Hanna— Mamãe, por que o tio Kevin vai nos buscar na rodoviária? E não em casa? — perguntou Kat, com os olhinhos cheios de curiosidade.— Pense nisso como uma aventura, meu amorzinho! — respondi, dando um beijo em seu rostinho.Saímos cedo naquela manhã. Pegamos um carro por aplicativo e seguimos para a rodoviária. Conforme o plano que combinei com Kevin, entraríamos normalmente pela entrada principal, mas, alguns minutos depois, sairíamos pela porta dos fundos. Tudo para garantir que, se o louco do Dylan tivesse alguém nos vigiando, eles não perceberiam.Não gosto de fazer as coisas às escondidas, mas, de certa forma, toda essa preparação trazia um toque divertido, como se estivéssemos em uma missão secreta.Ao chegarmos à rodoviária, seguimos o plano à risca. Entramos com tra
HannaDepois do almoço, Kat finalmente teve sua chance de mergulhar no lago, com Kevin acompanhando como uma espécie de guarda-vida no encalço dela. Eu fiquei sentado na margem, observando os dois brincando na água. Era bonito ver como ele era cuidadoso com ela, como se Kat fosse o bem mais precioso para ele.— Você é pior que a mamãe! — Kat falou, rindo, enquanto Kevin borrifava água nela. — Para de me proteger tanto, eu sei nadar! Tia Haz pagou aulas de natação para mim.— Só quero garantir que a senhorita volte para casa em segurança — ele respondeu, rindo também.Fiquei ali, rindo com eles e tirando algumas fotos. Aquele momento era tão simples, tão cheio de vida, que parecia um pedaço de felicidade pura, sem complicações. Queria que essa sensação durasse para sempre.<
KevinO som das folhas balançando com a brisa do lago da montanha era como música para os meus ouvidos. Um cenário digno de um quadro: o reflexo das árvores no espelho d'água, o céu tingido de azul-claro e duas pessoas que eu mais amo sentadas ao meu lado, segurando varas de pesca como se fossem profissionais.— Tem certeza de que é assim que faz, tio Kevin? — Kat perguntou, franzindo a testa para a linha que nem sequer balançava na água.— Absoluta, pequena. É só uma questão de paciência — digo ajeitando seu chapéu, tentando soar confiante, embora minha própria vara de pesca não estivesse exatamente colaborando.Hanna riu ao meu lado, balançando a cabeça. Ela parecia tão relaxada ali, com o cabelo preso em um coque frouxo e desalinhado, com um sorriso sincero, que eu me peguei pensand
KevinOlhei para o lago, para o céu acima de nós, para as duas pessoas ao meu lado, e pensei que não havia lugar no mundo onde eu preferisse estar.— E ainda não acabamos, pequena. Mas talvez, na próxima vez, a gente traga um peixe de verdade, só para variar.Hanna deu uma risada alta e Kat balançou a cabeça, mas seguiu a mãe rindo da horrível piada que contei. Mas riu como a mãe, como se já previssem que eu não seria um bom pescador em nenhuma outra tentativa.Mas naquele momento, eu não preciso de peixes para ser feliz. Eu tinha tudo o que sempre sonhei bem comigo.Do nada, o tempo virou e uma chuva se iniciou.— Ei, filha, o que acha de brincar de pega-pega na chuva? — Digo e tento segurar a emoção quando aqueles lindos olhos azuis me olham cheios de sentimentos, lágrimas e felicidade.
Kevin.Naquela manhã, acordei antes delas. O silêncio da casa era quase meditativo, interrompido apenas pelo canto tímido de pássaros lá fora. Queria que aquele último dia junto fosse especial, inesquecível, algo que marcasse nossas memórias até a próxima oportunidade de estarmos assim, só nós três.Planejei tudo. O café da manhã tinha que ser perfeito, algo digno de um hotel cinco estrelas. Claro, eu não fiz sozinho. Contratei uma equipe que chegou cedo, preparou tudo com eficiência e saiu sem fazer alardes. Quando a mesa ficou pronta, admirei o resultado: frutas frescas, pães variados, sucos coloridos e até croissant recém assados de frango, presunto e queijo e o meu preferido chocolate.Hanna foi a primeira a acordar. Ela entrou na sala de jantar com o cabelo ainda bagunçado, o rosto levemente amassad
Kat acordou algum tempo depois, com a energia renovada e uma urgência infantil que nos fez rir.— Papai, mamãe! Estamos perdendo o arco-íris!Corremos para o jardim e lá estava ele. O céu, ainda cinzento pela chuva, foi cortado por aqueles núcleos vibrantes, como uma promessa silenciosa de que dias ainda melhores estão por vir.— Papai, olha! É o arco-íris mais bonito do mundo! — Kat exclamou, segurando minha mão.Ajoelhei-me ao lado dela, sorrindo.— É mesmo, pequena. Mas sabe o que é ainda mais bonito? — Ela me olha curiosa.— O quê? — Ela inclinou a cabeça e começa a olhar em volta.Aperto seu narizinho e digo:— Você e sua mamãe. Vocês duas são meus arco-íris. Minha alegria depois da tempestade.Beijei sua testa e ela riu, abraça
HannaChegar em casa foi bom, mas ficar longe de Kevin, após o final de semana maravilhoso que ele nos proporcionou, chega a ser deprimente.Olho minha cama vazia e lembro dos toques dele, do cheiro dele, abraço meu travesseiro e seu cheiro não está lá, ele não está aqui.Pego o celular e envio uma mensagem.“Já estou morrendo de saudades, preciso de você!”“Oh, minha vida, não diz isso! Se não meto o foda-se e chego aí em minutos.”“Sabe que não podemos, mas confesso que já estou com saco cheio de namorar escondida, não somos mais adolescentes.”“Por mim, vocês duas estariam em casa.”“Não é o momento ainda, mas confesso que hoje te queria grudadinho em mim.”“Grudadin
Hanna— Sei o quanto isso é difícil para você, irmã, mas pense em Kat.A voz da minha irmã tenta me alcançar, mas é inútil. O caos na minha cabeça é ensurdecedor.— Óbvio que é por Kat, — rebato, tentando manter a calma enquanto minhas mãos tremem. — Preciso pensar, quero um tempo para processar tudo isso.Saio do escritório apressada, agarrando minha bolsa como se fosse a única coisa que me mantém de pé. Estou tonta, atordoada. Na verdade, desesperada. Reabrir o processo? Significa exportar tudo, deixar que a mídia me devore. E Kevin… ele descobriria de novo, pelas bocas erradas.Andando pelas ruas sem rumo, sem enxergar o caminho, até que meu corpo se esbarre em alguém. O impacto me faz erguer o olhar, apenas para me deparar com ela. Uma ruiva. A maldita