O murmúrio de Maria não era alto, mas Eduardo ouviu cada palavra claramente. O canto dos lábios do homem se curvou sutilmente, suas sobrancelhas se ergueram, e ele pegou outra folha de massa. E com uma série de movimentos ágeis dos dedos, um pastel folhado com muitas dobras e bem formado apareceu diante de todos. Maria estava totalmente surpresa: - Você aprendeu a fazer pães e doces?- Isso ainda precisa ser aprendido? Não é algo que se aprende só de olhar? - Disse o homem com orgulho, claramente satisfeito consigo mesmo. Maria resmungou: - Olha só como você se acha.- Papai, papai, me ensina a fazer um coelho?- Eu quero fazer uma tartaruga.Pedro hesitou por alguns segundos, mas também se aproximou: - Tio, me ensina a fazer um gatinho.Os três crianças rapidamente cercaram Eduardo. Eduardo franzia a testa, visivelmente sem jeito: - Coelho? Tartaruga? Gato...?Vendo a dificuldade do homem, Maria não pôde evitar de zombar: - Você não se gaba de saber fazer tudo? Essas coisas
As duas carcereiras estavam em uma vila remota nas montanhas, se recusando terminantemente a voltar para a Cidade C.Eduardo decidiu levar Maria para uma visita pessoal. Ele já havia explicado a situação para Maria com antecedência, e ela concordou em acompanhá-lo, mas com a condição de que deveriam voltar antes do Festival das Lanternas, pois o novo filme de Jacarias logo começaria as filmagens. Além da preocupação com as filmagens, Maria também estava preocupada com Pedro. Ela arrumou algumas roupas e itens de uso diário para Pedro, olhando para Eduardo com uma expressão preocupada, e perguntou: - Será que é uma boa ideia enviá-lo para a família Alves? Eu tenho medo que sua avó...- Ela não vai negligenciá-lo. Ele é amigo de José e Ana, minha avó com certeza vai gostar dele.- Mas ela não gosta de mim. Se souber que Pedro está sob meus cuidados, ela pode...- Não vai acontecer. Minha avó sempre gostou de crianças e não descontaria suas questões pessoais em um menino.Eduardo fala
Maria sorriu e retribuiu o beijo na bochecha de Pedro, prometendo: - Fique tranquilo, a tia voltará o mais rápido possível.Isso fez com que os olhos de Eduardo se arregalassem ainda mais. Desde quando Maria tomou a iniciativa de beijar alguém? Em seu coração, ele parecia valer menos que um garotinho. A região montanhosa era remota, sem acesso direto por avião. Eduardo refletiu e decidiu dirigir até lá, assim eles não teriam que se preocupar com o tempo e evitariam o incômodo de ter que trocar de transporte. Ele não arranjou um motorista, preferindo dirigir ele mesmo. Quanto ao motivo, ele naturalmente queria aproveitar a oportunidade para ficar a sós com Maria.A Cidade C teve neve por três dias consecutivos, cobrindo toda a cidade com um manto branco. O tempo frio não conseguia esconder o clima festivo do Ano Novo. As ruas estavam decoradas e a atmosfera festiva era visível por toda parte.Ao sair da cidade, Maria observava o ambiente animado nas ruas, se sentindo um pouco m
- Sr. Jacarias, por favor, me salve.Jacarias, recostado na cadeira com suas pernas longas cruzadas uma sobre a outra, irradiava um charme irresistível, misturado com rigor e autoridade. Ele olhava para a mulher deprimida no chão, como se através dela pudesse ver sua mãe gananciosa e seu pai desprezível. Um intenso desgosto brilhava em seus olhos. Ele deu uma tragada no cigarro, olhando para Michael ao seu lado. Michael, com os braços cruzados e expressão serena, falou:- Esta mulher tem medo que Eduardo descubra a verdade sobre o incêndio daquele ano e se vingue dela, por isso está pedindo sua ajuda.- Sr. Jacarias, eu só recentemente soube que você tem um desentendimento com Eduardo e Maria. - Disse Viviane, se ajoelhando diante dele e falando rapidamente. - Por favor, me ajude. Não deixe que Eduardo descubra a verdade sobre aquele ano. Farei o que você mandar se me ajudar.Michael riu desdenhosamente ao lado, com um tom de desprezo em sua risada. Jacarias dissipou o desgosto em
Maria observou o endereço dado por Fernando e em seguida olhou para os quilômetros que faltavam percorrer, sentindo uma dor de cabeça se formar.- Esse endereço é confiável? Será que aquelas duas carcereiras estão mesmo nessa pequena vila na montanha?A vila se chamava Vila da Serra, um lugar sobre o qual ela nunca tinha ouvido falar e que nem sequer aparecia nas buscas online.Considerando os quilômetros que restavam e a velocidade com que viajavam, era difícil prever quando chegariam à Vila da Serra.E, mesmo que chegassem, não havia garantias de que as carcereiras ainda estariam lá.E se já tivessem fugido?Eduardo encontrou um hotel com uma aparência sofisticada na cidade.Enquanto estacionava o carro, comentou com ela:- As pessoas que Fernando enviou para investigar ainda estão na vila. Se houver qualquer movimento suspeito das carcereiras, meus homens irão me informar.Quando abriram a porta do carro, um ar frio invadiu o espaço.Eduardo rapidamente fechou a porta.Procurando al
Eduardo a puxou de volta com força, irritado: - Como você vai dormir no carro? Depois de ter viajado tanto tempo, você não está cansada?Ele, que dirigiu o carro, nem reclamou de cansaço, então Maria não ousou se queixar, embora por dentro estivesse criticando.Ela não disse nada, mas Eduardo olhou para ela e perguntou à recepcionista: - Tem suíte disponível?- Sim, temos.- Então quero uma suíte, a maior que tiverem.- Certo. E o quarto individual que foi reservado anteriormente?- Não precisa, só a suíte está bom.- Tudo bem.Depois de fazer o registro, Eduardo pegou o cartão do quarto e perguntou à recepcionista: - É possível pedir jantar no quarto?- Nosso hotel não oferece serviço de refeições, mas você pode pedir delivery por este cardápio. - Disse a recepcionista, entregando a ele um menu de delivery.Eduardo agradeceu e conduziu Maria em direção ao elevador.A recepcionista não pôde deixar de olhar algumas vezes para a imponente silhueta de Eduardo, achando-o cada vez mais a
- Você pretende passar a noite na porta? - Maria perguntou a ele, sem palavras, estendendo a mão para pegar sua mochila. Eduardo, porém, desviou a mão dela e entrou com a bolsa. A mulher olhou pela porta, não notou nada anormal, e então fechou a entrada. Morando fora, ela sempre se sentia um pouco insegura, portanto, trancou também o trinco.Ao se virar, viu Eduardo abanando a mão na frente do nariz, com uma expressão de desgosto. Maria olhou para ele com desprezo: - Você deveria realmente experimentar viver com os trabalhadores, melhor ainda com os pobres.Eduardo sorriu: - Eu suporto o sofrimento, só não aguento esse cheiro.Maria riu ironicamente. “No fim, não passava de frescura?”Todas as janelas do quarto estavam abertas, e o calor dentro da sala foi rapidamente dissipado pelo ar frio. Maria não queria falar muito com ele, apenas desejava tomar um banho rápido e depois se enfiar debaixo das cobertas. Ela também não sabia se havia comido algo não muito limpo, mas sentia um des
Maria ficou surpresa: - O que você está fazendo?Eduardo não respondeu, apenas abriu a palma da mão dela e observou fixamente a cicatriz ali. Quando ela o salvou, a palma de sua mão tinha sido gravemente ferida por cipós. Embora a ferida parecesse assustadora, era apenas superficial e a palma da mão cicatrizou rápido. Ela se recuperou em casa por alguns dias, restando apenas algumas marcas. Se ele não a observasse assim, ela até teria esquecido dessas cicatrizes.Ela retirou a mão, falando de maneira indiferente: - Não é nada, já está quase curada.Eduardo olhou profundamente para ela, prestes a dizer algo, quando ouviram um batido na porta.- Deve ser o delivery, certo? - Perguntou Maria instintivamente.Eduardo disse a ela: - Fique aí sentada, eu vou ver.O homem ainda era muito cauteloso. Ele espiou pelo olho mágico antes de abrir a porta, a qual abriu apenas uma fresta. Logo, Eduardo voltou com um saco de lanches e algumas comidas embaladas. Maria olhou para a porta, se certif