Na manhã seguinte, a acordo cedo e a Ana já está de pé na cozinha enquanto tira um bolo do forno. Pela maneira como ela havia bebido no dia anterior, imaginei que ela não estaria de pé tão cedo e nem com tanta disposição assim.- Que horas você acordou? - Pergunto. - Não faz muito tempo. Mas aprendi a acordar diariamente esse horário, o Felipe acorda cedo para ir para a transportadora durante a semana, então eu me habituei. - Ela fala e dou uma olhada no bolo que estava com um cheiro delicioso de laranja.- Que cheiro incrivel. - Falo e noto que ela havia passado café também. - Você acordou com muita disposição. - ela dá risada. -Carol, você pretende mesmo se mudar para cá? - Minha amiga pergunta. - Está nos meus planos sim, mas não sei como as coisas ficariam no ateliê. Ficar pegando um avião toda semana é cansativo e eu não quero desistir do ateliê, foi um sonho realizado. Mas ao mesmo tempo eu penso no meu filho, ele merece ter mais qualidade de vida, passar mais tempo comigo. -
- Mamãe, quando vou ver o papai e a titia, o titio e vó Lene? - Pedro pergunta enquanto dirigo para deixa-lo na creche.O Pedro estava muito apegado com todos, mas não era para menos, todo mundo era super atencioso e cuidadoso com ele, as crianças se sentiam amadas quando os adultos lhe davam amor e atenção. - Em breve, meu amor. Hoje você verá sua professora e seus amiguinhos. - Falo tentando desviar seu foco.Meu celular toca e o nome do Fernando aparece na tela, mas estaciono o carro em frente a creche do Pedro e desço para tira-lo da cadeirinha. Eu havia retornado de Minas ontem a noite com a minha mãe e com o Pedro. Imaginava que o Fernando daria um jeito de vir esse passar esse fim de semana com a gente, afinal, não queria ficar viajando direto com o Pedro, era muito cansativo para uma criança. - Tchau, meu amor. - Falo me abaixando para dar um beijo no meu filho. A sua professora vem até nós e me cumprimenta, em seguida o Pedro acompanha ela para dentro da escola e entro de
Alguns momentos nas nossas vidas eram pertubadores. Eu estava vivendo um momento pertubador, o voo parecia infinito parecia que nunca chegariamos em São Paulo. Lidar com a incerteza definitivamente não era algo bom, mas lidar com o a imaginação era algo pior ainda. A única coisa que sabíamos era que a Carol havia sofrido um acidente de carro a caminho do ateliê, apenas isso. Acreditava que o Pedro não estava com ela no momento, ou a Carmem teria falado isso para a Ana, mas isso não me consolava de forma alguma. A Carol havia perdido o pai em um acidente de carro e eu não sabia a gravidade do seu acidente. Assim que chegamos a São Paulo, já tem um carro da empresa nos esperando no estacionamento, o Felipe estava resolvendo tudo pelo celular e eu não tinha nem coragem de tocar no meu. - A Carol foi transferida para um hospital particular, está consciente, Fernando. - Ana fala quando estamos a caminho do hospital. Era muita coisa para assimilar, mas saber que ela estava bem já me tran
Sentia-me muito dolorida, era como se tivesse sofrido o impacto de uma grande batida, o que de fato havia sim ocorrido. Meu pai havia falecido em um acidente de carro e no momento em que perdi a direção no carro só conseguia pensar nele. Acordar pouco tempo depois com muita dor havia me trago de volta a realidade, não estava vivendo um pesadelo, essa era a minha realidade. O ateliê havia pegado fogo e eu ainda não tinha noção dos danos, mas já havia perdido anos de muito trabalho. Levando em considereção o estoque de tecidos o fogo deve ter se alastrado de forma muita rápida. Eu ainda estava grogue quando o Fernando veio me ver no hospital e comentado que o Henrique havia entrado com o pedido de execução da perícia. Eu não sabia o que havia acontecido, mas não não tinha como ter tido uma falha ali. O dia em que antecedeu o havia sido domingo, e o ateliê não funcionava aos finais de semana. Todas as máquinas de costuras eram desligadas das tomadas a cada fim de expediente e o último h
Esperar era algo que demandava tempo e paciência. Eu admirava as pessoas que conseguiam passar por situações adversas com tranquilidade, o que claramente não era o meu caso. Desde que o ateliê pegou fogo eu sentia que estava atravessando um inferno, não parava de formular as piores teorias possiveis e não parava de pensar em desistir de tudo. Eu estava recebendo um apoio enorme do Fernando e do Felipe, mas a minha mãe e a Ana era quem estavam me colocando de pé todos os dias. Não era fácil ver o seu sonho se transformar em cinzas e assim que vi o estado em que o ateliê ficou eu só quis desistir de tudo. - Carol, aqui está o resultado da perícia. - Henrique fala segurando um envelope pardo nas mãos. Não sabia sequer o que poderia estar escrito ali, mas a minha mente já havia formulado mil teorias. Eu já havia tido muita dor de cabeça com o ateliê esse ano, depois que decidi fazer uma auditoria descobri que a Aline havia me passado a perna, então sem dúvidas, a primeira pessoa em quem
Um mês havia se passado desde o episódio do incêndio, um mês em que eu sofri o acidente e as coisas mudaram drasticamente para mim e comecei a olhar para as coisas de uma forma diferente. Eu havia saído praticamente ilesa do acidente, sem ferimentos e lesões graves, eu havia saído viva e sabia o quanto era sortuda por isso. Milhares de pessoas morriam em acidentes no trânsito por ano, meu pai fez parte dessa estatistica, eu poderia ter feito parte. Estava trabalhando duro para reabrir o ateliê, até porque eu tinha funcionárias que dependiam desse emprego, mas eu não iria mais viver e, função disso, eu queria levar uma vida mais tranquila e aproveitar a infância do meu filho. - Mamãe, vamos ver o papai? - Pedro pergunta após sair da piscina da escola de natação. A professora ajuda ele a tirar o oculos de natação e passa uma toalha sobre o corpo do Pedro. Dou uma olhada no relógio em meu pulso imaginando dirigir esse horário. Eu havia vindo até a escola de natação dirigindo um carro
- Está tudo incrivel, Carol, eu sempre adorei comprar aqui. Quando fiquei sabendo do incêndio, pensei que fosse desistir de tudo, afinal, não é nada fácil recomeçar. - Uma cliente desde que eu abri a loja fala. - Obrigada, Kátia. Não foi nada fácil lidar com tudo isso, mas tenho funcionárias que dependem do meu trabalho e também tenho clientes e amigas incrivéis que me incentivam comprando desde o inicio. - Falo e ela sorri. Finalmente havia chegado o dia da reinauguração do ateliê e havia muita gente aqui. Minha mãe e a Ana estavam me ajudando a receber as clientes já que havia mais gente do que eu realmente esperava, mas eu sabia que tinha clientes fiéis que me acompanhavam desde o incio, portanto todas estavam vindo. - Onde está o Fernando, filha? - Minha mãe pergunta quando a Kátia sai para dar uma olhada nas peças nos manequins. Dou uma olhada em meu relógio e de fato, ele havia combinado que ficaria um tempo comigo na reinauguração, mas ainda não havia chegado. - Deve esta
- Carol, quero que você abra uma segunda loja do ateliê em BH, e quero ser sua sócia. - Ana fala sentada em frente para mim no meu escritório. Olho para ela imaginando que eu iria amar abrir uma sociedade com ela, mas não conseguiria imaginar abrir uma loja em BH. Desde que a Cíntia havia perdido o bebê, o Fernando havia terminado comigo. Eu entendia que não era fácil para ele perder um filho que nem teve a chance de ter nascido e ele preferiu se afastar de mim, mas ainda continuava presente na vida do Pedro. Eu sabia que o Fernando precisava de um tempo para conseguir superar essa situação, mas eu queria ter tido a oportunidade de ter estado ao seu lado e mesmo que eu não gostasse da Cíntia, não conseguia mensurar a dor de uma mãe que era perder um filho com quase seis meses de gravidez. - Ana, seria incrivél trabalhar com você, mas agora não vejo nenhuma razão de abrir uma loja em BH. Quando a Ana havia mencionado que eu poderia abrir a loja em BH era uma possibilidade pois eu e