Mick— Eu tive que fazer, Mick. — Ele continua.— Posso te fazer uma pergunta? — inquiro baixo. — Se não queria morrer, se nos entregou para ficar vivo, por que tentou suicídio? — Ele me olha em silêncio por um tempo.— Eu não tentei.— Como não?— O Cicatriz não perdoou a minha dívida.— Mas você disse que... — Cristal tenta falar.— Marrento perdoou, mas o Cicatriz não. Ele me deu uma semana. Porra, como eu podia arrumar dois mil em uma semana? Meus pais me matariam se soubessem os meus motivos. Eu falei, expliquei, supliquei, pedi mais tempo, mas o desgraçado não cedeu. Ele apontou uma arma na minha cabeça e me fez beber meio litro da água sanitária. Eu pensei... a bala pode me matar, mas se eu beber e alguém me encontrar a tempo eu posso ter uma nova chance. E me agarrei a essa esperança. Eles me levaram de volta para minha casa. Lembro-me que estava meio mole, sentindo tudo se queimar por dentro. Parecia que as minhas entranhas estavam derretendo dentro de mim. No entanto, estava
Bônus da Lisa Serrano.O confronto - parte I.Lisa Serrano.Desço do carro que acabei de estacionar no pátio do Colégio Mont Serrat. Um prédio de estrutura antiga, com paredes de pequenos tijolos marrons, ladeado por um gramado e poucas árvores frondosas. Ainda tem alguns poucos alunos transitando por aqui, envolvidos em conversas animadas, ou apenas passando um tempo debaixo das copas das árvores. Observo atentamente o prédio de três andares, com uma extensão que chega a ocupar duas quadras de uma das avenidas principais do Rio de Janeiro. Portanto, respiro fundo, ajeito a alça da minha bolsa no meu ombro, porém, não entro no prédio. O contorno e vou direto para a sala do treinador, que fica próximo à quadra de esportes da escola. Sei que deveria ir direto para o segundo andar, onde fica a diretoria e fazer uma reclamação direta para Anna Silvano, uma grande amiga e diretora desse lugar, mas não quero ter que ir até ela em primeira instância. A verdade, é que quero confrontá-lo prime
Bônus da Lisa Serrano.O confronto - parte II— Lisa, acreditem em mim, eu te amava. Eu sei que descobri isso tarde, mas eu queria ter concertado tudo entre a gente. Nós podíamos ter sido felizes. O Mick poderia ser o nosso filho. — Ele abre um sorriso esperançoso e os seus olhos chegam a marejar.— Nós nunca seríamos felizes — rebato agora mais baixo. — Você egoísta demais, só pensa no seu próprio umbigo, em inflar o seu próprio ego. Pensa que eu não sei por que Jordana te deixou? Você é um merda de homem, um lixo humano. E quer saber de uma coisa, você nunca me amou de fato.— Como pode ter certeza disso?— Porque a verdade é que você tinha inveja do Armando. Você queria o que ele tinha. Eu sei que o escolhido para aquele contrato não foi você... — Seus expressam tamanha surpresa. — Você fez com que Armando não comparecesse aquela reunião. Ligou pra ele e inventou que estava passando mal no hospital. Sabia que o Armando jamais te deixaria na pior e se aproveitou disso. O seu amigo f
CristalEu não posso, simplesmente não posso perdoá-lo. Não quando que as imagens de Mick amarrado naquela cadeira, com aquele olhar assustado ainda me assombram todas as noites. Não quando penso que quase morri ao vê-lo praticamente morto em meus braços e definitivamente não, quando lembro que a sua traição por pouco tirou de mim duas pessoas que amo muito nesse mundo. Eu imagino que não foi e que não deve estar sendo fácil para ele. Por tudo que viveu e está vivendo agora, mas acredite, para mim também foi bem complicado e eu não fodi a vida de ninguém por isso. Cada maldita lágrima de desespero que derramei, cada maldita noite em claro sempre com medo dos minutos seguintes, cada momento de pânico e de dor. É algo que vou levar comigo para vida toda. Então, não acho que estou sendo egoísta quando digo não para o seu perdão. Talvez com o tempo, em outra oportunidade. Talvez, e só talvez eu consiga perdoá-lo. Com essa mágoa ardendo dentro do meu peito o observo se levantar da cadeira
Cristal— Me solta, Mick! — grito enlouquecida, mas ele me puxa para fora da sala, enquanto continuo com a minha luta para me libertar. Então sou chocada contra uma parede e prensada ali com o seu corpo. E na sequência sinto a sua boca ávida na minha, em um beijo dominador que rouba imediatamente as minhas forças. No mesmo instante as minhas mãos vão para os seus cabelos e logo estou entregue a esse beijo e aos seus carinhos.Rendida, é exatamente assim que estou agora e toda aquela tempestade com sua fúria se dissipam como se nada tivesse acontecido. Mick para o beijo e encosta a sua testa na minha, afrouxando o seu aperto só um pouquinho.— Para o carro, espevitada! — ordena lançando-me um olhar sério. Só então olho ao nosso redor e me dou conta de que estamos no pátio do estacionamento e que o meu irmão, e a Jasmine nos aguardam dentro do carro. Desnorteada, faço um sim para ele e me afasto, entrando no veículo em seguida. Mick entra na sequência e se acomoda do meu lado. Meu irmão
Cristal O beijo para quando o fôlego nos falta. Sorrio e ele me sorri também. Mick se levanta e me estende a sua mão para me ajudar a levantar e quando já estamos de pé, lhe ofereço a minha mão e ele arrasta o anel pelo meu anelar, me beijando logo em seguida. E droga, não é qualquer beijo! Enquanto me entrego ao nosso momento, ouço os fogos de artifício estralar no céu escuro. — Meu deus, você é maluco! — sibilo ainda em sua boca. — Sou mesmo. Completamente maluco por você! — Ah, eu te amo! — suspiro apaixonada e torno a beijá-lo, porém, nosso beijo é interrompido pela nossa família. — Parabéns, amiga! — Jasmine diz me envolvendo no seu abraço. Logo em seguida somos abraçados por todos. Feliz. Estou imensamente feliz e se eu soubesse que namorar o meu melhor amigo seria assim, teria despertado mais cedo. Não me culpem por isso, a final, eu não podia adivinhar que era possível transformar uma bela amizade em amor verdadeiro. *** Meses depois... — Parabéns espevitada! — Mike di
Cristal — Não acredito que você me fez comprar isso! — Ela resmunga quando recebe as sacolas e seguimos para o carro.— Tecnicamente fui eu quem comprei.— Meu Deus, o que o seu irmão vai pensar de mim? — Abro um sorriso extravagante.— Ele vai me agradecer por isso depois. — Pisco um olho sabichão para ela.— Você sabe que é uma...— Formatura. É, eu sei e você faz questão de me lembrar isso a cada minuto — ralho impaciente. — Deixa de ser boba, amiga e aproveita o momento! — Ela suspira alto.— É a sua formatura também.— Sim.— E você não comprou nada disso pra usar — rebate inconformada.— Não comprei porque tenho um monte desses, amiga e vai por mim. Quando você enlouquecer o meu irmão na cama vai querer comprar um montão desses. — Ela revira os olhos e olha pela janela do carro.— Para onde vamos agora?— Para um SPA, com tudo pago pela Senhora Ana Falcão de Alcântara, a minha mãe. Vamos relaxar até a hora do baile.— E os garotos? — Dou de ombros.— Não se preocupe, eles esta
JonathanMomentos antes da viagem...— Ain, vou sentir falta de vocês! — Mamãe fala um tanto manhosa, abraçando a Cristal. — O Caio às vezes é tão quieto, que parece que estou sozinha em casa. — Ela reclama e quando ela se afasta das meninas, é a minha vez de abraçá-la, já sentindo a saudade apertar o meu peito. Não sei se perceberam, mas Ana Júlia Falcão é o tipo de mãe que gosta de mimar as suas crias. Ela cuida e é viciada em nos manter por perto. Quatro anos longe dessa mulher maravilhosa não será tão fácil assim. Em seguida, abraço o meu pai e devo dizer que tenho muito orgulho de ser seu filho. O que ele fez e faz por sua família não tem preço. Luís Renato Alcântara é um homem de família. Do tipo que gosta de ficar colado, de guiar-nos e de aconselhar-nos. É presente, carinhoso, mas ele vira uma fera quando se trata de nos defender. De verdade, quando olho para Jasmine compreendo o seu modo de pensar. Quando formar a minha própria família, serei tão protetor quanto o meu pai é.