A história de nós dois
Capítulo 3 – Eu te amo, amigo.
Ella Williams
Depois de bater forte a porta do meu carro, não vi mais Edward. Ele simplesmente correu para longe do meu campo de visão, me deixou sozinha e eu não consigo dizer se isso foi bom ou ruim. Eu amo o meu melhor amigo, amo o jeito como nos conhecemos bem, mas às vezes pensamos tão diferente que eu me sinto mal.
Edward é uma das pessoas mais incríveis que eu conheço, mas o jeito como ele me protege às vezes me irrita. Ed me vê como uma criança e isso me incomoda o suficiente para querer dar um murro nele. Todas as vezes que brigamos, é por isso. Por ele me achar tão inocente e incapaz de me cuidar sozinha.
— Olá, menina Williams! — Chad, um colega de turma, me surpreende quando aparece à minha frente depois de eu fechar meu armário.
Chad Spencer nunca direcionou seu olhar para mim. Me surpreende ele saber meu sobrenome. Seus cabelos ruivos, olhos verdes, sardas e lábios carnudos compõem a perfeição que é o rosto do jogador.
— Olá, Spencer. — Sorrio tímida e fecho o meu casaco me sentindo incomodada por perceber seu olhar sobre meu busto.
— Então... — Ele tenta disfarçar seu olhar e busca por palavras sorrindo. — As férias foram boas pra você, né? — Ri coçando a nuca.
— Sim sim. — Digo.
— Então, eu gostaria de saber se você, sei lá...
— Chad, tudo bem? — Ele parece nervoso, tão nervoso que chega a ser cômico.
— Sim, eu só quero falar pra você dar um pulinho na casa da Lily. Hoje a noite a gente vai pra lá jogar uma conversa fora e, como não te vimos com aquele seu amigo nerd, achamos que você gostaria de...
— Eu vou sim. — Pisco pra ele antes que ele gagueje um pouco mais para concluir a frase. — Que horas?
— Às nove. Pode ser?
O problema vai ser meus pais...
— Com certeza. — Respondo sorrindo e fingindo costume até que Chad se aproxima e me abraça deixando um beijo sobre o meu pescoço logo em seguida.
Depois do abraço, super estranho por sinal, Chad se vai sem aviso prévio, ou até mesmo um simples tchau. O que me deixa desconfortável, não é o seu último gesto, tão íntimo para mim, mas o fato de ver meu melhor amigo do outro lado do corredor, com seu olhar de reprovação. Ao vê-lo revirar os olhos para mim, sigo o meu caminho e vou para a aula que eu já devo estar atrasada. Literatura parece uma boa saída para esquecer-me que briguei com ele.
Ao chegar na sala, mais olhares recaem sobre mim. Olhares, cochichos e mais atenção do que eu desejava. Por segundos, eu penso em retroceder minha caminhada, mas o professor me desperta dos meus pensamentos ao me chamar a atenção.
— Não vamos atrasar mais a aula né, Ella? Faça dupla com o Chad, hoje vamos começar os nossos trabalhos de produção textual. — Professor Tony me entrega uma folha e, no final da sala, consigo ver Chad Spencer tirar a mochila da cadeira ao lado para que eu ocupe o lugar.
— Oi de novo, Williams. — Ele sussurra pra mim.
— Me chama de Ella, por favor. É irritante demais esse costume de chamar as pessoas pelo sobrenome.
— Ok, estressadinha. — Ele ergue as mãos em rendição e me faz rir.
— Espero que seja boa em produzir textos, pois se depender de mim...
— Se não fizer o trabalho, não coloco seu nome. — Resumo encarando-o séria. — Eu não sou idiota, Chad.
— Ok...
...
O dia sem Ed não é o mesmo.
Meu plano deu sim certo. No intervalo, além de conversar com Chad e ter a oportunidade de perceber que ele não é um completo idiota, como pareceu ser nos nossos primeiros minutos próximos, alguns amigos dele foram bem simpáticos comigo. Até conheci melhor Emily, a menina da casa que Chad me chamou para jogar conversa hoje. Chad e seus amigos são legais e não tão idiotas como Ed sempre enfatizou os populares. Meu melhor amigo possui um sério problema de julgar antes de conhecer.
Mas, mesmo assim, mesmo com tudo isso, eu senti falta dele. Poucas são nossas disciplinas juntos esse semestre, então, eu quase não o encontrei hoje e, quando o encontrei, foi fugindo de mim.
Quando termino de almoçar e tomar um banho em casa, entro novamente no carro e dirijo em direção à padaria dos pais de Ed. Ela também fica aqui em Londres, mas em um local pouco movimentado e Ed ajuda os pais todos os dias quando sai do colégio. Não demoro muito a chegar, na verdade, a padaria é bem mais perto da minha casa, do que da casa dele. Estaciono o carro com cuidado ao lado do comércio e segundos depois, adentro-a aspirando o delicioso cheiro dos assados.
— Claire, Claire, como eu amo esse cheiro! — Digo ao atravessar a porta.
— Minha menina, que saudade! — A doce Claire corre até mim e me abraça com força. — Nossa, como você está linda! — Exclama olhando-me nos olhos. — Parece até mais madura com esse cabelo liso, sabe? Linda demais!
— Obrigada, Claire. — Sorrio para a moça. — E o teimoso do meu melhor amigo?
— Brigaram novamente, foi? — Pergunta e parece já saber da resposta, pois suspira contendo um sorriso. — Por isso ele chegou emburrado e está com aquele bico lá na cozinha. Já estragou uma fornada inteira de pães, acredita?
— Posso ir falar com ele?
— Touca nesses cabelos longos e lisos, por favor. — Diz e me dá as costas voltando-se para o caixa onde mexia com algumas moedas.
Atravesso o grande balcão de madeira, pego um avental e coloco uma touca na cabeça antes de entrar na parte da cozinha. Pela janela de vidro, já consigo ver Ed sentado e batendo alguma massa com tanta concentração e força que eu desconfio nem ter me notado aqui.
— Descontando a raiva de mim? — Pergunto entrando na cozinha.
— Achei que era pra eu tomar conta da minha vida e você da sua. — Seu olhar não desgruda da massa a ser socada sobre a mesa.
— Você sabe que eu não consigo. — Puxo uma banqueta e sento-me sobre ela para assistir ele.
Não consigo contar nos dedos os dias que já passei tardes e mais tardes aqui com Edward simplesmente o assistindo trabalhar, ou até mesmo ajudando-o aqui na cozinha ou com sua mãe e irmã no caixa e no salão.
— Não vai mesmo falar comigo? — pergunto depois de não receber respostas. — Vamos lá, para de ser infantil, Davies.
— Eu não ajo como o seu dono. — Ele finalmente para de socar a massa e me encara enquanto respira ofegante. — Eu só me preocupo com você.
— Eu agradeço pela preocupação, mas você não precisa ter o trabalho. O que acha guardar ele para o dia em que sua irmã for mais velha? Daisy vai precisar...
— Você não entende, Ella... Nunca vai entender! — Ele ri enquanto nega com a cabeça.
— Sim, Edward, você é tão complicado que eu nunca te entendo. — Vou até ele e abraço-o por trás. — Mas os dias são chatos sem você. — Apoio minha cabeça em suas costas. — Você parece meu avô de tão ranzinza, mas ainda é o meu melhor amigo e a minha pessoa preferida no mundo, sabia?
— Ella... — Ele deixa a massa de lado e, limpando a sua mão, vira-se para me olhar. — Você também é a minha pessoa favorita no mundo. — Depois de limpar a sua mão, deixa o pano de prato de lado e segura o meu rosto com ambas as mãos. — Não precisou se desfazer dos cachinhos, muito menos encurtar a saia e usar novos sutiãs para isso. — Toca meu nariz com seu dedo indicador depois de me fazer rir. — A sua beleza, Isabella Williams, está na doçura dos seus olhos azuis cintilantes como o mar do Caribe, e no coração grande que adora ser voluntária naquele orfanato. Você é linda mesmo quando conta uma piada super idiota que só funciona para mim, pois só eu consigo rir de tamanha idiotice. — Ed solta uma risada sem graça. — Eu só queria que você se visse com os meus olhos, Ella.
— Você é incrível, Ed. — Abraço sua cintura e abrigo minha cabeça em seu peito. — Eu te amo, amigo.
— Eu te amo, Ella.
A história de nós doisCapítulo 4 – Jogando conversa foraElla Williams— Vamos pedir pizza, não quer ficar?Claire e Daisy já entraram para a casa. São pouco mais de nove horas, mas meu amigo permanece no meu carro. Seu olhar pedinte parece ler a minha mente e desvendar o meu compromisso.— Tentador para uma segunda-feira, mas eu vou deixar para a próxima. — Inclino meu corpo em sua direção, deixo dois beijinhos, um em cada lado do seu rosto e o abraço forte. — Estamos bem, né?— Ficaríamos melhores se você não recusasse a minha pizza, mas tudo ok. — Separa o abraço e sorri para mim. — Manda mensagem quando chegar em casa. — E, um beijo na testa depois, Ed já está correndo para dentro de sua casa e eu acelerando até o endereço que Chad me deu escrito em um papel lá na escola.No caminho até o endereço que não é muito longe da minha casa, ligo para minha mãe e consigo avisar rapidamente que vou demorar um pouco mais na casa dos Davies. Sim, uma mentira. Porém, explicar para eles a ver
Capítulo 5 – MentirinhasElla WilliamsQuando eu chego em casa, Rosie Grace está sentada em seu sofá com sua típica xícara de chá em mãos e me esperando com as pernas cruzadas.— Você não estava no Ed. — Ela declara assim que eu fecho a porta. — Ele é péssimo mentindo, sabia?— Eu estive lá...— Ella, o que está acontecendo? Você nunca foi disso. — Mamãe deixa a sua xícara sobre a mesinha de centro e anda até mim. — Vamos conversar direito, ou você vai começar a ser como as meninas problemáticas que vivem mentindo para os pais? — Rosie me olha dentro dos olhos e a tristeza que eu vejo neles faz com que eu me sinta mal.Eu realmente nunca tive necessidade de mentir para os meus pais.— Eu fiz novos amigos. — Conto a verdade depois de suspirar. — Estava na casa de um deles, mas o Ed não sabia, pois ele não gosta deles. — Admito e sigo minha mãe quando ela caminha de volta ao sofá para sentar-se e terminar de tomar seu calmante quente.— Seu pai disse que se você mentir mais uma vez, ele
Capítulo 6 – Melhor amigo do mundoElla Williams— Bom dia para o melhor amigo do mundo! — Exclamo abraçando-o por trás.E sim, ele estava na biblioteca, como sempre, com a cara enfiada em um livro de biologia, anatomia, ou alguma outra coisa que envolve corpos. Ed sonha em ser médico, então, todas as disciplinas eletivas dele são focadas em enriquecer o seu currículo para que ele consiga bolsa em alguma universidade.— Não seria o Chad? — Ele pergunta, fechando enfim o seu livro.— Qual é, Ed? Você realmente está zangado comigo? — Sento-me à sua frente na carteira da biblioteca.— Eu só vou falar uma coisa. — Pela primeira vez ele me encara. Profundamente, com seus olhos verdes intensos que hoje possuem um tom cinza, como se estivesse refletindo seu humor. — Não me inclua nas suas mentiras. — Olha, sobre ontem, eu fiz sem pensar, ok?— A minha Ella não mentiria para mim, nem para os pais. — Continua me encarando. Mas agora, seu rosto transparece para mim a decepção.— Eu não queria
Capítulo 7 – Ella merece alguém melhorEdward Davies— Ed? Edward? Filho, o que está acontecendo? — Minha mãe precisa gritar comigo para que eu acorde dos meus pensamentos enquanto bato a massa de pão com toda raiva que há em mim.Eu ouvi o plano de Chad e isso não sai da minha cabeça.— Desculpa, mãe. — Me limito a me desculpar, mas dona Claire não se contenta com isso.— Tem algo que queira compartilhar com sua mãe, menino Ed? — Ela me encara com seu sorriso meigo e, certa de que algo está acontecendo, senta-se em uma banqueta perto da mesa.— Ella e eu brigamos novamente. — Admito e decido deixar a massa de lado por um tempo, então eu a coloco em uma bacia e começo a limpar minhas mãos.— Por causa dos novos amigos? Aqueles que você tinha me falado? — Claire pergunta sorrindo. — Sabe que é inevitável ela fazer outros amigos, né? Filho, ela...— Eu sei, mãe! Mas eu estou certo quando digo que eles só querem se aproveitar dela. — Declaro lembrando-me de cada palavras que ouvi de Chad
Capítulo 8 – Uma perguntaElla Williams— Posso te fazer uma pergunta antes? — Ele pergunta me olhando nos olhos com um tom de voz diferente. Sua mão encontra com a minha em cima da mesa e isso faz com que eu desvie o meu olhar do dele para olhar nossas mãos unidas.Sua mão é macia, quente, firme. Não tem nenhum tremor em dúvida, ou medo. Assim, eu sinto que ele tem certeza do que está fazendo, do que quer.— O quê, Chad? — E eu preciso de muito esforço, não só para encarar seus orbes azuis, mas também para não deixar que minha voz vacile.Não agora. Ele não pode me achar uma fraca, estranha. Pior, não pode saber que realmente possui algum efeito sobre mim.— Você está sendo bem legal me ajudando com a porcaria da literatura do Sr. Rivera. — Seus lábios se movem lentamente, como se ele soubesse muito bem que possui incríveis lábios finos e rosados que me deixam perdida. Eu sinceramente não sei se olho para os seus olhos, ou se me permito acompanhar o abrir e fechar de sua boca perfeita
Capítulo 9 – A apostaDias depois...Edward Davies— Ed? — Mamãe b**e na porta do meu quarto e, poucos segundos depois, eu consigo ver o seu rosto atrás da porta. — O dia está bonito, não? Bonito demais para ficar com o rosto enfiado nos livros.— E o que a senhora sugere, Dona Claire?— Ir à casa de Ella, se desculpar e saírem para fazer qualquer coisa. Viu que abriu um novo parque lá no centro? Sei lá... Pensei que talvez vocês queiram levar a Daisy lá um pouquinho e curtirem também, sabe?— Não é mais fácil falar que quer me ver fora de casa? — Levanto-me da cadeira e cruzo meus braços encarando minha mãe.— Quase uma semana sem falar com ela, filho. — Minha mãe entra de vez no quarto e se coloca à minha frente com as mãos sobre os meus ombros. — Eu estou preocupada, pois eu sei que você está triste e sei também que o outro lá está investindo. Se você não garantir o seu lugar, ele vai conquistar.— Mãe, não é uma disputa.— Isso na sua cabecinha puritana. — Mamãe zomba de mim. — Fil
Capítulo 10 – A aposta (parte 2)Edward DaviesÉ algo mais forte que eu. Sei que não sou dono de Ella, que ela não é uma posse minha, mas é difícil demais sentir que minha melhor amiga está sendo conquistada por outro. Pior, que ele está a usando para conseguir o que quer.— Eu acho que não é bom para nós discutirmos sobre isso. — Ela diz, mas dessa vez, se coloca sentada.Perninhas de chinês e o olhar focado em mim. Um de seus ursos de pelúcia estão em seu colo e, em seu rosto, consigo visualizar uma ruga na testa causada pela tensão que recaiu sobre nós a partir do momento em que Ella citou seu ‘’amigo’’.— O quanto você confia em mim, Ella? — Eu só faço essa pergunta para ganhar tempo com Ella, enquanto uma briga acontece no meu interior.Eu conto a verdade sobre Chad, destruo toda a possibilidade de um romance entre eles, faço minha melhor amiga infeliz, garanto mais uma briga entre nós, ou eu devo fingir que eu nunca ouvi a conversa de Chad e seus amigos naquele vestiário imundo?
Capítulo 11 – Noite no parque Ella WilliamsIgnorando a pequena discordância que eu e Ed tivemos no início da tarde, foi ignorada pela vontade de finalmente ficarmos juntos como nos velhos tempos. E foi assim que passamos nossa tarde. Juntos, entre risadas, assistindo alguns episódios de friends e jogando videogame. Uma tarde normal. No início ele ficou um pouco estranho, acredito que por estar envergonhado de eu ter ignorado sua notícia, mas logo se soltou. Eu amo Edward e não pretendo deixá-lo por causa de Chad... Mas admito que fiquei bem reflexiva quando ele me perguntou se eu estava de fato apaixonada pelo meu novo amigo.O que o fez pensar isso? Será que está na cara demais? Será que mesmo sem falar comigo, Ed percebeu isso? Mas e se eu realmente estiver apaixonada pelo ruivo? O que será da minha amizade com Ed, visto que ele nem mesmo aceita bem a nossa amizade. Minha cabeça está repleta de pensamentos sobre Edward, Chad e possibilidades de um futuro muito incerto, onde eu c