Há anos atrás a Júlia encheu minha cabeça e me enganou com suas mentiras no mesmo lugar. Eu definitivamente não queria que ela estivesse aqui, não queria que ela tivesse me encurralado e não queria ter que viver cheia de inseguranças. Mas eu não teria a mesma reação que tive da primeira vez, dessa vez eu não iria embora.Voltei para a festa e o Fernando me entregou uma taça de espumante e virei ela de uma vez. Eu precisava arrumar um jeito de me acalmar. - Carol, cuidado, você está bebendo muito rápido. O teor alcoólico desse espumante é bem alto. - Fernando fala pegando a taça vazia de minhas mãos e entregando a um garçom.- Pare de me policiar. Você não é mais meu marido. - Falo e ele estremece. - Eu me preocupo com você, e você também deveria. - Se você se preocupasse comigo não teria me exposto dessa maneira. Como você acha que estou me sentindo com a presença dessa mulher aqui? - Falo sem alterar meu tom de voz para que os convidados não percebam meu estado emocional.- Você p
Duas semanas depois:Eu havia parado de criar, não conseguia desenhar, não aguentava nem olhar para uma máquina de costura que sentia vontade de chorar. Ficar sem ir ao ateliê estava me desanimando.Eu sempre fui apaixonada pelo mundo da moda. Sai muito cedo da casa dos meus pais em busca desse sonho. Criar uma marca de sucesso estava muito além do que eu havia imaginado para mim, e no entanto, eu havia conseguido isso. Ver meu sonho desmoronar estava acabando comigo, eu não fazia nem ideia do que estava acontecendo por lá. Eu só queria voltar para o lugar que eu havia lutado para construir.Hoje seria o dia da audiência de instrução, era só o primeiro passo, mas ainda assim, era alguma coisa. - Como está se sentindo? - Ana pergunta se sentando ao meu lado. Eles vieram cedo para cá, tomamos café juntos, o Fernando levou o Pedro mpara a creche e havia voltado para o apartamento para me acompanhar na audiência que ocorreria hoje a tarde.Eu não estava bem, estava nervosa, me sentia ap
No dia seguinte, eu havia ido cedo para o ateliê. Estava ansiosa e mal poderia acreditar que voltaria para o lugar onde meus sonhos se tornaram realidade. Assim que cruzei as portas não senti a empolgação que eu estava habituada a sentir, mas eu havia passado por longas semanas de estresse e desgaste. Olho para as roupas expostas e os tecidos, mas eu não estava gostando de nada, sentia-me triste e desanimada. As roupas pareciam feias e realmente estavam. O tempo que passei em Portugal, apenas mandava os modelos de vestidos que deveriam ser comercializados, mas eu não estava aqui, então as coisas não eram produzidas do meu jeito. Olho por todo o lugar e simplesmente não o reconheço mais. Esse definitivamente não foi o negócio que eu criei no ínicio da minha carreira, eu não estava orgulhosa de nada que estava vendo.Os funcionários ainda não tinham chegado, mas eu já havia tomado a minha decisão. Construi isso com muita dificuldade, mas recebi o apoio da minha família e do Fernando. Me
Fernando:Eu estava feliz que a Carol havia conseguido recuperar seu ateliê, não aguentava mais ver ela estressada e triste. Ela sempre foi apaixonada por moda, então abrir seu proprio negócio havia sido a realização de seu sonho. Ter seu negócio tomado de forma tão covarde estava acabando com ela e hoje ela havia acordado feliz. Carol estava animada e eu levei o Pedro para a creche para que ela pudesse ir ver como estava as coisas esse tempo em que ela havia ficado afastada. No meio da manhã decido sair do escritório e levar um bolo com bastante chocolate que eu sabia que ela gostava, mas ao chegar lá, as funcionárias da Carol avisam que ela não apareceu hoje. Volto para o carro e quando vou discar o nome dela, o nome da Carmem aparece na tela e atendo.- Oi, Carmem. - Oi, Fernando. Desculpe por te ligar, estou atrapalhando você? Está no meio de uma reunião?- Fique tranquila. Está tudo bem?- Está. Na verdade não. - Ela diz e sua voz parece ser hesitante. - A minha filha esteve aqu
Minha vida parecia perfeita. Ainda não havia saído do apartamento do Fernando, e pretendia fazer isso, mas iria esperar mais um pouco, não queria magoa-lo, mas estavamos divorciados, não poderia estender essa situação por muito tempo. Conseguir recuperar o ateliê, foi sem sombra de dúvidas aquilo que mais desejei e no entanto, tentava entender por que me sentia tão insatisfeita quando tudo parecia estar perfeitamente em seu lugar. - Mamãe, tô com sodade da vovô Camem. - Pedro fala e estremeço. Minha mãe já havia tentado falar comigo, mas eu não me sentia pronta e ela decidiu respeitar minha decisão, mas o Pedro já estava perguntando por ela. Eu precisava passar por cima da minha dor, mas o luto pelo meu pai havia voltado com tudo essa semana. Era fim de tarde de uma sexta-feira e em breve o Fernando voltaria da empresa, eu havia buscado o Pedro na creche, feito o jantar e haviamos tomado banho. - Podemos ir amanhã na casa da vovô, o que acha, meu amor?- Sim, mamãe. Tô com muita s
- Entre, Carol. - Minha mãe fala quando chego a sua casa e o Pedro pula diretamente em seu colo, mas eu estava com medo de encontrar o homem que havia visto no início da semana aqui novamente. - Está sozinha? - Pergunto dando um passo hesitante. - Sim, filha. Você tem livre acesso a minha casa, não precisa ficar hesitante. - Ela diz e entro. - Vovô, eu tava com sodade. - Pedro diz deitando a cabeça no no ombro da minha mãe.- Eu também estava com muita saudade, meu amor. - Carol, vamos tomar um café. - Estou bem, mãe. Acabamos de comer. - Falo e nos sentamos em seu sofá. Minha mãe estava visivelmente nervosa e eu odiava que ela tivesse que passar por essa situação. Eu queria ser feliz e minha mãe também deveria.- Consegui recuperar o ateliê. Ainda tive que pagar todos os direitos trabalhistas a ela, e mais 50 mil reais. Ela pediu 700 mil. - Carol, que bom que esse pesadelo chegou ao fim. Um absurdo você ainda ter que pagar alguma coisa para aquela mulher, quando deveria ser o
- Está lindissima, meu amor. Esse vestido é novo? - Fernando fala me abraçando por trás e beijando meu pescoço. - Obrigada, sim, eu desenhei alguns vestidos no inicio da semana e decidi costurar um pra ver como ficaria, talvez eu coloque uma coleção nova no ateliê, ainda não sei. - Falo me virando e passando os braços ao redor de seu pescoço. Eu estava tentando decidir o que faria com minha vida, o que faria com o ateliê e como faria se eu decidisse que iria para Minas com o Fernando. Uma semana havia se passado desde o episódio em que estive na casa da minha mãe e hoje retornaria lá com o Fernando, já que ela havia buscado o Pedro cedo para ficar com ela e jantariamos todos juntos, hoje seria o dia em que eu conheceria o seu namorado. Eu estava apreensiva, mas tentava não demonstrar.- Eu apoio uma coleção nova, você é muito talentosa, Carol. - Ele fala e deposita um beijo suave em meus lábios.- Obrigada, Fernando. Talvez eu coloque os desenhos na produção. - Você deveria fazer i
- A amostra está aprovada. Pode colocar os desenhos na produção. - Falo quando uma funcionária vem me trazer uma amostra do vestido que havia desenhado. - Certo, Carol. Farei isso. - Ela diz e sai do escritório do ateliê. Eu estava me certificando de manter a minha relação com as pessoas que trabalhavam comigo estritamente profissional, depois do que havia acontecido após eu depositar muita confiança na Aline, eu estava evitando isso novamente.Meu celular toca em cima da mesa e o nome do Henrique brilha na tela. Eu ainda estava tentando processar o que havia acontecido ontem, mas estava confusa. Havia algo que não encaixava. Como minha mãe estava namorando o pai do meu ex namorado? - Você sabia. - Falo ao atender o telefone.- Carol, será que posso ver você? - Henrique pergunta. - Não temos o que conversar, Henrique. Para mim está tudo muito claro, você sabia que o seu e minha mãe estavam juntos. Você presenciou o quanto eu estava abalada e não teve a decência de me contar.- Eu