Desviava dos corpos por quem passava; nunca pensou que seria tão difícil sair daquela casa. A cada dois passos esbarrava em alguém, seja alguém que estava dançando, alguém que estava em uma rodinha, ou mesmo alguém que estava beijando outro alguém. Quantas pessoas havia naquela festa, afinal?
Suspirou aliviada quando finalmente conseguiu sair para rua onde havia poucas pessoas conversando, assim como ela parecendo buscar um lugar silencioso, longe de todo barulho e agitação. Parou na calçada frente a casa; o vento gélido tocando seus cabelos, os empurrando levemente para trás e a fazendo suspirar de alívio quando tocava a sua face, como se fosse um carinho. Com os olhos ainda presos nas luzes que saíam de dentro da casa, do som abafado da música que vinha lá de dentro ela discou o já tão memorizado número de casa
— O que... O que estamos fazendo aqui? — ela perguntou, piscando aturdida e assustada.A sua frente havia uma clínica, um hospital. Era claramente um prédio particular, e não publico; pois um hospital público nunca que era tão tranqüilo como aquele.— Desce. — foi o que Ian respondeu após ele mesmo descer do veículo. Confusa, assustada, perdida e com as pernas tremulas Alana fez o que ele mandou, desceu da moto engolindo em seco.Sua pequena mão foi logo tomada pela mão grande e quente do loiro, que a saiu arrastando para dentro do hospital; as portas se abriram automaticamente e após entrarem o loiro sequer dispersou um olhar para a mulher na recepção e saiu puxando Alana, sem dirigir um único olhar a esta, pelo corredor até o elevador. Só quando eles estavam dentro daquela ca
A chuva caía forte naquela manhã, o vento uivava tornando difícil os guarda-chuvas abertos manterem-se firmes nas mãos dos alunos, ou dos motoristas desses alunos que os escoltavam até a entrada da escola. De momento em momento um raio ou trovão cortava o céu escuro, tomado por densas nuvens, iluminando o mesmo e assustando algumas garotas pelo seu som estrondoso.Cassandra era uma dessas garotas. Ela vinha caminhando apressada, o guarda-chuva aberto protegendo não apenas ela da chuva como também a amiga a seu lado. Alana estava estranha; mais do que normalmente costumava ser, Cassandra notou isso. Ela estava muito pensativa, além de mostrar grandes sinais de preocupação e melancolia. A Swan se preocuparia mais com a Steawart, se não tivesse seus próprios embates mentais naquela manhã por causa de certo Bennie imbecil para pensar. Isso sem mencionar no sono q
Cassandra piscou. E piscou. E de novo, piscou. Ouvira direito? Ele a chamou para sair?... Certo que o tom de voz dele não mudou em nada, saíra sério e sem emoção como sempre, mas ainda sim era um convite. E parecia amistoso, muito embora não tivesse como ter certeza disso, pois para alguém que não mostra emoções nas palavras, ficou realmente difícil para Cassandra saber.— O-Oquê?... Você... O-Oquê? — aturdida demais, aquelas poucas palavras gagas foram tudo que Cassandra conseguiu dizer.Vincent rolou os olhos, a mão ainda segurando a dela.— É surda? — disse ele, já se mostrando impaciente. — Perguntei se quer sair comigo!... E então?Cassandra estreitou os olhos, olhando para os lados, em busca de alguma câmera que não fosse a da bibl
Eram tantas coisas. Tantos pensamentos. Tantas preocupações, medos e receios. E como sempre complicando as coisas ainda mais, havia orgulho. Ter orgulho próprio é bom, porém, diante de situações como aquela podia ser um grande problema, Alana sabia. Ela sabia que seu orgulho e vergonha pelo pai colocar as filhas num problema daqueles a impedia de partilhar aquela história com alguém, de buscar ajuda. Talvez se dissesse algo, Lisandra a ajudaria; mas era orgulhosa demais para isso. Não aceitaria dinheiro de ninguém. Também não falaria para ninguém. Nem mesmo para Ian teria contado qualquer coisa sobre o problema da divida de seu pai se não fosse necessário. Contou a ele como um meio de desculpar-se – ou justificar-se? – pelas palavras cheias de farpas que disse a ele.— ... E então, perguntas? — perguntou a professora K&ec
— Certo; isso eu entendi. Mas essa não é mais a questão. — Ian respirou fundo, só então se lembrando do cigarro em sua mão livre. Deu uma tragada no rolinho de nicotina que já estava no fim, e ao expelir a fumaça pelas narinas jogou a bituca fora. — A questão é que sua família precisa de dinheiro e eu estou oferecendo a solução...— Não, obrigada. Eu posso arrumar o dinheiro sozinha...— É? Como?... Vai assaltar um banco ou caixinhas de igrejas? A segunda opção pode demorar um pouco. — Ian riu, balançando a cabeça negativamente enquanto Alana baixava os olhos.Ele estava certo, ela sabia. Não conseguiria arrumar aquele dinheiro em um mês, e empréstimo em banco era fora de cogitação não apenas por não poder d
— Certeza?... Eu posso voltar com você se quiser. — se ofereceu o Simpson; e Alana forçou-se a abrir um largo sorriso, balançando a cabeça.— Não, não precisa. — garantiu ela e mesmo com pressa para que o amigo fosse embora logo, ela não conseguia não ser gentil.Simon franziu o cenho, como que tentando buscar alguma falha ou sinal de mentira nas palavras dela. Por fim abriu outro largo sorriso, dando de ombros.— Ok. Uma coca né? — Alana assentiu, e o Simpson assentiu. — Certo. Espero-te espero no refeitório então.— Obrigada, Simon. — agradeceu a morena, sorrindo para o amigo enquanto se afastava. Ela esperou, pacientemente no lugar, até que ele sumisse de seu campo de visão, sumisse do corredor.Sua atenção voltou-se ent&
Aquilo era ridículo em sua mais profunda e sincera opinião. Encontros? Quem precisava daquilo? Bom, aparentemente uma garota de cabelo rosa. Mas porque a estava culpando afinal? Não fora ele quem a convidou? Respirou fundo sem que se desse conta do ato; e por mais que sua expressão se mantivesse fria, indiferente como sempre, por dentro algo remexia-se em seu estômago. Não, não eram borboletas. Garotas tinham borboletas no estômago, não ele! Ele tinha apenas aquela sensação de estômago vazio que se revirava, e suas mãos suavam frio. Talvez, fosse à ansiedade daquele encontro, que finalmente acontecia, dando lugar ao nervosismo por estar realmente acontecendo.— Porque eu tenho a impressão de que você não tem muitos encontros? — a voz chegou-lhe aos seus ouvidos soando divertida, só assim o fazendo voltar para a realidade em
Alana observou, em silêncio, o rapaz cinzento ser surrado, enquanto o outro parecia divertir-se. Havia um brilho divertido, vingativo nos olhos daquele que batia, e Alana sentiu todo o corpo gelar com o sorrisinho macabro que havia no canto dos lábios dele. Era aterrorizador, como se ele estivesse deliciando-se com a sensação de causar dor naquele pobre rapaz que já parecia não ter mais forças nem para gemer em dor. Ela deveria ir embora? Sim, deveria. Deveria enquanto ainda podia, enquanto não era descoberta, mas suas pernas não obedeciam. Parecia que havia congelado no lugar. Estava surpresa, estava em choque, e isso não ajudava a ter força, controle sob suas pernas. Sentia algo preso em sua garganta, talvez fosse o sapo que estava tendo que engolir para não gritar. Não era idiota para gritar! Seria o certo, claro, afinal, tinha que ajudar o rapaz que apanhava não? Seria o certo a se fazer. No entanto, ela sabia que sendo o mundo o que era