CAPÍTULO TRÊS

SARAH

Como havia previsto, assim que chegamos na minha casa, Luke quis saber o que houve entre mim e Jean, disse a ele que era melhor tomar banho e ficar à vontade para depois conversamos, ele concordou e assim fizemos.

            — Agora fala maninha o que houve, fui pego de surpresa no jantar.

            — Desculpa, esqueci de te contar, fiquei tão feliz em ver você que nem lembrei de falar sobre o fim do meu namoro.

Luke e eu sempre fomos amigos, ele é dez anos mais, velho que eu, tem trinta e oito anos, para ele, sempre fui sua princesa, me tratava como boneca, até ele perceber que eu já era uma mulher foi difícil, implicava com todos os, caras que se aproximavam de mim, implicava com minhas roupas, ele era pior que meu pai, que por causa da empresa quase não ficava em casa, então Luke exercia esse papel, e passou a me ver com outros olhos quando resolvi sair de casa, já que ele vive até hoje lá.

Eu não tenho nenhum problema quanto a morar com meus pais, nossa casa sempre foi tão grande que se quiséssemos, passaríamos uma semana sem nos ver, mas precisei sair para que eles me vissem de outra forma, não como a garotinha que precisa de proteção e sim como mulher que sou.

            — Então conta, fiquei curioso, sei que você não amava o Jean, mas vocês funcionavam muito bem juntos.

            — Você me promete que não vai fazer nada para prejudicar o Jean se eu te contar?

Luke levanta do sofá em que estamos.

            — Sarah, o que aquele bastardo fez contigo? Gosto muito do Jean, somos amigos há muito tempo, mas você é minha irmã, o que ele fez?

Antes de contar ao Luke fiz essa pergunta porque ele é vice-presidente da Vendramini e ele pode querer despedir o Jean e  não quero isso.

            — Luke senta aqui, eu só vou te contar se você prometer que não vai demiti-lo da empresa.

Meu irmão se senta ao meu lado, passa as mãos por seus lindos cabelos.

            — Tudo bem Sarah, prometo que não vou demiti-lo, mas conta logo que já estou nervoso.

            Vou direto ao assunto Luke. — Nosso pai me chamou para almoçar com ele, fazia uma semana que eu não o via, fui em casa e só estive com a mamãe, então concordei almoçar com ele, cheguei duas horas antes do horário combinado para fazer uma surpresa para o Jean, mas chegando em seu escritório a mesa da Olívia estava vazia, então fui direto para sua sala — dou uma pausa.

            — Fala logo Sarah — O peguei transando com a Olívia.

            — Na empresa? — Eu não acredito no que estou ouvindo, vou matar aquele canalha.

Luke ficou com as mãos em punho, andando de um lado para o outro na sala.

            — Segunda-feira a primeira coisa que vou fazer quando chegar na empresa vai ser demiti-lo.

— O abraço — não Luke, por favor você prometeu.

— Que merda, Sarah, o, cara te traí, ainda por cima na empresa e você ainda o defende.

            — Luke preste atenção. Fiquei com muita raiva do Jean, mas não posso misturar as coisas, ele é um homem de confiança da empresa e da família, um excelente profissional, eu não posso deixar nossa vida pessoal interferir na profissional.

— Sarah, qualquer funcionário que for pego transando na empresa é demitido por justa causa.

            — Eu te entendo Luke, senta aqui, pense comigo, infelizmente vocês homens pensam com a cabeça debaixo, já vi várias vezes a Olívia se oferecendo para ele, sei que não tem justificativa o que ele fez, mas converse com ele,  dê essa oportunidade dele admitir seu erro e seguir adiante, sei que ele está arrependido.

            — Vou pensar Sarah, estou indignado com tudo isso, não é só a empresa, tem nosso pai, você. Pensa em voltar para ele?

            — Está maluco? Brinco com os cabelos dele — nunca consegui me apaixonar pelo Jean, creio que foi até melhor isso acontecer, estava muito acomodada nessa relação.

            — Tudo bem Sarah, não irei demiti-lo, mas na segunda terei uma conversa séria com ele e vou ver como as coisas ficam.

 Você sempre consegue o que quer de mim sua bruxinha - ele começa a me fazer cosquinha.

Ainda sentado no sofá, deito em seu colo e mudo de assunto para ele relaxar e também queria obter informações sobre o Bryan.

            — Luke desde quando você conhece um monumento daquele?

            — De que você está falando Sarah?

             — Daquele deus grego do Bryan, meu irmão franze o cenho.

            — Quer dizer que Bryan é um deus grego? Ele fala bagunçando meu cabelo.

            — Não faça isso Luke, você sabe que morro de inveja do seu cabelo, o meu que deveria ser assim liso igual ao seu, e não isso, seguro uma mecha, —  rebelde indomável.

            — Para Sarah, seu cabelo é lindo, já falei várias vezes que, seu volume a cor, âmbar que ele tem é divina.

            — Voltando ao assunto, você se interessou pelo Bryan?

            — E quem em sã consciência não se interessaria por um monumento daquele, Luke?

            — Se você ainda não percebeu, sou seu irmão, e você está descaradamente falando desse jeito.

            — Você sabe que sinceridade é o meu lema, além do mais, você é meu amigo, você e Lily são as únicas pessoas que confio, você me conhece mais do que eu a mim mesma.

            — Tudo bem! O que você quer saber? Sem ficar falando que ele é um deus grego e essas coisas — faz careta.

            — Está com ciúmes, maninho? Você sabe que é gostoso e que derrete, corações — Sorri todo orgulhoso.

            — Sarah, vocês já se conheciam? — Mais ou menos — Como assim? Não estou entendendo.

Conto para ele de quando o conheci do pescoço para baixo, Luke fica todo agitado até que lhe explique corretamente como foi, falo do nosso encontro na mansão e do convite dele para jantar. Luke me conta que Bryan é o CEO de uma empresa de transporte marítimo e que comanda o porto, a Vendramini trabalha a muitos anos com a empresa dele - perguntei porque nunca o tinha visto antes - ele fala que Bryan sempre mandava representante, sempre estava viajando, e que de uns tempos para cá, diminuiu as viagens mandando outros funcionários em seu lugar. Conta também que ele é solteiro e que nos eventos sempre aparece em companhia de belas mulheres, seu único relacionamento sério foi há anos atrás. Luke colocou seu lado irmão protetor em ação e começou a dizer que ele é um homem maduro e que sou muito nova, que Bryan tem a idade dele. Digo para ele não se preocupar que não quero tão cedo relacionamento sério com ninguém, que meu lema agora é sexo casual, quando digo isso Luke quase tem um troço, até se engasga com o Martini que está bebendo, caio na gargalhada.

            — O que eu te disse é verdade mano, depois de tanto chifre e decepção, essa é a nova, Sarah, uma noite e nada mais.

            — Você só pode estar de sacanagem comigo, Sarah!

            — Estou sendo sincera Luke, porque só os homens podem agir assim, por que só você pode ter sexo casual?

— Sarah, eu não quero ver minha irmã cada noite com um, cara.

            — Não exagera, eu não sou assim, isso vai ser de vez em quando, numa balada, em uma festa quem sabe, não sou muito de sair. Quando eu estiver enjoada do meu vibrador, irei atrás de um homem que me faça gozar sem artifícios.

            — Sarah, pelo amor de Deus, o que deu em você? Suas palavras acabam comigo, já falei mil vezes para os nossos pais que eles deveriam ter me dado um irmão e não uma menina esperta e cheia de opinião, desde criança você tem o dom de me deixar sem palavras, acho melhor dormirmos, sua cota acabou. — Gargalho.

Luke se levanta, monto em suas costas, ele me leva assim até meu quarto e me coloca na cama.

            — Loiro, amo você.

            — Eu também te amo Sarah, durma bem.

            — Lógico que dormirei bem, vou ter belos sonhos com aquele Adônis do Bryan.

Luke joga o travesseiro no meu rosto e bate a porta, rio tanto que minha barriga chega a doer, acabo adormecendo imaginando o Bryan nu.

No dia seguinte acordamos tarde, tomamos café e fomos almoçar com nossos pais, passamos a tarde colocando os assuntos familiares em dia. Mamãe riu muito contando sobre o mole que a acompanhante de Bryan estava dando para o Jean, mas papai não estava gostando do assunto e nem Luke, e óbvio que por motivos diferentes.

O senhor Vendramini perguntou como eu e Jean estamos respondi que somos amigos, mamãe endossou dizendo que foi melhor para nós dois. Luke disse que mereço alguém melhor, e nosso pai ficou um pouco confuso, com tanta torcida contra esse relacionamento. Dona Helga comentou que era óbvio que eu não o amava, quando percebo que Luke iria falar algo sobre a traição, mudo de assunto.

Por volta das quatro horas, o cretino do Jean chegou, segundo ele, meu pai havia marcado uma reunião, estava na sala deitada no colo da minha mãe contando sobre o Bryan e me deparei com o fantasma do meu ex parado na nossa frente.

 O cumprimentamos e ele seguiu para o escritório, onde meu pai e Luke estavam reunidos por quase uma hora. Em menos de dois minutos ouvi gritos do meu coroa, mamãe e eu corremos para o escritório, papai estava segurando meu irmão enquanto Jean no chão, na hora compreendi tudo, era pouco provável Luke deixaria passar em branco o que Jean fez.

Seguro Luke e o afasto do comedor de secretária, coloco-o sentado na poltrona atrás da mesa e me sento em seu colo, para evitar mais confusão. Mamãe diz a Jean que ele mereceu o soco, papai grita com ela, perguntando o que está acontecendo, que não admite violência em sua casa, mas ela grita mais alto que ele, pois, é a única que o enfrenta.

Coloca os dedos em seu peito, dizendo que Jean havia me traído — traiu sua filha em sua empresa — meu pai fica pálido e ela conta com todas as letras exatamente o que eu vi. Ele se aproxima de Jean que já estava de pé, seu rosto machucado pelo soco, com as mãos em punho, olha para mim.

            — É verdade, Sarah? —  Com a voz tremendo, confirmo — sim.

Papai lhe dá um soco tão forte e inesperado, que Jean caí para trás, depois pede que mamãe e Luke saíam, ficando eu e Jean. Em seguida pede para que Jean aguarde do lado de fora e o aconselha a ficar longe de Luke. Ele se senta em sua poltrona, faz sinal para que eu sente na cadeira a frente da sua mesa de madeira escura. O silêncio é ensurdecedor.

— Sarah, quando que isso aconteceu?

Minhas lágrimas começam a cair, me sinto mal por ter omitido esse fato dele.

            — No dia que o senhor e eu íamos almoçar, respiro fundo e continuo, resolvi chegar duas horas mais cedo para fazer uma surpresa a Jean — pauso.

            — Continua Sarah, meu pai fala rudemente — estou ferrada.

            — Chegando lá, a mesa da Olívia estava vazia, então fui direto para a sala do Jean, o encontrei transando com Olívia em sua mesa.

Fecha os olhos, sei que essa situação o magoa duas vezes, por mim e por Jean, ele o tem como filho.

            — E por que você não me contou, Sarah? Desconfiei que havia acontecido alguma coisa, te perguntei e você mentiu para mim, você mentiu para seu pai.

— Me perdoa, pai, o Jean e a Olívia não sabiam que eu os tinhas flagrados, saí de lá atordoada, só lembrei do nosso almoço em casa e não queria que o senhor soubesse, não naquele momento, minha cabeça estava uma confusão, apesar de não amar o Jean, estava apostando na nossa relação.

            — Entendo, e depois? Pelo que presenciei, sua mãe sabia e o Luke também.

— Porque o senhor inventou um jantar justo nesse dia, e não perguntou se eu estava disponível para vir, apenas me intimou como o senhor sempre faz, e ainda convidou o Jean que não sabia que eu o tinha visto. Cheguei aqui em casa mais cedo e contei a mamãe para poder me ajudar com o senhor, porque eu sabia que não receberia bem o rompimento do nosso namoro e eu precisava de uma aliada. — Quando Jean chegou, conversei com ele e disse que não contaria o motivo, porque ele pode ter sido um cretino comigo e ter pensado com a cabeça de baixo...

            — Sarah — me recrimina.

            — Desculpa. O Jean é um excelente profissional e uma pessoa confiável, sempre vai ser considerado da família,  sei que ele errou, não vou te dizer que não fiquei magoada, senão Irei mentir, mas as coisas boas que ele fez por nossa família e o mérito de onde ele chegou não posso tirar.

            — Pai, eu fiz o Luke me prometer que não o demitiria, e peço a mesma coisa ao senhor, entendo que o que ele fez foi errado, mas durante todo o tempo que namoramos vi a Olívia se oferecer descaradamente para ele, sei que ele foi fraco, porque Jean não é assim, o senhor o conhece tão bem quanto eu.

            — Sarah, nunca mais minta para mim, compreendo tudo o que você disse, mas seja o que for, quero a verdade.

Levanto-me, vou até ele e o beijo, ele limpa minhas lágrimas e beija-me de volta.           — Você é muito especial Sarah, e madura, nenhuma mulher agiria assim, a admiro muito — o agradeço com um abraço. Manda esse cretino entrar, sorrio, chamo Jean, deixo os dois a sós e vou de encontro a minha mãe e meu irmão.

Meu pai e Jean ficaram conversando por mais de uma hora, Luke e mamãe se recolheram, fiquei aguardando ansiosa, quando a porta do escritório abre Jean vem em minha direção, com um olho e um lado do rosto roxo, me abraça, pede desculpas e agradece, diz que  se acertou com papai e que continuará na empresa graças a mim. Confesso que fico aliviada.

Cheguei em casa no início da noite, estou cansada fisicamente e mentalmente. Decido cochilar até a hora do meu encontro com Bryan, ainda tenho uma hora de descanso.

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