- Por que exatamente? Sei que eu sempre o defendi... Mas talvez porque eu nunca soube nada além do que está dentro dos muros. Na verdade, eu acho que posso saber menos do que quem não convive com ele e não tem parentesco algum.
- Sabe que fiquei muito tempo longe. E foi ele que financiou meus estudos.
- E isto não seria um ato de bondade, Alexander?
- Ou uma forma de fazer minha mãe ficar calada.
- Mas... Entendo que Léia trabalha praticamente a vida toda para os Beaumont. O que ela poderia saber que comprometeria tanto meu pai a ponto de ele pagar seus estudos no exterior?
- Claro que eu não concluí... Por sua causa.
Eu gargalhei:
- Claro que eu tenho que ser culpada... Se não fosse assim, não seria você.
- E estou mentindo? Se não fosse sua ideia absurda de conhecer Avalon eu ainda estaria estudando, me divertindo...
- Alexander,
Lá estava eu sentada no meu closet sem ter a mínima ideia do que vestir para sair naquela noite. A roupa de sexta-feira havia sido uma péssima escolha. Fui confundia com uma mendiga. Tudo bem que talvez se não fosse a roupa e o acidente com meu sapato talvez o lindo Estevan não tivesse me dado atenção.Por sorte Mia entrou.- Dúvida do que vestir, princesa?- Ironicamente tenho tantas peças que não sei o que vestir.- Sei que tento ajudar, mas não esqueça que também conheço bem pouco destes lugares, assim como você. Acho que como não comprou mais coisas naquele dia, terá que usar um de seus vestidos.- Você fez bem em escolher tantas coisas. – observei arrependida de não ter feito o mesmo. – Agora só me sobra o que tenho aqui... Tudo impróprio para uso fora do castelo.- Eu não di
- Me dá seu celular para eu gravar meu número. – ele pediu.- Eu... Não tenho.Ele arqueou as sobrancelhas:- Não tem ou não quer pegar meu número? Se não quiser, tudo bem, é só dizer.Eu sorri:- Realmente não tenho um celular. Então não tenho como ficar com seu número.- Burguesia sem celular? Isso não me parece muito real.- Não gosto... – menti.- E desde quando celular é questão de gostar ou não? Para mim é questão de sobrevivência. Gostar eu também não gosto muito, mas é como eu me comunico com as pessoas.- Bem, então vamos ficar incomunicáveis. – fingi lamentar.- Não mesmo. – ele disse chamando o barman, que ouviu algo e logo saiu.- Ele deve achar você um chato. – observei.
Esperei até que Alexander chegasse com Mia. Theo não estava com ela.- Vamos embora.Eu poderia discutir e dizer que não. Mas ele já havia feito Samuel ir, então eu não tinha mais motivos para ficar ali. Segui ele entre a multidão até chegar a saída principal, onde eu havia encontrado Estevan no outro dia. Parei um pouco e olhei para os dois lados atentamente, para me certificar de que ele não estava ali perto.- Satini, o que você está fazendo? – gritou Alexander quase dobrando a próxima quadra.Fui rapidamente até ele e Mia, que estava absolutamente calada.- Está procurando alguém? – ele perguntou.- E se estivesse, Alexander? O que você tem a ver com isso?- Eu? Tudo. Estou sendo pago para cuidar de você.- Mas não de mim. – falou Mia em tom furioso. – Quem você pens
Durante a semana eu me ocupava com outras coisas, como aulas em casa, especialmente aprimorando línguas estrangeiras. Os professores vinham dos países de origem das línguas ensinadas. Ninguém residente em Avalon era contratado para me dar aulas. Eu gostava muito desta parte de línguas estrangeiras e minhas pronúncias eram perfeitas. Em algumas eu até conseguia fazer os sotaques e era sempre muito elogiada pelos professores. Eu tinha muita vontade de saber de onde vinha meu futuro marido e a língua que ele falava, para poder estudá-la com mais dedicação. Mas isso era mantido a sete chaves.Na tarde de quinta-feira eu fui até a Biblioteca no meu tempo livre. Sozinha. Eu confiava em Mia, ela era a minha melhor e única amiga. Mas havia coisas sobre o reino de Avalon que eu precisava saber sozinha. E uma delas era encontrar algo sobre minha tia, Emy Beaumont. A biblioteca do castelo nã
Encontrar Samuel não era mais uma questão de diversão ou curiosidade... Era sobrevivência. Eu precisava entrar no mundo dele para descobrir a verdade sobre o meu. Só lá eu encontraria as respostas sobre meu pai e o passado de Avalon.Novamente no closet, uma hora antes de sair sem saber o que vestir. E sinceramente, eu não tinha nada apropriado para um bar de rock. Eu era uma princesa, criada para ouvir, apreciar e bater palmas para música clássica e óperas. Sim, eu sabia tudo sobre óperas, embora nunca tivesse estado em uma. Meu pai viajava às vezes para fora do país. Mas eu nunca fui. Nem sei se sabiam da minha existência fora de Avalon. Até duvidava se Avalon sabia sobre mim.Mia entrou no meu quarto, sem bater, como ela sempre fazia. Aquilo nunca me incomodou, pois sabíamos praticamente tudo uma da outra. Mas eu não fui capaz de contar a ela sobre o
A parte de Théo estar cursando a faculdade estava compreendida agora.Ele nos ofereceu uma mesa bem na frente do palco.- Onde está Samuel? – perguntei.- Ele está se preparando para entrar no palco.Percebi que havia bastante gente. Estava quase cheio o local. E por que aquela mesa, que eu poderia dizer que era a de melhor localização, estava vazia?- Reservou este lugar para elas? – perguntou Alexander.- Sim... “Para elas”... – ele disse.- Como sabia que elas viriam?- Satini garantiu. – ele disse piscando para mim.Bem, então ele havia falado com Samuel sobre o ocorrido na casa noturna. E Samuel falou sobre mim. Isso me deu uma pontinha de felicidade, embora eu não quisesse mais me iludir com nada. Eu tinha tantos problemas para resolver agora que me apaixonar e conhecer o amor da minha vida havia ficado para escanteio. Acho que eu
Abri a porta do carro e desci. Dei uma última olhada, só para ter certeza de que ele realmente estava dormindo. Bati a porta e me virei rapidamente, batendo meu corpo abruptamente em alguém. Levantei meus olhos e meu coração quase parou de bater enquanto segurei minha respiração por alguns segundos, tentando não surtar. Era ele... Ali, naquele lugar. O bondoso e parece que mais lindo que na noite anterior... Estevan. Ele me fitou e estávamos tão próximos que nossos corpos quase se tocavam. Eu consegui dizer:- Me desculpe...- Você? Eu conheço você... E conheço também o brinco que você usa no seu nariz. – ele balançou a cabeça confuso.Afastei-me, dando um passo para trás e tentei me recompor. Percebi que ele estava novamente acompanhado de dois homens. Não tenho certeza se eram os mesmos da noite anterior, pois ma
Ela sentou-se do outro lado dele, sem cerimônia.- Vai mesmo ficar aqui? – ele perguntou à ela.- Sim... – ela colocou a cabeça para frente e me encarou, depois sorrindo. – Se tem uma coisa que eu faço bem é não desistir, Sam.Acho que eu estava atrapalhando os planos dela, assim como “Sam” atrapalhou os meus há alguns minutos atrás.- Se quiserem... Eu posso sair. – falei sem cerimônia.- Não! – ele disse. – Você fica. Acho que Isabella que precisa sair.- No que eu incomodo? – ela deu de ombros, dando um gole na bebida dele e fazendo uma careta. – Isso é horrível... É bebida de mulher. Desde quando você bebe isso, Sam?Olhei confusa para eles. Eu me sentia incomodada com ela e a forma como me encarava: um misto de raiva e ironia.- Você já tomou cerveja,