O aroma do tabaco no homem parecia estar lá, mas ao mesmo tempo não, o que a distraía um pouco.Depois que todos se sentaram, Jacarias foi o primeiro a brindar com a vovó Diana.- Não esperava que a Sra. Diana viesse nos prestigiar, isso realmente é uma honra para mim. - Disse Jacarias, sorrindo, ao erguer sua taça em um brinde simbólico com a vovó Diana.- Desde que você não se importe com minha idade para participar da festa, está tudo bem. - Respondeu vovó Diana com um sorriso, enquanto erguia sua taça em resposta ao brinde.Jacarias, sorrindo, balançou a cabeça:- Que nada, a diversão é melhor com mais gente.Vovó Diana, apesar de normalmente ser severa com Maria, manteve um sorriso muito apropriado na presença de outros. Mesmo se aproximando dos oitenta anos, ainda era possível perceber um ar de elegância e nobreza inatos em seus gestos.Ela observou Jacarias por um momento, fixando o olhar em seus olhos e sobrancelhas. Com uma ligeira ruga na testa, ela sorriu para Jacarias e d
De repente, um grito de surpresa ecoou. Maria mal teve tempo de reagir quando uma tigela de sopa quente se derramou sobre ela. A sopa, fervendo, havia acabado de ser servida. Maria sentiu uma queimação na pele das pernas.- Desculpe, não foi de propósito.Ao seu lado, Bruna, sem dizer nada, se levantou em pânico, puxando guardanapos de papel para limpar a sopa derramada em Maria. Cláudio, preocupado, se levantou num instante e se aproximou rapidamente: - Você está bem?Maria balançou a cabeça, afastando as mãos frenéticas de Bruna: - Não precisa, eu me limpo.Ela pegou um guardanapo e começou a limpar a sopa de suas pernas. A calça estava manchada, assim como seu casaco branco de penas. Ela franziu a testa, irritada.O que a irritou mais foi que Bruna começou a chorar, pedindo desculpas sem parar: - Desculpe, Srta. Maria, eu realmente não fiz de propósito, só queria servir sopa para minha avó, não imaginei que minha mão escorregaria. Desculpe, desculpe mesmo.- Não tem problema,
Não se sabia ao certo se era a perna que doía ou se havia algum líquido no chão tornando-o escorregadio, mas Maria caiu duas vezes ao tentar se levantar.A oportunista Viviane, do outro lado, não perdeu tempo em zombar dela: - Srta. Maria, você realmente é delicada. Uma torção no tornozelo leva tanto tempo para curar?Maria respondeu com serenidade: - Sim, minha vida pode não ser delicada, mas meu corpo é frágil. Uma pequena lesão como esta leva muito tempo para sarar.- Irritante! - Exclamou Isabela, sentada ao lado de Viviane, não conseguindo se conter.Maria não se abalou, já estava acostumada com as provocações de Isabela.Ao ver Isabela se unir às provocações, Viviane se sentiu ainda mais encorajada e provocou Maria sem disfarces: - Esta jovem tem razão, você realmente é irritante. Parece que desde pequena sempre foi assim, fazendo alarde por qualquer machucado, até mesmo usando cadeira de rodas alguns dias atrás. Por que não a está usando hoje? Não tem medo de chamar muita ate
Contudo, naquele instante, ela se encontrava sentada no sofá, um sofá de couro com uma única almofada, jogada num canto, e suas pernas estavam descobertas.Ela pegou rapidamente suas calças jeans do chão, em meio ao pânico.Porém, a porta já havia sido aberta por Helena.Maria lançou um olhar constrangido em direção à porta e viu que era Eduardo do lado de fora, aumentando seu constrangimento.Rapidamente, ela vestiu suas calças jeans de qualquer jeito sobre as pernas, com as bochechas coradas.Helena encarou Eduardo, parado do lado de fora da porta, com um olhar confuso.- Presidente Alves! Há algum problema com a Mariinha?Eduardo, com uma expressão neutra, lançou um olhar às pernas pálidas de Maria, se fixando brevemente na renda da sua calcinha antes de desviar o olhar.Ele atirou um tubo de pomada para Helena e se virou, partindo.Helena apanhou a pomada rapidamente e perguntou:- Presidente Alves, o que é isto?- Pomada para queimaduras. As crianças me pediram para trazer.Ele fa
Eduardo franziu leigeiramente a testa:- Meu pai?- Sim, eu conheci seu pai e sua mãe. Seus olhos e sobrancelhas são tão parecidos com os dele que, ao vê-lo, sempre me lembro dele...Imagens confusas brotaram em sua mente, trazendo um medo indescritível.Eduardo, instintivamente, apertou a mão que repousava sobre o joelho, enquanto a outra levava um cigarro à boca de forma apressada.Parecia que o cigarro amenizava a agitação e o medo em seu coração.Jacarias não notou seu desconforto.Ele deu um pequeno gole em sua bebida, com o olhar perdido, como se mergulhasse em recordações.- Seu pai era uma figura muito conhecida aqui na Cidade C, rico e charmoso, muitas mulheres o admiravam. Naquela época, nós frequentávamos...Percebendo que havia falado demais, Jacarias se interrompeu rapidamente.Tomou outro gole, desviando a conversa para a mãe de Eduardo.- Sua mãe também era conhecida, uma famosa agente de celebridades. Ela e seu pai formavam um casal admirável. É uma pena que... - Disse
O tornozelo de Maria já estava machucado e, ao ser puxada assim, ela cambaleou e caiu no chão. Cláudio rapidamente a segurou, olhando para vovó Diana: - Não é culpa dela.Vovó Diana riu friamente:- Não é culpa dela? A pessoa que prejudicou Eduardo até esse ponto é ela, e você ainda diz que não é culpa dela?Cláudio e Maria se olharam, sem entender o significado das palavras de vovó Diana. Jacarias observava silenciosamente a cena, seus olhos afiados cheios de uma luz sombria. Ele perguntou a vovó Diana: - Sra. Diana, o que exatamente está acontecendo? O Presidente Alves...Vovó Diana, com lágrimas nos olhos, disse com dor: - Naquele ano, quando os pais de Eduardo morreram no acidente de carro, ele estava no veículo. Foi a mãe dele que o salvou desesperadamente. Ele estava coberto de sangue e mentalmente traumatizado. Após um longo tratamento psicológico, ele começou a melhorar, mas ninguém pode mencionar seus pais na frente dele, senão ele terá uma crise.Jacarias, visivelmente
- Eduardo tem esse tipo de doença mental, por que você nunca me falou sobre isso? - Perguntou Jacarias, com uma voz gelada carregada de repreensão.Cláudio riu, soltando anéis de fumaça que se enroscavam em seu rosto, conferindo um ar quase irreal ao sarcasmo em sua expressão. Ele sacudiu a cinza do cigarro e falou com calma:- Eu também não sabia que ele sofria dessa doença.- Impossível! - Exclamou Jacarias.Cláudio zombou:- Impossível? Desde o acidente de carro dos pais dele, a família Alves proibiu qualquer menção a eles. Morando na Mansão dos Alves por alguns anos, nunca o vi adoecer. Como eu poderia saber dessa doença?Jacarias, com um cigarro entre os lábios, encarou Cláudio com um olhar que mal disfarçava seu desdém. Cláudio, sem querer prolongar a conversa, se levantou rapidamente e caminhou em direção à porta. Porém, ao chegar lá, hesitou. Girou o cigarro entre os dedos e, depois de um longo silêncio, perguntou:- O acidente dos pais dele... Tem alguma coisa a ver com vo
Eduardo olhou profundamente:- São eles os dois que chegaram?Daniel, ele já conhecia, mas Durval era apenas um nome sobre o qual ele tinha ouvido falar, nunca tendo visto a pessoa em si. Contudo, tanto Daniel quanto Durval não eram pessoas comuns. Jacarias, porém, conseguia se aproximar de ambos com facilidade. Parecia que este Jacarias não era tão simples quanto parecia à primeira vista.Durante o almoço, a mesa estava cheia; felizmente, era grande o suficiente para evitar constrangimentos. Jacarias fez questão de apresentar todos os presentes.Além de Daniel, Maria não pôde deixar de observar detalhadamente as outras três pessoas.Sentada ao lado de Daniel estava uma mulher de aparência delicada, chamada Gisele, se vestindo de maneira simples, mas com elegância. Se dizia que era a nova esposa de Daniel. No entanto, apesar de serem marido e mulher, não demonstravam muita afeição, mantendo certa distância um do outro.O homem que acompanhava Daniel era Durval, o respeitado chefe