Não estou acreditando no que acabei de ouvir… Levantei a cabeça e olhei para o médico, que estava diante de mim. Me afastei da cadeira indo para sua mesa. — Você acabou de dizer que preciso ter um filho? Foi isso que disse? — perguntei. — Seria essa possibilidade ou a quimioterapia. Mas também se o senhor tivesse uma… — Você não está pensando nisso, né? — Olhei para o meu irmão, que levantou da cadeira vindo até a minha direção. — Por que não? — Me virei olhando para ele. — Se for o jeito para me livrar dessa merda de doença não tem problema — falei para ele com naturalidade. — Mas um momento! — disse o médico, que se levantou da cadeira fitando nos dois. — Dei essa solução, pois achei que o senhor tinha uma noiva. Mas tenho que concordar com seu irmão. O senhor não pode fazer isso.— Ele está certo, Vitor! — pontuou meu irmão. Me afastei, ficando de costas para eles. — Que exagero! — Me virei com os braços cruzados olhando para eles. — Senhor Carvalho, o senhor não pode tr
Estava indo para o escritório do meu chefe. O Tomás tentou me impedir e disse que ia falar com ele, mas não estou braba, bom, antes estava. Mas agora não estou. Sei que ele fez aquilo porque se preocupa comigo. Mas acho que estava pressentindo que o senhor Joaquim ia me mandar embora… Espero que o que eu receber, dê pelo menos pra comprar os remédios do meu avô e também para as dispensa lá de casa. Parei de andar, estava em frente a porta. Respirei fundo, depois soltei o ar. Em seguida ergui o braço bati. Mais ou menos três vezes. — PODE ENTRAR! ESTÁ ABERTA! — Ouvi um berro. Na mesma hora abaixei o braço e levei a mão até a maçaneta. Abri a porta, entrei e depois a fechei. Já dentro, olhei ao redor, não tinha muita coisa. Nunca entrei aqui. Quem já veio aqui foi o Tomás quando o senhor Joaquim o chamou. Na época, foi por ele ter faltado o dia de trabalho. Ele disse que estava doente, que não dava pra vir trabalhar. Falei pra ele ir no hospital pra pegar um atestado. Mas ele falo
Estava vendo ela indo até o escritório do senhor Joaquim. Ainda não estou acreditando que aquilo estava acontecendo. Fui para a cozinha resolver com o Júlio. Com certeza ele que deu com as línguas nos dentes para aquele velhote ridículo! Apertei passo para ir para a cozinha. Assim que entrei, vi ele na pia lavando os pratos. Estava falando algo. Com certeza deve estar resmungando alguma coisa. Me aproximei e ele sentiu a minha presença e se virou. — Porra, Tomás! Finalmente! Achei que… — Você tinha que abrir essa boca grande, né? — o cortei.— O que você está falando? — Virou o rosto olhando para os lados. Parece que está procurando alguém. — Cadê a Sophia? Apesar de ser uma baita gorda, ela me ajuda aqui na cozinha… — Cala boca, Júlio! — Peguei no seu avental, puxando para mais perto. — Ei, Ei! ME SOLTA CARA! — ele começou gritar. Continuei segurando no seu avental. — Já não basta o que você fez! Agora Fica falando dela desse jeito! — Sacudi um pouco, depois soltei e o emp
Estava saindo da cozinha. Acabei de fazer pipoca. Meu avô tinha pedido, estava com vontade de comer pipoca. Eu não sabia se ia fazer ou não. Mas ele me olhou com aqueles olhos castanhos amendoados implorando para fazer pipocas. Fui até o armário do lado direito, abri e procurei um pote para colocá-la. Consegui achar um. Voltei para o fogão que tinha a panela e fiz pipocas. Depois as joguei no pote que tinha pego. Em seguida levei o pote até a mesa. Sem demorar, peguei um pouco de sal e coloquei nas pipocas. Dei aquela chacoalhada para pegar o tempero. Pronto. Peguei o pote e levei até a sala. Assim que cheguei no sofá, fui para o seu lado com o pote. Ofereci para ele, que encheu a mão para pegar as pipocas. Em seguida colocou na boca, mastigando. Mas depois notei que fez uma cara feia. Não aguentei e dei uma risada. Acho que notou que está com pouco sal. — Isso está horrível! Você esqueceu de colocar sal. — reclamou, olhando para mim. — O senhor não pode abusar do sal. Olha
Estava nos braços da minha avó, chorando. Ela estava alisando a minha cabeça e eu estava com os braços em volta da sua cintura. Depois ela se afastou, esticando os braços com as mãos nos meus ombros e me fitou. — Minha querida, não chore mais. — Ela levou sua mão para meu rosto que enxugou minhas lágrimas, que persistiam em cair. — Vou preparar um chá de camomila. Acho que ainda tem um pacotinho — ela disse erguendo o dedo pra cima, lembrando. Assenti, sacudindo a cabeça que sim. Ela foi no armário na parte de cima para pegar o Chá. Enquanto ela foi preparar o chá, fiquei com os braços sobre a mesa e coloquei minha cabeça sobre eles, fiquei pensando como ia contar pra ela que fui demitida... — Prontinho. Aqui está. — ela me entregou uma caneca branca com detalhes rosas, que estava com um saquinho de chá. — Caramba... Tá quente... — Peguei a caneca e coloquei logo sobre a mesa. — Cuidado, minha querida. Está quente — avisou minha avó e passou a mão na minha cabeça e depois sorriu
Fazia duas semanas que não tinha notícias da Sophia. A última vez que a vi, foi no dia que ela foi demitida pelo seu Joaquim. Aquele desgraçado! Mas o erro foi meu. Não devia ter estourado daquele jeito. Mas não podia deixar aqueles idiotas falando da Sophia. Precisava defendê-la. O pior que não tenho nem o número do celular dela, porém, acho que ela não tem pelo que me disse outro dia. ***— O que você perguntou? Se tenho o quê? — inquiriu, estava terminando de colocar os pedidos na bandeja para a mesa dois. — Eu perguntei se você não tem whatsapp? É um aplicativo de celular. — levantei a sobrancelha, surpreso. — Você tem celular e não tem whatsapp? — Eu não tenho celular… — ela disse encolhendo os ombros. — Não tem? — Olhei para ela, confuso. Ela puxou a bandeja. Estava se preparando para ir, mas se virou. — Eu não tenho celular porque é caro e também estou ajudando a minha avó com as coisas em casa, ainda tem os remédios do meu avô — ela disse. Depois levou a bandeja com os p
Abri os olhos e comecei a ver tudo embaçado. Ergui meu braço até o meu rosto, mas quando levei minha mão para esfregar, senti alguma coisa impedindo. Como se estivesse preso em algo. Então levantei o outro braço e notei que estava com agulhas dentro da minha mão. Levantei a sobrancelha. Que porra é essa? Enxergando um pouco melhor, reparei que onde estou parece… Um hospital ou clínica? Mas por que estou aqui? E essas porras de agulhas estão me incomodando! Quero sair daqui! Em seguida entrou alguém no quarto. Olhei para o lado e vi que é o meu irmão Bernardo. — Bernardo, o que eu tô fazendo aqui? — perguntei. Ele se aproximou. — Vitor se acalme. — Ele deixou o copo na mesa que estava ao meu lado, acho que era café. — ME ACALMAR? ESTOU NESSA PORRA DE QUARTO E TODO FURADO DE AGULHAS! — Esbravejei. Estou angustiado com essas coisas na minha mão. Levei a mão para outra, para tentar tirar, mas fui impedido pelo meu irmão. — O que você pensa que está fazendo? — inquiriu, segurando
— Sophia, posso fazer uma pergunta? Me afastei, saindo dos seus braços. Não vou mentir, estava muito bom de sentir seus braços em volta do meu corpo. Olhei para ele. — Sim… — respondi e coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha que tinha caído na frente do meu rosto, assim poderia vê-lo melhor. Olhando assim bem de pertinho, o Tomás é tão bonito que fico até sem fôlego. — Quanto custa os remédios do seu avô? — ele perguntou, me fitando. Olhei pra ele sem entender. — São caros. Mas porquê quer saber? — perguntei. Estranhei ele perguntando isso. — Eu tenho um dinheiro guardado… Ele soltou o ar e fechou os olhos. Em seguida abriu os olhos e olhou para mim, depois pegou na minha mão. E de repente senti um arrepio no meu corpo quando senti o seu toque. — Se quiser, posso dar esse dinheiro para você comprar os remédios do seu avô. — ele avisou. Logo tirei minha mão da sua e em seguida me levantei do banco, me afastando e ficando de costas. — Você não pode fazer isso. — Me vir