Ricardo Puentes estava sentado em sua cadeira pensando na noite anterior, que havia voltado para casa carregado por alguns empregados da refinaria. Seu irmão, Damião, entrou em sua sala.
- Onde está seu juízo? Não pode mais continuar com essa vida! Está colocando tudo em risco com suas farras. Quando o papai partiu disse para nós cuidarmos o que era dele. Onde está seu compromisso com sua promessa?
Ricardo riu. – Está enterrado à sete palmos debaixo da terra, junto no caixão do velho.
- Não pode continuar com isso, irei pedir para o conselho o afastar se continuar assim!
- Você não faz ideia do que é vida, caro irmão!
- Faço sim! Minha vida é muito boa junto com minha família!
- Vocês são uma piada!
- Você e sua mãe são uma piada! Aquele presente dado para minha esposa, não acreditei naquilo!
- Mamãe foi muito criativa, uma planta muito adequada para a ocasião!
Damião pegou seu irmão pela gola.
- Não gosto dessas insinuações, minha esposa é uma ótima pessoa! Trabalhadora e honesta. Diferente de sua mãe que engravidou do papai para pegar parte da sua fortuna.
- Ela foi inteligente! Assim como a sua... Quem diria que uma faxineira teria essa sorte na vida?
- Você vale tanto quanto sua mãe!
- Com certeza! Somos muito valiosos, graças a inteligência dela...
Damião saiu batendo a porta para não bater em Ricardo. Pensou em sua pobre mãe, o quanto havia sofrido com a descoberta da existência de Ricardo, e principalmente a forma que ela perdoou seu pai depois do acontecido. Ele não conseguia entender tudo aquilo, qual motivo de passar por uma humilhação igual aquela. Realmente Damião não era igual ao seu pai e seu irmão mais novo. Estava dobrando no corredor a direita e encontrou Mercedes indo limpar sua sala.
- Com licença, posso pegar minhas coisas antes, por favo? Aproveito e vou almoçar em casa, deixarei a senhora sossegada para trabalhar.
De longe percebe-se que Ricardo não é a sombra de Damião, que é um homem cheio de grande bondade. Ricardo por sua vez o oposto do que se vê em toda família Puentes, um jovem milionário arrogante, convencido e muito sem escrúpulos. O fazia com que seus irmãos e irmãs mais velhos o mantivesse distante de suas vidas, menos Damião, que acreditava que seu irmão poderia e um dia seria uma pessoa melhor, por esse motivo, ele não se afastava de Ricardo.
Voltando do almoço tiveram uma reunião para decidir a exportação de um novo produto, que seria muito rendoso para a empresa. Sendo assim todos os sete irmãos, Damião, Lupita, Lourdes, Jerônimo, Clóvis, Valentina e Ricardo, deveriam se reunir com o conselho para avaliar as propostas realizadas para empresa.
Damião deu início, sem mesmo esperar Ricardo chegar, pois já passava mais de quarenta minutos do horário marcado.
- Conforme conversamos anteriormente, as propostas feitas para a refinaria nos trarão lucros acima do esperado, poderemos começar as contratações para atender a demanda.
- Meu irmão! – Disse Lourdes. – No setor de compras irei solicitar duas pessoas responsáveis apenas pela cana de açúcar, de preferência que tenham um sólido conhecimento nessa área.
- Acho uma excelente ideia, minha irmã! – Clóvis completou. – Já na minha área quero um caldeireiro que seja autossuficiente, no momento preciso de alguém que não precise aprender o trabalho.
- Promova alguém e contrate um auxiliar! – Sugeriu Lupita, responsável pelo departamento de recursos humanos. – Podemos, não, devemos apoiar e motivar as pessoas que trabalham conosco, assim teremos funcionários mais contentes dentro da empresa.
Ricardo chegou totalmente bêbado, entrou e sentou colocando os pés para cima da mesa.
- Já acabaram com a palhaçada?
Damião levantou, pegou-o pelo braço arrastando-o para fora da sala.
- O que está fazendo? Estamos no meio de uma reunião muito importante, por que você bebeu?
- Para poder olhar para a cara feia de vocês e daquele monte de porcos que se denomina conselho!
- Vai para sua casa, amanhã conversamos!
Ricardo saiu, assim Damião retornou para dentro da sala.
- Por que você ainda admite que ele fique na empresa?
- Jerônimo, ele precisa de nós, está perdido e é nossa obrigação como irmãos mais velhos.
- Eu descordo totalmente, irei ajustar os orçamento e lhe passar os relatórios por e-mail, me recuso continuar participando de reuniões assim! – Valentina levantou se dirigindo para a porta.
Clóvis baixou a cabeça. – Mais alguém irá sair?
- Eu irei conversar com ela. Preciso que me enviem as solicitações das novas contratações, por favor. – Lupita saiu logo em seguida para alcançar sua irmã.
- O conselho tem alguma manifestação a declarar?
- Acredito pode ser aplicada uma medida disciplinar quanto ao comportamento do senhor Ricardo Puentes, sabendo do desejo de seu pai em mantê-lo na vice-presidência não podendo destituí-lo do cargo. Medidas assim são muito necessárias para o convívio dos membros, principalmente se tratando de familiar.
- Concordo com o senhor presidente do conselho, meu irmão! – Disse Lourdes se dirigindo até a porta. – Peço licença, pois irei começar a preencher a documentação para a contratação das pessoas necessárias.
- Agradeço a todos, tenham uma boa tarde de trabalho.
Damião levando tomando rumo da saída da sala de reuniões. Saiu, em seguida se dirigiu para a sala de seu irmão, Ricardo, o qual já havia ido embora. Damião foi para sua sala e começou pensar na tal medida de afastamento.
O Sol já estava se pondo e estava refrescando, Alice esperava sua mãe escorada em um pilar na frente da refinaria de “Destilados Los Puentes” quando seu noivo, Alberto, parou seu carro na frente da entrada.- Boa tarde minha flor! O que faz aqui?- Vim trazer um casaco para minha mãe! Esfriou e ela não veio com roupa quente.- Mas como chegou aqui tão cedo?- Pedi para soltar antes do horário para poder ir em casa e vir para cá. Mas este não é seu horário. Ficou até mais tarde?- Sim, estamos com um novo projeto e estou ajustando o setor para dar conta das exportações.- Fico feliz por você, meu querido! Olhe. Minha mãe está vindo!Alice acenou para sua que a enxergou de longe.- Oi minha filha, o que faz aqui?- Vim esperá-la. Tome trouxe seu casaco.- Irei levá-la
- Alice, querida! Você pode me ajudar na cozinha?- Sim, senhora Suarez!- Mamãe, hoje nós dois iremos sair logo depois do almoço para falar com o Padre Juan e marcar a data do nosso casamento!- Todo bem, Alfredo! Seu pai irá arrumar os bancos para colocar no quintal. Alice! A Joana esteve aqui no domingo, e me disse que irá decorar somente o local da cerimônia que no salão da festa não será ela.- Realmente, eu havia pedido para ela fazer tudo, mas ficará muito ruim para poder se arrumar. Terá pouco tempo para isso. E como irei ganhar toda a decoração da dona da floricultura, achei justo permitir que a nora dela decore o salão. Elas querem me dar como presente.- Que pessoas boas! Você tem sorte Alice, querida! Casar com meu filho e trabalhar com pessoas assim!- Mamãe! Eu tive sorte quando conheci a Alice. – Disse Alfr
Clóvis agarrou Ricardo pela gola de sua camiseta, arrancando-o de sua cadeira por cima da mesa, o que causou uma grande bagunça, pois todas as coisas que estavam em cima foram derrubadas no chão.- Seu imbecil!Ricardo segurou as mãos de seu irmão.- Me largue! O que está pensando?Neste momento entra Damião tentando separá-los.- Acalme-se Clóvis! Tenho certeza de que há uma razão para essa atitude.Ricardo riu se afastando dos dois.- Não há!- Como não? O Alfredo é meu braço direito, sabe todo funcionamento da refinaria do início ao fim. Como irei tocar tudo sem ele?- Não irá! Irei pessoalmente até a casa dele para conversar. Se não tem motivos para demiti-lo, farei com que ele retorne.- Ele não quer mais voltar.- Eu irei tentar mesmo assim. Nossas e
- Como assim a Alice não pode se casar, padre?- Eu não encontrei nenhum registro do nascimento dela, certidão de nascimento, batismo ou qualquer coisa que comprove a existência dela, Alfredo. É como se a Alice não tivesse nascido!- Mas como não? Eu a vi crescer correndo com minhas irmãs. Isso está errado padre!- Eu entendo que tenha algo errado, por isso chamei-o aqui. Precisa resolver isso o quanto antes, caso contrário não poderei realizar o casamento dos dois.- Eu irei resolver, padre! Só por favor não diga nada a ela, não quero que fique se preocupando com isso.- Eu não falarei se ela não me perguntar, não posso mentir.- Omita, padre!- Omitir eu até posso, mas não irei esconder caso ela me questione algo.- Eu irei garantir que ela não irá perguntar.- Tudo bem
- O que uma moça bonita como você faz parada aqui?- Estou esperando minha mãe, senhor Ricardo!- Me chame apenas de Ricardo!- Sim senhor!- Podemos tomar um café, acho que ela irá demorar um pouco.Ricardo trancou Mercedes em sua sala quando soube que Alice estava na frente da refinaria a esperando. E para soltá-la naquele horário somente ele ou Damião, que não faria isso, pois Ricardo se certificou que ele estava na produção no momento e que levaria mais de uma hora para retornar.Alice pensou um pouco e resolveu então aceitar e tomar um café com Ricardo.- E como foi seu dia?- Hoje foi bem agitado! Tem um aniversário muito grande, ficamos envolvidas nos arranjos da festa. Quase não conseguimos almoçar.- Você gosta de trabalhar na floricultura?- Eu amo aquele lugar. Acho que não h&aacut
- Mãe! Onde a senhora está?- Estou indo filha! Tenho que pegar uma vela, não saia daí e não fique com medo”!- Eu não gosto de escuro!- Alice, estou chegando! Só mais um minuto. - Alice tapou a cabeça, seu medo de escuro eramuito grande. Quase não conseguia segurar o choro. Mercedes entrou no quarto de Alice comuma vela na mão! – Pronto, filha, estou aqui! Tudo irá ficar bem.- Mãe, não quero sair daqui de baixo.- Pode ficar, irei pegar uma coberta e deitar com você, querida.As duas acabaram dormindo. Na outra manhã Mercedes levantou e foi fazer café. Sua vizinhaestava estendendo roupas na lateral da casa.- Soube o que aconteceu essa noite, Mercedes?- Não. Acabei dormindo junto com a Alice. Não saí na rua para saber.- Ela ficou bem? Meu filho come&c
Ricardo estava em uma festa, bebendo, quando Damião entrou na boate e o arrastou pelobraço até a rua.- Eu irei dar o último aviso, ou você para com essa vida, ou irei pedir seu afastamento daempresa. Não aguento mais tanta cobrança por causa dos seus atos impensados.- Você não sabe o que é viver!- Se for para ser no estado que você vive, prefiro não saber mesmo! Agora, entre no carro queirei levá-lo embora.Ricardo empurrou Damião.- Saia para lá. Não irei a lugar algum com você!- É sua última chance, Ricardo! Não deixarei isso passar assim.- O que foi que eu fiz agora?- Nem sua mãe o aguenta mais! Me ligou e pediu para que eu viesse te buscar. Você bateunela?- Aquela velha acha que pode me controlar! Só pode estar de brincadeira
Alfredo avistou Alice parada na porta de entrada da refinaria.- Minha flor! O que faz aqui?- Achei que você já havia ido embora!- Estou ficando até mais tarde nos últimos dias, começaram a exportar os produtos. Entãotenho que verificar a produção para encerrar o dia. Veio ver sua mãe?- Ah, sim! Claro...Ricardo aproxima-se dos dois, sem respeitar Alfredo chega ao de Alice, pondo quase entre osdois.- Demorei? Desculpe-me por deixá-la me esperando.- Esperando você? – Alfredo olhou Alice que estava olhando para o chão envergonhada com asituação. – Alice? O que está acontecendo?- Acredito que tenha sido apenas um engano! – Respondeu Alice em voz muito baixa.- Engano? Quando a convidei para jantar, você não recusou!- O senhor me entendeu errado! Eu estava