Na manhã seguinte, antes de sair para o encontro com a possível organizadora do meu casamento, peguei o meu caderno de voltei a escrever mais uma vez. Começava a ficar ansiosa e feliz por poder contar a minha história com Nicolas.
Peguei meu notebook para ver algumas fotos do site que ela havia me indicado sobre casamentos na praia. Verifiquei minhas redes sociais, há quase um ano sem publicação alguma. Por mais incrível que pudesse parecer, Nicolas não tinha redes sociais. Só havia criado e bloqueado, talvez só para dizer que tinha e não ficar tão fora do mundo digital. Ele mal tinha tempo para a vida real, muito menos para postagens. Além do mais ele sempre foi bastante discreto e realmente aquilo em nada lhe agradava: exposição. Encontrei uma plataforma de publicação online e comecei a digitar a primeira parte da minha história. Não qu
Quando cheguei em casa Nicolas já estava me esperando, ansioso e furioso. Maria Emília já havia feito toda a fofoca assim que eu saí.- Como você foi sozinha? Eu não quero que deixe o resort sem um segurança de forma alguma. É perigoso. Simon pode estar seguindo seus passos. Você corre risco... Nosso bebê corre risco, entende? – ele quase gritava e eu fiquei um pouco melindrada com a forma como ele falava.Mas eu sabia que ele tinha razão. Se eu tivesse ouvido-o antes, não teria encontrado Simon. Mas que diferença faria não encontrá-lo? Nicolas não era intocável em Paraíso, então, de um jeito ou de outro, Simon teria nos encontrado. Não poderíamos ficar trancados no resort para sempre. Aquilo tudo era surreal.Eu comecei a chorar, não só pela forma como Nick falava comigo, mas também pelo que h
Entrei no quarto rapidamente e fui até eles, puxando-a pelos cabelos do colo do meu namorado. Ela não esperava pela minha atitude a acabou caindo no chão. Peguei uma jarra de água que estava sob a mesa, próximo da janela e joguei no rosto de Nicolas:- Acorde, Nick, esta vagabunda deve ter drogado você.Ela já estava de pé, me encarando furiosa, enquanto Nicolas não conseguia se mover de onde estava, completamente sem ação.- Saia agora desta casa e não volte mais. – avisei.- Nicolas me chamou, querida. – ela alegou.- Nick não chamaria você, Joana. E eu tenho certeza disto. Só vou tentar entender, quando ele estiver bem, como você conseguiu chegar na Villa e entrar na nossa casa.- Você está brincando com fogo, maninha.- Não somos irmãs... Não temos o mesmo sangue, muito menos o
Quando chegamos ao hospital de Paraíso eu já havia explicado a Otto tudo que havia acontecido com Nicolas e Joana. Ele ficou temeroso:- Talvez tenha sido a discussão com Joana que tenha deixado você nervosa e com dor.- Eu não acho que tenha sido isso. – disse Felipe. – Acho que é normal esta dor no início... Pelo menos Lorraine reclamava um pouco.- Isso me deixa mais tranquila, Felipe.- Estou com medo do que Simon venha a fazer. Joana pode ter sido amadora, mas certamente não agiu sozinha. Os dois estão sempre juntos em tudo.Fui atendida logo que fiz o cadastro, deixando Otto e Felipe preocupados quando deixei a recepção.A médica que me examinou perguntou:- É sua primeira gravidez?- Sim.- Já iniciou as consultas de pré-natal?- Descobri há pouco tempo. Está agendada a primeira
No dia seguinte, Nicolas partiu pela manhã para sua breve viagem enquanto eu fui para a empresa. Ainda não me sentia preparada para assumir tudo no lugar dele, mas foi assim que aconteceu. Então eu estava tão atarefada, que não deu tempo de pensar em nada.Depois do meio-dia recebi a ligação da mulher que havia se interessado pela minha história novamente.- Oi, sou eu novamente, Isabelle.- Oi... Eu já consegui autorização de Tom Panetiere para usar o nome dele no livro.- Isso é ótimo. Então quer dizer que você vai aceitar a proposta?- Eu ainda não decidi sobre como vou fazer... Mas estou finalizando a história.- Achei que já teria uma decisão sua. Até porque já tenho outra proposta para lhe fazer.- Outra proposta? Mas nem aceitei a primeira ainda.- Quero além da publica&
Entrei em pânico ao ver o sangue escorrendo pelas minhas pernas:- O bebê... – falei tentando entender o que estava acontecendo.Nicolas apertou a campainha e em minutos apareceu uma enfermeira.- Precisa ajudar minha esposa... Ela está sangrando. E está grávida.A enfermeira veio até mim e disse:- Aguarde um minuto...Ela saiu e quando me dei em conta estava numa cadeira de rodas sendo levada. Comecei a sentir uma dor forte abdominal. De repente parece que tudo ficou claro demais... Eu ouvia vozes, mas não conseguia identificar de quem eram. Ou não queria... Eu não tinha mais lágrimas. E nem sei o que exatamente eu sentia. Já tinha sofrido demais e acho que não queria saber o que tinha acontecido com o meu bebê. Então preferi imaginar que aquele momento não estava acontecendo... Que era um pesadelo e que quando eu acordasse tudo esta
Um mês depois e eu já não aguentava de saudade. Achei que seria fácil ficar sem Nicolas, mas era muito mais difícil do que eu imaginei. Este tempo me dediquei exclusivamente ao livro e aos meus pensamentos. Fiquei sozinha com minhas culpas e arrependimentos. Mas ouvir a voz dele me daria ânimo para seguir em frente e concretizar meu objetivo final.Eu não precisava de número dele gravado na memória do celular... Porque ele era o único número que eu tinha decorado na mente.- Alô? – ouvi a voz do outro lado da linha.Já era tarde da noite. Eu já o imaginava deitado na cama, sem camisa, com seu meio sorriso, tentando parecer sério. A voz dele me acalentava e trazia ao meu coração a sensação de paz.- Como você está? – perguntei um pouco sem jeito.- Depois de trinta dias da sua partida? Bem, se eu
Tom estava no horário combinado, no ponto de encontro. Levamos em torno de uma hora para chegar ao presídio onde Simon estava. E depois quase uma hora para conseguirmos acessar a cela dele.Simon estava sozinho numa cela pouco iluminada. Não havia pintura nas paredes, somente o cimento, cru, despedaçando, cheio de palavrões e nomes de pessoas escritos. A grade era grossa e trancada por chave e fechadura. Havia um beliche e dois colchões sem lençóis. Nada mais além daquilo.Assim que nos viu andou até nós, surpreso:- Se não é minha filha. – ele falou com voz mais fraca que o normal. – Veio ajudar o papai?- Vim ver com meus próprios olhos sua destruição.- E trouxe Panetiere para quê? Quer que eu lhe consiga algo para cheirar? – ele ironizou. – Talvez eu possa indicar um local, Panetiere. Mas não se pr
Assim que descemos no aeroporto, eu fui quase correndo até os táxis. Era mais de 9:30. Assim que sentei no banco traseiro, avisei ao motorista:- Precisamos chegar ao Paradise Resort... Em menos de trinta minutos.Ele virou para trás e me encarou:- Posso tentar, mas acho difícil.Otto disse:- Não quero tente... Quer que chegue. Tempo é dinheiro. Cada segundo pode valer uma boa gorjeta, rapaz. Guardei dinheiro a vida inteira para usar com esta pequena mulher. – Otto pegou minha mão. – E estou disposto a gastar tudo numa corrida de táxi. – ele riu.- Chegaremos em quinze minutos. – o motorista disse. – Nem que eu tenha que ir pela beira da praia.Ele partiu cantando pneus e isso me deu um pouco de esperanças.- Se não estiver usando roupas brancas, não poderá entrar no casamento, filha. – Otto observou.