Ao chegarem em casa, Margot e Andrew ainda não sabiam o que fazer com aquela informação. Nada iria mudar o plano deles, precisavam derrubar o italiano, independente de quem ele fosse.Mas não poderiam negar o quanto estavam chocados e confusos com aquilo. E dos dois, Margot era a mais calada, tinha algo a incomodando e Andrew estava louco para perguntar qual o motivo.Porém, preferiu não dizer nada. Ele daria Margot o tempo que ela precisasse para digerir tudo. Resolveu tomar um banho, a fim de relaxar. Com os olhos fechados, enquanto deixava as gotas caírem em seu corpo, só notou que a jovem estava com ele, quando a escutou dizer:— Eu ainda não consigo acreditar que o pai dela estava vivo todo esse tempo.— Nem eu. — Suspirou, tendo sua cintura rodeada por Margot. — Eu não sei se devemos contar isso para Matthew.— Toda essa mentira, o casamento dele com Joyce e o restante, foi arquitetado por Thierry. Acho que ele precisa saber.— Mas e se for pior para ele, Margot? Você viu como e
Margot não precisou usar de desculpas para poder sair.Andrew estava apagado no sofá da sala, cansado demais para ao menor ir para o quarto. Ela se aproveitou disso e tentando fazer o mínimo de barulho possível, deixou o apartamento, mas não antes de colocar um recadinho para ele em cima da mesa.Desejava com todas as suas forças que ele acordasse e visse o papel, quando fosse de manhã e provavelmente tivesse acabado com tudo. Ou ela estivesse acabada, quem sabe.Ao colocar os pés fora do prédio, viu mais dois homens de Stan. Ambos caminhavam em sua direção, mas ela decidiu não fazer nada, mesmo que sua vontade fosse colocar a mão na cintura e puxar a arma que estava ali.— Boa noite, Sanders. — Um deles se atreveu a puxar conversa, enquanto ela caminhava em direção ao seu carro. — O chefe pediu que a escoltássemos até o local. — Completou, esticando uma das mãos em sua direção.— Como se um dos dois fosse capaz de me segurar se eu resolvesse fazer algo. — Riu em desprezo e viu que os
Ela olhou para suas mãos mais uma vez.As algemas não estavam muito apertadas em volta de seus pulsos, mas de alguma forma ela sentia dor no local. Talvez fosse o peso de suas ações que a levaram até ali ou os olhares dos policiais e detetives, enquanto era encaminhada para a sala de interrogação.Era vergonhoso ser julgada apenas pelo que fez, sem os porquês estarem explícitos? Claro que sim. Porém sua mente não conseguia deixar de flutuar para como seu pai, Melinda, Gavin e principalmente Andrew, estavam. Abandona-lo no apartamento, com os capangas de Stan aguardando que ele desse um passo em falso. E se algo lhe acontecesse, seria culpa dela.Deus, toda aquela merda era culpa dela e Margot sabia bem disso.— Senhorita Sanders, meu nome é Cara Thompson. Sou a detetive de homicídios que irá trabalhar em seu caso. — A loira disse, terminando de fechar a porta atrás de si e batendo os saltos até se sentar de frente para Margot. — Pelo que me disseram, a senhorita se entregou de boa von
Matthew havia corrido para o encontro do amigo, preocupado com o tom de voz dele. Quando se encontraram no lugar marcado por Andrew, pediu ao amigo que lhe contasse exatamente o que acontecia.E apesar do cansaço emocional, contou sobre a noite estranha que teve. Andrew ainda estava tentando entender o porquê de tudo ter saído do controle daquela forma.— Ela se entregou? — Matthew finalmente se manifestou, chocado com aquela novidade e vendo a derrota estampada no rosto do amigo. — Precisamos tirá-la de lá, Drew.— Ela não quer. — O cansaço estava explicito em sua voz, enquanto bebia mais de seu café. — Eu sinceramente não sei o que fazer. Margot está presa, as vidas de todos estão em perigo e eu não faço a mínima ideia de como prosseguir.— Ok, então vamos fazer isso sem que ela saiba. — O amigo disse, sorrindo e dando um tapinha em seu ombro. — Nesse momento precisamos de Margot, Drew. Joyce está apavorada desde o dia do meu aniversário e anda pela casa como se tivesse visto um fan
Fazer o certo estava tirando um peso do peito de Margot, mas ela não seria hipócrita de negar o quanto era incrível voltar para casa. Mesmo que temporariamente e cercada de policiais.O coração estava mais leve, sabendo que o pai, sua irmã e Gavin contava com proteção policial. Poder tomar banho em casa, deitar-se em sua cama e dividir o espaço com quem amava, era bom demais para ser verdade.— O que foi? — Andrew pousou as mãos em sua cintura, chamando sua atenção.— Só estava pensando em como é bom ter liberdade, mesmo que assistida. — Respondeu, voltando seu corpo ao dele e tendo seu rosto beijado. — Obrigada por não ter me escutado.— Está tudo bem, só não me assuste assim novamente, ok? — Pediu, os olhos presos aos dela. — Você não sabe como foi angustiante acordar no meio da madrugada e encontrar apenas aquele bilhete. Tive medo de não te ver mais.Apesar da forma torturada das palavras dele, Margot sorriu. Era estranho se sentir feliz, por alguém falar que teve medo de perdê-la
Após distraírem os policiais, dizendo que precisavam de um tempo para descansarem. Com a porta trancada e em completo silêncio, eles começaram a arrumar as armas e munições que os policiais ainda não haviam confiscado, no corpo.O provável era que Joyce ou Thierry arrancassem pelo menos uma de cada, mas teriam mais algumas escondidas para casos de emergência.Trocaram suas roupas para algo mais apropriado para a rua, mandaram uma mensagem pelo celular de Andrew confirmando que estavam indo e fizeram uma das maiores loucuras, além dos últimos meses que estavam vivendo. Depois de conferirem se tudo estava pronto, aproveitaram que o apartamento atual – um dos investimentos da família Griffin –, ficava no primeiro andar e pularam a janela.— Não acho que podemos chamar isso de pular, se estamos praticamente no térreo. — Margot comentou aos sussurros, enquanto terminavam de checar o caminho. — Isso acabou com a parte legal da nossa fuga, droga.Andrew apenas riu, tentando não fazer barulho
Andrew abriu os olhos e pela primeira vez nas últimas vinte e seis horas, não sentia tanta dor. Talvez fossem os analgésicos fortíssimos ou fato de que deu sorte da bala – apesar de ter lhe atingido – não ficou alojada em sua perna e aparentemente não causou efeitos mais graves.Mas naquele momento sua única preocupação era com Margot. Quando levou o tiro, a dor era tão grande que nem ao menos conseguiu notar que sua companheira havia sido levada como refém por Thierry.Só ficou sabendo tudo o que se desenrolou depois de levar um tiro ao acordar no hospital.Eles haviam sofrido um acidente na fronteira de Sacramento com outra cidade e Thierry acabou morrendo, quando foi arremessado para fora do carro. Já Margot quebrou um braço e uma perna, além de ter tido uma contusão leve e estar sendo mantida em coma induzido, para uma recuperação mais rápida.Apesar de não querer admitir, ele estava aliviado em saber que dois dos três causadores dos problemas nas vidas deles, já não estavam mais
Sete anos depois...— Eu sei que é pedir demais para vocês, mas por favor, entendam. Não posso perder esse momento. — Sua voz atingia um tom quase desesperado, olhando para cada um de seus sócios.Depois da confusão em que Andrew esteve envolvido anos antes, vir à tona para toda a mídia, seus sócios lhe deram todo o apoio. Eles estavam prontos para expulsá-lo da sociedade, já que ficou por meses desaparecido, mas quando entenderam toda a situação foram compreensivos.Porém Andrew também não quis dar motivos para que perdessem a confiança em seu trabalho e nos últimos sete anos ajudou a transformar a 1984 em uma franquia de boates espalhadas por toda a Califórnia e abrindo a primeira em Nova Iorque em poucos meses.E era por isso que estava preocupado se iriam ou não lhe dar aquela folga fora de época. Mas era um dia em que simplesmente não poderia ficar no escritório. Naquele dia, em aproximadamente quatro horas, Margot finalmente estaria livre.Com a ajuda que proporcionaram aos poli