Capitulo 01
10 ANOS ATRÁS. VICENTE Olho para meu reflexo no espelho. Há alguns meses atrás não era essa imagem que costumava me olhar de volta. Tenho 16 anos e estou acima do meu peso, tudo isso devido as crises de ansiedade que passei a ter, depois de presenciar minha mãe sendo morta na minha frente, em um ataque a nossa mansão. As terapias têm me ajudado bastante, mas não foram suficientes para evitar a compulsão alimentar, que resultou em quinze quilos a mais e princípio de diabetes. Não fiquei obeso, mas segundo a avaliação da minha nutricionista estou acima do peso para a minha altura e idade. As cobranças para a sucessão na máfia começaram e não tem me ajudado em nada, apenas me deixando ainda mais ansioso e descontado tudo na comida. Em que momento eu me tornei a porra de um fraco? Sou o único filho homem, e vem minha irmã três anos mais nova, ela quer se desligar totalmente dos negócios da máfia e cursar moda. Eu não tive a mesma sorte, não tive escolha. Mesmo se tivesse, não deixaria o império que meu pai construiu para os sangue suga destruir. Meu pai é um mafioso justo e bondoso, isso não tira o fato de que ele me dá uns bons gritos quando necessário, ou me cobra que eu tenho que passar confiança, e minha aparência de pobre coitado não tá ajudando. Ele diz isso sem se referir ao meu ganho de peso, ele sabe o quanto foi difícil e o tanto que estou indo para as terapias e tomando os remédios de ansiedade certinho para ficar minimamente bem. Ele não me pressiona a perder peso, na verdade, isso não é nenhum problema, e sim as pessoas me acharem fraco. Ainda assim, decidi me esforçar mais, por mim e pela minha saúde. Comecei a pegar pesado na academia aqui da mansão e paguei um personal que começa na próxima semana. Minha nutricionista me avaliou e passou uma dieta rígida e irei focar no meu corpo. Olho para meu reflexo no espelho mais uma vez, ajeito meu smoker e a gravata. Estamos fora do nosso país, viemos exclusivamente para o aniversário de Morgada. A garota mais linda que eu já conheci. Os pais dela são sócios e amigos do meu, eles são donos da maior empresa de segurança de Nova York, compram armas conosco e tem sociedade com nossas empresas, sem ninguém saber que são envolvidos com nossa máfia, é claro. Morgana é filha única, tem exatamente um ano que nos vimos. Eu já a tinha visto outras vezes em eventos, ou visitas rápidas que fazíamos a sua casa, mas nunca tinha prestado tanta atenção nela como no ano passado, em seu aniversário de quatorze anos. Conversamos bastante aquele dia, pedi permissão para tirar uma foto dela e disse ser um ótimo pintor, o que não é nenhuma mentira. Prometi fazer uma pintura exclusiva. Ela pareceu ter ficado empolgada, o que me deixou ainda mais encantado. Devido a morte da minha mãe e tudo que aconteceu no último ano, não nos vimos mais, então agora, no seu aniversário de quinze anos é uma ótima oportunidade de levar a pintura que fiz do seu rosto. Junto a um colar de diamantes que encomendei exclusivamente para ela. Meu pai sempre me falou que temos que ser homens decididos que sabem o que querem. Eu sei que quero ela. Irei cortejá-la, até ela fazer dezoito e eu poder pedir-la em namoro. Sei que o meu interesse é recíproco porque quando conversamos, também nos beijamos, mas fomos interrompidos por minha irmã. Aquela estraga prazeres. Seu gosto está na minha boca como se o beijo tivesse acontecido ontem. Estou ansioso para caralho. — É sério que você vai mesmo dar uma pintura de presente para ela? — indaga, minha irmã. Eu nem vi quando ela entrou. — Qual o problema? — pego a moldura em que coloquei a pintura que fiz e procuro o papel de presente para embalar. — Ela é rica, poderia dar algo com mais valor. — Sugere, tomando a pintura e começando a embalar. Bufo e deixo, não levo jeito com isso e provavelmente iria rasgar tudo antes de conseguir fazer direito. — Não há nada mais valioso do que vem do coração. — comento, voltando a me olhar no espelho. Não estou nada satisfeito com minha aparência. — Você é tão brega e tão clichê. — Sou um romântico apaixonado. Ela faz uma careta e termina de embalar a moldura. Eu não escondo nada da minha irmã, apesar de ser três anos mais nova, somos amigos, ela me conta tudo e eu conto tudo para ela. Obviamente ela sabe que estou apaixonado por Morgana Jones. Ando até o armário do quarto, e pego a sacola que contém uma caixa com o colar. Minha irmã abre a boca em um "O" e eu dou risadas. — Aí sim, agora estou vendo meu irmão de verdade. Sei que você não é nenhum mão de vaca para dar só essa mísera pintura. Bufo uma risada e reviro os olhos. Ela tem razão, eu não economizo quando quero agradar. — Vamos pestinha. Nos preparamos para sair. Estamos na nossa cobertura, meu pai tem casas e apartamentos em quase todos os lugares, não ficamos em hoteis para nossa própria segurança. A festa hoje é só para os jovens, mas sei que ele está por lá cumprimentando os pais de Morgana. Meu pai às vezes finge que está bem, mas eu sei que sente falta da minha mãe todos os dias. Todos nós sentimos falta dela. Ela deixava nossos dias melhores. O motorista estava pronto para nos levar, não demora para chegarmos à mansão dos Jones. Minhas mãos estão tremendo em ansiedade. Gosto de verdade dela, mas odeio como ela faz eu me sentir. Às vezes me sinto patético, alguns dos meus amigos me disseram que estar apaixonado é o mesmo que se sentir humilhado. Concordo em partes, não me sinto humilhado, mas o amor nos torna meio bobos e idiotas. Descemos do carro e entramos, a festa já estava acontecendo. — Minha cunhadinha tem bom gosto, viu? Achei que seria chato, mas pelo visto vou me divertir para caramba. Arqueio uma sobrancelha e olho para a baixinha ao meu lado, nem tamanho tem, nem idade. Essa pestinha só tem treze anos. — Não se esqueça que você acabou de sair da infância, tampinha. E a Morgana não é sua cunhada. Ainda. Ela não é, mas vai ser. Um dia ela será minha. Mas preciso ir com calma, somos adolescentes.Tudo na vida exige calma e equilíbrio. Meu pai sempre diz que temos que manter o controle. Depois de caminhar um pouco pelo salão, avistamos um amontoado de pessoas cumprimentando a aniversariante, minha irmã vai entregar o seu presente e eu espero até que ela fique sozinha para me aproximar. — Está ainda mais linda, bambola. Ela me olha de cima a baixo e franze o cenho, não consigo identificar o que diz o seu olhar, mas ela parece surpresa. — O que aconteceu com você, Vi? "Vi". O apelido que só ela me chama. Meu sorriso se alarga. — O último ano foi difícil, você sabe, minha mãe... — Eu sei, sinto muito. Você está tão... — Gordo? — Eu iria dizer diferente. Mas, bom, eu preciso ir cumprimentar os outros convidados, fique a vontade. — Trouxe seu presente, espero que goste. Lhe entrego e ela sorri gentilmente. — Vou pedir para colocar seu nome e abrir no final da festa, obrigada. — Podemos conversar quando a festa acabar? — pergunto, já ansioso para sentir o gosto do seu beijo novamente. Desde que a beijei passei todos esses meses sem beijar nenhuma garota. Só o amor mesmo para me deixar tão rendido assim. — Talvez. — Talvez? Achei que tínhamos curtido um ao outro e gostado daquele beijo. — Foi só um beijo, Vicente. Passamos um ano sem contato um com o outro, você acha que é meu namorado? Respiro fundo. Eu posso ter sonhado alto, mas ela está diferente. Talvez não tenha gostado do meu aumento de peso. Eu não sou feio, mas ela deve preferir homens com um corpo ideal. Não a julgo, essa pode ser a única explicação para ela estar tão fria comigo. — Não sou seu namorado, só achei... esquece. Feliz aniversário. Me virei sem ver qual foi sua reação. Me sentindo frustrado. Meu ganho de peso, não me sentir bem comigo mesmo, me deixou muito inseguro e com um complexo de inferioridade do caralho. Porra. Eu tenho que mudar isso logo. Um dia eu vou me tornar o chefe de uma máfia, não posso ser fraco. Decido curtir um pouco a festa e ir procurar-lá no final. Claro que nossos beijos são escondidos por enquanto, mas tudo se dá um jeito e lugar não irá faltar. Depois de umas duas horas, as pessoas finalmente começaram a ir embora e a festa foi acabando. Aproveitei o momento em que ela entrou e disfarçadamente fui atrás dela. — Bambola? Me aproximei dela e ela se virou para mim, seu olhar parecia triste. — Está tudo bem com você? — Por que veio atrás de mim, Vicente? Você não consegue me deixar em paz? Suas palavras foram tão ácidas que senti-me corroer por dentro. — Quero saber se está tudo bem. — O que aconteceu há um ano atrás não significou nada, eu nunca tinha beijado antes e tive curiosidade de saber como era. Você não é meu namorado, me esquece e não fica atrás de mim como um perseguidor. Suas palavras foram duras. Pude ouvir o barulho do meu coração sendo despedaçado.Capítulo 02MORGANAJá ouvi um bordão uma vez, de uma colega brasileira que estudou comigo. Ela veio fazer faculdade por aqui, mas sua cultura não abandonou.Em algum momento ela disse ter se arrependido de ter vindo. Então disse: "Se arrependimento matasse, eu estaria mortinha"Dei muitas risadas e neste exato momento, repito em pensamentos exatamente isso. Pois, se arrependimento realmente matasse eu não estaria mais aqui.Enquanto verifico meu visual no espelho, me questiono se estou tomando a decisão certa.Olho para o vestido que escolhi a dedo, a maquiagem perfeita a prova d'água, o penteado combinando com tudo. Exatamente do jeito que eu queria.Eu estou parecendo uma princesa. Uma verdadeira princesa como sempre imaginei estar no dia do meu casamento. A diferença é que hoje não haverá casamento nenhum. Mesmo tendo me arrependido de ter esperado esse momento para expor o que eu descobri há duas semanas atrás. Vou seguir com meu plano.Depois de hoje, posso queimar a minha ima
Capítulo 03MORGANATroquei de roupas dentro do carro. Eu já tinha deixado uma pequena mala, tinha planos de passar uns dias na minha casa de praia, longe de tudo e todos. Mas enquanto dirigia um lugar me chamou a atenção.A boate Chaos. Sempre tive vontade de ir, mas desperdicei cinco anos da minha vida para nada, me dedicando a um relacionamento fracassado. Nunca saia para festas porque ele não queria.Que burra eu fui.Sempre gostei de me divertir e sair, mas ele nunca queria e eu acabava cedendo quando ele queria apenas ficar no apartamento e transar.Um foda muito mal feita por sinal. Ele nem fazia uma preliminar direito, mal me chupava e já queria que eu passasse bastante tempo chupando seu pau. Quase não tinha um orgasmo, ou finalizava um, ele não durava dois minutos.Só de raiva desço do carro e pago minha entrada para a boate. Hoje eu vou dar para primeiro que aparecer, espero que seja uma foda boa. Já estou há dois meses sem sexo, Endrick nunca me procurava, era sempre eu.
Capítulo 04MORGANAQuase não consigo abrir os olhos, mas quando consigo, meu cérebro parece que vai sair andando sozinho a qualquer momento.Forço as vistas e percebo que não estou no meu quarto. Dou um pulo da cama assustada. Tentando lembrar o que aconteceu e como vim parar aqui.Não precisou de muito esforço, porque logo as lembranças vieram. O casamento. O show de horrores. O cara gostoso. Agora eu lembro.Ele me tirou da boate e me trouxe para a sua casa? Nós dois transamos ou não? Essa parte eu não lembro.Meu coração começa a acelerar. Será que ele vai me fazer mal? Preciso ir embora daqui.Olho em volta e vejo meu vestido perfeitamente dobrado em cima da mesinha ao lado da cama, percebo estar só de peças íntimas.Essa não. Ele me viu assim.Eu e aquele cara que eu nem vi o rosto, transamos? Meu Deus!! Será?Me aproximo para pegar minha roupa e vestir o mais rápido possível e sumir daqui, mas vejo um bilhete."Seu vestido está lavado e limpo, tomei a liberdade de tirar e lav
Capítulo 05MORGANA O cara desconhecido me tira da pia e me leva para a cama. Ele me coloca com tanto cuidado, como se temesse que eu quebre.Como pode um desconhecido ter mais cuidado comigo do que o homem que eu iria me casar?Afasto esse pensamento e foco nas nossas bocas grudadas e nosso beijo delicioso.Sua boca abandona a minha e desce pelo meu pescoço, arrepiando até o último cabelo e pelo meu. Ele beija entre o vão do meus seios e desamarra a toalha deixando meu corpo nú.Ele morde o lábio inferior, seus olhos parecem brilhar de desejo. Ele fica em pé e olha para meu corpo parecendo está admirando cada detalhe meu. Me sento na cama sentindo- me impaciente e incomodada com o olhar dele que parece me queimar. "Me foda logo desconhecido, acabe com a minha agonia"Ele parece ler meus pensamentos, pois me puxa pelos pés me colocando deitada de novo e arreganha as minhas pernas deixando minha intimidade exposta.Ele senta sobre os calcanhares na cama e puxa minhas pernas colocand
Capítulo 06MORGANAHomem, poderia ser considerado a pior obra que Deus já fez. Não é possível existir tantos canalhas no mundo. Enquanto relaxo na banheira, não consigo tirar da cabeça o desconhecido que transei ontem. Hoje fazem dois dias que meu casamento acabou antes mesmo de começar.Saiu notícias em todos os lugares, tudo está um caos e eu estou aqui, sem conseguir parar de pensar no cara em que tive a melhor transa da vida e depois me dispensou como se eu fosse uma prostituta.Não que eu tivesse esperado algum carinho, dormir agarrado, passar o dia juntos ou algo do tipo. Éramos dois estranhos, mas éramos compatíveis, bons juntos na cama. Depois de me fazer gozar três vezes, ainda tomamos banho juntos e transamos mais duas vezes no banheiro. Eu fiquei exausta, toda marcada e ardida, mas estava satisfeita como nunca fiquei. Esperava ao menos que a gente falasse nossos nomes. Mas sabe o que ele fez?Disse que precisava sair, pois teria que voltar ao seu país. E quando pergunte
Capítulo 07"Dois meses depois"MORGANALavo minha boca, depois de ter vomitado pela terceira vez só agora pela manhã, abro a gaveta e pego o teste de gravidez que comprei a alguns dias, quando os sintomas começaram.Me neguei até onde deu, mas não tenho mais como fugir. Ao mesmo tempo me pergunto como pode ter acontecido. Ele usou preservativo, não lembro de ter estourado ou algo assim.Meu Deus! Retiro o teste da embalagem, e faço como diz na instrução, nunca fiz um teste de gravidez, mas sei como funciona. Coloquei o palitinho no xixi, preciso esperar cinco minutos, antes mesmo de completar o tempo, as duas listrinhas aparecem, confirmando tudo.Eu estou grávida!Eu deveria ficar desesperada por ter engravidado de um completo estranho que nunca mais irei ver. Poderia ficar triste por esse bebê crescer sem conhecer o pai, mas não.A felicidade me preenche. Sinto uma emoção e alegria gigantesca. Talvez haja uma esperança para mim, eu não estou mais sozinha. Recebi um presente.— Voc
Capítulo 08VICENTE Seu Theodoro Esposito tinha que me obrigar a participar da reunião na empresa da Morgana. Eu não sou homem de fugir, muito menos me acovardar quando se trata dos negócios. Mas eu não queria ver Morgana tão cedo, se possível, nunca mais.Não tinha como fugir, meu pai passou definitivamente o comando dos negócios para mim, a máfia eu já comando tudo a um ano, a empresa ele ainda participava de várias coisas, agora está passando tudo.Ele literalmente disse: “Você é meu herdeiro, se vira. Eu preciso descansar e tirar férias”Sempre engraçadinho esse meu pai.Agora estou aqui, sem conseguir tirar os olhos DELA desde que entrei nessa sala, fico admirado com o profissionalismo de Morgana, ela está nitidamente incomodada com a minha presença, mas somos adultos o suficiente para saber que aquele dia, foi apenas um sexo casual. Eu e meu pai prestamos a atenção em tudo dito por ela, afinal, o motivo da reunião de hoje é a compra de 30% da empresa, que vem enfrentando gran
Capitulo 09VICENTEEm poucas horas eu já tinha todas as informações sobre a secretaria dela. Que mora em um bairro humilde, mas até organizado e calmo.Esperei ela sair com sua moto, que descobrir ter sido Morgana que deu para ela ir para a empresa. Pelo menos não é ruim e agrada seus funcionários, já basta ser uma mimadinha que tem tudo na mão.O carro que estou com meu soldados, fecham a moto dela em uma pista deserta a caminho da sua casa. Ela tenta fugir, mas conseguimos pegar-la.— Por favor, não me matem. Eu sempre pago todo mundo direitinho, minha mãe está doente eu não posso morrer.Ela se ajoelha, vejo meu soldado a levantar pelos cabelos, ela reclama de dor, saio do carro e digo para soltar-la. Não quero machucar ninguém, pelo menos não se ela colaborar comigo.— Espera... você...eu sei quem é você...— Sim, sou eu mesmo. Eu tenho algumas perguntas, é bom colaborar e responder todas, caso contrário as