Narrado por Mallory Eu estava com um turbilhão de sentimentos enquanto observava os portões da mansão se abrindo. O lugar, que antes parecia um labirinto dourado onde minha liberdade estava presa, agora se sentia diferente. Algo dentro de mim mudou, e a sensação de estar voltando para casa me surpreendeu. Eu nunca imaginaria sentir isso, especialmente depois de tanto tempo tentando fugir de tudo.Assim que o carro parou, a porta se abriu, e Teresa apareceu correndo em nossa direção, com aquele sorriso acolhedor e cheio de energia. A maneira como ela me tratava me fazia sentir mais à vontade, mais aceita, como se fosse parte de algo maior.— Como está o neném da vovó? — Teresa perguntou, com aquele tom carinhoso que só ela sabia usar. Enrico, ao seu lado, franziu o cenho, aparentemente surpreso com a pergunta.Eu ri suavemente, um pouco nervosa, mas não pude evitar o alívio de estar ali, com eles, após tudo o que havia acontecido. Enrico, percebendo a leveza do momento, sorriu também,
Narrado por Dante Eu estava consumido pela raiva. O ódio que sentia por ter sido manipulado me corroía por dentro, o peso de ter destruído uma linhagem inteira. Mas, ao mesmo tempo, algo mais me inquietava – a culpa. Ela não me deixava em paz, e eu sabia que, de alguma forma, tinha contribuído para isso.Mas então, olhei para Mallory, observando como ela tomava o controle da situação. Era impressionante vê-la comandar tudo com uma calma e firmeza que eu ainda tentava entender. Minha mente estava turvada, mas ela parecia saber exatamente o que fazer. Meu pai entrou no escritório com o diário que Mallory havia mencionado, e eu sabia que, finalmente, estávamos prestes a descobrir mais sobre os segredos de Matteo e Victor.— Dante, ainda hoje preciso que me leve para a sede da sua máfia. Me mostre os principais computadores, preciso criar uma barreira para que ninguém consiga quebrar. — Mallory falou, interrompendo meus pensamentos.Ela tinha essa presença. Mesmo em meio a toda a confusã
Narrado por Enrico Era raro, quase inaudito, ver uma mulher falar com tanta firmeza e convicção no nosso mundo. Mallory era pequena em estatura, mas isso era irrelevante diante da presença imponente que exalava. Sua postura e o peso das palavras mostravam que ela havia sido moldada pelo legado do pai, um homem que, mesmo na morte, continuava vivo através dela. Sua educação foi claramente construída sobre valores de sororidade, autonomia e honra, valores raros no submundo em que vivíamos.Ela prosseguiu, a voz firme e cheia de propósito:— Não temos mais tempo para pensar, Dante, é hora de agir. É hora de mudar o sistema e atrair mais aliados. Meu pai era um homem de honra e, enquanto estava vivo, conquistou aliados leais porque entendia essa linha. Ele sabia que poder não vem apenas de armas ou dinheiro, mas de respeito e confiança. Tudo o que sei sobre as máfias e o submundo, eu aprendi com ele. Aprendi lendo os diários da minha família, estudando a linhagem dos Scott.Ela fez uma p
Narrado por Mallory Teresa se levantou, ajeitando o vestido com um ar resoluto, mas sereno, enquanto olhava para mim e Dante.— Mas por hoje, vamos todos descansar. — Sua voz soava como uma ordem disfarçada de sugestão. — E, mais uma coisa, acho mais seguro vocês dois voltarem para cá até que tudo esteja resolvido.Dante foi o primeiro a concordar. Ele se inclinou na cadeira, suspirando.— Tudo bem, ficaremos aqui. — Ele disse, lançando-me um olhar que parecia buscar a minha aprovação.Eu sabia que essa era a decisão mais sensata, mas ficar confinada me incomodava. Ainda assim, assenti. Não era o momento para discutir.Antes que a conversa encerrasse, resolvi acrescentar algo que havia ficado na minha mente desde o início dessa reunião.— Só mais uma coisa. — Falei, atraindo a atenção de todos. Meu tom era sério, mas firme. — Tenho pessoas de confiança na Sicília, aliados do meu pai, que ficaram extremamente satisfeitos com a derrota de Victor e Matteo. Essas pessoas respeitam minha
Narrado por Dante No dia seguinte, o sol mal havia despontado no horizonte quando fui despertado por batidas firmes na porta. Mallory ainda estava aninhada ao meu lado, seu rosto calmo em um raro momento de tranquilidade. Tentei persuadi-la a descansar mais um pouco, mas, como sempre, ela era teimosa demais para isso.Suspirei, relutante, e me levantei para abrir a porta. Minha mãe estava parada ali, impecável como sempre, com uma expressão séria, mas calorosa.— Desculpe acordar vocês tão cedo — ela começou, olhando além de mim para Mallory. — Chamei uma médica de confiança para fazer alguns exames em Mallory e ver como está o bebê. Achei que era melhor não adiar isso.Olhei de volta para Mallory, que já estava se mexendo na cama, claramente ouvindo cada palavra. Seus olhos encontraram os meus, e vi uma mistura de apreensão e curiosidade.— Mãe, você acha mesmo que isso é necessário agora? — perguntei, mantendo minha voz baixa para não a pressionar.Minha mãe arqueou uma sobrancelha
Narrado por Dante Mallory não me ouviu, muito menos minha mãe. Naquele momento, eu entendi que quando ela dizia não confiar em ninguém, isso não era uma metáfora — era uma regra de sobrevivência que ela seguia à risca.Sem hesitar, ela agarrou a mulher pelos cabelos, arrancando um grito agudo que ecoou pela casa. A médica se debatia, mas Mallory a arrastava com a determinação de alguém que não seria parado por nada nem por ninguém. Meu pai saiu do escritório, atraído pela confusão, e, ao se deparar com a cena, abriu um sorriso malicioso.— O que está acontecendo aqui? — ele perguntou, rindo baixo. — Já mencionei hoje que sou fã dessa garota?Mallory continuou, sem se abalar, levando a mulher até o jardim. Lá, parou ao lado de um dos soldados da casa e estendeu a mão para ele.— Me dê sua arma — ordenou, a voz carregada de autoridade.O soldado hesitou, olhando para mim em busca de instruções. Eu sabia que intervir naquele momento seria inútil. Mallory estava em um estado em que qualq
Narrado por Mallory A raiva ainda queimava dentro de mim quando fechei a porta do quarto atrás de mim. Minhas mãos tremiam, mas não de arrependimento. Pelo contrário, a certeza de que fiz o necessário me mantinha firme. Aquela mulher sabia o que estava fazendo, sabia que pisar aqui, na casa dos Caruso, com intenções tão claras, era assinar sua própria sentença.Não sou do tipo que abaixa a cabeça, e muito menos agora, grávida e lutando para proteger o que é meu. Dante pode achar que sou exagerada, que ajo por impulso, mas ele ainda não entende. Não cresci em um mundo onde hesitar era uma opção.Sentei-me na poltrona perto da janela, tentando me acalmar. Lá fora, o jardim estava silencioso, mas eu sabia que os soldados ainda estavam digerindo o que aconteceu. Que olhem, que aprendam. Meu passado me ensinou que confiança é um luxo, e luxos são perigosos nesse mundo.Dante entrou no quarto, fechando a porta com cuidado. Seu olhar carregava uma mistura de preocupação e exasperação.— Mal
Narrado por Mallory Eu acordei e olhei para o lado. Dante ainda dormia tranquilamente, sua respiração ritmada contrastando com o turbilhão que se formava em minha mente. Não conseguia descansar, algo dentro de mim gritava por respostas. Eu precisava levantar.Com cuidado, deslizei para fora da cama, tomando o máximo de precaução para não acordá-lo. Ele parecia tão sereno, tão longe das sombras que insistiam em me perseguir. Saí do quarto e desci as escadas em silêncio, meus passos quase inaudíveis enquanto me dirigia ao escritório do pai dele.Diante da porta, hesitei por um momento. Sabia que o que eu estava prestes a fazer poderia mudar muitas coisas, mas a dúvida era um fardo que eu não estava disposta a carregar por mais tempo. Respirei fundo, bati na porta e logo ouvi uma voz grave e firme:— Entre.Abri a porta e entrei. Ele estava sentado atrás da enorme mesa de mogno, os olhos fixos em alguns papéis, mas rapidamente ergueu o olhar, claramente surpreso ao me ver ali.— Sente-s