“Mia Bennett”Observo Seattle pela janela do carro enquanto Harry, o motorista que nos aguardava no aeroporto, segue em direção ao hotel.Uma semana se passou desde a prisão de David, a compra do meu apartamento… e agora, com as coisas um pouco mais calmas, finalmente estamos aqui. E o melhor: sem a presença de Miranda.— No que está pensando? — Ethan murmura ao meu lado, baixo o suficiente para que somente eu ouça.— Em como estou feliz que estamos aqui, só nós dois — respondo, sorrindo. — E nas chaves do meu apartamento novo.— Ah, é? E qual dos dois está te fazendo sorrir mais?— Difícil escolher — provoco. — Passar esses dois dias tendo você só para mim ou começar a decorar meu primeiro cantinho…— Não sei se gosto dessa sua indecisão — ele brinca, tocando minha mão sobre o banco. — Talvez eu precise te convencer sobre qual é a melhor opção.Rio, balançando a cabeça.— Lauren já está com mil ideias para o apartamento — comento, mudando de assunto. — Passei o domingo inteiro vendo
Seattle é ainda mais bonita à noite. As luzes da cidade refletem na água da baía enquanto caminhamos lado a lado pelo Pike Place Market. É estranho, e, ao mesmo tempo, libertador, poder estar assim com Ethan em público. Pensar nisso me faz sorrir involuntariamente.— Posso saber o motivo desse sorriso bobo? — ele pergunta, roçando sua mão discretamente na minha.— Ah, nada de mais… — respondo, sorrindo um pouco mais. — Só é maravilhoso poder andar com você assim, tão tranquilamente.— Tem razão — ele sorri de volta, finalmente entrelaçando nossos dedos. — Embora eu ache que você esteja sorrindo mais pela comida do que por mim.— A culpa é sua por me trazer aqui — provoco. — Mas não se preocupe, você ainda é minha primeira opção. Por enquanto.— É bom mesmo — murmura, me puxando para mais perto. — Principalmente depois que passei a última meia hora observando você experimentar todos os tipos possíveis de comida.— Não foram todos — corrijo, me agarrando ao braço dele. — Ainda tem muit
Meu coração para por um segundo antes de perceber que o clarão vem de um letreiro neon piscando do outro lado da rua.Solto o ar que nem percebi estar prendendo, e Ethan aperta minha mão, provavelmente notando minha tensão.— Tudo bem? — ele pergunta, levantando uma sobrancelha.— Sim — respondo, forçando um sorriso. — Só… me assustei um pouco.— Fique tranquila, perdição — diz ele, seguindo a direção do clarão.— O que é aquilo? — pergunto, curiosa com a mudança na expressão dele.— Uma das casas noturnas mais famosas de Seattle. — Hmm — Mordo o lábio, sem jeito. — Nunca fui a uma boate.— Nunca? — ele arqueia as sobrancelhas, surpreso.— Não tive muitas oportunidades — dou de ombros. — E depois que vim para Chicago, bem… Tori me chamou algumas vezes, mas trabalhar com você não deixa muito tempo livre.Ethan me observa por um momento, e um sorriso malicioso surge em seus lábios.— Quer ir?— Agora? — meus olhos se arregalam. — Não sei… Não estou vestida para…— Está perfeita — ele m
Ethan trava o maxilar, dando um passo à frente, mas seguro seu braço. Deixar que isso continue e chame atenção para nós não terminaria nada bem.Enquanto o homem se afasta, Ethan mantém o olhar fixo nele, como se avaliasse a situação com mais atenção do que eu esperava.Então, quando finalmente volta o olhar para mim, há uma expressão em seu rosto que não consigo entender de imediato.— Vamos voltar lá para cima — ele diz, num tom controlado.Assinto, deixando que ele me guie de volta ao mezanino. Quando nos sentamos e nossos olhares se encontram, percebo que a tensão ainda não se dissipou de seus ombros.Ele passa a mão pelo rosto, como se tentasse organizar os pensamentos.— Está tudo…— Quantos anos você acha que eu tenho? — Ele me interrompe, o maxilar travado.— Ethan…— É sério — seus olhos encontram os meus. — Para ele ter achado que sou seu pai, devo parecer bem mais velho do que penso.— Ele estava bêbado — argumento, me aproximando mais. — E isso não importa.Ele solta uma r
“Ethan Hayes” As palavras daquele homem na boate ainda ecoam em minha mente. “Pai.” Ele achou que eu era o pai dela, porra. Por mais que eu tente ignorar, a diferença de idade entre nós nunca pareceu tão evidente e incômoda quanto naquele momento. E justamente agora, quando finalmente esse pensamento parecia ter me abandonado, graças aos beijos de Mia, nosso momento é interrompido pelas portas do elevador. A mulher que entra nos lança um olhar conhecedor, certamente notando o estado em que estamos. Mia, com o rosto corado e lábios vermelhos, minha mão parada estrategicamente à minha frente para esconder minha ereção… Mas sinceramente, estou pouco me importando com isso agora. Quando finalmente chegamos ao nosso andar, ela tenta passar o cartão na fechadura, mas suas mãos tremem. Calado, me aproximo por trás, pegando o cartão antes de abrir a porta. — Está tudo bem? — ela pergunta suavemente quando entramos. — Sim… — Tem certeza? Porque você parece um pouco… distraído. —
“Mia Bennett”Levanto o rosto de seu peito para encará-lo. É estranho ver Ethan assim novamente, tão vulnerável, principalmente depois do que acabamos de fazer.Há poucos minutos, ele estava sendo apenas ele, no controle total, me fazendo implorar por mais enquanto me mostrava que gravatas não devem ser usadas apenas no pescoço. E agora… Agora ele está aqui, deixando aquelas palavras idiotas de um homem bêbado afetá-lo novamente.— Principalmente por causa dela — respondo, traçando seu maxilar com meus dedos. — Você me faz sentir segura, Ethan. Protegida. E sabe o que é mais engraçado? — O quê?— Depois de você, todos os outros perderam a graça.— É mesmo? — Ele levanta uma sobrancelha, esboçando um pequeno sorriso.— Principalmente os da minha idade — admito, lembrando do idiota bêbado na boate. — Eles parecem tão… imaturos. Como se algo estivesse faltando.— E o que está faltando? — Sua mão volta a deslizar por minhas costas.— Experiência — mordo o lábio, provocante. — Controle.
Observo a cidade através da janela do carro enquanto Ethan dirige pelas ruas de Chicago. Há algo diferente no ar. Talvez porque eu esteja diferente. Sempre que fecho os olhos, as palavras dele surgem na minha mente como um letreiro de neon.“Amo você, Mia.”Meu coração dispara toda vez que lembro.— Achei que a gente ia para a Nexus — comento ao perceber que estamos indo para o apartamento.— Preciso pegar alguns papéis lá em casa, nada demorado.— Mas se eu subir com você, podemos demorar um pouco — provoco, mordendo o lábio.Ethan balança a cabeça, me dando um olhar que incendeia meu corpo instantaneamente. Mas, quando ele estaciona na garagem do prédio, percebo que há algo mais. Lauren está encostada em seu carro, esperando por nós.Antes que possamos sair, ela vem em nossa direção, quase saltitando.— Finalmente! — exclama assim que abrimos as portas. — Achei que nunca mais voltariam. Como foi Seattle?— Produtiva — Ethan responde, indiferente, mas esboça um pequeno sorriso.— Vo
“Miranda Pierce” O café está frio há muito tempo, mas continuo mexendo a colher distraidamente. A cafeteria está quase vazia a essa hora, exatamente como planejei. Quanto menos testemunhas, melhor. Observo as pessoas passando pela janela, mas meu pensamento está longe daqui. Na verdade, eu nem estaria aqui se Ethan tivesse me ouvido e enxergado como essa história acabaria mal. Mas ele se mostrou mais difícil do que imaginei. Na verdade, ele sempre foi assim. E é uma das coisas que me atraiu nele desde o início. Infelizmente, quando James finalmente ver essas fotos, terei que lembrar ao meu amor que tentei avisá-lo. O sininho da porta toca, e Jack finalmente entra. Seu terno barato e postura desleixada diferem completamente do ambiente. — Sabe — começo assim que ele se senta —, sempre me pergunto como alguém pode ser tão elogiado sendo tão… incompetente. — Você sabe muito bem que eu teria conseguido essas fotos antes, se não fosse por aquela ninfeta — ele resmunga, jogando