HazelUma semana depois…Eu estava no escritório do Jason e o encarava, meu peito pesado de indignação. Ele estava ali, de braços cruzados, parecendo tão frio, tão prático. Como se o que ele estava pensando fosse algo simples, uma decisão que qualquer um poderia tomar.— Você ouviu o que acabou de dizer? — Minha voz saiu mais alta do que pretendia. — Você quer expor Hanna em tribunal, abrindo o pior capítulo da vida dela. Como isso seria só uma estratégia?Jason respirou fundo, tentando manter a calma. Acho que era a terceira vez que discutíamos esse ponto. Sei que é o jeito dele, sempre tão controlado, mas aquilo só me irritava mais.— Amor, escuta… eu não gosto disso, tanto quanto você! Não gosto nem um pouco. Mas a gente precisa ser realista. Dylan está jogando sujo, e se não fizermos algo drástico, ele levará Kat.Dei uma risada amarga, passando a mão pelos cabelos em um gesto nervoso.— Drástico? Você quer chamar o estupro de Hanna de vantagem no tribunal, Jason! Quer que ela rev
Estávamos escondidos há tempo demais, vivendo em momentos roubados, como se o amor que compartilhávamos fosse um pecado a ser escondido. Eu não podia mais suportar. Olhar para Hanna e fingir que éramos apenas conhecidos era um fardo que me esmagava a cada dia. E, se eu já era consumido pela saudade dela, e não poder ver a pequena Kat só tornava tudo ainda mais insuportável.Naquela tarde, sentado na varanda de um hotel na cidade vizinha, com o vento trazendo o aroma de liberdade que eu tanto ansiava, tomei a decisão. Precisávamos de mais. Eu precisava dela, de Kat, de algo que fosse real, palpável. Um final de semana inteiro, só nós três, sem as sombras da sociedade ou as correntes que meu pai e Dylan tentavam colocar ao nosso redor.Quando Hanna chegou ao hotel para o nosso encontro secreto, eu já havia decidido. Ela estava linda, como sempre, com os cabelos soltos balançando levemente enquanto caminhava até mim. Seus olhos brilhavam, mas havia uma pontada de cansaço neles, como se o
Hanna— Mamãe, por que o tio Kevin vai nos buscar na rodoviária? E não em casa? — perguntou Kat, com os olhinhos cheios de curiosidade.— Pense nisso como uma aventura, meu amorzinho! — respondi, dando um beijo em seu rostinho.Saímos cedo naquela manhã. Pegamos um carro por aplicativo e seguimos para a rodoviária. Conforme o plano que combinei com Kevin, entraríamos normalmente pela entrada principal, mas, alguns minutos depois, sairíamos pela porta dos fundos. Tudo para garantir que, se o louco do Dylan tivesse alguém nos vigiando, eles não perceberiam.Não gosto de fazer as coisas às escondidas, mas, de certa forma, toda essa preparação trazia um toque divertido, como se estivéssemos em uma missão secreta.Ao chegarmos à rodoviária, seguimos o plano à risca. Entramos com tra
HannaDepois do almoço, Kat finalmente teve sua chance de mergulhar no lago, com Kevin acompanhando como uma espécie de guarda-vida no encalço dela. Eu fiquei sentado na margem, observando os dois brincando na água. Era bonito ver como ele era cuidadoso com ela, como se Kat fosse o bem mais precioso para ele.— Você é pior que a mamãe! — Kat falou, rindo, enquanto Kevin borrifava água nela. — Para de me proteger tanto, eu sei nadar! Tia Haz pagou aulas de natação para mim.— Só quero garantir que a senhorita volte para casa em segurança — ele respondeu, rindo também.Fiquei ali, rindo com eles e tirando algumas fotos. Aquele momento era tão simples, tão cheio de vida, que parecia um pedaço de felicidade pura, sem complicações. Queria que essa sensação durasse para sempre.<
KevinO som das folhas balançando com a brisa do lago da montanha era como música para os meus ouvidos. Um cenário digno de um quadro: o reflexo das árvores no espelho d'água, o céu tingido de azul-claro e duas pessoas que eu mais amo sentadas ao meu lado, segurando varas de pesca como se fossem profissionais.— Tem certeza de que é assim que faz, tio Kevin? — Kat perguntou, franzindo a testa para a linha que nem sequer balançava na água.— Absoluta, pequena. É só uma questão de paciência — digo ajeitando seu chapéu, tentando soar confiante, embora minha própria vara de pesca não estivesse exatamente colaborando.Hanna riu ao meu lado, balançando a cabeça. Ela parecia tão relaxada ali, com o cabelo preso em um coque frouxo e desalinhado, com um sorriso sincero, que eu me peguei pensand
KevinOlhei para o lago, para o céu acima de nós, para as duas pessoas ao meu lado, e pensei que não havia lugar no mundo onde eu preferisse estar.— E ainda não acabamos, pequena. Mas talvez, na próxima vez, a gente traga um peixe de verdade, só para variar.Hanna deu uma risada alta e Kat balançou a cabeça, mas seguiu a mãe rindo da horrível piada que contei. Mas riu como a mãe, como se já previssem que eu não seria um bom pescador em nenhuma outra tentativa.Mas naquele momento, eu não preciso de peixes para ser feliz. Eu tinha tudo o que sempre sonhei bem comigo.Do nada, o tempo virou e uma chuva se iniciou.— Ei, filha, o que acha de brincar de pega-pega na chuva? — Digo e tento segurar a emoção quando aqueles lindos olhos azuis me olham cheios de sentimentos, lágrimas e felicidade.
Kevin.Naquela manhã, acordei antes delas. O silêncio da casa era quase meditativo, interrompido apenas pelo canto tímido de pássaros lá fora. Queria que aquele último dia junto fosse especial, inesquecível, algo que marcasse nossas memórias até a próxima oportunidade de estarmos assim, só nós três.Planejei tudo. O café da manhã tinha que ser perfeito, algo digno de um hotel cinco estrelas. Claro, eu não fiz sozinho. Contratei uma equipe que chegou cedo, preparou tudo com eficiência e saiu sem fazer alardes. Quando a mesa ficou pronta, admirei o resultado: frutas frescas, pães variados, sucos coloridos e até croissant recém assados de frango, presunto e queijo e o meu preferido chocolate.Hanna foi a primeira a acordar. Ela entrou na sala de jantar com o cabelo ainda bagunçado, o rosto levemente amassad
Kat acordou algum tempo depois, com a energia renovada e uma urgência infantil que nos fez rir.— Papai, mamãe! Estamos perdendo o arco-íris!Corremos para o jardim e lá estava ele. O céu, ainda cinzento pela chuva, foi cortado por aqueles núcleos vibrantes, como uma promessa silenciosa de que dias ainda melhores estão por vir.— Papai, olha! É o arco-íris mais bonito do mundo! — Kat exclamou, segurando minha mão.Ajoelhei-me ao lado dela, sorrindo.— É mesmo, pequena. Mas sabe o que é ainda mais bonito? — Ela me olha curiosa.— O quê? — Ela inclinou a cabeça e começa a olhar em volta.Aperto seu narizinho e digo:— Você e sua mamãe. Vocês duas são meus arco-íris. Minha alegria depois da tempestade.Beijei sua testa e ela riu, abraça