HannaSentei-me no chão frio do banheiro, encolhida, sentindo as lágrimas deslizarem pelo meu rosto sem que eu pudesse controlar. Eu havia fugido mais uma vez. Havia fugido dos olhos de Kevin, daquelas perguntas mudas que ele parecia fazer, sem saber, ao me olhar com tanto carinho. Eu estava sufocada. Ele estava lá, esperando por mim do lado de fora, mas eu não podia abrir a porta. Não podia deixar que ele visse o que eu escondia tão desesperadamente.O coração batia descompassado enquanto eu tentava respirar. Cada lágrima que escorria trazia lembranças amargas, lembranças que eu tentava enterrar dia após dia, mas que insistiam em voltar, sem pedir licença. Fechei os olhos, tentando me perder no escuro, mas os ecos das palavras de Dylan estavam lá, tão nítidos como se ele ainda estivesse ao meu lado."Não vai doer...", ele dizia, a voz baixa, impregnada de um tom sujo, enquanto se colava seu corpo ao meu. Meu corpo gelava só de lembrar. As palavras repugnantes continuavam a martelar e
HannaLevantei-me com dificuldade, enxuguei o rosto e encarei meu reflexo no espelho. A mulher que me olhava estava cansada e machucada, mas ainda assim viva. Embora meu coração permanecesse em uma guerra silenciosa, eu sabia que carregaria aquele peso sozinha. Porque, apesar da dor, o amor que sentia por Kat e Kevin me dava forças para continuar. E isso, jamais permitiria que Dylan ou qualquer outra pessoa me tirasse.Respirei fundo, reunindo as poucas forças que restavam. Olhei uma última vez no espelho, concedendo a mim mesma um momento de pausa antes de encarar Kevin. Não queria que ele me visse daquela forma, mas talvez já fosse tarde para esconder qualquer coisa. Abri a porta devagar e o encontrei encostado na parede ao lado, seu olhar uma mistura de preocupação e carinho. Ao me ver, ele se endireitou e se aproximou lentamente, como se calculasse cada movimento.— Hanna... — ele começou, mas levantei a mão, pedindo que me deixasse falar primeiro.— Kevin, eu... — tentei começar,
Kevin— Vou pensar — Hanna responde finalmente, sua voz quase um sussurro, mas transmite uma determinação que me faz ter esperança.Nosso silêncio agora é confortável, quase cúmplice. Deixo que ela fique onde está, minha mão acariciando suas costas enquanto ela está apoiada mais em meu peito. Por um instante, tudo parece se encaixar. Não importa o que o futuro traga, quero acreditar que poderemos enfrentar juntos.Eu me inclino e beijo o topo de sua cabeça, minha mente fervilhando de pensamentos. Ela ainda não sabe o quanto estou disposto a fazer para nos mantermos juntos. Talvez eu deva contar a ela, talvez deva explicar o quanto estou disposto a confrontar meu pai e qualquer outra ameaça que se interponha entre nós. Mas por enquanto, decidi guardar essa determinação dentro de mim. Quero dar a ela a paz que merece, mesmo que por uma noite.— Nada nem ninguém vai nos separar de novo, Hanna — sussurro, mais para mim do que para ela. É uma promessa que farei questão de manter. Com Han
Ashley— Eu não vou permitir que ela fique no caminho — murmuro, mais para mim do que para Alicia. — Vou descobrir tudo sobre a vida dela. Tudo. E usarei cada detalhe para destruí-la e afastá-la para sempre dele.Alicia sorri, com aquele brilho frio nos olhos, antes de me lançar uma pergunta inesperada:— Boa sorte, amiga! Não fique brava, mas saiba por que Kevin me odeia?Olho para ela, confusa. Alicia hesita por um segundo e então solta uma revelação que me tira o chão.— Quando Hanna desapareceu, Kevin ficou arrasado. Ele era o capitão do time, o cara que todos queriam, inclusive eu. Com o passar dos dias, por não treinar, não se dedicar aos estudos, ele foi colocado no banco, rebaixado de sua posição no time. Aproveitei o momento em que ele estava mais vulnerável e nós... nós nos beijamos. Foi só isso, um beijo rápido, do qual ele se arrependeu no mesmo instante, Davis estava junto e o criticou, o que fez ele me odiar mais ainda. Desde então, ele nunca mais falou comigo.Fico choc
KevinDeixei as meninas em casa com um aperto no coração. Não queria me separar delas.— Não quero deixar vocês. — Digo abraçando Hanna em frente da sua casa. Kat já correu para dentro, queria contar como foi dormir fora de casa para a Hazel.— Eu também não, mas preciso, tenho um cardápio para montar para a apresentação de amanhã.— Quando vamos nos ver de novo? — Pergunto, não querendo soltá-la.— Não sei. — Ela diz sorrindo, — Está me enrolando para ficarmos mais um pouquinho aqui, não é?— Fui pego. — Dou uma risada e cheiro seu pescoço. — Mas é tão difícil te deixar ir.Ela joga a cabeça para trás, dando uma gargalhada, depois diz:— Amanhã dou um jeito de te ver. — Que horas? — Não sei, vamos nos falando. — Ela responde sorrindo com carinho.— Combinado então. — Roubo um beijo, depois sigo para o meu apartamento, pensando nelas, nas minhas meninas.Paro na minha garagem e levo um susto quando Ashley apareceu do meu lado. Fecho a cara na hora.— O que faz aqui? Como entrou? — V
HannaTrês dias se passaram e, como hoje é feriado, decidi ir ao parque com Kat, enviei uma mensagem para Kevin nos encontrar.Eu observava minha filha, Kat, brincando alegremente no parque, o rosto iluminado pelo sol, enquanto devorava seu sorvete com animação. Era um daqueles momentos preciosos que eu desejava congelar no tempo. A vida havia sido cheia de desafios, mas vê-la sorrir fazia tudo valer a pena. Hoje, decidimos nos dar ao luxo de aproveitar um dia de sol, longe do trabalho e de todas as preocupações.Enquanto Kat corria até o balanço, eu senti a brisa suave me envolver, trazendo uma falsa sensação de paz. Foi então que, no meio de toda a tranquilidade, senti um calafrio percorrer minha espinha. Olhei ao redor e ali, a poucos metros de distância, estava ele: Dylan. Parecia tenso, os ombros rígidos e o olhar fixo em Kat, mas eu me mantive imóvel, fingindo não o ver.Ele parou, hesitando, enquanto eu observava com uma expressão que não consegui decifrar. Seus olhos se voltar
Odeio Rivermont. Essa cidade é uma espelunca, cheia de pobres e pedintes. Mas o cliente é importante, então sou obrigado a fazer esse sacrifício. Caminhando ao lado de um parque, vejo uma silhueta feminina que chama minha atenção. Cabelos longos loiros, cintura fina, tudo no lugar certo. Sorrio, me aproximando. É como se ela sentisse meus olhos sobre ela e se vira. Paro imediatamente. É Hanna, a empregadinha que quase me fodeu no passado.— Como você conseguiu ficar ainda mais gostoso? — murmuro para mim mesmo, lembrando de vê-la passar pelos corredores, rebolando aquele uniforme apertado. Fiquei louco, desejando possuí-la, imaginando-a como minha bonequinha. Tantas vezes quis tê-la só para mim, aproveite cada detalhe sem pressa, sem interrupções.Ela parece alheia à minha presença só de ver aqueles olhos, todas as memórias voltam. Naquela noite, quando meus pais viajavam a trabalho, ela ficou na casa para cuidar de Sophia. Esperei que ela terminasse o trabalho e, quando minha irmã ad
KevinQuando as vi vindo em minha direção, percebi que algo não estava certo. Como eu previa, Hanna quase implorou para que eu as levasse para longe dali. Olhei ao redor, tentando encontrar a pessoa que ela mencionara, mas não vi nada. Como estávamos distantes do parque, acredito que, se realmente alguém a estivesse observando, houve tempo suficiente para se esconder.Conforme o combinado, fomos ao fast food. Após comer, Kat correu para brincar, e eu aproveitei estarmos a sós para roubar um beijo dela. Ela sorriu e correspondeu.— Amor, não fique brava, mas posso te fazer uma pergunta pessoal? — perguntei, preocupado, mas com receio de que ela ficasse irritada.— Claro, amor. — Hanna respondeu, ainda que com uma certa apreensão. Sua postura, antes relaxada, agora estava tensa e ereta.— Você faz terapia? — Ela se surpreendeu com a pergunta, e percebi que seus ombros relaxaram um pouco.— Fazia. Por que a pergunta?— Percebo que, em alguns momentos, você tem crises de ansiedade. — Ela