Narrado por Mallory A raiva ainda queimava dentro de mim quando fechei a porta do quarto atrás de mim. Minhas mãos tremiam, mas não de arrependimento. Pelo contrário, a certeza de que fiz o necessário me mantinha firme. Aquela mulher sabia o que estava fazendo, sabia que pisar aqui, na casa dos Caruso, com intenções tão claras, era assinar sua própria sentença.Não sou do tipo que abaixa a cabeça, e muito menos agora, grávida e lutando para proteger o que é meu. Dante pode achar que sou exagerada, que ajo por impulso, mas ele ainda não entende. Não cresci em um mundo onde hesitar era uma opção.Sentei-me na poltrona perto da janela, tentando me acalmar. Lá fora, o jardim estava silencioso, mas eu sabia que os soldados ainda estavam digerindo o que aconteceu. Que olhem, que aprendam. Meu passado me ensinou que confiança é um luxo, e luxos são perigosos nesse mundo.Dante entrou no quarto, fechando a porta com cuidado. Seu olhar carregava uma mistura de preocupação e exasperação.— Mal
Narrado por Mallory Eu acordei e olhei para o lado. Dante ainda dormia tranquilamente, sua respiração ritmada contrastando com o turbilhão que se formava em minha mente. Não conseguia descansar, algo dentro de mim gritava por respostas. Eu precisava levantar.Com cuidado, deslizei para fora da cama, tomando o máximo de precaução para não acordá-lo. Ele parecia tão sereno, tão longe das sombras que insistiam em me perseguir. Saí do quarto e desci as escadas em silêncio, meus passos quase inaudíveis enquanto me dirigia ao escritório do pai dele.Diante da porta, hesitei por um momento. Sabia que o que eu estava prestes a fazer poderia mudar muitas coisas, mas a dúvida era um fardo que eu não estava disposta a carregar por mais tempo. Respirei fundo, bati na porta e logo ouvi uma voz grave e firme:— Entre.Abri a porta e entrei. Ele estava sentado atrás da enorme mesa de mogno, os olhos fixos em alguns papéis, mas rapidamente ergueu o olhar, claramente surpreso ao me ver ali.— Sente-s
Narrado por Enrico Mallory estava à minha frente, com o olhar distante e os ombros tensos. Mesmo na postura mais vulnerável, ela ainda emanava a força inquebrável que a tornava única. Mas agora, ela sabia. Sabia o que nós, os mais velhos, tínhamos jurado proteger desde que ela era apenas uma criança inocente correndo pelos salões.“Você sempre foi o ponto de equilíbrio entre mundos que não deveriam coexistir”, pensei enquanto a observava.— Mallory — comecei, com um tom mais firme —, Victor não destruiu apenas sua vida. Ele tentou manchar a honra de todos nós, forçando mentiras para te afastar de quem realmente deveria estar ao seu lado.Ela me olhou, com os olhos brilhando em fúria e tristeza. Era um reflexo da Mallory Scott que eu via crescer, mas também da mulher que se ergueu das cinzas, moldada pela dor e pela traição.— Se vocês juraram me proteger, então por que ninguém me procurou? Por que me deixaram vagar sozinha, enquanto Victor me manipulava? — Sua voz era acusatória, mas
Narrado por Dante Eu acordei e estranhei o silêncio. A cama ao meu lado estava vazia, fria. Mallory sempre estava lá, mesmo que apenas por poucos momentos de tranquilidade antes de enfrentarmos o caos que nos cercava. Vesti-me rapidamente e desci para procurá-la.Quando me aproximei do escritório do meu pai, ouvi vozes. Enrico e Mallory. Fiquei parado por um momento, a mão na maçaneta, mas algo me fez hesitar.— Sim, quando eu te conheci você era apenas uma garotinha. Tinha 5 anos. Estávamos todos em um evento da máfia, aquele tipo de reunião onde rivais e aliados precisam se comportar — Enrico dizia, sua voz carregada de um tom nostálgico. — Naquela época, as coisas não eram tão caóticas quanto são hoje. Seu pai não tinha medo de te levar a esses eventos porque, naquele tempo, o respeito era maior do que a maldade. Eu me lembro de você… vestindo um vestido rosa, correndo e girando pelo salão, alheia a tudo ao seu redor. Dante também estava presente, mas ele tinha apenas 16 anos. Ele
Narrado por Mallory Eu não sabia exatamente o que havia acontecido, mas quando abri os olhos, percebi que já não estava no escritório de Enrico. Estava na cama, no nosso quarto. A luz fraca que vinha da janela indicava que já era noite, e o silêncio no ambiente era quase ensurdecedor.Olhei ao redor, tentando me situar, e foi então que o vi. Dante estava sentado na poltrona perto da janela, com os cotovelos apoiados nos joelhos e as mãos segurando a cabeça, como se o peso do mundo estivesse sobre ele.— Dante… — chamei, minha voz fraca, quase um sussurro.Ele ergueu a cabeça lentamente, e a visão dele partiu meu coração. Seus olhos estavam vermelhos, marejados, e havia um cansaço em seu rosto que eu nunca tinha visto antes.— Você estava chorando? — perguntei, preocupada, tentando me sentar.Ele se levantou rapidamente, vindo até mim. Com um gesto suave, me impediu de fazer qualquer esforço.— Não se mexa, Mallory. — Sua voz estava baixa, mas carregada de preocupação. — Você precisa
Narrado por Mallory Suas palavras me tocaram de uma forma que eu não esperava. Apesar de tudo, Dante estava ali, tentando, lutando. Talvez fosse hora de deixar de carregar tudo sozinha. Talvez, pela primeira vez em muito tempo, eu pudesse dividir o peso.— Eu confio em você, Dante. — As palavras saíram antes que eu pudesse pensar nelas, mas eram verdadeiras. O peso das minhas palavras parecia leve agora, como se eu estivesse finalmente deixando a barreira entre nós cair.Dante me olhou por um momento, os olhos ainda tingidos de dor, mas havia uma centelha de alívio neles. Ele parecia mais relaxado, como se, por um breve instante, o mundo tivesse desacelerado e ele tivesse encontrado um pouco de paz.— Mas me diga, uma suposição, você tem algo em mente? — ele perguntou, sua voz baixa, mas carregada de uma curiosidade que só ele sabia como transmitir.Eu respirei fundo, sentindo uma pressão crescente em meu peito, mas continuei, sabendo que precisava dizer o que estava me atormentando.
Narrado por Enrico Eu sabia que não deveria ter deixado tudo chegar a esse ponto. Cada movimento que fizera até agora me colocava mais perto de uma linha tênue, entre a proteção de minha família e a guerra que se aproximava. Mallory estava no quarto, descansando, e eu, em meu escritório, tentava organizar os pensamentos enquanto a tensão no ar parecia pesar cada vez mais.A situação estava se arrastando, como uma tempestade prestes a se formar no horizonte. O acordo de sangue assinado no passado, as promessas que fizemos àquela menina que cresceu para se tornar uma mulher forte, tudo isso pesava sobre mim de maneiras que eu não sabia como controlar.Eu estava apenas tentando fazer o que era certo para todos nós, para ela, para Dante, e até mesmo para mim. Eu tinha feito muitas escolhas difíceis, algumas delas por medo, outras pela necessidade de manter a paz. Mas o que eu não esperava era o quanto uma guerra interna poderia corroer o que parecia estar estável.Levantei-me da mesa e c
Narrado por Teresa Eu sempre soube que a vida na máfia exigia sacrifícios, mas ver Mallory enfrentar tudo isso enquanto carrega uma nova vida dentro de si era algo que me arrancava o sono. A lealdade que eu sentia por ela não era só fruto de obrigação; era um instinto, uma necessidade de protegê-la a qualquer custo.Entrei no quarto dela com uma bandeja de chá e frutas. Ela estava sentada na cama, tentando disfarçar o cansaço. Mallory sempre teve essa força inabalável, mas agora, com tudo o que estava acontecendo, eu sabia que ela estava lutando contra um turbilhão por dentro.— Como você está se sentindo? — perguntei, colocando a bandeja ao lado dela.— Estou bem, Teresa. Não precisa se preocupar tanto — ela respondeu, mas a fadiga em seus olhos contava outra história.— Você é péssima em mentir para mim, Mallory — retruquei, suavizando o tom com um sorriso. — Eu sei que está preocupada, mas precisa se poupar. Não é só a guerra lá fora que importa agora, é o bebê aqui dentro.Ela su