Eles estavam em chamas. As mãos deslizavam numa procura insana por mais prazer. — Alyssa... Não consigo parar....Ela gemeu de satisfação ao ouvir as palavras que até então faziam parte somente das suas secretas fantasias. Pena que um barulho na maçaneta da porta, quebrou o encanto do clima intenso, deixando para trás um rastro de calor e excitação entre os dois. Eles pararam e tentaram se recompor o mais rápido possível.— Senhorita Petrakis? — Alyssa reconheceu a voz da secretária. " Droga! Justo agora?"Veio em seguida as batidas na porta. Mirtes não ia desistir. — Um momento! — Alyssa respondeu, enquantoaguardava Klaus voltar para o retroprojetor. Aproveitou para ajeitar a saia e a blusa por baixo do tailleur. Com as pernas bambas, abriu a porta. Mirtes observou o rosto afogueado e o busto arfante de Alyssa. Por um instante, franziu o cenho, como se quisesse encaixar as peças do que realmente estava acontecendo. Abriu a boca como se fosse fazer um comentário. Desistiu ao
(Tempo Presente)— Alyssa? — A voz de Saulo interrompeu as lembranças do passado e como se houvesse saído de uma máquina do tempo, olhou para o irmão, ainda ressentida com ele. — Vai ficar aí contando quantas formigas tem no jardim?Dos irmãos, Saulo era o mais hilário da família e sempre lhe dava motivos pra sorrir, menos naquele instante. Tudo o que queria era distância daquele traidor.Evitando olhá-lo nos olhos, fixou-se no ambiente florido do jardim público de Fira.— Será que não posso ter um minuto de paz? Ele continuou no mesmo lugar, com as mãos no bolso.— Por favor, Alyssa, tenha bom senso. Precisa voltar. Esqueceu que precisa me ajudar no stand?— Quero ficar sozinha! E se pensa que vou perdoar você, se enganou!Saulo suspirou como se fosse um soldado cansado de guerra. As palavras de protesto da irmã eram compreensíveis, porém não podia desistir fácil. Ele se aproximou de um galho florido, esticou o braço e pegou uma delas. Em seguida, com certa cautela foi até Alyss
( Klaus)À noite, enquanto as visitas aos stands aconteciam na praça do Fórum, os empresários foram direcionados para os workshops e palestras que aconteciam próximo ao lugar do evento. Klaus olhava o relógio, com insistência. O coração palpitava rápido e sua concentração na palestra "Inovações Sustentáveis no Mercado Gastronômico" era desanimador. Não que o assunto fosse chato, o palestrante era excelente, mas se fosse escolher, deveria estar no workshop com o tema " Soluções Eficazes contra Pragas nas Videiras", mas segundo sua amiga Hilda, Alyssa estava inscrita na palestra. Garantir a oportunidade de ficar por perto era sua prioridade. Com uma ressalva. Seria mais cauteloso na reaproximação.O reencontro pela manhã foi um desastre e queria reparar o seu erro, mudando de estratégia. Desejava não cair na besteira de pressioná-la a ter uma conversa sobre algo que certamente para ela ainda era doloroso. Enquanto o pensamento voava para uma direção bem distante do conteúdo da pa
( Passado)Após algumas semanas em Atenas, Klaus pegou o voo com destino a Santorini para visitar à mãe, no final de semana.Enquanto se ajeitava no assento, sentiu um friozinho na barriga. Umas linhas de preocupação surgurqm na testa. Voltar para casa não era bem o que imaginara à princípio. Era como se estivesse traindo a mãe. O que ela faria se soubesse que os planos de vingança contra os Petrakis não havia nem começado?A sensação era que o destino ou os deuses lhe pregou uma tremenda armadilha.Depois de tanto tempo se preparando para vingar-se dos Petrakis, e o que aconteceu? Simplesmente teve o azar de ficar atraído logo à primeira vista por alguém que não deveria.Como que a mulher estonteante com quem trocou um rápido diálogo no elevador tratava-se de Alyssa Petrakis? Justo ela? Muito azar.Recordou-se do dia em que recebeu o telefonema da empresa, admitindo-o como funcionário. Uma dupla vitória. Considerou que finalmente iria se vingar dos Petrakis e como bônus, sairia
A mesa do jantar estava adornada com uma toalha de mesa simples. No centro, um pequeno vaso com flores silvestres. A atmosfera deveria ser aconchegante, refletindo a simplicidade e o sabor da culinária grega, mas havia tensão no ar.Eleni Ferranti havia preparado um Briam, composto por berinjela, abobrinha e pimentão assados com azeite, alho e ervas, acompanhado de arroz branco e uma porção de feijão verde cozido. Ao lado, um frango assado simples, temperado com limão e orégano. Ela ouvia com atenção o relato de Klaus sobre suas primeiras semanas na Companhia Petrakis.A explanação dele era evasiva. Bem diferente do que esperava. Notou algo além na voz dele. A maneira que Klaus pronunciou o nome de sua chefe e como seus olhos brilharam ao falar dela, mexeu com o seu pressentimento. Algo estava errado.Lembrou-se da filha de Heitor Petrakis, dos jornais e da tv. Era um mulher linda, comunicativa e aquilo a incomodou. — Então é isso, mãe! Estou conquistando a confiança de todos
Após o dia do jantar com Alyssa, o tempo passou rápido. Era o momento da reunião e logo, a primeira emoção que dominou a sua alma foi o ciúme.Os elogios que Alyssa recebeu dos colaboradores e o sorriso dela de volta fez o seu sangue ferver em ira.A outra emoção foi o ódio.Heitor Petrakis apareceu finalmente. Lembrou-se do motivo principal da sua vingança. A raiva era tão grande que seu maxilar doeu de tanto pressionar. O turbilhão de emoções durante toda a palestra o consumia. De um lado, as vozes da sua mãe, clamando por justiça. Do outro, o olhar implacável de Heitor e a humilhação que ele e a mãe sofreram no passado e agora para complicar tudo, o seu desejo desenfreado por Alyssa.Mas o ápice das suas emoções contraditórias foi quando terminou a reunião. O desejo entrou em cena.Foi pego de surpresa com o pedido de Alyssa. Um abraço. Sem resistir à paixão, fez o que desejava há tempos. Beijá-la foi como ser transportado para o paraíso. Não queria pensar em mais nada, apen
( Tempo presente)Klaus ouviu uma movimentação durante a palestra e curioso, notou que mais pessoas chegavam ao auditório. Entre eles, Alyssa acompanhada do irmão ocuparam assentos na mesma fileira onde estava. Sem se importar se alguém o julgaria, continuou admirando a ex, afinal, a maioria ali sabia que antes eram marido e mulher, então sem delongas passeou o olhar por ela, suspirando de amor.Como se pressentissse que alguém a fitava intensamente, Alyssa foi atraída e os olhos se encontraram. Por uma fração de segundos, ele conseguiu captar uma certa emoção nos lindos olhos verdes, mas rapidamente apagou e ela voltou a atenção para o palestrante, como se não houvesse acontecido nada.Alyssa se sentou ereta e tensa. A linguagem corporal demonstrava o desconforto emergente, pronta para fugir a qualquer momento. Com um aperto no coração, percebeu as mãos dela apertadas no colo. " Oh, Alyssa, por que se tortura tanto?"Estava tão imerso nos seus pensamentos que um dos participant
(Alyssa)Assim que a palestra terminou, Alyssa e Saulo trocavam comentários sobre a apresentação do palestrante e de como o assunto seria importante para os negócios da empresa, quando ela sentiu o aroma familiar do perfume de Klaus. Uma mistura estranha de nostalgia e desejo dominou o seu corpo. " Ai, não! O que faço agora?" Com o coração saltitando, respirou fundo e foi tentando dominar o barulho inquietante das suas emoções e para isso, fingiu ignorá-lo, mas Saulo percebendo a irmã tensa, disse com ironia:— Cuidado, Chapeuzinho, o lobo mal está à espreita para te pegar e te ...A fisionomia de Alyssa se fechou, intimidando Saulo de continuar a frase.— Pego o primeiro voo para Paris se você não parar de me provocar! — Ela respondeu ríspida, sem nem pensar duas vezes.— Calma, Alyssa, onde está o seu senso de humor?— Sumiu, faz tempo. E onde está aquele irmão que prometeu prender "o lobo mal" e colocar no porta-malas do carro?— Ops, verdade. Sou tipo o caçador da história. L