As pessoas eram egoistas e só olhavam para o próprio umbigo. Eu era egoísta e só olhava para o meu próprio umbigo. Eu não estava nem aí com os sentimentos do Fernando, mas de certa forma eu queria que ele olhasse e percebesse os meus, quando eu não fazia o mesmo com ele. A mudança repentina para o seu apartamento estava mexendo com a minha cabeça, mas nunca passou pela minha consciência que ele deveria estar balançado também. - Eu não sei como chegamos a esse ponto, Fernando. - Confesso e me recosto no banco ao seu lado. - Quando nos conhecemos, aquele amor e paixão... tudo de maneira tão avassaladora. Eu jamais imaginaria que depois de um tempo estaríamos divorciados e passando por todo esse drama. - Nem eu, Carol. Eu faria tudo novamente, mas se eu pudesse mudar os erros do passado eu faria. Eu vivi os melhores momentos da minha vida ao seu lado. Sem sombra de dúvidas, eu viveria tudo outra vez. - Ele fala e sinto meu coração apertar. Minha cabeça começa a formular cenarios e vár
A visitação continuaria até a fábrica de queijos, e acompanhariamos de perto o processo de fabricação de vários queijos. - Tem certeza que está bem? - Fernando pergunta quando descemos do seu carro. - Fernando, estou acostumada a beber bem mais que do que bebi. - Falo e ele fica calado, apenas pega minha mão e me guia para dentro da fábrica enquanto outros carros chegavam atrás.- Você nunca veio aqui também, não é? - Ele pergunta. - Você nunca me trouxe, Fernando. Não pode me culpar dizendo que não me interessei pelos negócios seus enquanto estavamos casados, você nunca me trouxe. - Falo.- Você pode conhecer agora, não tem problema. - Ele fala gentilmente e deposita um beijo na minha mão que está entrelaçada na sua. Eu estava tão acostumada a brigar e discutir com o Fernando sobre assuntos relacionados ao nosso passado, que não sabia como reagir quando ele não incentivava uma discussão e era apenas gentil. - Vem, vamos tomar um pouco de café enquanto o restante do pessoal não c
Depois do sexo, tento me manter com os pensamentos coerentes, mas eu estava tão cansada e só pensava em dormir. O dia tinha sido cheio e eu estava exausta. - Carol? - Fernando entra no quarto já completamente vestido e seu perfume invade minhas narinas. - Já estou terminando de me arrumar. Não me apresse. - Falo penteando meus cabelos molhados.Eu havia colocado o vestido que havia separado, era fresco e a noite estava quente. No fim das contas o voo da minha mãe saiu atrasado e São Paulo, ainda faltava mais ou menos 1 hora para o voo da minha mãe chegar, então seria o tempo perfeito até chegarmos ao aeroporto. - Você está quase dormindo em pé, linda. Durma, descanse. Eu vou buscar a Carmem no aeroporto, a Ana e o Felipe vão trazer o Pedro mais tarde. - Ele fala e me abraça.Eu não poderia deixar o cansaço tomar de mim, tinha que pegar o Pedro, dar banho e colocar ele para dormir. - Fernando, eu não tinha rede de apoio em Portugal, então apesar de estar cansada, eu tinha que fazer
- Carol, venha tirar foto com a gente. Quero toda a família na foto, você a Carmem e o Pedro. - Irene fala. Minha ex sogra estava lindissima para comemorar a entrada dos seus 60 anos, ela era muito elegante e estava radiante. Vestia um vestido tubinho que acentuava bem suas curvas e ela estava muito bem fisicamente.Não sei como me sinto com a Irene me incluindo e falando que fazemos parte da família, quando há anos eu deixei tudo para trás sem me importar com nada.- Filha, a Irene está esperando a gente. - Minha mãe fala quando fico no mesmo lugar. Havia um fotógrafo tirando fotos da família e dos convidados. A Irene, Felipe, Mari e o Fernando estava com o Pedro no colo enquanto nos aguardava. Caminho até eles e paro ao lado do meu ex marido, minha mãe fica ao meu lado.- A família está completa agora. Capriche nas fotos. - Irene fala e o fotógrafo assente.O fotógrafo tira algumas fotos, mostra para a Irene que aprova. - Carol, qual drink vamos tomar primeiro? - Ana pergunta e s
Há anos atrás a Júlia encheu minha cabeça e me enganou com suas mentiras no mesmo lugar. Eu definitivamente não queria que ela estivesse aqui, não queria que ela tivesse me encurralado e não queria ter que viver cheia de inseguranças. Mas eu não teria a mesma reação que tive da primeira vez, dessa vez eu não iria embora.Voltei para a festa e o Fernando me entregou uma taça de espumante e virei ela de uma vez. Eu precisava arrumar um jeito de me acalmar. - Carol, cuidado, você está bebendo muito rápido. O teor alcoólico desse espumante é bem alto. - Fernando fala pegando a taça vazia de minhas mãos e entregando a um garçom.- Pare de me policiar. Você não é mais meu marido. - Falo e ele estremece. - Eu me preocupo com você, e você também deveria. - Se você se preocupasse comigo não teria me exposto dessa maneira. Como você acha que estou me sentindo com a presença dessa mulher aqui? - Falo sem alterar meu tom de voz para que os convidados não percebam meu estado emocional.- Você p
Duas semanas depois:Eu havia parado de criar, não conseguia desenhar, não aguentava nem olhar para uma máquina de costura que sentia vontade de chorar. Ficar sem ir ao ateliê estava me desanimando.Eu sempre fui apaixonada pelo mundo da moda. Sai muito cedo da casa dos meus pais em busca desse sonho. Criar uma marca de sucesso estava muito além do que eu havia imaginado para mim, e no entanto, eu havia conseguido isso. Ver meu sonho desmoronar estava acabando comigo, eu não fazia nem ideia do que estava acontecendo por lá. Eu só queria voltar para o lugar que eu havia lutado para construir.Hoje seria o dia da audiência de instrução, era só o primeiro passo, mas ainda assim, era alguma coisa. - Como está se sentindo? - Ana pergunta se sentando ao meu lado. Eles vieram cedo para cá, tomamos café juntos, o Fernando levou o Pedro mpara a creche e havia voltado para o apartamento para me acompanhar na audiência que ocorreria hoje a tarde.Eu não estava bem, estava nervosa, me sentia ap
No dia seguinte, eu havia ido cedo para o ateliê. Estava ansiosa e mal poderia acreditar que voltaria para o lugar onde meus sonhos se tornaram realidade. Assim que cruzei as portas não senti a empolgação que eu estava habituada a sentir, mas eu havia passado por longas semanas de estresse e desgaste. Olho para as roupas expostas e os tecidos, mas eu não estava gostando de nada, sentia-me triste e desanimada. As roupas pareciam feias e realmente estavam. O tempo que passei em Portugal, apenas mandava os modelos de vestidos que deveriam ser comercializados, mas eu não estava aqui, então as coisas não eram produzidas do meu jeito. Olho por todo o lugar e simplesmente não o reconheço mais. Esse definitivamente não foi o negócio que eu criei no ínicio da minha carreira, eu não estava orgulhosa de nada que estava vendo.Os funcionários ainda não tinham chegado, mas eu já havia tomado a minha decisão. Construi isso com muita dificuldade, mas recebi o apoio da minha família e do Fernando. Me
Fernando:Eu estava feliz que a Carol havia conseguido recuperar seu ateliê, não aguentava mais ver ela estressada e triste. Ela sempre foi apaixonada por moda, então abrir seu proprio negócio havia sido a realização de seu sonho. Ter seu negócio tomado de forma tão covarde estava acabando com ela e hoje ela havia acordado feliz. Carol estava animada e eu levei o Pedro para a creche para que ela pudesse ir ver como estava as coisas esse tempo em que ela havia ficado afastada. No meio da manhã decido sair do escritório e levar um bolo com bastante chocolate que eu sabia que ela gostava, mas ao chegar lá, as funcionárias da Carol avisam que ela não apareceu hoje. Volto para o carro e quando vou discar o nome dela, o nome da Carmem aparece na tela e atendo.- Oi, Carmem. - Oi, Fernando. Desculpe por te ligar, estou atrapalhando você? Está no meio de uma reunião?- Fique tranquila. Está tudo bem?- Está. Na verdade não. - Ela diz e sua voz parece ser hesitante. - A minha filha esteve aqu