[ Ester]Finalmente, o final de semana chegou, e eu não conseguia controlar o nervosismo. O noivado estava prestes a acontecer, e as borboletas no estômago se agitavam a cada segundo que passava. Levantei cedo, decidida a organizar o apartamento. Sabia que em breve teria que ir ao salão encontrar Lara, então queria ter tudo pronto.Enquanto descia para a garagem, meus pensamentos me levaram a Patrícia. Era para nós duas estarmos indo para o salão juntas, como havíamos planejado tantas vezes em conversas despreocupadas sobre o futuro, quando alguma de nós iria casar. A saudade apertou meu peito, mas tentei afastar esses pensamentos. Entrei no carro, liguei o motor e, logo depois, estava no salão. Lara já me esperava.As horas passaram rápido entre cabelos, unhas e maquiagem. Quando nos despedimos, combinamos de nos encontrar mais tarde na festa. O evento estava se aproximando, e eu mal podia esperar para celebrar.Na volta para casa, passei em frente ao estúdio de dança, e as persianas
[Lucas]— O noivado foi maravilhoso, Miguel. Nunca te vi tão feliz, meu amigo. — Falei, observando-o do outro lado da mesa.Ele sorriu, um daqueles sorrisos genuínos que poucas vezes vi em seu rosto.— Sim… — Miguel assentiu, pensativo. — Nunca imaginei que encontraria uma mulher como a Ester. Ela me faz tão bem, me desafia e me inspira a ser uma pessoa melhor a cada dia.Enquanto ele falava, eu tentava manter a conversa leve, mas a verdade era que uma pergunta martelava dentro de mim, corroendo minha paciência. Durante o noivado, senti falta de Patrícia. Faltaram seus sorrisos, suas piadas e nossas conversas despretensiosas que sempre tornavam qualquer evento mais leve.— No que você está pensando, Lucas? — Miguel perguntou, interrompendo meus pensamentos.Hesitei por um instante antes de responder, desviando o olhar para a xícara de café - presente de Patrícia - à minha frente.— Em nada… — Suspirei. — Na verdade, estava pensando em como nossas vidas mudaram nesse último ano. Eu per
[ Patricia]O grande dia da apresentação finalmente chegou, e eu estava tomada por uma mistura de nervosismo e excitação. Meu coração batia tão forte que parecia acompanhar o ritmo de um show de rock, e minhas mãos suavam de ansiedade.— Vai dar tudo certo, Paty… — repetia para meu reflexo no espelho, tentando controlar a respiração e me convencer de que estava preparada para aquilo.A voz suave da minha mãe veio do outro lado da porta do banheiro, interrompendo meus pensamentos.— Filha, está tudo bem? Vamos, senão você vai se atrasar.Respirei fundo e ajustei os últimos detalhes do meu cabelo. Havia feito uma pequenas trança delicada na lateral, prendendo-a para o lado e deixando o resto solto, com ondas suaves caindo em cascata sobre os ombros. O vestido mídi, fluido e de um tom salmão suave, realçava minha pele. Escolhi sapatos baixos, já prevendo que passaria a noite correndo de um lado para o outro, auxiliando as crianças e garantindo que tudo saísse conforme o planejado.Quando
[Ester]As cortinas abriram, e meu coração deu um salto. O teatro estava lotado, os olhares atentos, ansiosos para cada movimento que aconteceria no palco. O burburinho da plateia, as luzes suaves iluminando o cenário, tudo parecia pulsar junto com meu peito. Esse era o momento pelo qual trabalhamos tanto.— Boa noite a todos! — anunciei com um sorriso, ao lado de Patrícia.Juntas, fizemos uma breve apresentação sobre o estúdio, nossa missão e o quão especial aquela noite era para nós. Assim que encerramos, demos início ao primeiro ato.A turma das pequenas borboletas tomou o palco, arrancando risadas e suspiros encantados da plateia. Com seus tutus cor-de-rosa e asas delicadas, as crianças de quatro a seis anos eram a personificação da inocência e da alegria. Seus passinhos descompassados e olhares brilhantes traziam um calor indescritível ao meu peito."É por isso que faço isso." A paixão pela dança e o prazer de ensinar se misturavam, criando uma certeza inabalável dentro de mim.As
[Patricia] — Como você entrou aqui, Marcus? Como passou pela segurança? — Minha voz saiu firme, mas por dentro eu estava tremendo. A ousadia dele me deixava incrédula.Ele sorriu de lado, aquele sorriso que sempre me causava arrepios.— Ah, Paty… você ainda não aprendeu? Quando se trata de você, nada me impede. — Sua voz era baixa, quase sedutora, mas eu sabia o que realmente estava por trás dela.Meu coração disparou, minha respiração ficou pesada, e eu lutei para manter a compostura. Não podia deixar que ele percebesse o pânico que se espalhava pelo meu corpo.— O que você quer? — perguntei, tentando manter a voz firme. — Me deixe em paz, não temos mais nada a dizer um ao outro.Os olhos dele brilharam, e um sorriso amargo surgiu em seus lábios.— Eu quero você, Patrícia. Sempre quis. Eu te amo, sinto sua falta… — Marcus deu um passo à frente, seu perfume invadindo o camarim, me sufocando.Engoli em seco, meu olhar desesperado percorrendo a sala à procura de uma saída, algo que pu
A apresentação superou até mesmo os sonhos mais ambiciosos que já tive. As bailarinas estavam impecáveis, cada passo delicado era executado com a graça de quem nasceu para dançar. Mas, acima de toda a técnica, o que realmente brilhava era o encantamento em seus olhos – um brilho puro, radiante, que parecia iluminar cada canto do teatro.Observar minhas pequenas alunas no palco era como assistir a estrelas descobrindo seu próprio esplendor. Cada movimento, por mais simples que fosse, carregava o peso de horas de dedicação, de superação, de pequenos tropeços transformados em conquistas. Ver seus rostinhos iluminados pela satisfação de acertar uma sequência ou sustentar uma pose me preenchia de uma alegria indescritível. Era como reviver a magia que um dia me fez apaixonar pelo balé.A sensação de vê-las ali, deslizando pelo palco, é quase comparável à emoção de estar sob os holofotes em minhas próprias apresentações. Mas, de certa forma, é ainda maior. Porque agora, ao invés de ser apen
[ Patricia]O final do espetáculo foi emocionante. Receber as flores como homenagem ao fim da apresentação encheu meu coração de alegria e orgulho. Mas o que mais me tocou foi compartilhar esse momento com Ester. Mesmo com a distância que nos separa agora, ainda me conforta saber que, de alguma forma, ela esteve ao meu lado nessa jornada. No entanto, sei que para ela as coisas não são mais as mesmas—ela não quer contato, e isso dói mais do que estou disposta a admitir.Depois do discurso final e das despedidas, liberei as alunas para as tão merecidas férias. Aproveitei o momento de distração geral para sair discretamente. Evitar uma conversa com Ester parecia a melhor decisão naquele instante. Caminhei apressada até onde meus pais e Nathan estava
[ Patricia]Durante os primeiros minutos da viagem, se ouvia apenas o som do motor do carro preenchia o espaço, mas dentro de mim uma tempestade se formava. Olhava pela janela, perdida em pensamentos, quando senti o olhar de Nathan sobre mim.— No que você está pensando? — perguntou com a voz suave, desviando os olhos da estrada por um instante para me encarar.Sorri timidamente, mas logo desviei o olhar, focando na estrada à frente. Respirei fundo antes de responder.— Por que você disse aquilo… sobre nós sermos namorados? — minha voz saiu mais baixa do que eu pretendia.Nathan sorriu de forma calorosa, e, por um momento, me vi hipnotizada por aquele sorr