O som dos passos de Luca ecoava pelo vestiário enquanto ele e Aki entravam, prontos para mais um dia de treino. O clima estava relativamente tranquilo.Chiara estava chegando ao ginásio quando, ao se aproximar da entrada do vestiário, ouviu vozes familiares. Seu coração acelerou, e ela parou antes de entrar. Era Aki e Luca, conversando com um tom despreocupado.— Valeu pela carona, Aki. Meu carro parece que decidiu tirar férias — disse Luca, rindo enquanto guardava suas coisas no armário.Aki deu de ombros, jogando a mochila no banco ao lado.— Sem problema. Só não se acostuma — respondeu ele, sem muito entusiasmo.Chiara, sem querer, continuou parada perto da entrada. Ela não sabia por que, mas algo naquela conversa a prendeu. Os dois estavam falando do treino? Do jogo? A sua curiosidade era maior do que qualquer outra coisa.Luca, sempre curioso, puxou assunto novamente enquanto terminava de guardar suas coisas.— Então, o que você acha do Dario? — perguntou ele, com o habitual sorr
— Eu não acredito! — disse Martina entre risadas, segurando a xícara de café com as duas mãos. — Você vai ter que dividir o quarto com o Aki? Você?Chiara ergueu a cabeça o suficiente para lançar um olhar de puro desespero à amiga.— Sim, Marti, é isso mesmo que você ouviu. Eu estou ferrada! — respondeu Chiara, largando o corpo de novo na mesa. — Não sei como vou sobreviver a isso.Martina deu mais uma risada, sacudindo a cabeça.— Chiara, pelo amor de Deus, você tá se passando pelo seu irmão gêmeo e tá mais preocupada com o fato de ter que dividir um quarto com o Aki? Isso não deveria ser o menor dos seus problemas?Chiara levantou o rosto de novo, agora apoiando o queixo nas mãos.— Marti, ele é o capitão! O cara que mais desconfia de mim no time. Ele me olha como se soubesse que tem algo errado. E agora eu vou dormir no mesmo quarto que ele. Se eu fizer qualquer coisa fora do comum, ele vai descobrir.Martina arqueou as sobrancelhas e cruzou os braços, inclinando-se um pouco para f
No dia combinado, Chiara descia as escadas de seu prédio com a mala em mãos, pronta para encontrar o time. Ela respirou fundo, sentindo a brisa da manhã enquanto Dario e Martina a acompanhavam até o carro.— Você vai se sair bem, Chiara — disse Dario, com um sorriso confiante. Chiara olhou para o irmão com um sorriso de gratidão. — É, vai lá e arrasa, garota — acrescentou Martina, com seu jeito animado de sempre. — Acha mesmo que o Aki vai te intimidar? Ele que se cuide. Chiara deu uma risada nervosa, mas agora mais relaxada. O apoio dos dois a fazia se sentir confiante.— Valeu, gente. Acho que agora estou pronta — disse ela, erguendo a mala. Martina piscou e deu um leve empurrão de incentivo no ombro de Chiara.— E não esquece, se tudo der errado, é só ligar para mim que a gente foge para Espanha. — Ela disse, rindo.Chiara revirou os olhos, rindo com os dois antes de se despedir. Com um último aceno, ela ligou o carro e se afastou indo em direção ao ponto de encontro com o time
Na manhã do jogo, Chiara acordou com o quarto vazio. O silêncio era absoluto, e a cama de Aki já estava arrumada, indicando que ele havia saído cedo. Ela franziu a testa, um pouco surpresa, mas logo entendeu. Aki estava claramente tentando manter distância depois do momento estranho da noite anterior. Enquanto arrumava suas coisas, Chiara não pôde deixar de se sentir um pouco aliviada. Dividir o espaço com Aki havia sido demais para ela. Instantes mais tarde no ginásio, o time estava aquecendo, e Aki estava em sua costumeira bolha de concentração. Chiara percebeu que ele a evitava discretamente e estava falando apenas o necessário com o resto do time. Ela se juntou aos outros jogadores, tentando focar no jogo que estava por vir em poucos minutos.Luca se aproximou de Aki, observando o colega de equipe que parecia mais calado que o habitual.— Cara, você tá com uma cara fechada hoje. Dormiu mal? — Luca comentou, tentando aliviar o clima com uma risadinha.Aki deu de ombros, sem desvi
Não demorou muito para que Chiara tivesse que descer para ir ao encontro do seu time e voltar para casa. Felizmente quando ela encontrou seu capitão, ele apenas perguntou se ela estava melhor e com a afirmativa dela, ele seguiu sem dizer mais nada e assim entraram no ônibus. Ele parecia distante, como sempre, e logo ocupou um assento mais na frente. Mas o que Chiara não esperava era Luca se sentar ao lado dela, com a expressão curiosa de sempre e cheio de perguntas.— E aí, Dario, como tá o estômago? Aki comentou que você estava passando mal. — perguntou Luca, cutucando-a com o cotovelo enquanto se acomodava no banco.Chiara forçou um sorriso de lado, tentando ser simpática apesar da dor ainda presente.— Já tô melhor. Acho que o remédio ajudou — respondeu, esperando que isso encerrasse a conversa.Mas Luca era insistente.— Que bom! — disse ele, sorrindo. — Mas, me diz aí, o que você faz para relaxar? Tipo, fora das quadras. Você parece mais na sua, não deve curtir baladas e essas coi
Martina dirigia tranquilamente enquanto Chiara, no banco do passageiro, tentava ignorar as cólicas que a incomodavam. O som suave do motor misturava-se ao burburinho das conversas ocasionais que entravam pelas janelas abertas, mas o foco delas era outro.— Então, me conta, como foi? — perguntou Martina, com um sorriso travesso. Ela sempre sabia quando algo interessante havia acontecido.Chiara suspirou, virando-se para olhar a amiga com uma expressão cansada.— Foi um caos, Marti, Primeiro, o jogo foi um desastre para mim, eu me senti uma intrusa ali, não que eu não fosse né. Depois eu fiquei com cólica, tive que praticamente me arrastar até o meu quarto. Aí então, percebi que não tinha colocado absorvente na mala e entrei em pânico. Fui correndo para a farmácia, mas antes disso o Aki queria ir à farmácia por mim. — Ela riu, lembrando do momento constrangedor.Martina explodiu em gargalhadas, quase tirando os olhos da estrada.— Ah, não acredito! — disse ela entre risos. — Ele não per
Chiara acordou de repente, seu coração batendo rápido, a respiração curta. Ela sentou-se na cama, tentando entender o que havia acontecido. As imagens do sonho ainda eram vívidas em sua mente. As mãos de Aki passando pelo seu corpo, os beijos suaves em seu pescoço, despertando sensações que a deixavam inquieta. Mas por que Aki estava habitando seus sonhos mais íntimos? Ela mal o conhecia fora das quadras.Nos últimos dias, no entanto, pequenas coisas sobre ele começaram a chamar sua atenção. Não era nada óbvio, mas detalhes sutis. Como o jeito calmo com que ele conduzia os treinos, sua habilidade em manter o controle mesmo nas situações mais tensas. Chiara começou a reparar mais nesses gestos quase imperceptíveis, o modo como ele se movia com confiança, os olhares rápidos, mas atentos que lançava para os companheiros de time, como se estivesse sempre observando e analisando.E então houve aquela carona.Chiara passou a noite inteira pensando na forma como ele dirigia, de maneira quase
Quando chegou ao ginásio, Chiara guardou suas coisas e saiu cumprimentando seus companheiros, mas quando viu Aki sentiu seu coração palpitar, no entanto, decidiu ignorar aquele sentimento repentino. O treino seguia seu ritmo habitual, mas Chiara se via incapaz de se concentrar.Um saque que normalmente pegaria com facilidade passou direto por ela, em outro momento um passe saiu descoordenado. A cada erro, Chiara sentia a frustração crescer dentro de si. Estava sendo difícil manter o foco.— Ei, Dario! — Luca chamou, aproximando-se após mais uma jogada mal-sucedida. — Tá tudo bem?Chiara respirou fundo, tentando disfarçar.— Desculpa, estou meio distraído hoje, não sei por quê.Luca a observou por um momento, então deu um leve sorriso.— Sabe, eu sei que esse é a sua primeira experiência profissional, e a pressão é real. Série A da Superlega não é brincadeira. Mas você tem potencial, Dario. Não deixa a cabeça te derrubar.Chiara sentiu uma onda de gratidão. Luca sempre foi brincalhão,