POV MASON
Foi a 10 anos atrás que tudo aconteceu, mas eu ainda me lembro claramente, como se mal tivesse passado um dia.
As coisas andavam muito estranhas na matilha da lua crescente. Foi o lugar que eu cresci e sempre foi tão pacifico, mas de repente….
A guerra parecia prestes a estourar.
Ainda assim, eu estava passando pelo território leste junto com uma equipe de patrulha.
Estávamos passando perto da fronteira, éramos eu, meu pai e mais uns 5 lobos.
A terra estava úmida depois de uma forte chuva e eu sentia minhas patas se afundarem a cada passo que dávamos. A fronteira agora tinha que passar o máximo de tempo possível sobre vigia. A paz era rala e parecia que qualquer coisa poderia acabar com ela, mas como alfa, meu pai estava fazendo o possível para evitar isso.
Mas em um dia que era só pra ser uma vigia, um dia onde as coisas pareciam tão calmas…acabou sendo mais do que isso.
Um barulho estranho chama a atenção de todos nós vindo do leste. Começamos a correr quase ao mesmo tempo, mas dois dos outros lobos da patrulha foram na frente.
Quando o resto de nós chegou lá, uma briga estava se desenrolando. Dentes e garras de um lado pro outro. Lobos da lua sangrenta não deveriam estar por aqui. Essa era a nossa parte da fronteira. Estava me preparando para partir para cima e ajudar os nossos, mas meu pai pulou na minha frente e tentou fazer com que parassem.
Não tenho ideia em quem tinha começado essa briga, mas não importava agora. Não quando começamos a ouvir mais adentro da floresta barulhos de uivos, garras e sons de rosnados um atrás do outro. Eu olho para o meu pai mas era tarde demais quando percebemos que o reforço deles havia chegado.
Eu vi pelo menos doze deles saindo por entre as árvores e partindo para cima de nós, estávamos em menor quantidade. Não importava que esse era o nosso lado da fronteira agora.
“-NÃO CHAME REFORÇOS. ISSO NÃO PODE SAIR DAQUI”- Ouvi a voz do meu pai na minha cabeça. E rosnei com fúria. Isso era uma idiotice. Eu sabia o que aconteceria se eu chamasse reforços, mas o que ele tinha na cabeça para ligar para uma maldita guerra numa hora como essa?? Eles haviam iniciado isso e estava na hora de revidar.
Mas como eu ainda não era a porcaria do alfa, acatei. Por enquanto acatei.
Demorou um tempo para que eles nos deixassem. Feridos, cansados e ensanguentados. Demos tudo que podia e no final eles apenas foram embora de volta ao território deles, mas nem um ferimento do mundo conseguia agora apagar a raiva que eu estava deles dentro de mim, e também do meu pai..por ter ser um alfa fraco que simplesmente se deixa ser pisoteado por uma paz que só existe na cabeça dele.
Devia ser por volta da meia noite naquele mesmo dia depois de voltarmos para casa que eu simplesmente cansei de ficar me revirando de um lado para o outro da cama sem conseguir pregar os olhos, quando resolvi sair correr para aliviar a fúria nos meus pensamentos e fazer o sangue esfriar.
E tinha funcionado, até o momento em que eu estava voltando para casa mais tarde naquela noite, um pouco antes do sol começar a nascer por entre as árvores...e eu consegui sentir o cheiro de sangue e cinzas a pelo menos uma milha de distância de onde a matilha ficava.
Comecei a correr e correr o máximo que minhas patas permitiam, mas quando eu cheguei em casa...era tarde demais. Me transformei rapidamente enquanto corria totalmente perdido por todos…todos os corpos...toda a matilha.
Os corpos se empilhavam pelo chão, não importando se eram crianças, mulheres ou guerreiros.
Entrei correndo na casa dos meus pais que já estava tomada pelas chamas, subi os degraus que ameaçavam cair quando eu pisava neles, mas não importava. Cheguei no quarto dos meus pais e eu vi…a cabeça da minha mãe no chão quase totalmente separada do corpo, com marcas de garras e dentes por toda a parte. Ela tinha sido brutalizada.
Eu estava paralisado enquanto olhava aquilo, a fumaça entrando pelas minhas vias respiratórias e me fazendo tossir, tudo ficando quente como um inferno, mas não importava, até que eu ouvi uma tosse vindo de outro cômodo.
Corri desesperadamente para o corredor e vi meu pai se arrastando pelo chão
-PAI, PRECISAMOS SAIR DAQUI AGORA!
Eu grito vou até ele. Seu estado estava quase tão ruim quanto o corpo mutilado da minha mãe que eu tinha acabado de ver. Ele teve uma das pernas arrancada e seu pescoço sangrava muito. Era como se eles tivessem sido atacados enquanto dormiam.
A madeira rangiueu sobre nossas cabeças e eu tentei ajudar ele a ficar de pé.
-Mason, escute…o que eu vou diz..er - Sua voz era um sussurro, que eu quase não conseguia escutar. Eu não conseguia mais manter o controle de mim mesmo.
-Vamos sair daqui primeiro.
-N..não…você…p..preci..sa sabe..r….
Uma mão segura o meu ombro e eu pulo para trás, antes de ver meu tio Hendrick coberto de sangue e fuligem, com as vestes chamuscadas.
-MASON, PRECISAMOS SAIR DAQUI AGORA, A CASA VAI DESABAR!
-ENTÃO ME AJUDE A PEGAR O MEU PAI E SAIR DAQUI MERDA. -Eu grito, tomado pela fúria e pelo desespero, com mais raiva ainda de mim mesmo por não conseguir ter o controle nessa situação.
-NÓS VAMOS MORRER SE TENTARMOS LEVAR DAQUI NADA MAIS DO QUE UM CADÁVER. OLHE PARA ELE.
Em meus braços, meu pai já não respirava mais, e seus olhos encaravam o teto em chamas,completamente vazios.
Eu não senti mais meu corpo conforme Hendrick me puxava daquela casa em chamas. Eu não pensei em mais nada até ouvir as suas palavras enquanto eu via tudo que tinha sobrado da alcateia desabar bem na minha frente.
-Lua sangrenta...eles estiveram aqui e...deixaram apenas esses rastros. Foi tão rápido, quase todos estavam dormindo e os guardas estavam preocupados demais com a fronteira. Eles vieram em poucos e de forma muito furtiva, e não conseguimos fazer nada. Seu pai já estava ferido quando foi atacado. Ele não conseguiu fazer muito.
Foi nesse dia que prometi que os faria pagar. Cada sangue derramado, cada corpo de cada um dos nossos...eu me vingaria pegando de volta dez dos deles.
Sangue, se paga com sangue e eu dedicaria o resto da minha vida para quitar essa dívida.
POV MASONAnos haviam se passado, mas tempo nenhum é o suficiente para apagar aquelas memórias que parecem que consomem nossas almas. Aquelas que deixam marcas e se tornam uma obsessão.Vingança era uma obsessão.E ela parecia tão fácil…tão acessível…Ela estava bem ali na minha frente, colhendo flores em uma campina, com seus cabelos loiros avermelhados sendo soprados junto com o vento e brilhando sob a luz da manhã. Era muito cedo, o sol mal tinha acabado de nascer e ela parecia ter surgido junto com ele.A filha do Alfa da alcateia lua de sangue. Ela vinha pelo menos a cada dois dias naquela campina, e no começo eu não sabia quem ela era…ou quem eram seus pais. Eu nunca falei com ela, só observava a distância vendo a forma que ela dobrava margarida por margarida até fazer a coroa de flores perfeita. A forma que ela passava a mão em seus cachos rebeldes, ainda mais rebeldes pela brisa de verão. Quando eu descobri quem ela era e sobre a sua família, de repente ficou tudo tão fácil,
Pov JudeEstávamos eu e minha irmã retirando a mesa depois do almoço maravilhoso que tivemos com o Mason e nossos pais. Pode-se dizer que foi nosso primeiro almoço de noivado, já que fazia tão pouco tempo que ele tinha me pedido em casamento. Foi uma boa oportunidade também para contarmos aos meus pais durante esse almoço. Até eu fiquei chocada com o quão bem eles tinham reagido. Tudo está indo tão rápido e está sendo tão perfeito que realmente não parece real quando paro pra pensar sobre isso. Parece que estou sonhando ou coisa parecida. -Então, quando você planeja me contar como foi que ele te pediu em casamento?Eu sinto minhas bochechas esquentarem com a pergunta da minha irmã. Ela parecia um pouco brava comigo desde mais cedo, por ter ficado sabendo ao mesmo tempo que os meus pais. Ela queria porque queria, ter sido a primeira a saber. -Bem, você vai me perdoar se eu te contar primeiro a história? -Vou pensar. Pode começar- Ela disse enquanto retirava a toalha da mesa e começ
Não sei onde estou, mas onde quer que seja esta tudo escuro, e estou perdida aqui. Não vejo um palmo sequer a minha frente mas pelo menos estou andando, Só não vejo pra onde. Acho que tem alguma coisa na minha mão, que estou segurando, mas não consigo enxergar o suficiente pra saber o que é, e a forma é muito estranha pra conseguir sentir só pelo tato.E é então que eu vejo uma pequena luz, e um portal rodeado de margaridas, iluminado de um jeito que parece ter luz própria. Eu passo por ele e o mundo fica claro mais uma vez. A coisa nas minhas mãos era um buquê, de margaridas assim como no portal, mas diferente dele, vejo respingos de sangue nas pétalas delicadas. Olho pra baixo, e vejo meu vestido branco que era pra ser um vestido de noiva, também manchado de sangue. Estou no caminho para o altar, meus pés não pararam de se mover como se agissem por conta própria, eu tento parar mas não consigo e isso é desesperador. Eu olho ao redor aterrorizada quando percebo corpos sentados nas
Está tudo perfeito, assim eu espero, não está? Se eu coloco meu rosto pra fora da janela, o sol está brilhando, e talvez seja só a minha imaginação, mas até os passarinhos cantando lá fora parecem mais felizes. Com certeza isso é a minha imaginação, mas agora eu posso finalmente dizer que o dia que eu tanto estava esperando chegou. Não consigo parar de sorrir enquanto a minha irmã mais velha Elisa, arruma o meu cabelo do jeito que eu pedi pra ela.-Toma cuidado, se ficar sorrindo tanto assim vai acabar parecendo uma careta. E você se lembra do que o papai diz não? Se bater um vento do rosto enquanto estiver fazendo careta, vai ficar assim pra sempre. Ela fala, em tom de brincadeira, mas ela mesma tem um sorriso gigante no rosto dela, que foi contagiado pelo meu. -Olha, se quiser tanto um casamento assim, eu me visto de noivo por você, e ainda monto tudo de uma forma impecável do jeito que quiser. Não quer repensar? Sabe que eu faria tudo pra te ver feliz, assim como mamãe e papai