. — Até amanhã, filha. Enquanto meu pai se vira para sair, Ethan me lança um olhar que deixa claro que nos veremos daqui a pouco. Assim que fecho a porta, volto para a sala. Vitória continua na cozinha, cantarolando enquanto lava a louça, e Theo continua sentado no sofá. — Theo, o que você queria conversar comigo? — pergunto, me sentando. — Sobre o que aconteceu na varanda…