LUNA— SIM PAI, MAS O QUE EU POSSO FAZER?! ELA NÃO DISSE O MOTIVO, SÓ QUE NÃO DAVA MAIS PRA CONTINUAR! — Aaron gritava ao telefone. — Ok. Eu vou falar com ela de novo. Tchau. — desligou o celular e deitou no sofá, deixando sua cabeça sobre meu colo.— O que foi meu amor? — acaricio seus cabelos. Aaron está muito preocupado.— A Camila pediu demissão e agora meu pai tá furioso comigo. Ele acha que a culpa é minha. — explica aborrecido. Que bom que essa vadia fez o que eu pedi. — Eu não tenho culpa se ela se despediu. Eu nem sei porque! A Camila sempre pareceu a garota que mais gostava do que fazia na boate. Não consigo entender o que deu nela.Se ele soubesse a história dela...— Vai ver ela tomou vergonha na cara. — cogito.— Desculpa eu estar falando isso a você. Eu sei o quanto vocês se dão mal. Mas é algo que não tem a ver com gostar ou não. Muitos dos clientes do meu pai iam à boate por causa dela. E agora que estou tendo uma boa ideia pra mudar aquela joça, a Camila vai e faz iss
LUNA— Já está pronta Luna? — Aaron entrou no quarto com a gravata na mão e me encarou de olhos arregalados.— O que foi? — estranho.— Você com essa roupa. Tá perfeita. — se aproximou de mim e me beijou.— Você também tá gostosão. — pego a gravata e passo pelo seu pescoço. Lhe puxo para perto de mim e dou um selinho, depois dou o nó na gravata.Estou feliz pela realização. Mas enquanto eu não resolver a história com a Camila não vou ficar em paz.— Você falou com a Camila?— Sim.— E o que ela disse?— Que iria pensar.O pensar dela foi me ligar pra falar aquilo.— Humm. - solto sua gravata.— Ela tem que voltar. Meu pai não vai me perdoar caso o contrário.— O que essa garota tem heim?!Porque eu não consigo entender. Se eu fosse homem eu não comeria a Camila.— Lábia.Ata.Pego minha bolsa e o pacote com as fotos encima da cama.— Vamos?— Vamos. — o acompanhei.[...]— Aaron, me deixa aqui. — ele parou o carro numa esquina. —Eu tenho que entregar esses documentos e já chego no co
LUNAAcordei sem sentir meus dedos e com o nariz congelando. Estou tremendo.Abro meus olhos e me vejo deitada num colchão velho de uma casa velha de madeira.Parece uma casa abandonada. Tem um fogão velho, uma mesa empoeirada, uma cadeira empoeirada, um chão sujo. É tudo muito frio.É difícil saber aonde é a porta, toda a parede parece ser uma porta. Procuro alguma fresta para ver onde estou. A madeira é tão juntinha e forte que quando bato não faz nenhum efeito. No alto, perto do telhado, encontro uma fresta. Não alcanço, pois é um pouco alta, apesar do teto não ser muito alto, eu sou baixa pra alcançar.Peguei a cadeira e subi. Na ponta dos pés coloco meu olho na fresta.É tudo branco é frio. É neve. Estou num lugar com muita neve!— SOCORRO! SOCORRO! — grito quando a agonia toma conta de mim.Ela me deixou no meio do nada, sozinha.— SOCORRO!!!!Não ouço ninguém além do uivo dos ventos fortes.— Socorro! — deito no colchão me enrolando no cobertor que estava dobrado ao lado dele.
Aaron— Não! Eu não acredito nisso. — digo entre choro e soluços. Eu sinto como se tivesse perdido uma parte de mim. A Luna não pode estar morta. Não pode.— Aaron, é triste. Mas é verdade. — meu pai sentou ao meu lado e pela primeira vez agiu como um verdadeiro pai. Ele me abraçou e eu chorei mais ainda. — Eu entendo o que está passando. Sua mãe foi a mulher da minha vida e quando ela se foi eu senti como se parte de mim tivesse partido. Deixando aquele vazio.— É isso que sinto pai. — soluço chorando.Esse é o dia mais triste da minha vida. Eu não quero comer, não quero dormir. Só quero chorar a perda do amor da minha vida.— Ninguém nunca vai substituir a Luna. Ela despertou em mim algo que nunca tinha sentido, pai. Eu a amo tanto. — choro mais ainda. — Ela disse que só iria entregar uns documentos e logo chegava no consultório. Mas o tempo passou e ela não voltou.— Eu sei como é isso filho. Mas no fim aprendemos a conviver com esse vazio. E se der sorte encontramos alguém para nó
AaronEstaciono o carro em frente à escola e desço para entrar no lugar. Tenho que pegar o Joseph pra levar pra casa.Passo por várias crianças e me lembro de quando eu vim aqui a mais de ano, buscá-lo e encontrei a Luna ensinando. Me lembro que o Joseph falava dela, como a professora mais linda. E também me lembro que quando a vi na boate cantando e a vi aqui, fiquei paralisado. Ela poderia enganar todo mundo com aquela máscara, mas não a mim. Eu nunca esqueceria aqueles olhos.Sento no banquinho de sempre, pra esperar o Joseph aparecer. É o primeiro dia de aula dele de volta das férias e a essa escola.Guardo as mãos nos bolsos da jaqueta de couro e estico minhas pernas.— Sim. Gostei. — ouço a voz dele e olho para o lado. Ele está acompanhado por Camila. Ambos estão sorrindo.— Olha, o irmão veio te buscar! — diz admirada.— Você trabalha aqui, Camila? — reparo na roupa.— Sim. Eu tenho dois empregos agora. Como o pai do Chris. — explica rindo.— Ah. Muito bem. — assinto. — Vamos g
AARONAndo pela praia de pés descalços e sentindo o vento calmo em mim. Fiz essa viagem para ver se conseguia tomar um rumo pra minha vida.Mas nunca vou tomar um rumo agora que a Luna partiu. Nada mais faz sentido e se eu pudesse, não levantava da cama. Ficaria o dia inteiro imaginando que a Luna está pela casa, fazendo alguma coisa enquanto eu durmo.— Continua assim! Pensativo. — alguém grita para mim. Olho para o lado. Um pouco distante, tem um cara com uma câmera virada para mim. Não acredito nisso.— Você tá tirando foto de mim?— Sim. — ele abaixa a câmera e vem em minha direção. — Na verdade eu estava tirando fotos da praia, mas aí eu vi um rapaz com uma cara triste, todo pensativo, andando pela praia... Minha câmera focou em você. — explica.Que loucura. Eu até rio.— Aaron. — estendo minha mão para cumprimentá-lo.— Peter. — ele aperta.— Então Peter. Você é fotógrafo de paisagem? — andamos pela praia. Estou necessitando urgentemente de falar com alguém que seja da minha ida
LunaNão acredito que é o Peter quem tá desmaiado na minha frente.— Porque ele tá assim? — uma das senhoras pergunta.— Ele não esperava me ver. — sento perto dele. Quando ele desmaiou, algumas pessoas o levaram pra uma casa e deitaram ele numa cama. Coitado. Imagino que ele deve ter se assustado porpensar que sou uma assombração.— Ele tá acordando. — elas reparam.Quando ele abre os olhos e me vê de novo grita como um louco desesperado. Todas as pessoas se assustam com sua reação.— Tudo bem. Vocês podem me deixar a sós com ele? — peço enquanto ele ainda tá parecendo um doido e todos saem. — Eu tô viva Peter. Relaxa.— Viva? É você mesmo, Luna? Aquela Luna nutricionista? — esconde a boca com as mãos. Assinto. — Você não tinha morrido carbonizada?— Vejo que você conhece a história. — dou um leve sorriso lamentável. — Não, eu não morri.Ele se acalma mais um pouco e senta na cama ainda atônito.— O que você faz aqui? O que aconteceu, Luna? Me conta tudo. Por favor, senão eu vou enl
— Não faz isso não. Sério! Você é doida. — Peter tá se contorcendo agoniado na poltrona enquanto corto meus próprios cabelos.— Relaxa. Eu já fiz isso várias vezes. — corto uma franja.— Você é doida... Eu vou sair daqui. — levantou quando a campainha tocou.Nos olhamos.Pela primeira vez desde que estou aqui aconteceu isso. Ninguém veio aqui essa semana toda.Ele não abriu. Olhou pelo olho mágico.— Não surta. Mas é o Aaron. — cochichou pra mim e meu coração imediatamente ganhou um novo ritmo. Mais acelerado. Como o som de uma have. O Aaron tá aqui. O que eu faço? — Se esconde! — me apressou quando ele tocou novamente a campainha.— E os cabelos no chão? — olhei pra meus pés.— Junta rápido e coloca numa bolsa. Sei lá. Não joga no lixeiro.Junto tudo rapidamente e coloco na minha blusa. Que péssima ideia.Saio do banheiro e subo pro sótão. Fico encostada na porta, quero ouvi-lo. Deixo a porta entreaberta. Eu também quero vê-lo.Peter abriu a porta e o Aaron entrou sorrindo.Meu Aaron