Narrado por Dante Eu não a puni e deixei passar. Meus soldados me lançaram olhares confusos, mas eu não dei explicações. A verdade era que, se algum deles tivesse feito algo a ela—tocado-a, insultado-a—eu mesmo teria lidado com ele. E teria sido dez vezes pior.Saí dali com a cabeça fervendo. Tudo em mim gritava para ir até ela, mas eu lutava contra o impulso. Mallory era como um ímã, e quanto mais eu tentava manter distância, mais forte era a atração. Ela me desafiava, me provocava, me desarmava de maneiras que nenhuma outra pessoa jamais havia feito.Sem perceber, meus pés me levaram até ela. Quando entrei na sala, encontrei minha mãe sentada em uma poltrona, a postura rígida e o olhar fixo em Mallory, que estava no sofá, olhando pela janela.Minha mãe observava Mallory com a intensidade de quem tentava decifrar um enigma impossível. Havia um misto de curiosidade e cautela em seu olhar, como se Mallory fosse uma fera indomável que ela precisasse entender antes de decidir como lidar
Narrado por Mallory Eu estava cansada. Cansada de ser forte o tempo todo, cansada de fingir que tudo estava bem, como se eu fosse uma pedra, inabalável e fria. Mas, por dentro, eu estava quebrada. As palavras de Enrico ainda ecoavam em mim como uma sombra, algo que não poderia escapar, algo que me prendia, me consumia.Era como se eu soubesse apenas uma parte da história. A minha história. Só sabia sobre a dor, a perda, o vazio. E, agora, ao contrário de tudo o que tentei esconder, comecei a me sentir vulnerável. Aquele desejo de vingança, de destruição, já não fazia mais tanto sentido. Eu só queria entender o que estava acontecendo, entender o que me fez ser quem eu sou, entender o que me tornava tão obcecada por respostas.Eu não deveria me importar. Dante era um homem que eu queria ver de joelhos, que eu desejava destruir, mas, por alguma razão que eu não conseguia controlar, ele ainda me intriga. A morte de seu irmão, a forma como ele se fechou sobre isso, e a ideia de que ningué
Narrado por Dante Eu a abracei, ignorando o instinto que me dizia para manter distância, para não cruzar essa linha que, em outras circunstâncias, poderia custar caro. Mesmo assim, arrisquei. Sabia que ela poderia me afastar, me xingar, ou até mesmo me atacar — algo que não seria inesperado vindo de Mallory. Mas naquele momento, nada disso importava. Tudo o que eu queria era tentar confortá-la, mesmo que apenas por um instante.Para minha surpresa, ela não recusou. Seu corpo rígido não ofereceu resistência, mas também não retribuiu. Era um gesto vazio, mas, ao mesmo tempo, cheio de algo que não conseguia decifrar.Isso me deixou inquieto. A Mallory que conhecia não era assim. Ela sempre carregava o peso de sua força, sua raiva, como um escudo impenetrável. Agora, em meus braços, parecia quebrada. O som de seu choro abafado contra meu peito fez algo dentro de mim estremecer. Não era a sensação de vitória ou domínio; era algo muito mais profundo e incômodo.— Você não precisa passar po
Narrado por Enrico Eu sabia que ela estava em casa, mas vê-la com meus próprios olhos me abalou de uma forma que eu não esperava. Mallory… Ela me levou de volta a um passado que eu preferia esquecer, a um tempo em que a dor ainda não havia se instalado em meus ossos e as cicatrizes do destino estavam distantes. Ela não se lembrava de mim, mas eu me lembraria dela, não importa quanto tempo passasse.Aquela pequena garotinha de cabelos pretos e olhos verdes, correndo pelos salões com um vestido rosa, seu olhar meigo e encantador. Eu a observava brincar como se fosse uma visão fugaz, algo inocente, algo que o tempo jamais deveria corromper. Mas o tempo, implacável como sempre, havia feito o seu trabalho. Mallory agora não era mais a mesma. O sorriso doce e o olhar de pura curiosidade tinham dado lugar a uma mulher que, com uma língua afiada, não hesitava em defender o que ela acreditava ser certo.Ela não se parecia mais com a menina que eu lembrava, e aquela mudança me atingiu de forma
Narrado por EnricoEu a encarei por um momento, percebendo o quanto ela era mais forte do que eu imaginava. Mallory não era apenas sobrevivente; ela era uma força que desafiava tudo ao seu redor.— Muito bem — suspirei, levantando-me lentamente da cadeira. — Mas saiba que as respostas que você busca podem mudar tudo, Mallory. Inclusive o que você sente por Dante.Ela franziu a testa, mas não disse nada. Seu olhar dizia tudo: ela não estava preocupada com Dante. Ela queria a verdade, e nada menos que isso.— Vou te contar o que sei — comecei, sabendo que não havia mais volta. — Mas o que você fará com isso será sua decisão.Mallory se aproximou, os braços cruzados, pronta para ouvir.— A morte de Stefano foi o ponto de ruptura entre as famílias — confessei. — E sim, acreditávamos que seu pai era o responsável. Mas… há coisas que nunca foram ditas, verdades enterradas que talvez nem mesmo Dante saiba.Mallory estreitou os olhos, analisando cada palavra minha, como se procurasse a mentir
Narrado por Dante Meu pai me deixou sozinho no escritório, mas suas palavras continuaram ecoando como um sino incessante: “A verdade te devastou, Dante.” Ele se referia ao dia em que descobri que Stefano, meu irmão, havia sido morto por alguém de dentro da nossa própria máfia. Um traidor que soube manipular cada peça do tabuleiro até que eu fizesse exatamente o que ele queria: destruir a família Scott.Meus punhos se fecharam enquanto eu me recostava na cadeira, sentindo o peso da culpa se enraizar no meu peito como uma faca afiada. Mallory. Cada vez que eu olhava para ela, era como se fosse arrastado para um mar revolto, cheio de arrependimentos e emoções que eu mal sabia nomear.Ela era a última sobrevivente dos Scott. E, ironicamente, a única pessoa que conseguia fazer minha armadura rachar. A única que me fazia sentir algo além de ódio e dor. Mas isso não mudava nada. Eu sabia o que fiz. Minhas mãos estavam sujas do sangue da família dela, e não havia como lavar isso.Levantei-me
Narrado por Mallory Estar com ele ali, tão vulnerável à minha frente, fazia com que eu quisesse esquecer do passado, nem que fosse por apenas um minuto. Queria deixar de lado a dor que sempre me acompanhava e me entregar ao desejo nítido que ainda queimava entre nós. Mas, por mais que eu tentasse, algo ainda me impedia.Mesmo que fosse difícil de admitir, as palavras do pai dele, explicando a versão dele dos acontecimentos, mexeram comigo de uma maneira que eu não conseguia ignorar. Vê-lo ali, tão exposto, tão humano, tão… quebrado, me fazia questionar tudo o que eu acreditava ser certo.A verdade, que eu tentava esconder até de mim mesma, era que nós dois éramos iguais. Dois fudidos, dois traumatizados, dois machucados por um mundo que nunca foi justo. Ele, com suas ações irreparáveis, e eu, com a ferida aberta do que perdi. Nos dois havia a dor de um passado que não podia ser apagado, e, no entanto, lá estávamos, tentando encontrar algo que nos fizesse sentir vivos de novo, apesar
Narrado por Dante Eu me vi perdido no desejo que tomava conta de mim, um desejo tão forte que as palavras pareciam irrelevantes diante do que estávamos compartilhando. Cada beijo, cada toque, cada suspiro dela só aumentava a intensidade do que eu sentia. Eu não conseguia acreditar que estava ali, naquele momento, com ela, mas meu corpo não mentia. Eu queria tudo dela, e ela queria tudo de mim.Mallory era uma tempestade, um furacão que havia invadido minha vida e destruído tudo o que eu pensava que sabia sobre mim mesmo. Ela era minha obsessão, a dor e o prazer entrelaçados de uma forma que eu nunca imaginei ser possível. Eu sabia disso, sabia que estava me perdendo nela, mas naquele instante, nada mais importava.Segurei suas pernas, sentindo a suavidade de sua pele, e minhas mãos desceram lentamente, traçando o caminho até seu ponto mais sensível. Seus gemidos ecoaram pelo quarto como uma música que me embriagava, e eu me perdi ainda mais naquele som, naquele calor. Não havia press