EPISODIO 10

Beatriz volta para o banheiro e fecha a porta. Ela e senta em um pequeno banco, que está em um canto do banheiro. E tem um leve momento de pensamento. Fica pensando no que o Marco disse, e apesar dessa ideia ser muito louca, ele está certo. Eu não tenho como voltar para casa, e não tenho mais nada, nem ninguém. Ele é a única saída que eu tenho. Mais ao mesmo tempo, fico pensando que isso é o mesmo que me prostituir. Estou vendendo a única coisa que me sobrou que foi a minha dignidade, se eu fizer isso vou estar acabando com a única coisa que me restou. Minha dignidade.

De repente Marco entra no banheiro, sem bater, isso me deixa um pouco constrangida. — Beatriz, vou te pedir mais uma coisa, não use maquiagem muito forte, um Batom vermelho vai ficar perfeito em você, mais não coloque maquiagem sobrecarregada. Não é visto com bons olhos, que uma mulher comprometida ande por aí, parecendo que quer chamar a atenção de outros homens. Marco fala encostando na porta.

Eu olho para ele. — Pode me ajudar a fechar o vestido? Beatriz diz, sem dizer nada, sobre o que ele disse, poderia ter dito que não faria, e quem nenhum homem, jamais mandaria nela, dessa forma, mais ela não estava em condições de fazer isso.

Ele descruza os braços e desencosta da porta.— Claro! Olha como está linda, uma perfeita dama da sociedade italiana. Ninguém poderia dizer que você não é!

— Obrigado! Beatriz responde visivelmente envergonhada.

— Outra coisa, o único homem que você pode olhar nos olhos sou eu! Nenhum outro mais. Se alguma mulher percebe que você está olhando nos olhos de um homem que não seja seu noivo ou marido, você é considerada uma meretriz, está desrespeitando a minha honra, entendeu? Marco fala, segurando meu rosto com o polegar. Me olhando de forma tão intensa que quase posso sentir o seu toque através do seu olhar.

— Entendi, não vou esquecer. Beatriz fala, se libertando novamente do seu toque que lhe causa arrepio e voltando para o espelho.

— Isso quer dizer um sim? Que você aceita! Marco fala, indo em direção a ela, e puxando ela novamente para junto de si.

— Eu não tenho escolha, e você sabe disso, eu não tenho ninguém e nem para aonde ir, não me resta escolha à não ser dizer que sim. Depois que a minha parte do contrato for cumprida eu pretendo voltar, terminar a faculdade e voltar para a minha cidade, talvez se eu terminar a faculdade e voltar formada meu pai me perdoe e me aceite de volta. Beatriz fala visivelmente triste em ter que se submeter a tal situação, que ela considera desonroso.

— Que ótima notícia, vou falar para o Davi preparar o contrato, é bem simples, é apenas para assegurar! Assegurar nos dois é claro. Para mim garante que você não poderá contar para ninguém o nosso acordo que você aceita todas as regras impostas e que você precisa ser fiel a mim, essas coisas que já disse para você. E principalmente você jamais em hipótese alguma, deve me contraria na frente dos outros. Uma dama da sociedade obedece ao seu marido, e só comenta seus desagrados dentro de quatro paredes. Você está entendendo bem as regras! Não quero que me diga depois que não fui claro.

— Sim, estou entendendo. Eu só quero saber quais as suas regras, porque até agora você me disse como devo me comportar diante de outros pessoas, mas quando estivermos sozinhos? Beatriz fala, novamente apreensiva, e caminha em direção ao quarto.

— Como assim? Não entendi! Marco vai atrás dela, com uma fisionomia confusa.

— Quais as regras que você deve seguir! Eu também tenho exigências. Beatriz fala se sentando na cama e calçando as sandálias.

— Podemos conversar isso no jantar! O Davi já está esperando a um bom tempo. Não é de bom-tom fazer esperar. Marco responde confuso com que Beatriz acabou de dizer.

— Sim, podemos, sem problemas. Eu já estou pronta! Beatriz fala ficando de pé e pegando a pequena bolsa. Marco vai até ela e dá o braço para ela poder segurar, e sair ao lado dele. Eles saem.

— Meu Deus! Vocês demoraram uma eternidade! Estava quase indo sozinho. Davi fala levantando os braços demostrando estar exausto, de esperar. — Aonde iremos? Estou faminto!

— O Rui, que se casou com uma brasileira, lembra dele? Marco fala, em conversa descontraída com Davi. Beatriz fica observando já que ainda não tinha visto Marco, assim! Relaxado e descontraído! Sempre tão sério!

— Rui? Penso que sim, foi aquele que fez o jantar do aniversário da sua mãe? Davi pergunta, parecendo tentar se lembrar de quem o Marco está se referindo.

— Sim, ele mesmo. Ele abriu um restaurante aqui no RJ. Minha mãe disse a ele que eu estava aqui, e ele faz questão que eu vá jantar lá hoje, mais sei que isso é fofoca da minha mãe, ela quer saber o que estou fazendo aqui, isso é ótimo, já que Beatriz aceitou a minha proposta! Marco fala, direcionando seu olhar para Beatriz e sorrindo.

— Ela aceitou? Davi pergunta parecendo espantado.

Beatriz apenas balança a cabeça que sim.

— Então com certeza o Rui vai contar que me viu com uma Bambina. Minha mãe vai correr e contar para o meu pai. E quando eu chegar lá meu pai vai fingir surpresa mais ele já sabe de tudo. Como se eu já não soubesse exatamente o que vão fazer. Marco responde, virando os olhos.

— Você consegue pensar até nos mínimos detalhes! Tenho que aplaudir! Dessa vez você me surpreendeu. Davi fala, batendo palmas para Marco.

— Ah! Meu caro, temos sempre que prever a mordida do crocodilo, ou vai esperar que ele arranque a sua mão? Vamos agora o nosso carro já chegou. Marco fala sorrindo. Saímos e vamos parar em um belíssimo restaurante italiano em Ipanema. Entramos e um homem bem forte e alto, vem nos receber. — Marco! Como você está! O homem forte, vem até eles esticando o braço para cumprimentar Marco. Sua mãe me disse que estava aqui. Não poderia deixar de receber você aqui! No meu humilde restaurante.

— Muito obrigado pelo convite Rui, esse é um grande amigo meu Davi, e essa é minha noiva Beatriz.

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