*GATILHO AO FINAL DO CAPÍTULO*O sol estava escaldante, e Liliam sentia o cansaço pesar sobre seus ombros como um fardo insuportável. Por mais que quisesse apenas descansar, ela não podia ceder. Não agora. Cada minuto longe da aldeia era um minuto mais perto do perigo.Desde o encontro com William, algo dentro dela parecia ter se quebrado. As palavras dele ainda ecoavam em sua mente, cortando mais fundo do que qualquer lâmina."Esses homens sabem, Lily? Que você é a puti..."Ela respirou fundo, lutando contra o arrepio que subia por sua espinha. Não, ela não era aquilo. Não era nada daquilo. Mas as lembranças ameaçavam transbordar, como uma represa prestes a ruir. Suas mãos tremiam levemente, e a cicatriz em sua barriga parecia queimar, trazendo de volta memórias que ela lutava para esquecer.— Você está bem? — A voz de Ryder a trouxe de volta à realidade.Ela piscou, ainda olhando para o horizonte vazio.— Hm... — murmurou, tentando soar indiferente, mas sua expressão apavorada entre
Hael a observava com cuidado, tentando se aproximar. Jake avançava por trás, enquanto ela continuava com a faca apontada para si mesma. Aquela não era a Lily que ele conhecia. Ela estava completamente transtornada. Ele nunca a vira assim antes.Alguém passou apressado, esbarrando com força em Hael.— Sai da frente!Ryder surgiu segurando uma garrafinha, avançando com calma na direção dela. Ele parecia tranquilo, analisando-a com cuidado.O que ele está fazendo?, Hael pensou, franzindo o cenho.— Sai! — Lily gritou, sua voz carregada de fúria.— Liliam... — A voz de Ryder soou baixa e tranquila, como mel. — Você está segura. Nada está acontecendo, acalme-se, amor.Amor? O estômago de Hael se revirou como se tivesse levado um soco.— Não! Pare com isso! — Liliam gritou, mais agressiva ainda.Hael deu um passo à frente, pronto para intervir, mas Ryder já estava perto dela, falando com calma, quase em sussurros.— Lily, você está segura. Somos nós. — Ele se abaixou, colocando a garrafa no
Na manhã seguinte, assim que Lily acordou, Hael foi procurá-la. Diferente da noite anterior, ela parecia a mesma de sempre. Um alívio percorreu seu corpo ao perceber que Liliam estava bem.— Lily. — A chamou com a voz rouca.— Bom dia, Minho. — Ela sussurrou.Ele não resistiu e a abraçou apertado, afundando o rosto no pescoço dela e inspirando seu aroma. Passara a noite inteira preocupado, pensando várias vezes em ir até a barraca dela, mas sabia que Ryder não o deixaria entrar. A ausência de qualquer movimentação o havia forçado a esperar.— O que foi? — Ela o abraçou, afagando os cabelos dele.Ele precisava perguntar. Aquilo o atormentava desde a noite anterior. Era ele ali, o homem em quem ela sempre confiou. Não havia motivo para Liliam se esconder dele. Depois do que presenciara, ele precisava saber o que ela estava escondendo.— Você... ah, querida... o que aconteceu ontem? — Ele perguntou, afastando-se para segurar o rosto dela. — É por isso que não estava dormindo? Você tem pe
Isabella observava Liliam perto do barril de água e decidiu se aproximar. Ainda estava preocupada com o que acontecera na noite anterior, mas não tocaria no assunto. Sabia que a morena não gostava de demonstrar fraqueza e que mencionar aquilo só a deixaria desconfortável.— Bom dia, Lily — cumprimentou animada, como de costume.— Bom dia, querida — Liliam respondeu com um sorriso. — Já comeu alguma coisa?— Já sim, não precisa se preocupar.— Hoje continuaremos a viagem. Amanhã chegaremos a uma aldeia onde será possível comer melhor e tomar um banho decente — comentou com animação, antes de completar com uma informação importante: — Ah, e não se preocupe. Estamos perto do acampamento do homem que pegou o seu pai.O rosto de Isabella se contraiu em preocupação.— Você acha que ele está vivo?Liliam hesitou antes de responder.— Existe uma possibilidade, especialmente se meu pai estiver lá — suspirou. — Mas não pense nisso agora. Concentre-se apenas em encontrá-lo.Isabella assentiu.—
Hael já havia visto Lily de vestido várias vezes quando eram mais jovens, mas nada comparado àquele. Ela estava linda e sexy demais — com suas curvas bem acentuadas, fazendo todos os homens do local admirarem-na. Seu sangue ferveu, mas, ao notar o leve desconforto dela, o ciúme desapareceu como névoa.Aquele não era o estilo de Liliam. Ele olhou para Isabella, provavelmente tinha sido ideia dela. Foi até Lily, observando os olhares se desviarem dela, agora mais próxima. Ele notou o colar que lhe deu à mostra em seu pescoço, e um sentimento de emoção passou por ele, enchendo-o de carinho.Isabella se afastou, os deixando sozinhos.— Estou diferente demais, né? — Ela sussurrou, levemente corada e encabulada.— Está linda, querida — comentou ele em um tom carinhoso —, mas sinto que está desconfortável.— Um pouco... Eu só não estou acostumada com isso. Prefiro minhas roupas.— Eu também... — sussurrou ele, olhando para ela.Na verdade, ele estava preferindo vê-la sem roupas, sua memória
Liliam olhou para Hael com descrença, completamente quebrada. Seu coração doía tanto naquele momento. Ela sabia que aquilo poderia acontecer — mesmo não querendo acreditar —, mas vê-lo se abrir para alguém que não fosse ela era devastador.Seu Hael… Não. Ele nunca foi seu. Talvez ele estivesse apaixonado.— Eu não esperava que você fizesse isso com outra pessoa.Hael franziu o cenho, confuso.— O que exatamente? — perguntou.Liliam o encarou, séria. Aquilo parecia tão irrelevante para ele que nem fazia ideia do estrago que acabara de causar. Um nó se formou em sua garganta, mas ela controlou-se ao máximo para não desabar. Chega de fraqueza. Ela já havia se exposto demais.— Estou falando do que você compartilhou comigo.Os olhos de Hael brilharam em compreensão.— Ah, sobre isso... Ela é uma amiga também. Não vi problema em compartilhar meu nome verdadeiro e parte da minha história com ela.Liliam sentiu como se uma faca perfurasse seu peito. Doía mais do que ela poderia suportar. Est
Tudo nela doía, principalmente o coração. Fugiu para o celeiro vazio, sentindo a dor crescer em seu peito. Queria gritar, socar algo, até mesmo atirar, mas não o fez. Aquilo havia acabado. Ela, enfim, se confessara, e a reação dele foi exatamente como esperava: assustado e atônito.Liliam soltou uma risada amarga. Nos sonhos, era diferente. Ela se declarava, ele a beijava com paixão, confessava que também a amava e os dois faziam amor desesperadamente. Mas a realidade era cruel, um choque doloroso.Estava quase certa de que seu amor por Hael nunca passaria. Era por isso que precisava se afastar depois daquela missão. Se ele continuasse em sua vida, nunca conseguiria seguir em frente. Ficaria presa naquele sentimento, sonhando com ele cada vez mais.E, pelo amor de Deus, ela queria uma vida real, queria filhos, queria um relacionamento verdadeiro. Mesmo agora, enquanto tentava se afastar, sua mente vagava, imaginando-se casada, feliz e com crianças correndo ao seu redor.— Arranque iss
Hael continuava parado no mesmo lugar desde que Liliam o deixou. Sentiu seus olhos arderem e as lágrimas descerem lentamente. Ela havia dito que o amava, não como uma irmã, mas como mulher. Deus... Todos o avisaram sobre o olhar diferente dela, mas, teimoso como era, ele se recusou a enxergar. Agora, tudo estava claro, e o jeito que ela o olhou... Ele a estava fazendo sofrer, e a última coisa que queria era machucá-la. Ela, não.Passou as mãos no peito, tentando aliviar o sufoco que sentia. Todo esse tempo ele fechou os olhos para o que estava bem diante dele. Como não percebeu? Agora... Deus...Com um golpe de raiva, socou a madeira ao seu lado, sentindo a dor latejar na mão, mas sequer se importou. Nada se comparava à dor que apertava seu peito.— Idiota! Burro! Covarde! — murmurou para si mesmo, frustrado.As palavras de Liliam ecoavam em sua mente. Ele não conseguia mais ficar longe dela. Só de pensar nisso, o desespero tomava conta. Passaram anos sem se ver, é verdade, mas às vez