Yara empurrou a porta da sala de estar com cuidado, o rangido das dobradiças ecoando no silêncio. Seus olhos caíram sobre a figura encolhida em um canto, era Star, que estava soluçando baixinho.Seu coração disparou. Ela caminhou apressadamente em direção a Estrella, com a testa franzida de preocupação, e chegou ao seu lado.— O que há de errado, Estrella? Por que está chorando? — perguntou Yara, com a voz tingida de ansiedade, imaginando dezenas de cenários.— É o Jericho — sussurrou Estrella entre soluços.— O que aconteceu com meu irmão? — perguntou Yara, ansiosa.— Estávamos conversando no telhado hoje, olhando para a paisagem, e ele teve outro colapso. Tenho medo, Yara, de perder aquele idiota — murmurou Estrella, ainda soluçando.Ao ouvir isso, Yara sentiu um nó no estômago. Ela não entendia por que esses episódios de Jericho continuavam se a maldição deveria ter sido quebrada com o transplante de coração de Harvey. Então, por que seu irmão ainda estava sofrendo?— Como isso ain
Com um passo firme e uma expressão de desaprovação, a mulher caminhava pelos corredores do castelo, com a saia fazendo um leve farfalhar ao se chocar contra a parede.Em suas mãos, ela carregava uma cesta coberta com um lenço bordado, que escondia as ervas estranhas e os unguentos solicitados por Minerva, além da roupa do rei.Chegando ao quarto de Minerva, ela colocou a cesta sobre a mesa de madeira e revelou seu conteúdo.—Aqui está tudo o que você pediu —disse em voz baixa, quase como um encantamento em si.—Excelente —respondeu Minerva, com os olhos brilhando de expectativa—. Agora, veja.Seus dedos dançaram sobre os ingredientes, entrelaçando-os com palavras antigas e gestos precisos. Um flash de luz emergiu de suas palmas, banhando a mistura em um brilho sobrenatural.—O feitiço está completo —anunciou ela após alguns instantes, voltando-se para a mulher com um sorriso malicioso e despejando a mistura em um frasco—. Certifique-se de que ele engula completamente.—Entendo —respon
A sala estava em silêncio, a tensão no ar era palpável, mas ninguém ousava desafiar a decisão do rei naquele momento, mesmo que discordasse.O rei olhava para seus convidados, especialmente para seus netos. A influência do feitiço estava lá, mas uma parte dele, lá no fundo, ainda lutava. Ele sabia que algo estava errado, que sua vontade estava sendo manipulada, mas não conseguia quebrar o domínio de Minerva sobre ele, por mais que quisesse.Apesar do incômodo e da descrença que inundaram Yara, Brad e Estrella com a notícia chocante do noivado do rei com Minerva, eles decidiram esperar — a paciência era uma virtude.—Vamos fingir que aceitamos a decisão deles, temos que ser espertos. Aprendi que quanto mais você se opõe ao meu avô, mais resistência você recebe dele —murmurou Brad em um tom baixo para que apenas eles pudessem ouvir—. Vamos parabenizá-los e aceitar a decisão deles.—Sim, mas precisamos fazer algo com urgência. Caso contrário, Minerva assumirá o controle de todo o reino,
Brad e Yara voltaram juntos para a alcateia, mas foram direto ver o filho. O menino se remexia nos lençóis, com a respiração tranquila, um testemunho silencioso da vitalidade que corria em seu corpo jovem.O casal olhou para o filho, cujas bochechas haviam recuperado a cor em apenas dois dias. O sangue licantropo que corria em suas veias havia feito o que parecia ser um milagre.—Ele está melhorando —murmurou Brad, com um misto de alívio e espanto.—Graças à sua herança —respondeu Yara, inclinando a cabeça para acariciar os cabelos escuros do menino adormecido.Brad se voltou para Yara e, com um gesto carinhoso, depositou um beijo em sua testa.—Sinto muito, Yara —disse ele, com a voz quase em um sussurro—. Por tudo, pelo passado, porque eu estava cego pela raiva e agi como um idiota, e agora pelo presente, porque nossa vida juntos... é uma batalha constante.Yara olhou para cima, encontrando seus olhos carregados de culpa.—Do passado, qualquer um pode cometer um erro. E agora, a cul
Os passos de Brad ecoavam pelo corredor silencioso, seu coração batia forte com uma mistura de arrependimento e resolução. Ele não gostava de ter que enganar o avô, mas estava fazendo isso para o seu próprio bem; não podia permitir que Minerva o destruísse como havia destruído seus pais.Ele parou na pesada porta de carvalho do escritório de seu avô, respirou fundo e a abriu sem bater.—Avô —ele começou, e encontrou o rei sentado atrás de uma escrivaninha cheia de mapas e pergaminhos.O homem olhou para cima, com os olhos afiados como um punhal.—Avô, eu concordo com a união, acho que é a coisa certa a fazer se isso o deixa realmente feliz —disse ele com um tom de calma que não sentia.—E o que o faz pensar que sua opinião é importante agora? —A voz de seu avô era fria, desdenhosa.—Achei que gostaria que seus netos estivessem do seu lado —disse ele, e por um momento seu olhar e o do avô se encontraram, e ele assentiu.—Tudo bem, então.—Avô, e com relação à união da minha alcateia co
—Este é o seu fim! —gritou Estrella, segurando o frasco de poção no alto. Mas antes que ela pudesse terminar seu encantamento, Minerva se interpôs com uma risada zombeteira.—Tarde demais, minha querida! —cuspiu Minerva, lançando-se violentamente sobre ela.Seus corpos se chocaram e, na luta, o frasco escorregou das mãos de Estrella, caindo no chão do grande salão.—Você acha que vai ganhar? —Minerva riu ao olhar para o frasco quebrado e os cristais espalhados. —Sua magia não é páreo para mim.Estrella a empurrou furiosamente, mas Minerva já havia indicado os guardas.—Peguem-na!Foi então que Jericho, com seus instintos de lobo e proezas de guerreiro, aproveitou a distração. Ele pegou o outro frasco que Estrella havia lhe dado e o arremessou com toda a sua força contra o Rei.—Cuidado, majestade! —Oslo, aparentemente protegendo o rei, deu um passo à frente e enfiou a mão. O impacto fez com que apenas algumas gotas do elixir chegassem ao monarca.—Guardas, detenham todos eles! —ordeno
As árvores pareciam um mero borrão, enquanto Brad e Jericho perseguiam Oslo com fúria e determinação ardente em seus olhos. Harvey estava em perigo, e não havia tempo a perder.O ar fresco da noite não aliviava o calor que ardia em suas veias, uma mistura de adrenalina e fúria animal. Não havia palavras entre eles, apenas o entendimento mútuo da caçada.—Aqui! —gritou Brad, apontando para a frente.Ao se aproximarem do traidor, vários dos licantropos que antes eram leais a Brad e Yara ficaram em seu caminho, bloqueando sua passagem. Traiçoeiros, com sorrisos zombeteiros e olhos injetados de sangue.—Vamos pegar você, Oslo! —gritou Jericho, atacando o primeiro homem que se interpôs no caminho.—Eles não vão conseguir passar! —respondeu um dos traidores, ainda rindo com prazer.A luta eclodiu com violência desenfreada. No início, os confrontos eram em sua forma humana. Os punhos se chocavam com força brutal. Brad, com os nós dos dedos já ensanguentados, sentiu o lobo dentro dele clamand
Por alguns segundos, a ponte ficou em um silêncio assustador após a terrível queda de Harvey. Brad e Jericho ficaram imóveis, com os olhos cheios de lágrimas e o coração partido pela perda do garotinho.Oslo, por sua vez, soltou uma gargalhada maníaca, como se tivesse obtido a vitória definitiva.No entanto, a vitória de Oslo durou pouco. A loucura que o levou a cometer tal ato de crueldade logo se voltou contra ele.—Não! —O grito agudo de Brad cortou o ar frio quando ele percebeu que seu filho havia sido lançado ao vazio, vítima de um ato cruel.A fúria ardia em seus olhos, uma chama incandescente que consumia qualquer traço remanescente de humanidade, de modo que, segundos depois, em uma explosão de poder sobrenatural, seu corpo se contorcia e mudava, a transformação varrendo sua forma humana em menos tempo do que se levava para piscar, e ele atacava Oslo com uma bestialidade implacável.O lobo surgiu em fúria, uma fera majestosa e aterrorizante, cada músculo vibrando com força bru