- O verdadeiro culpado por trás daquele grande incêndio, vamos investigá-lo juntos quando voltarmos. Agora, o mais importante é te tirar daqui primeiro - Disse Maria, se levantando. - Voltarei pelo caminho por onde deslizei. Se encontrar alguma videira, usarei para te salvar. Caso contrário, apressarei o passo para buscar ajuda.- Você deve ir, obedeça e não procure nenhuma videira - Disse o homem em voz baixa, soando triste e fraco, como se tivesse perdido toda a esperança de repente.Maria franziu a testa, o encarando:- Por que? Eduardo, você não quer sair daqui?- Claro que quero, mas... Mesmo que eu saia, não sobreviverei. Então, não adianta gastar energia, você... Melhor você voltar sozinha.A dor de cabeça se intensificava, e o corpo inteiro estava fraco e sem força, até falar se tornava difícil.Levantá-la até ali quase esgotou todas as suas forças.Ele se esforçava para manter seu corpo dolorido ereto, olhando para ela, apenas querendo vê-la mais um pouco.Ele viu os olhos del
Ela chegou sob a grande árvore, puxando vigorosamente as videiras. A árvore era tão grossa que nem mesmo um adulto poderia abraçá-la completamente. As videiras se entrelaçavam pelos galhos, se estendendo até o topo. Numerosas e entrecruzadas, eram fortes e firmes. Maria puxou-as por um longo tempo, com as mãos sangrando, mas não conseguiu arrancar sequer uma única videira. No entanto, quanto mais resistente a videira, mais animada ela se sentia. Isso indicava que a videira suportaria um peso considerável. Redobrando seus esforços, ela escalou a árvore, se agarrando às videiras. As videiras no alto eram um pouco mais finas. Depois de escalar, segurou as videiras com uma mão, apoiou os pés nelas para estabilizar seu corpo e, com a outra mão, arrancou dez videiras, mordendo-as firmemente. Mordeu por um bom tempo até conseguir cortar todas as dez. Em seguida, enrolou as dez videiras ao redor do tronco da árvore.Ao final, exausta, caiu de costas do tronco. A neve abaixo era espe
Eduardo estava gelado, e aquela temperatura a aterrorizava profundamente. Ela segurava a mão de Eduardo, chamando com a voz trêmula: - Eduardo, acorde, encontrei as videiras, vou te salvar agora, você vai ficar bem. Por favor, abra os olhos e olhe para mim, Eduardo, eu te imploro, olhe para mim.Maria chamou várias vezes, mas Eduardo não acordou. Ela enxugava as lágrimas em pânico, sua voz engasgada cheia de determinação: - Você não vai morrer, depois de tudo que você fez comigo, ainda não me vinguei de você. Morrer agora seria muito fácil para você. Eduardo, não vou deixar você morrer, de qualquer maneira, eu vou te salvar.Enquanto falava, ela pegava apressadamente a videira caída no chão e amarrou ela em torno dele, dando três voltas completas. Após amarrá-lo, começou a escalar, segurando a corda. Descer tinha sido mais fácil, subir exigia muito mais esforço. Maria sentia seus braços incharem e ficarem dormentes, as palmas das mãos queimavam com uma dor intensa. Ela escalava
Ela temia que fosse uma ilusão e, por isso, não ousava piscar os olhos.- Eduardo...Chamou-o ela com uma voz trêmula, fraca e sem forças, como se a qualquer momento pudesse desmaiar.Finalmente, Eduardo abriu lentamente os olhos.Maria ficou tão emocionada que por pouco não parou de respirar.- Você... Acordou?Ela chorou e sorriu ao mesmo tempo, parecendo um tanto cômica com o rosto desarrumado.Porém, para Eduardo, ela parecia linda.Com esforço, ele levantou a mão, acariciando os cabelos molhados de neve na testa dela, e murmurou:- Você realmente me trouxe para cá.Maria assentiu fortemente:- Eu sou incrível, não sou?Seus lábios, tão secos que estavam rachados e sem cor, ao sorrir, revelavam as rachaduras, fazendo ela parecer extremamente abatida.Eduardo, com dor no coração, tocou seus lábios secos, murmurando:- Incrível, você é a mais incrível.Maria sorriu, feliz, mas fraca demais para se mover, apenas se aconchegando em seus braços.Eduardo a abraçou, sentindo a umidade peg
Após a nevasca cessar, Fernando e Daniel saíram juntos para procurar.Durval ordenou que a equipe de resgate mudasse de direção para retomar a busca.A espera é sempre uma tortura para as pessoas.Gisele permaneceu no andar de cima cuidando das três crianças.Ela observava as distantes montanhas brancas e nebulosas pela janela, e, sem perceber, seu coração começou a apertar.José e Ana, os mais tristes, enxugavam as lágrimas em silêncio junto à janela.Sabiam que seu pai e tia haviam desaparecido, e todos estavam ansiosos à procura; assim, não ousavam perguntar muito, apenas esperavam em silêncio por notícias.Pedro estava extremamente calmo diante da situação.Sentado em frente à janela, sem dizer uma palavra, seu rosto delicado não expressava nenhuma emoção.Ninguém conseguia adivinhar o que se passava na mente do menino.Contudo, foi essa criança, a mais calma de todas, que, quando Eduardo e Maria retornaram, se escondeu em um canto, chorando mais do que todos.O vento frio cortava,
- Como você machucou a palma da sua mão? - Perguntou Cláudio, com uma voz muito grave. Maria desviou o olhar: - Foi um acidente. - Ela respondeu, mudando rapidamente de assunto. - E Eduardo, onde ele está afinal? Cláudio esboçou um sorriso: - Você machucou a mão tentando salvar Duba, não foi? - Ele se machucou tentando me salvar, rolou comigo para dentro daquela caverna. De jeito nenhum eu o deixaria lá sozinho. - Disse ela, olhando firmemente para Cláudio. Cláudio baixou a cabeça e sorriu, mas não disse nada. Maria estava ansiosa, afinal, Eduardo havia comido frutas venenosas. Ela perguntou rapidamente: - Cláudio, como está Eduardo agora?- Ele partiu. - Partiu? - Maria franziu a testa, sem querer pensar no pior. - O que você quer dizer com “partiu”?- Quando Eduardo voltou, estava por um fio. Com os recursos médicos limitados aqui, Fernando levou a família Alves de volta durante a noite. - Por um fio? - A voz fraca de Maria estava tensa. Cláudio apertou os lábios e disse:
O som ofegante e a vasta e calorosa presença que ela sentia em sua confusão não eram ilusões. Era verdade. Eduardo realmente a tinha carregado nas costas. Ele havia prometido que não a deixaria morrer enquanto estivesse ali, e cumpriu sua promessa. No entanto, ela ainda não entendia por que um homem que a detestava tanto se arriscaria tanto para salvá-la. Seus atos eram, afinal, uma contradição ao seu suposto desprezo por ela.Ela levantou a mão, firmemente enfaixada, e a observou fixamente. Parecia um sonho ter usado videiras para puxá-lo para fora da caverna. Antes, ela mal se atreveria a pensar nisso.- Eduardo, você cumpriu sua promessa, e eu também cumpri a minha. - Murmurou ela, se virando para olhar pela janela. Parecia que estava nevando novamente.Os flocos eram tão finos e pequenos que mal podiam ser vistos.Ela se lembrou de Eduardo ajudando ela a sair da caverna e das palavras que ele disse. De repente, sentiu uma enorme vontade de vê-lo.“Como você está agora?”Su
Maria ficou pálida de repente e, por alguma razão, se lembrou novamente daquele pesadelo.- Que sorte, Mariinha. Pensando agora, ainda sinto um calafrio. Imagine se você e o Presidente Alves estivessem naquela caverna naquela hora, quão perigoso seria.Maria mal ouviu o que ela disse depois disso.Em seus ouvidos, apenas ecoavam as palavras de Miguel no pesadelo.Embora fosse apenas um sonho, parecia estranhamente real.Ela olhou rapidamente para si mesma, vestindo um largo roupão de dormir.Depois, começou a procurar freneticamente pelo quarto.Percebendo seu olhar de busca, Helena perguntou:- Mariinha, o que você está procurando?- Minha roupa, a jaqueta de penas que eu usava quando rolamos pela encosta.Helena imediatamente se levantou:- Fui eu quem te trocou. Coloquei tuas roupas no banheiro, estava pensando em lavá-las.- Por favor, me traga.- Certo... - Helena disse, indo em direção ao banheiro.Maria segurava com força a colcha, ansiosa.Seu celular estava carregando na cabec