A história de nós dois
Capítulo 2 – Cuida da sua vida
Ella Williams
— O que você achou, mãe? — Desço as escadas de casa apressada e empolgada pelo dia de hoje.
— Linda, filha, mas admito que preferia os cachinhos. — Mamãe passa a mão pelos meus cabelos, agora lisos. — Mas você continua linda, meu amor. — Sorri docemente para mim.
— Novo ano, novo visual, nova Ella. — Pisco Para minha mãe e olho para o meu pai que vem em minha direção com a chave do meu novo carro em mãos.
— Eu posso apostar que Ed não vai gostar de te ver assim. — Robin, meu pai, brinca comigo antes de apertar minhas bochechas. — Grave a reação dele, por favor.
— Papai, é o último ano. Eu precisava me despedir da Ella adolescente, ok? Chega daquela mesma carinha de quinze, Sr. Williams. — Pisco para o mais velho.
— Pode parando de esfregar na nossa cara que daqui a pouco a nossa menininha vai para a universidade? — Mamãe desliza suas mãos pelo meu cabelo e me faz revirar os olhos. — Parece até que foi ontem que você engatinhava por essa casa.
— Eu mandei mensagem pro Ed. Será que os senhores podem me deixar ir pegar o meu melhor amigo, ou vocês vão me segurar aqui pra continuar com todo esse drama familiar?
— Fiz panquecas para o café da manhã, filha. Senta e come. — Minha mãe anda até a sala de jantar com o meu pai ao seu lado.
Eu os sigo, mas não os acompanho sentando-me à mesa. Pego apenas uma maçã na fruteira e aceno para os dois antes de sair correndo enquanto escuto os protestos de dona Rosie.
Sem chuva, com o céu limpo e pássaros a cantar, saio de dentro de casa e dou de cara com o meu carro na calçada. Um Mini Countryman branco, foi a escolha dos meus pais para mim. Na verdade, era o carro da minha mãe, mas não vejo problema nenhum em ficar com ele, já que sempre adorei esse carro. Agora ele é meu. Entro no meu bebê, gosto de chamá-lo de Tom, conecto meu celular e não preciso esperar muito até que Taylor Swift toque bem alto. Ligo o carro e, pouco a pouco, o veículo vai ganhando velocidade para chegar à casa de Edward.
— Ligar para Ed. Davies. — Falo alto o suficiente para ser compreendida pelo meu celular.
A música é pausada e, em poucos segundos, meu melhor amigo me atende.
— Ella, você está atrasada.
— Bom dia, Davies. Eu também estava com saudades, ok?
— Já está chegando?
— Dois minutinhos, amigo. Quero que você conheça o Tom.
— Tom? — O tom de voz de Edward muda, e eu tenho certeza que se estivéssemos juntos, eu o veria franzindo o cenho em dúvida.
— Sim. Já fica do lado de fora, estou virando aqui na sua rua.
Desligo a ligação antes de ser contestada por ele e, em segundos, estou parada em frente à simples casa dos Davies. Ed logo aparece acompanhado por sua bicicleta, mas para de caminhar assim que me vê sair do carro.
— Bora dá uma volta, gatinho? — Buzino e faço Ed ri. — Deixe a Cherry de lado, baby, hoje nós vamos para o colégio com o Tom!
— Já volto, Ella! — E ele some do meu campo de visão. Pelo visto, vai até a varanda onde guarda sua bicicleta, mas não demora muito para que meu melhor amigo corra em minha direção correndo e com sua mochila nas costas.
Os cachos quase dourados de Edward estão bem mais volumosos do que quando nos vimos pela última vez em quase um mês. Seus braços me envolvem e ele consegue tirar o meu corpo do chão ao me abraçar e girar.
— Sentiu minha falta, foi? — Pergunto quando ele me devolve ao chão e me encara sorridente.
— Sempre. — Suas covinhas dão um charme ao seu sorriso composto por seus finos lábios rosados. Os seus olhos verdes tornam tudo ainda mais bonito.
— Eu também. — E, com pouco esforço, consigo levar os meus lábios à sua bochecha onde eu deixo um beijo casto. — A da vovó não foi a mesma sem você para fugir comigo pela fazenda à noite. — Empurro seu ombro fazendo-o rir.
— E a padaria não foi a mesma sem você de avental fingindo saber confeitar donuts. — Aperta o meu nariz e me faz rir.
— Hey, você sempre diz que fica bom! — Empurro seu ombro.
— Mentir às vezes é necessário.
— Enfim... — Vou até a porta do carona e abro-a para que ele entre. — Tom, Edward, Edward, Tom. — Apresento-os. — Entre, Sr. Precisamos ir à escola...
— Espera... — Ed me analisa da cabeça aos pés antes de entrar no carro. — O que fez com o seu cabelo? E por que a saia do uniforme está mais curta?
— Alisei. Não gostou? — Olho para o meu amigo que apenas me analisa em silêncio. — E a saia... Ela é a mesma. — Dou de ombros. — Devo ter crescido mais um pouco, sei lá... — Minto, eu realmente deixei-a mais curta.
— Você está diferente. Eu apenas... sei lá, estranhei.
— Mudar é bom, Ed. — Digo quando o vejo entrar no carro e bato a sua porta.
— Você é perfeita do jeito que é, Ella. — Ele declara com a mochila em seus braços, assim que eu entro no carro e coloco meu cinto de segurança. — Ainda é sobre aquilo que conversamos antes de você ir para a casa da sua avó?
Antes das férias, uma conversa descontraída com Edward virou uma das nossas piores brigas, que nos deixou mais de quinze dias sem trocarmos uma simples palavra. Na conversa, eu apenas expressei para ele a minha vontade de ter curtido mais o ensino médio, de ser mais como as outras meninas e disse que faria o máximo para fazer diferente nesse último ano. Sem mais Ella, a nerd que vive na biblioteca com o melhor amigo, sem essa de Ella que não beija ninguém, ou até mesmo, sem a Ella que não sabe o que é uma simples festa.
— Por que se for, eu acho que... — Edward começa a falar, mas eu o interrompo.
— Eu te amo, mas não concordo com você. — Corto-o. — Então, continuamos amigos, mas eu não vou continuar sendo a nerd que vive nas sombras. Eu quero aproveitar antes de ir pra universidade e ter que viver com a cara nos livros.
— Aproveitar a vida, não ser uma vadia como as outras garotas, Ella.
— Eu não sou uma vadia! Não quero ser uma vadia! Você precisa parar de pensar isso das outras meninas que não são como eu, Edward!
— E eu não penso de todas, mas pelo que você fala, você quer isso. — Edward fala pior que o meu pai.
— Só lembra que não sou a sua filha. — Digo entrando no estacionamento do colégio.
— Eu só quero o seu bem. — Ed coloca sua mão sobre o meu ombro, mas eu me esquivo do seu toque.
— Então me deixa viver a minha vida e não se meta. Cuida da sua vida, Edward, que da minha eu consigo cuidar muito bem.
A história de nós doisCapítulo 3 – Eu te amo, amigo. Ella WilliamsDepois de bater forte a porta do meu carro, não vi mais Edward. Ele simplesmente correu para longe do meu campo de visão, me deixou sozinha e eu não consigo dizer se isso foi bom ou ruim. Eu amo o meu melhor amigo, amo o jeito como nos conhecemos bem, mas às vezes pensamos tão diferente que eu me sinto mal.Edward é uma das pessoas mais incríveis que eu conheço, mas o jeito como ele me protege às vezes me irrita. Ed me vê como uma criança e isso me incomoda o suficiente para querer dar um murro nele. Todas as vezes que brigamos, é por isso. Por ele me achar tão inocente e incapaz de me cuidar sozinha.— Olá, menina Williams! — Chad, um colega de turma, me surpreende quando aparece à minha frente depois de eu fechar meu armário.Chad Spencer nunca direcionou seu olhar para mim. Me surpreende ele saber meu sobrenome. Seus cabelos ruivos, olhos verdes, sardas e lábios carnudos compõem a perfeição que é o rosto do jogado
A história de nós doisCapítulo 4 – Jogando conversa foraElla Williams— Vamos pedir pizza, não quer ficar?Claire e Daisy já entraram para a casa. São pouco mais de nove horas, mas meu amigo permanece no meu carro. Seu olhar pedinte parece ler a minha mente e desvendar o meu compromisso.— Tentador para uma segunda-feira, mas eu vou deixar para a próxima. — Inclino meu corpo em sua direção, deixo dois beijinhos, um em cada lado do seu rosto e o abraço forte. — Estamos bem, né?— Ficaríamos melhores se você não recusasse a minha pizza, mas tudo ok. — Separa o abraço e sorri para mim. — Manda mensagem quando chegar em casa. — E, um beijo na testa depois, Ed já está correndo para dentro de sua casa e eu acelerando até o endereço que Chad me deu escrito em um papel lá na escola.No caminho até o endereço que não é muito longe da minha casa, ligo para minha mãe e consigo avisar rapidamente que vou demorar um pouco mais na casa dos Davies. Sim, uma mentira. Porém, explicar para eles a ver
Capítulo 5 – MentirinhasElla WilliamsQuando eu chego em casa, Rosie Grace está sentada em seu sofá com sua típica xícara de chá em mãos e me esperando com as pernas cruzadas.— Você não estava no Ed. — Ela declara assim que eu fecho a porta. — Ele é péssimo mentindo, sabia?— Eu estive lá...— Ella, o que está acontecendo? Você nunca foi disso. — Mamãe deixa a sua xícara sobre a mesinha de centro e anda até mim. — Vamos conversar direito, ou você vai começar a ser como as meninas problemáticas que vivem mentindo para os pais? — Rosie me olha dentro dos olhos e a tristeza que eu vejo neles faz com que eu me sinta mal.Eu realmente nunca tive necessidade de mentir para os meus pais.— Eu fiz novos amigos. — Conto a verdade depois de suspirar. — Estava na casa de um deles, mas o Ed não sabia, pois ele não gosta deles. — Admito e sigo minha mãe quando ela caminha de volta ao sofá para sentar-se e terminar de tomar seu calmante quente.— Seu pai disse que se você mentir mais uma vez, ele
Capítulo 6 – Melhor amigo do mundoElla Williams— Bom dia para o melhor amigo do mundo! — Exclamo abraçando-o por trás.E sim, ele estava na biblioteca, como sempre, com a cara enfiada em um livro de biologia, anatomia, ou alguma outra coisa que envolve corpos. Ed sonha em ser médico, então, todas as disciplinas eletivas dele são focadas em enriquecer o seu currículo para que ele consiga bolsa em alguma universidade.— Não seria o Chad? — Ele pergunta, fechando enfim o seu livro.— Qual é, Ed? Você realmente está zangado comigo? — Sento-me à sua frente na carteira da biblioteca.— Eu só vou falar uma coisa. — Pela primeira vez ele me encara. Profundamente, com seus olhos verdes intensos que hoje possuem um tom cinza, como se estivesse refletindo seu humor. — Não me inclua nas suas mentiras. — Olha, sobre ontem, eu fiz sem pensar, ok?— A minha Ella não mentiria para mim, nem para os pais. — Continua me encarando. Mas agora, seu rosto transparece para mim a decepção.— Eu não queria
Capítulo 7 – Ella merece alguém melhorEdward Davies— Ed? Edward? Filho, o que está acontecendo? — Minha mãe precisa gritar comigo para que eu acorde dos meus pensamentos enquanto bato a massa de pão com toda raiva que há em mim.Eu ouvi o plano de Chad e isso não sai da minha cabeça.— Desculpa, mãe. — Me limito a me desculpar, mas dona Claire não se contenta com isso.— Tem algo que queira compartilhar com sua mãe, menino Ed? — Ela me encara com seu sorriso meigo e, certa de que algo está acontecendo, senta-se em uma banqueta perto da mesa.— Ella e eu brigamos novamente. — Admito e decido deixar a massa de lado por um tempo, então eu a coloco em uma bacia e começo a limpar minhas mãos.— Por causa dos novos amigos? Aqueles que você tinha me falado? — Claire pergunta sorrindo. — Sabe que é inevitável ela fazer outros amigos, né? Filho, ela...— Eu sei, mãe! Mas eu estou certo quando digo que eles só querem se aproveitar dela. — Declaro lembrando-me de cada palavras que ouvi de Chad
Capítulo 8 – Uma perguntaElla Williams— Posso te fazer uma pergunta antes? — Ele pergunta me olhando nos olhos com um tom de voz diferente. Sua mão encontra com a minha em cima da mesa e isso faz com que eu desvie o meu olhar do dele para olhar nossas mãos unidas.Sua mão é macia, quente, firme. Não tem nenhum tremor em dúvida, ou medo. Assim, eu sinto que ele tem certeza do que está fazendo, do que quer.— O quê, Chad? — E eu preciso de muito esforço, não só para encarar seus orbes azuis, mas também para não deixar que minha voz vacile.Não agora. Ele não pode me achar uma fraca, estranha. Pior, não pode saber que realmente possui algum efeito sobre mim.— Você está sendo bem legal me ajudando com a porcaria da literatura do Sr. Rivera. — Seus lábios se movem lentamente, como se ele soubesse muito bem que possui incríveis lábios finos e rosados que me deixam perdida. Eu sinceramente não sei se olho para os seus olhos, ou se me permito acompanhar o abrir e fechar de sua boca perfeita
Capítulo 9 – A apostaDias depois...Edward Davies— Ed? — Mamãe b**e na porta do meu quarto e, poucos segundos depois, eu consigo ver o seu rosto atrás da porta. — O dia está bonito, não? Bonito demais para ficar com o rosto enfiado nos livros.— E o que a senhora sugere, Dona Claire?— Ir à casa de Ella, se desculpar e saírem para fazer qualquer coisa. Viu que abriu um novo parque lá no centro? Sei lá... Pensei que talvez vocês queiram levar a Daisy lá um pouquinho e curtirem também, sabe?— Não é mais fácil falar que quer me ver fora de casa? — Levanto-me da cadeira e cruzo meus braços encarando minha mãe.— Quase uma semana sem falar com ela, filho. — Minha mãe entra de vez no quarto e se coloca à minha frente com as mãos sobre os meus ombros. — Eu estou preocupada, pois eu sei que você está triste e sei também que o outro lá está investindo. Se você não garantir o seu lugar, ele vai conquistar.— Mãe, não é uma disputa.— Isso na sua cabecinha puritana. — Mamãe zomba de mim. — Fil
Capítulo 10 – A aposta (parte 2)Edward DaviesÉ algo mais forte que eu. Sei que não sou dono de Ella, que ela não é uma posse minha, mas é difícil demais sentir que minha melhor amiga está sendo conquistada por outro. Pior, que ele está a usando para conseguir o que quer.— Eu acho que não é bom para nós discutirmos sobre isso. — Ela diz, mas dessa vez, se coloca sentada.Perninhas de chinês e o olhar focado em mim. Um de seus ursos de pelúcia estão em seu colo e, em seu rosto, consigo visualizar uma ruga na testa causada pela tensão que recaiu sobre nós a partir do momento em que Ella citou seu ‘’amigo’’.— O quanto você confia em mim, Ella? — Eu só faço essa pergunta para ganhar tempo com Ella, enquanto uma briga acontece no meu interior.Eu conto a verdade sobre Chad, destruo toda a possibilidade de um romance entre eles, faço minha melhor amiga infeliz, garanto mais uma briga entre nós, ou eu devo fingir que eu nunca ouvi a conversa de Chad e seus amigos naquele vestiário imundo?