— Minhas congratulações, Shu. — O Deus Supremo cumprimentou, assim que foi recebido no salão principal do templo do Deus do Sake. — É ótimo que o caso tenha se resolvido e que tenha recuperado sua força de outrora.
— Uhm, tudo graças ao Kitsune. — Shu concordou, sorrindo de canto para o espírito da raposa, sentado ao seu lado; ele lhe sorriu de volta. — Kami, eu gostaria de pedir para que o favorecesse por isso.
— É justo. — Kami sorriu, percebendo Tenshi revirar os olhos ao seu lado. — Como Deus Supremo não posso negligenciar o favor concedido por um espírito tão forte a um dos meus tão amados deuses; no entanto, Kitsune... — Voltou-se a ele. — ...mesmo eu ainda estou surpreso, já que é
O deus aprendiz chegou ao templo um mês depois que Shu devolveu a carta de recomendação aceitando-o como pupilo temporário.— Esse Templo ta um lixo, com todo respeito. — E essa foi a primeira coisa que ele falou, tirando os óculos escuros pra dar uma boa olhada na fachada. — Valei-me! Eu não fico aqui desse jeito nem que me paguem.— Esse é o tal do Kirê? — Yurei murmurou no ouvido de Shu, cobrindo a boca com o leque. — Aproveita que ele quer ir embora e expulsa esse fresco.— Aha, tudo bem, tudo bem. — Shu murmurou de volta. — Primeiras impressões não são as que ficam, né?— Será que não? — Y
— Pêssego? Aonde você achou um pé? Nesse morro aqui não tem.— Não interessa aonde eu achei. — Tirou sua faquinha de dentro da roupa: uma de cabo de metal e pedras de rubi rosa com a qual ele estava sempre em mãos. — Yurei, pegue um prato limpo pra mim.— Pra já!— Hum. — Kirê cruzou os braços enquanto o outro se levantava da mesa prontamente. — O pêssego é uma fruta muito elegante, e que exige muito cuidado ao servir... um cuidado que duvido que um demônio tenha.— E eu pedi sua opinião, por acaso?— Tch.—
Assim que chegaram à Conferência da Corte perceberam que a estrela principal do evento era Kitsune: o rei demônio que se tornou serviçal de um Deus quase esquecido."É aquele rei demônio?""Sim, aquele...""Que ficava ao pé de um templo! Ele fez um escândalo!""Templo, que templo?""De um Deus...não lembro o nome.""Um Deus esquecido! Foi com ele que fez o contrato!""Foi?!?""Sim, sim, com ele mesmo!""Por que faria isso?""Com um Deus em ru
— Uff... — Shu suspirou cansado assim que voltaram pro quarto. "Eu sou do tipo que gosta de beber com os amigos...uns quatro ou cinco, à meia luz num barzinho... não num salão gigantesco cheio de gente importante."— Ainda bem que por hoje acabou, né, Konkon?— Mh.— Vai continuar dizendo "Hm" pra mim? — Tirou a túnica de cima, se virando pra ver o familiar, já de costas pra ele, passando pro outro lado da divisória. — Kitsune! — Alcançou seu braço e segurou firme.— O quê?— Olha pra mim. — Disse, usando a autoridade sobre familiar: não queria recorrer àquilo, mas foi o único jeito de fazer a raposa
A Conferência do dia seguinte seria apenas para os Deuses, não acompanhados de seus familiares, mas Shu teve de ser carregado por Kitsune até o salão do Deus Supremo, que o colocou sentado no lugar marcado pra ele, cuidadosamente. — Shu, você está bem? — Kami perguntou do alto de seu trono, preocupado. — Sim, sim, não é nada, não se preocupe. — Shu abanou a mão, sorridente. — Obrigado, né, Konkon. — Agradeceu, mesmo que tecnicamente a culpa por não estar conseguindo andar direito fosse da raposa, justamente. — Não se esforce muito, e me chame quando terminar. — Tá bem. — Sorriu, acompanhando-o com o olhar até que ele fosse embora. "Ah...estar apaixonado é tão bom, eu me sinto um adolescente..." — Devemos nos
— Você conhece alguma forma... de ler o tecido das memórias de alguém?— Não de ler... mas dá pra ver. Eu tenho algo especialmente pra isso.A divindade da seda uma vez também foi conhecida como a Deusa da Trama da Vida, muito tempo atrás, mas Shu ainda sabia bem quais eram seus poderes.— Oh! Isso pode mesmo revelar a memória de uma pessoa? — Kirê olhou para o saquinho de pó de incenso que ela dava para a divindade da boa sorte, impressionado.— É menos como "revelar" e mais como "dar uma olhada". — Ela sorriu. — Na verdade é um truque que podemos chamar de invasivo... Shu, tome cuidado, sim? — Konkon! Kitsune piscou os olhos, sentindo as pálpebras pesadas: a visão turva ganhando nitidez lentamente. — Konkon!... — era Shu, o chamando enquanto chacoalhava seu peito com uma expressão preocupada no belo rosto: definitivamente não combinava com ele. — Kitsune! Você acordou...você está bem? — Mh... — ergue o torso, segurando a testa numa das mãos. — Sim, eu estou bem... — mentiu: sua cabeça estava doendo como como se uma viga de madeira tivesse despencado sobre ela e suas juntas rígidas como os próprios ossos. — ...então não faça essa cara. — Konkon... — Os olhos castanhos claros do deus brilharam em lágrimas. — Está doendo sim, não está? Deve ser efeito colateral do incenso...me desculpa!... — Shh... não, nConvite do Deus Dragão
— Au!... — Kitsune acordou com a luz do sol na cara e uma ressaca dos infernos. "Beber na minha forma animal é realmente um problema...", pensou, levantando o torso com a testa numa das mãos, como se sua cabeça fosse cair de tanto que a enxaqueca estava chateando.— Ah! Você acordou.— Shu... — A divindade veio se sentar ao seu lado na enorme cama macia; tão bonito, com os cabelos dourados brilhando tal qual a luz que entrava pela janela redonda do quarto, vestido num belo robe de cetim tingido de branco e rosa em degradê. — ...eu... dormi demais? — seu o incensário ardia suavemente no centro do tatame: Shu certamente estava fazendo sua meditação da manhã.— Mais que de costume, já que voc