Capítulo III: O Sacrifício de nupcial

Narrado por Eva Sollis:

A manhã está pesada com um céu nublado, acredito que refletindo o meu estado emocional. Dentro do banheiro de antigo cartório em Carleon, já não suportando mais o peso de tudo e o estado de desespero. Permitir as lágrimas correrem livremente por meu rosto enquanto eu busquei desesperadamente encontrar algum consolo.

O medo de que minha filha, Isabela, esteja em perigo iminente, me consome. A única coisa que me mantêm em movimento é a esperança de que o casamento com um desconhecido poderá ser a chave para garantir a liberdade de minha Isa.

Eu sei que o que estou prestes a fazer é um sacrifício imenso, mas as circunstâncias não me dão escolha. A voz de Ezra, minha irmã, ainda ecoava em meus pensamentos, com a ameaça cruel e fria de que Isabela sofrerá caso eu não cumpra as suas exigências. O peso dessas palavras era insuportável.

— Chega! — Grito, sem suportar mais tudo isso. Respirando profundamente seco as lágrimas, tento recompor-me e, com o coração pesado, saio do banheiro.

A cerimônia está prestes a começar.

A grande sala estava adornada com flores e velas, criando um ambiente que contrastava fortemente com o meu tumulto interno. O altar estava decorado com elegância, e os convidados que murmuram em expectativa. Adentro o cômodo com a cabeça pesada, vestida com um elegante vestido branco que agora parece um manto de sacrifício, ando lentamente em direção ao altar.

Quando finalmente chego ao altar, após revistar os presentes sem conhecer ninguém, exceto a infeliz da Ivone e o meu pai, me pergunto como ele pode colaborar com tudo isso.

Meus olhos vagam pelo chão, até erguer e encontraram os de um homem alto, loiro, forte. O homem que eu estou prestes a me casar tem uma aparência dura e desagradável. Seu rosto era marcado por uma cicatriz que pega do queixo a testa, linha horizontal, grossa, e certamente a coisa mais horrível que já vi, além de rugas prematuras e uma expressão que parece permanentemente severa, pouco o que salva é a barba, grossa, certamente áspera.

O contraste entre ele e qualquer noivo idealizado em sonhos é chocante, mas sei que o sacrifício é necessário. Apenas engulo em seco, após parar diante a revelação, tentando ignorar o desconforto que sinto.

O homem de pé no altar, parece perceber a minha apreensão, pois ele mantém seus olhos firmes em mim, não parecendo fazer nenhuma tentativa de amenizar o meu desconforto. Seu olhar frio, calculista e desinteressado não ajuda a aliviar a tensão que pairava no ar.

O celebrante começa a cerimônia, e as palavras de rito são proferidas com a formalidade que a ocasião exige, no mínimo silêncio, tento pensar em como Ezra pode elaborar um acordo com este homem, mil ideias passam a minha mente.

Eu mal escuto o que está sendo dito. A minha mente está focada em Isabela, imaginando onde a minha filha pode estar e como ela está sendo tratada. O tempo parece se arrastar, e cada minuto que passa parece um eterno tormento.

Finalmente, chega o momento das trocas de alianças. Ele pega a aliança de casamento, um anel elegante e de aparência extravagante, tenta colocá-la no meu dedo. No entanto, a aliança esta um pouco folgada. Faço um esforço para acomodá-la, mas, ao terminar, o anel escorrega do meu dedo e caindo no chão com um som metálico.

Os poucos presentes fazem um murmúrio, e o meu olhar se desvia para o chão, onde a aliança repousa. Ivone, que estava presente na cerimônia com um olhar impiedoso, se inclina rapidamente e apanha o anel. Com um gesto rápido e eficiente, ela entrega a aliança ao celebrante, que a passa para o noivo.

Mason Dasílis, quem é ele? Com um sorriso frio, coloca a aliança no meu dedo, outra vez, e o gesto formaliza a união. O sentimento de derrota e desespero toma conta de mim. Cada movimento parece ser um lembrete doloroso desta situação: casada com um homem que mal conheço, com a esperança de que isso fosse a chave para a segurança de a minha filha.

A cerimônia chega ao fim, sendo conduzida para fora do altar, agora oficialmente casada com Mason. O meu olhar cruza com o olhar de Ivone e o meu pai, que sorri letárgico, o que me parece estranho, mas o olhar dela é de pura satisfação cruel.

Eu não consigo evitar em me sentir como um peão em um jogo onde todas as regras estavam contra mim, outra vez, e desta vez, a minha filha está em jogo.

Com a cerimônia concluída, chego a um canto separado da recepção, o tal Mason cercado por homens, usando um terno preto, sai em seguida, após falar algo com os presentes.

Sinto um nó na garganta, a minha é mente preenchida com pensamentos angustiantes sobre sua filha. Ando na direção de Ivone, arrastando-lhe pelo braço, enquanto alguns saudar o seu marido, meu pai. — Pronto, já fiz o que queriam, soltem a minha filha! — Peço, segurando as lágrimas para não cair.

Mas Ivone, olhando em volta, apenas sorri. — Ainda não, e se falar mais sobre isso aqui, não a verá tão cedo. — Sussurra me olhando, o sorriso em seus lábios, contam uma vitória, o anel novamente cai, ela pega e em seguida sai me dando as costas, olho para Fátima, que lamenta.

Cada momento parece um passo em direção a uma nova e dolorosa realidade. Agora estou amarrada a um homem que mal conheço, com a única esperança de que, ao cumprir esse sacrifício, conseguirei salvar a minha filha e garantir que ela estivesse a salvo, após a cerimonia, entro no carro outra vez.

Meu pai está a todo sorrisos, e por tudo que diz, parece não saber, o meu desejo é de gritar. Mas sei que isso seria o fim para nós, Fátima não sei como veio, e onde está ficando, engulo em seco, enquanto o meu pai diz sorridente que alguém o cumprimentou, Ivone comemora por isso.

Respiro fundo, olhando para fora do carro, a nossa vida era tão diferente anos antes desta mulher entrar em nossas vidas. — Tudo graças a você, minha princesa! — Meu diz virando-se e pegando em minha bochecha, como fazia quando criança.

— Deixe ela! Ainda está abalada com tudo, não é querida? — Ivone intervém, arracando a sua mão, afirmo com a cabeça, é verdade estou em completo choque, que tipo de mulher a minha irmã se tornou, uma sequestradora de crianças indefesas e inocentes?

— Oh, meu amor, confesso que pensei que você ia desistir, mas você bravamente se casou, Ezra! — Meu pai diz satisfeito, é o que me faz concluir, ele realmente não sabe o que estão fazendo, e se soubesse?

— Vamos deixe-a, deixe-a Walter, não está vendo que a nossa menina está preocupada com a noite de nupcias? — O que diz me causa frio na espinha, engulo em seco a qualquer possibilidade, sem perceber e submerssa em pensamentos chegamos a mansão Muller, o lugar que nunca desejei retornar, a casa tornou-se sombria, como um mausoleu abandonado, embora more pessoas.

Sou desperta do carro, por Ivone, meu pai segue na frente. — Ezra está te esperando no seu quarto. — Sussurra quase inaudível, respiro fundo ao saber.

Segui até o quarto, onde Ezra esta, ao abrir a porta, a encontro deitada na cama, Isabela sentada no chão, corro em direção a minha filha, ainda com a mesma roupa, cabelos bagunçados, o rosto sujo, a abraço.

A atmosfera estava carregada de tensão, eu podia sentir o peso das palavras não ditas que pairavam entre elas, os olhos de Ezra em nós, como se estivesse divertindo-se com o que via.

— Oh meu amor, como você está? — perguntei, abraçando Isabela, contra a sua vontade, a minha voz tremendo de emoção, ela não respondia, apenas brincando com um alguns lego. — O que você fez com ela? — Pergunto mais que perturbada.

Ezra olha para mim com um sorriso frio, um brilho de prazer perverso nos olhos.

— Oh, Eva — disse Ezra, com uma calma perturbadora. — Você ainda não entendeu? O casamento foi apenas uma parte do plano. A verdade é que eu tenho algo maior em mente.

Senti um frio correr pela espinha, escondendo Isabela atrás de mim.

— O que você está falando? — Eu gritei, transbordando a angústia evidente em cada palavra.

Ezra fez uma pausa, observando a minha reação com um prazer cruel.

— O casamento não é apenas uma formalidade — continuou Ezra. — É uma forma de assegurar que você não tenha como escapar. Enquanto isso, estamos garantindo que sua filha esteja bem protegida.

Eu não consegui conter uma exclamação de pânico.

— Protegida? Do que você está falando? Eu só quero a minha filha de volta!

Ezra balança a cabeça, o sorriso nunca abandonando seus lábios.

— Isabela está bem — garantiu Ezra, com um tom que tentava parecer tranquilizador, mas que me soava ameaçador. — No entanto, você precisará cumprir certas condições para mantê-la a salvo.

Eu tenho planos para garantir que tudo corra conforme o planejado. Eu me senti atônita. A noção de que minha filha estava em perigo, mesmo que não fosse diretamente em risco, era quase demais para suportar. A ideia de ter que negociar com os caprichos de Ezra me deixa enojada e desesperada.

— O que mais você quer de mim? — perguntei, a voz cheia de resignação.

Ezra me olha com uma expressão de satisfação calculada.

— Você já fez a parte mais difícil, casando-se com Mason — disse Ezra. — Agora, é apenas uma questão de cumprir com as obrigações que vierem a seguir. Garantindo que você mantenha sua parte do acordo, e sua filha será devolvida quando eu achar que a situação estiver segura para todos.

Respiro fundo, tentando controlar a onda de desespero que quase me faz desabar. Cada momento parece uma tortura interminável, eu não sabia quanto mais poderia suportar.

—Saiba, Eva, qualquer desvio do plano pode ter consequências graves.

Ezra virou-se e começou a se afastar, deixando-me sozinha com Isabela em pura de agonia. O peso da situação era esmagador, e o que restava era a necessidade desesperada de garantir a segurança de Isabela, mesmo que isso significasse enfrentar os monstros que controlavam a minha vida agora.

Com o coração pesado e a mente tumultuada, agarro a minha filha outra vez. Dando-lhe banho, e ao perguntar sobre comida ela não quis.

Isso me parecia que ela estava alimentada, mas não tanto, Fátima chegou em seguida, ficando conosco, até que Ezra entregou-me uma mala com algumas roupas e utilidades.

O casamento era apenas o começo de um pesadelo maior, e u preciso encontrar uma maneira de salvar a minha filha antes que fosse tarde demais, sai da casa dos Muller em direção a residência Dasílis na tarde, deixando Isabela com Ezra, mas Fátima me prometeu cuidar dela como pudesse, as lágrimas submergirem os meus olhos, sem haver outra maneira de demonstrar a minha dor.

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