Hanna
Chegar em casa foi bom, mas ficar longe de Kevin, após o final de semana maravilhoso que ele nos proporcionou, chega a ser deprimente.
Olho minha cama vazia e lembro dos toques dele, do cheiro dele, abraço meu travesseiro e seu cheiro não está lá, ele não está aqui.
Pego o celular e envio uma mensagem.
“Já estou morrendo de saudades, preciso de você!”
“Oh, minha vida, não diz isso! Se não meto o foda-se e chego aí em minutos.”
“Sabe que não podemos, mas confesso que já estou com saco cheio de namorar escondida, não somos mais adolescentes.”
“Por mim, vocês duas estariam em casa.”
“Não é o momento ainda, mas confesso que hoje te queria grudadinho em mim.”
“Grudadin
Hanna— Sei o quanto isso é difícil para você, irmã, mas pense em Kat.A voz da minha irmã tenta me alcançar, mas é inútil. O caos na minha cabeça é ensurdecedor.— Óbvio que é por Kat, — rebato, tentando manter a calma enquanto minhas mãos tremem. — Preciso pensar, quero um tempo para processar tudo isso.Saio do escritório apressada, agarrando minha bolsa como se fosse a única coisa que me mantém de pé. Estou tonta, atordoada. Na verdade, desesperada. Reabrir o processo? Significa exportar tudo, deixar que a mídia me devore. E Kevin… ele descobriria de novo, pelas bocas erradas.Andando pelas ruas sem rumo, sem enxergar o caminho, até que meu corpo se esbarre em alguém. O impacto me faz erguer o olhar, apenas para me deparar com ela. Uma ruiva. A maldita
HannaEu havia esquecido que Kevin estava ali, falei mais do que deveria.— Chegou a hora dele saber de tudo, e se ele te amar de verdade, isso não será um empecilho. — Jason disse sério, intercalando o olhar entre mim e Kevin, que nos olhava confuso e apreensivo.— Aqui não é o lugar para isso, mas sim, não tem como esconder mais. Como saiu daqui?— Vou ver e fique quieta, não cause mais confusão. A merda que você fez suja a linda imagem que eu ia pintar de você para o júri.— Droga, eu agi realmente sem pensar.— Eu percebi.Kevin ficou comigo, mas ele não disse uma palavra, estava respeitando meu espaço. Alguns minutos depois, Jason volta com alguns papéis.— Ashley te denuncio por agressão.— Mas a vaca não contou a parte que ela procurou por is
Kevin.— Amor, o que o Dylan fez a você? — Insisto em perguntar, mas o último coquetel a derrubou.Fico olhando para ela dormindo tranquilamente e me pergunto o que ela esconde de mim, se é tão grave como parece, já que ela bebeu para ter coragem de me contar, ou para não me contar e tentar esquivar mais uma vez.— Oh, minha linda, eu te amo tanto, que não há nada neste mundo que me faça te odiar. — Digo enquanto faço carinho em sua cabeça.Feche as cortinas do quarto, para ficar mais confortável para ela, assim quebra um pouco do brilho da luz da rua. Hanna dormia profundamente, sua respiração calma preenchia o silêncio. Eu deveria me sentir em paz, mas minha mente fervilhava, inquieta.Desde que Dylan apareceu de novo, não consegui afastar a sensação de que ele está tramando algo. Ele nunca ficou tanto tempo na cidade, sempre dizia que odiava nossa cidade e que ela era pacata demais. E agora pouco, o que ela disse enquanto estava
HannaAcordo com uma dor de cabeça latejante. É como se cada batida fosse um eco das memórias que tentam emergir à força. Abro os olhos lentamente e vejo Kevin adormecido ao meu lado. Por um instante, a calma que sua presença me traz tenta me envolver, mas é esmagada pela confusão em minha mente. Procurei em minhas lembranças como vim parar aqui, na casa dele. Então, tudo volta como um soco: Ashley, a confusão, as palavras de Jason na delegacia… Meu estômago revira e não consigo segurar.Corro para o banheiro e vomito o pouco que ainda restava do café da manhã. Meu corpo treme, cada espasmo trazendo à tona a náusea e a vergonha que me consome. De repente, sinto mãos firmes segurando meus cabelos, afastando-os do rosto. Kevin. Ele está aqui.Quando finalmente paro, sinto a exaustão me dominar. Me arrasto até a pia e lavo a boca, mas não consigo encará-lo.— Desculpe por te acordar — murmuro, minha voz mal saindo.— Não estava dormindo — ele respondeu suavemente. — Só estava de olhos fe
HannaRespiro fundo, tentando me recompor.— As contas estavam se acumulando, meus pais não conseguiam emprego. Meu pai estava cada dia mais nervoso e agressivo, sua ira era jogada toda sobre mim, a culpa de tudo dar errado era minha, então eu e minha irmã tivemos que começar a trabalhar. Comecei como babá para os vizinhos e Hazel em uma lanchonete, com o tempo espalhou a notícia de que eu era babá e aceitei cobrir férias de uma vizinha.Meu olhar se perde com meus pensamentos, mas forço-me a continuar.— Foi quando comecei a trabalhar como babá para os Mcnolds. Fiz de tudo para me manter invisível, para não chamar atenção. As outras empregadas me alertaram sobre Dylan, o filho mais velho. Então eu o evitava o máximo que conseguia, mas um dia…Meus olhos enchem de lágrimas. Kevin aperta minha mão, como se passasse força.— Um dia, os Mcnolds precisaram fazer uma viagem a trabalho, era longe, então eles decidiram ficar em um hotel, e pediram para eu passar aquela noite na casa deles e
Hanna— Após o ato, o cheiro de suor, sexo dominam o quarto, me deixando nauseada, eu corro ao banheiro e vomito tudo o que tinha no estômago. Fraca, suja, arrasada, eu peguei minhas coisas e saí pelas ruas da madrugada sem rumo, chorando, eu me sentia suja, um lixo humano, nunca fui tão humilhada. Quando cheguei em casa, a primeira coisa que fiz foi contar aos meus pais, imediatamente me levaram a delegacia, foi muito constrangedor. — levantei e fui até a sacada, com olhar perdido continuei — passar pelo corpo delito foi outra humilhação, a forma que eram feitas as perguntas… com duplo sentido, como se eles quisessem que eu confessasse que eu quis ter relação com ele, e no momento queria ferrá-lo ou ganhar alguma coisa. — Que absurdo. — Kevin pragueja, andando de um lado para o outro.— Resumindo, os Mcnold compraram o Júri, Dylan foi absolvido, o processo cancelado e bloqueado a sigilo, me fizeram assinar com contrato de sigilo absoluto, e que eu agisse como se aquela nunca existis
HannaFitei-o, esperando algo, qualquer coisa, mas o olhar dele estava cheio de uma mistura de amor e admiração. Eu poderia ver que ele entendeu. Ou, pelo menos, tentava.— Com tudo o que aconteceu... comecei a desencadear crises de pânico. — Minha voz vacilou, como se confessar aquilo ainda abria feridas que nunca cicatrizaram completamente. — Eu não consigo mais ficar sozinho. Era como se o silêncio fosse um inimigo que me esmagava. Chorava a noite toda, sem parar...Respirei fundo, tentando encontrar coragem para continuar. — Em um momento de desespero, eu... — minha garganta abriu, e fechei os olhos, tentando evitar que as lágrimas voltassem a cair. — Eu cortei meus pulsos.Vi o impacto das minhas palavras no rosto dele, mas continuei, porque precisava colocar tudo para fora.— Eu estava grávida. Só não morri porque Deus não permitiu. — Toquei a medalha no meu pescoço, como fiz tantas vezes naquele período. — Tenho certeza de que minha Senhora intercedeu por mim naquele momento.
HannaOlhei para ele, esperando qualquer acontecimento, mas a única coisa que vi foi um misto de dor e amor nos olhos dele, talvez um pouco de admiração também. Era como se ele entendesse, como se, de alguma forma, compartilhasse o peso daquela história comigo.— Quando olhei para o rostinho dela pela primeira vez, você me veio à mente, e no meu mundo eu pintava que você era o pai, por isso escolhi o nome que você dizia que seria o nome de nossa filha.— Obrigada por pensar em mim, por colocar o nome que escolhi em nossa filha. Eu te amo tanto. — Ele diz, levantando meu rosto com delicadeza. Eu olho em seus olhos, procurando por alguma coisa que o faça sair correndo para bem longe de mim.Era como se, pela primeira vez em anos, eu pudesse soltar o peso que carregava sozinha.Naquele momento, no meio de tanta dor e caos, encontrei um pedaço de esperança. Uma luz que me fez acreditar que, talvez, finalmente estivéssemos no caminho para a cura. Juntos.Kevin segurou meu rosto com tanta