A obsessão

A hora da saída se aproximava.

Alyssa, com um brilho nos olhos, observava Klaus concentrado no trabalho, ora digitando, ora fazendo rascunhos na agenda.

O plano de se aproximar mais do assistente e entender porque a evitava virou sua obsessão.

Uma obsessão que precisava ser explorada e aquele era o momento. Molhou os lábios com a ponta da língua e levantou-se.

O movimento chamou a atenção de Klaus, que parou o que fazia. A pincelada rápida do olhar penetrante sobre ela, deixou-a estremecida.

Ele não era imune, mas também não cedia. Aquele impasse a atraia mais.

Apoiou as mãos sobre a mesa dele. Sustentou seu olhar enigmático e falou:

— Klaus, estou com uma ideia de marketing e preciso muito da sua opinião, pois papai voltará de férias depois de amanhã e se estiver tudo organizado, terei mais chance de conseguir uma boa verba para a divulgação do projeto.

— Claro, pode contar comigo... — Ele desviou os olhos para a a tela do laptop — Amanhã, certo? É que hoje não dá mais tempo...

Disfarçando suas reais intenções, ela continuou, de forma ocasional:

— Bom... Pensei em dar uma esticada e discutirmos o assunto em um lugar relaxante. Que tal um jantar? — Alyssa notou o olhar de Klaus se intensificar, mas ele não respondeu logo, como se avaliasse se deveria aceitar ou não. O que havia por trás daquele homem que não parava de lutar contra si mesmo? — Lógico, Se não tiver nenhum compromisso...

— Não. — Ele cedeu, soltando o ar pela boca, como se estivesse se livrando de um fardo. — Seria muito bom, Alyssa! Tem um restaurante novo perto daqui, que a comida é divina, e o ambiente é tranquilo para planejarmos!

— Perfeito! — Ela exibiu um sorriso animado — Já estou imaginando as ideias fluindo!

— Então, combinado. Posso apresentar alguns dados da pesquisa de mercado que fiz e pode ajudá-la bastante.

— Ótimo! Mal posso esperar para te mostrar tudo!

Houve um breve silêncio na sala. A repercussão da fala dela dava margem a um sentido erótico. Pareceu-lhe que Klaus estava se segurando para não atacá-la.

— Ansioso pra ver.

A resposta dele, quase um sussurro, lhe causou um tremor de molhar a calcinha. Continuavam falando só de trabalho? O tempo diria.

— Vou só encerrar aqui. — Ele desviou o olhar para o laptop, a voz rouca alimentando as esperanças dela.

— Ok. Eu também.

Alyssa, radiante, afastou-se, já imaginando a conversa e a possibilidade de uma aproximação mais íntima com Klaus.

Quando chegaram ao restaurante, Alyssa aprovou de imediato o estabelecimento aconchegante com iluminação suave e uma música clássica grega que tocava ao fundo.

Fizeram os pedidos e em seguida, para quebrar o gelo, Klaus comentou:

— Aqui eles usam o azeite Petrakis, sabia?

Ela estava tão compenetrada em estar ao lado dele que nem havia percebido. Em cada mesa, havia a garrafa do azeite. Que gafe!

— Oh, sim, eles tem bom gosto. Dá um toque especial no souvlaki... Ou melhor, realça muito o sabor de pratos simples aos sofisticados e não é propaganda enganosa não! Já fiz uma pesquisa de campo sobre a paixão dos clientes pelo nosso azeite. Com tanto feedback positivo lancei um concurso de posts de clientes mostrando seus pratos favoritos com o azeite e viralizou.

— Sério? E qual foi a premiação?

— Um jantar por nossa conta ao casal vencedor e descontos promocionais durante um ano dos nossos produtos.

— Muito bom! Agora sei porque os donos dos restaurantes mantêm o azeite Petrakis. Terão mais chances de ter visibilidade.

— Acertou em cheio!

Nesse instante, chega a entrada. Uma porção de Dolmades, folhas de uva recheadas com arroz e ervas. Para acompanhar, um vinho branco Sauvignon Blanc.

Começaram a se servir e mais descontraído, Klaus continuou o assunto.

— Na verdade, não é surpresa para mim tanto sucesso. Vocês já estão a muito tempo no mercado e o azeite é maravilhoso. O sabor do azeite é rico, frutado, com um toque levemente picante que equilibra os pratos com perfeição. Então perde, quem não usa.

— Uau! Obrigada pelo elogio. — Ela sorveu um gole do vinho. — estou impressionada com seu paladar!

Ele sorriu, e fixando o olhar na taça de vinho que segurava, disse:

— Consigo extrair sabores sem dificuldade, mas sou imbatível mesmo é com vinhos.

— Mesmo? Não sabia! Como conseguiu essa habilidade? Trabalhava antes como degustador em Vinícolas?

Ela perguntou num tom divertido, mas Klaus voltou a ficar sério.

— Não exatamente. — Uma sombra de tristeza atravessou o olhar de Klaus. — Meu pai e os seus ancestrais sempre estiveram envolvidos na cultura do vinho, na Itália. Na década de 80 ele veio de passagem para cá e se apaixonou pelas terras gregas e pela minha mãe, é claro. Ele me ensinou tudo sobre vinho. Do cultivo até as técnicas de degustação. O sonho dele era ser um grande empresário na área vinícola. Pena que não conseguiu.

Klaus parou de falar e Alyssa ficou com o coração apertado. Mesmo sem ele não citar a palavra morte, imaginou que o pai já havia partido. Sem pensar duas vezes, cobriu a mão dele, com as suas mãos e fitou-o no fundo dos olhos.

— O sonho ainda não acabou. Tenho certeza que tudo o que ele ensinou a você não foi em vão.

Assim que terminou de falar, a tensão tomou conta de Klaus que resistindo ao toque, afastou suas mãos, ao mesmo tempo que o maitre voltava com o prato principal, um mussaka (purê de berinjela com carne moída e molho bechamel).

— Meu pai se foi, mas o sonho dele se tornou o meu. — Ele abaixou o olhar e o sorriso era triste. Em seguida levantou a taça para um brinde. —Aos sonhos.

Para mudar o curso da situação que se inclinava para a tensão, enquanto jantavam, ela resolveu falar de um assunto neutro: o projeto de marketing a ser apresentado na Companhia e passaram a discutir o assunto num tom profissional.

Ainda assim, Alyssa estava cada vez mais intrigada com o comportamento estranho de Klaus. Ele se protegia com o muro impenetrável da frieza e ela ficovamais tentada em desafiar o obstáculo que se firmava entre eles. Até quando ia suportar aquela tortura?

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