Maria havia acabado de sair do edifício cirúrgico do hospital quando começou a nevar. Cláudio estava logo atrás dela e, de repente, disse: - Estamos quase no Réveillon, não é?Maria ficou surpresa.Réveillon...O Réveillon daquele ano foi o mais inesquecível para ela. Desde então, nunca mais comemorou essa festa de propósito. Mas agora, com a pergunta de Cláudio, a atmosfera ficou surpreendentemente festiva. Maria olhou para os flocos de neve que caíam lá fora e sorriu para ele: - Este ano, Réveillon, vamos celebrar juntos, tudo bem?- Ótimo! - Cláudio sorriu, e em seus olhos gentis, parecia brilhar estrelas.Isabela, ao lado, apoiava-se na bengala, com uma expressão sombria. Isabela ficou no hospital por quatro ou cinco dias, mas não suportava mais permanecer lá. Cláudio queria que ela voltasse para sua residência original e providenciou uma governanta para ela. No entanto, ela não concordou, insistindo em ficar na casa de Cláudio. Cláudio não teve escolha senão ceder aos de
- Espere aí, vou rápido. - Disse Maria, enquanto assentia confusa.A neve caía cada vez mais forte, e a alta figura desapareceu rapidamente na cortina de neve.Ela olhou para o céu, subitamente lembrando do dia em que foi levada para a prisão.A neve naquele dia era tão pesada quanto hoje, formando uma espessa camada no chão.Sentada na viatura policial, ela olhava para fora. Tudo era branco, bonito, mas também melancólico.Maria empurrou a cadeira de rodas alguns passos para frente e estendeu a mão, querendo pegar os flocos de neve gelados.O vento frio soprava pelo ar, e os flocos de neve leves dançavam ao vento.Nenhum floco de neve caiu na palma de sua mão por um bom tempo.Ela não pôde deixar de se mover para mais perto.O chão estava úmido, e as rodas continuavam a girar com inércia, ficando a apenas um centímetro de rolar para fora da escada.De repente, a cadeira de rodas perdeu o equilíbrio.O rosto de Maria mudou instantaneamente, antes que ela pudesse reagir, a cadeira de r
Eduardo soltou um riso frio.Ele abaixou os olhos para ela, e as argolas de fumaça que exalava caíam sobre o topo de sua cabeça, envolvendo seu nariz e provocando nela uma irritação interna.- Você realmente se acha importante, pensando que eu viria ao hospital de propósito para criar um encontro casual contigo? - Falando isso, Eduardo se inclinou ligeiramente para frente, sua voz grave soando ainda mais fria no vento gelado. - Desde aquele dia em que você me esfaqueou, perdi toda a consideração por você. Criar encontros casuais, acha isso possível?Sua risada fria e carregada de ironia evidenciava que ela estava se iludindo.Ela, furiosa e nervosa, apertou inconscientemente o apoio da cadeira de rodas.Suas mãos estavam vermelhas pelo frio, e os dedos delicados pareciam ainda mais frágeis sob o vento cortante.Eduardo olhou indiferente para suas mãos, e o sorriso sarcástico em seus lábios se intensificou: - Veja só, tentar dar pena só faz você sofrer mais. Se não tentasse, suas perna
“Ela realmente esperava que ele não fosse!” Maria refletia em seus pensamentos. Eduardo, com um cigarro nos lábios, lançava um olhar para Maria. Após um instante, soltou uma baforada de fumaça, falando desinteressadamente: - Vou verificar como estão as coisas.- Tudo bem, então Mariinha e eu vamos voltar, está frio. Você também não deveria ficar muito tempo ao ar livre. - Respondeu Maria.Eduardo não replicou. Cláudio, sem proferir mais nada, começou a empurrar a cadeira de Maria em direção ao estacionamento.Ela não resistiu, mas lançou um último olhar para trás após uma longa caminhada. O homem ainda estava lá, fumando na neve, cada vez mais apegado ao cigarro, quase como se fosse uma dependência. Sempre que Maria o via, havia um cigarro entre seus dedos. A neve caía cada vez mais pesada, cobrindo o casaco preto dele com um manto branco. Maria desviou o olhar, encarando a frente com uma expressão neutra.O estacionamento estava cheio, e Cláudio a conduziu até a última fila d
Olhando ao redor do cômodo, ela avistou uma caixa de papel colocada ao lado do armário. Era uma caixa longa e fina. Ela, segurando seu pé machucado, saltitou lentamente até lá. Ao abrir a caixa, encontrou uma bengala de madeira. Ultimamente, Eduardo sempre dizia que ela era teatral demais. Ela pensou que, de fato, usar a cadeira de rodas talvez fosse um exagero.Hoje, indo para as termas, parecia que haveria muitas pessoas. Usar a cadeira de rodas sempre a fazia se sentir inconveniente e muito chamativa. Ela achou que seria melhor usar uma bengala, especialmente porque Isabela também usava uma. A bengala tinha sido comprada por Helena a seu pedido. Já faziam dois dias, e ela quase se esqueceu dela. Experimentou a bengala e achou bastante conveniente, certamente melhor do que a cadeira de rodas.O inchaço no seu tornozelo havia quase desaparecido, mas o médico disse que o osso estava lesionado e precisaria de um tempo para se recuperar. Durante esse período de recuperação, el
Uma semana não é longa, mas também não é curta.Maria preparou alguns itens de uso diário e também algumas roupas para Pedro.As roupas de inverno ocupavam bastante espaço; um pouco já é suficiente para encher uma caixa inteira.Quando ela pediu a Cláudio para ajudar a carregar sua grande mala roxa, o rosto de Isabela transbordava desdém e desprezo.- É só uma semana, e além do mais, tem tudo na montanha, você realmente precisa trazer tantas coisas como se estivesse se mudando?Maria riu:- É sempre bom estar preparada, nunca se sabe o que pode acontecer.Isabela soltou uma risada fria e foi a primeira a entrar no carro.Desta vez, ela ocupou o assento do passageiro.Maria, Helena e Pedro se acomodaram no banco de trás.Helena, puxando a manga de Maria, lançou um olhar rápido para Isabela e sussurrou:- Quem é essa, falando assim tão desagradavelmente?- Uma amiga, você vai ver que ela é uma boa pessoa com o tempo.Helena respondeu com um resmungo, um olhar de decepção e culpa passando
- Há várias piscinas termais na montanha, e o vapor quente que exalavam aquecia o ambiente. Helena, meio entendendo, meio não, respondeu, sem conseguir imaginar a cena. No teleférico, havia duas fileiras de assentos, uma de frente para a outra. Maria e Helena se sentaram numa fileira, com Pedro no meio. Cláudio e Isabela ocuparam a outra. Os quatro, sentados frente a frente, mas sem muita conversa. Foi o motorista quem continuou falando: - Nossa montanha é muito divertida, vocês verão quando chegarem lá em cima. Perto das piscinas termais, basta se sentarem no chão para sentirem que a terra é quente.- Isso parece mágico - Disse Helena, um pouco animada.Maria sorriu e deu um tapinha no ombro dela: - Daqui a pouco, nós vamos ver com nossos próprios olhos.Helena concordou vigorosamente, voltando o olhar para a paisagem noturna lá fora. À noite, a estrada da montanha era muito tranquila, apenas o teleférico ia e vinha. Havia postes de luz a cada dez metros ao longo da estrada,
Isabela ainda estava no veículo, observando a cena, seu rosto belo repleto de desdém.Helena viu Cláudio estender a mão e sorriu, constrangida, recolhendo rapidamente a sua. Maria, no entanto, segurou-a firmemente.- Por que recuar? Venha logo me ajudar a descer.Helena hesitou por um instante e, então, estendeu a mão apressadamente para auxiliá-la:- Mariinha, vá com calma.Maria, apoiada na bengala com uma mão e sendo amparada por Helena com a outra, desceu do veículo.Cláudio, com um olhar sombrio, observou-a se firmar no chão e, em seguida, se virou com a mão ainda estendida para Isabela.Irritada, Isabela afastou a mão dele:- Que exagero! Preciso de ajuda para descer de um carro tão baixo? Está me achando incapaz?Dizendo isso, tentou descer, se apoiando em sua bengala.No entanto, o chão estava escorregadio e, assim que seus pés tocaram o solo, ela escorregou.Com um grito de surpresa, seu corpo se inclinou para trás.Maria, instintivamente, estendeu a mão, mas apenas conseguiu